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quinta-feira, 28 de abril de 2011

PROSPERANDO NO DESERTO


No deserto da crise precisamos seguir a orientação de Deus

A crise é uma encruzilhada, uma bifurcação na rota da vida. Podemos fazer dela uma porta para os horizontes largos do triunfo, ou podemos descer através dela aos vales mais sombrios do fracasso. A crise pode ser a porta da esperança ou o calabouço do desespero. A crise eleva alguns e abate outros. A diferença entre o vencedor e o perdedor não esta na crise, mas em como cada um a en­frenta. A grandeza de um homem está no fato de que, quando todos estão colocando o pé na estrada do fracasso, ele vislumbra o chão do progresso. O vencedor é um visionário. Ele vê o que ninguém consegue contemplar. Enxerga por sobre os ombros dos gigantes. Quando todos estão mergulhados no proble­ma, ele está contemplando a solução.
Aquele que triunfa diante das dificulda­des nunca é unanimidade. A unanimidade é burra. Ela sempre capitula diante das crises. Todo o arraial de Israel chorou, desesperado, com medo de lutar contra os gigantes e, tam­bém, de não tomar posse da terra prometida. Somente Josué e Calebe tiveram uma visão otimista. Todo o povo pereceu no deserto; só os dois visionários entraram na terra que manava leite e mel.
Os exércitos de Israel durante quarenta dias, de manhã e à tarde, ouviram as afrontas do gigante Golias e, empapuçados de medo, bateram em retirada covardemente. Davi, como voz solitária, dispôs-se a enfrentar o gi­gante. Mesmo tendo de suportar o escárnio do seu irmão Eliabe e a incredulidade do rei Saul, ele fez o gigante dobrar-se diante da sua coragem, triunfando sobre o herói dos filisteus. Davi derrubou o gigante e o matou. Mais tarde, o mesmo Davi viveu outra situa­ção dramática. Ziclague, sua cidade refúgio, tinha sido saqueada e incendiada pelos amalequitas. Seus bens foram roubados; suas mulheres, seus filhos e suas filhas foram leva­dos cativos. O mesmo aconteceu com os seus seiscentos homens de confiança. Quando Davi e seus homens chegaram e viram a cidade debaixo de escombros e ainda fumegante, os homens se revoltaram contra Davi e quise­ram apedrejá-lo. Além da perda pessoal, Davi ainda enfrentou a ira de seus homens. Davi chorou e angustiou-se enquanto os amalequitas festejavam com os ricos espólios. No meio dessa crise avassaladora, Davi emergiu com um arroubo de solitária esperança; ele se reanimou no Senhor seu Deus e começou a orar pedindo a direção divina. Levantou-se da oração e, sob a orientação de Deus, empunhou bravamente as armas e liderou os seus homens em vitorioso combate.
Tomou de volta tudo aquilo que o inimigo havia saqueado. Saiu da crise mais fortalecido, fazendo dela uma ponte para vitórias mais retumbantes.
Isaque também está enfrentando uma crise.  E não é uma crise pequena. A fome assola a sua terra. Seu país vive o drama do empobrecimento coletivo. A esperança do povo está morta. Os sonhos, destruídos. Há uma inquietação no ar, um rumor entre as famílias. O gado geme de fome. O útero fecundo da terra parece estéril. As sementes que nela são depositadas perecem antes mes¬mo de dar aceno de vida. A seca, assassina de sonhos, prevalece em seu país. A chuva é retida. O sol castiga. Os agricultores não se aventuram a depositar no ventre da terra a semente da esperança. Reina um desespero generalizado. As fontes estão secando. Os ribeiros estão se tornando leitos de morte e não condutores de vida. As cabras montesinas bramam, sedentas, O povo aflito vê a despensa se esvaziando e as crianças gemendo e clamando por pão. Aquele estava sendo um tempo amargo, de fome, de escassez, de vacas magras, recessão, desequilíbrio, desemprego, contenção drástica de despesas.
O que fazer na hora em que você se vê encurralado pela crise? Que decisão tomar quando todas as estradas de escape parecem cheias de barricadas? Muito nessa hora perdem a cabeça, cometendo grandes loucuras. Outros, se revoltam contra Deus culpando-o por todas as desventuras. Outros ainda, petrificados, assistem passivo à dolorosa marcha da crise, aceitando Inertes a decretação da derrota. Isaque, porém, não ficou parado, as­sistindo passivamente o agravamento da situ­ação. Ele se mexeu. Não ficou lamentando, queixoso, os reveses da vida. Ele saiu, se mo­veu. Fez alguma coisa O seu problema não era simples. Era uma questão Vital. Não havia água. Tratava-se de uma questão de sobrevi­vência, de vida ou morte. Talvez, enquanto lê estas páginas iniciais, você se dê conta de que também está enfrentando um problema aparentemente insolúvel. É o casamento que virou um deserto, de onde só brotam os cac­tos venenosos da amargura. É o diálogo com os filhos que secou, como a terra de Isaque. É o salário que está minguando como os ri­beiros em tempo de seca. É a saúde que está ameaçada por uma doença implacável. É a empresa que está emperrada e não consegue deslanchar. É o sonho de entrar na Universi­dade que está cada vez mais distante. É a decepção de um amor não correspondido. Talvez, como Isaque, todas as noites você olhe para o horizonte na esperança de ver a che­gada de uma chuva restauradora que faça reverdecer o deserto da sua vida. Talvez você já tenha semeado várias vezes no solo tórrido e seco da sua família, vendo, com tristeza, todas as sementes minarem no útero da terra. Talvez você tenha investido toda a sua espe­rança em um negócio, mas a chuva da pros­peridade foi retida e a safra de seus investi­mentos perdida. Talvez você tenha recebido um diagnóstico sombrio do seu médico, di­zendo que a medicina não lhe oferece ne­nhuma esperança de cura. Talvez alguém amado do seu coração esteja enfrentando uma grave enfermidade e aos poucos você vê essa pessoa escapando dos seus braços.
Neste ano passei por lutas tremendas. Meu irmão Laurentino foi acometido por um câncer devastador no pulmão e na coluna. Ele sentia dores terríveis que nem mesmo a morfina conseguia aplacar. Seu corpo foi sur­rado pela doença. Seu vigor estiolava a cada dia. O sorriso de seus lábios foi trocado pelos gemidos pungentes de uma dor inconsolável. Seu corpo tombou vencido pela doença de­pois de uma luta audaciosa. No dia 25 de fe­vereiro do ano 2000 ele fez sua última viagem, rumo à eternidade. Vinte e um dias depois, quando o meu coração ainda curtia a dor dessa separação, fui surpreendido pela morte súbita de Gelson, meu irmão primogênito, vitimado por um infarto fulminante.
Não é fácil lidar com a dor. Nossos so­nhos chocam-se contra muralhas de concreto. Nossos planos escorrem como água. Nossas previsões entram em colapso. Estamos no meio do deserto onde nosso olhar se perde em miragens enganadoras, onde nossos pas­sos cambaleantes parecem claudicar, onde a morte procura dar a última palavra.
O grande perigo na encruzilhada da cri­se é tomar a direção errada. Isaque queria ir para o Egito, lugar de fartura, riqueza e segu­rança. Ele foi tentado a buscar uma solução rápida, fácil e indolor. Isaque queria fugir da crise, não enfrentá-la. E mais fácil andar na estrada da fuga do que sobreviver no deser­to. É mais fácil botar a mochila nas costas e ser um peregrino em terra estranha do que semear no deserto. Poucos são os que se dis­põem a enfrentar e a vencer os gigantes da crise. Poucos são os que agarram os proble­mas pelo pescoço e triunfam na hora das di­ficuldades. Só os desbravadores, os idealistas e os sonhadores destemidos conseguem pros­perar no deserto. O pessimismo é uma doen­ça contagiosa. O ar está poluído por uma den­sa nuvem de descrença. A mídia despeja to­dos os dias no porão da nossa mente cansada uma enxurrada de informações arrancadas dos abismos mais profundos das tragédias humanas. Os arautos do caos embocam suas trombetas. Os profetas do pessimismo se multiplicam aos milhares. A cada dia vemos o coro dos céticos engrossando suas fileiras. Nesse tempo pardacento, em que a crise se instalou em todos os segmentos da sociedade, desde os palácios dos governos até a choupana mais pobre, é mister que alguém se levante para enfrentar a crise com galhar­dia. É no vácuo da crise que os grandes líde­res são formados. Os carvalhos resistem às grandes tempestades. A crise pode tirar a cera dos ouvidos da alma. A crise pode ser uma janela aberta do céu. A crise do homem pode ser o tempo oportuno de Deus.
Hagar perambulava no deserto com o seu filho Ismael. Com a mochila nas costas deixaram para trás as marcas profundas do desprezo. O cantil estava vazio. A sede per­versa os agredia implacavelmente, O deserto abrasador se impunha à sua frente. Estavam sem rumo, sem direção, com sede e sem água. Hagar pensou ter chegado ao fim da linha. Seu filho desidratado, sem forças, já não conseguia mais caminhar. Todas as esperanças de sobrevivência estavam sepul­tadas naquele terrível deserto. Não supor­tando mais ver o sofrimento agônico do fi­lho, Hagar o colocou perto de um arbusto e afastou-se para chorai. Era o fim. A crise ti­nha chegado ao seu apogeu. Nada mais res­tava senão a morte iminente. Contudo, quando todos os recursos de Hagar se esgotaram, do céu soou uma voz de esperança. No silêncio do deserto, Deus instruiu Hagar a não desistir do filho, pois o seu futuro seria glorioso. Das entranhas do deserto abrasador, Deus abriu uma fonte de água que começou a jorrar. Hagar e Ismael puderam beber a largos sorvos. Um milagre aconteceu no deserto da crise. A crise foi um divisor de águas na vida deles. Foi ali que eles ouviram a voz de Deus, e suas vidas foram mudadas para sempre.
É no fragor da crise que ouvimos a voz de Deus: "Não desça ao Egito". O Egito foi palco de perigo para Abraão, o pai de Isaque. O Egito oferecia uma solução imediata, uma riqueza fácil, mas era um laço para Isaque. Deus exortou-o a recusar a imediata abun­dância do Egito por bênçãos invisíveis (Gn 26.3) e mais remotas (Gn 26.3,4). Muitas pes­soas fracassam na vida exatamente porque na crise deixam de atender à voz de Deus e descem para o Egito, onde negociam seus valores absolutos, transigem com suas consci­ências e tapam os ouvidos para não atende­rem à voz de Deus. Trocam as bênçãos eter­nas pelas vantagens terrenas. Trocam as ven­turas do céu pelos prazeres transitórios do pecado. O neto de Isaque, José, foi tentado no Egito a cair nos braços de uma mulher sedutora. Era a sua patroa, tinha direitos so­bre ele e devia ser uma mulher elegante e atraente. Ela pôs os olhos em José e todos os dias tentava levá-lo para a cama. José era jo­vem, bonito e inteligente. Longe do pai e dos irmãos, vivia a plenitude do seu vigor físico. Estava em um país muito distante das pessoas que conheciam os seus valores morais. Depois que todas as armas da sedução foram usadas, a mulher de Potifar usou a força e agarrou José. O palco para a queda desse jovem hebreu estava montado. Mas ele fugiu dos braços da sedutora. Preferiu ir para a prisão a viver aprisionado pelo pecado. Preferiu a privação do cárcere à liberdade do adultério. Preferiu sofrer as conseqüências como inocente a ser honrado como culpado. Preferiu ouvir a voz de Deus à de uma mulher com cheiro de pecado.
Devemos estar com os ouvidos atentos aos tempos de crise. É justamente nesses períodos que temos as maiores experiências com Deus.
Quando todas as soluções da terra en­tram em colapso, o céu aponta o rumo a se­guir. O trono de Deus não enfrenta crise. Os propósitos de Deus não podem ser frustra­dos. As catástrofes da história não desestabilizam o governo de Deus. As tragé­dias humanas não fazem sucumbir os planos divinos. Os problemas que vivemos são ins­trumentos pedagógicos para nos aperfeiçoar em santidade, e não fatos acionados pela mão do acaso, para nos destruir.
Quando os discípulos de Cristo atraves­saram o mar da Galiléia, por ordem do pró­prio Senhor, enfrentaram uma súbita e terrí­vel tempestade. Durante várias horas trava­ram uma luta renhida para não serem traga­dos pelo temporal. Só na quarta vigília da noite Jesus foi ao encontro deles. Jesus, po­rém, apareceu de forma estranha e misterio­sa: andando por sobre as ondas. O que o Senhor queria mostrar aos discípulos é que os problemas que conspiravam contra eles estavam literalmente debaixo dos seus pés. Aquilo que nos ameaça está rigorosamente sob o controle soberano de Cristo. A crise che­ga não para nos destruir, mas para nos colo­car mais perto de Cristo. Ao ver o mar sosse­gando, os discípulos ficaram admirados e ado­raram ao Senhor. Os ventos da crise sibilam para que o trigal de Deus se dobre. Só o joio não se curva. A mesma crise que levanta uns, abate outros.

Fonte:Prosperando no Deserto ( Hernandes Lopes Dias)

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