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terça-feira, 23 de agosto de 2011

PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA


Texto Áureo

“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade [alguns manuscritos acrescentam: e da pureza] que há em Cristo” (2Co 11.3). – Paulo, como um pastor zeloso, teme que seus convertidos se afastem de Cristo, assim como Eva foi enganada por Satanás e afastou-se de Deus. Ele sabia que os falsos apóstolos eram uma perigosa ameaça espiritual, comparável à Serpente de Gênesis. Seus ensinamentos pareciam bons, mas na realidade corrompiam a mensagem do evangelho com suas inserções humanas, filosóficas e gnósticas de apego a exigências legalistas e de concessões (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Esse perigo não ficou restrito àquela época da Igreja, ele é tão real hoje quanto foi para a Igreja de Corinto. Por isso, a advertência de Paulo deve ser o norteador de todo crente para não se apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo.

I. Introdução
Quais os perigos que têm ameaçado a Igreja e desfalcado a sua característica como embaixada do Reino? É significativo que a primeira vez em que os seguidores de Cristo foram chamados de ‘cristãos’ foi justamente por se parecerem com Cristo – ‘aqueles que seguem a Cristo’, isso porque tudo o que tinham em comum era Cristo; não se identificavam pela naturalidade, pela cultura ou pela língua que falavam. Para aquela Igreja, ser Cristão era pertencer a Cristo, ainda que esse epíteto fosse inicialmente ‘pejorativo’, tornou-se o designativo de um povo realmente chamado para fora do mundo e esse termo, ou aquele que o mundo hoje escolheu para nós - crentes (também pejorativo) – é o mais supremo nome que o ser humano pode levar na terra: ‘Cristão’! É primordial que tenhamos o zelo de manter as características de verdadeiros seguidores de Jesus Cristo para não sermos identificados pelo que temos, ou pela posição que ocupamos, ou pelo conjunto de regras e doutrinas que defendemos, mas sim pelo amor a Deus e o zelo pela Palavra, pela simplicidade e pela pureza que há em Cristo. Boa Aula!
  ‘ekklesia’, formado de ek, ‘para fora de’, e klesis, ‘chamado’; no singular kaleõ, ‘chamar’. Entre os gregos era usado para descrever um grupo de cidadãos reunidos com a finalidade de discutir os assuntos do estado, como em At 19.39. O grupo de 72 sábios judeus que traduziram as Escrituras hebraicas para o grego utilizou o termo para designar o ‘ajuntamento de Israel’, quando convocado para qualquer propósito definido. O uso nos evangelhos tem duas aplicações possíveis: ao grupo inteiro dos redimidos ao longo da era atual, acerca do qual Jesus disse: ‘…edificarei a minha Igreja’ (Mt 16.18) e que na teologia desenvolvida por Paulo é descrito como ‘igreja, que é o seu corpo’, a Igreja universal (Ef 1.22, 23; 5.23); outro sentido quando utilizado no singular para referir-se a um grupo formado por crentes professos, como em Mt 18.17, e no plural, diz respeito às igrejas num distrito[1]. Ekklesia diz respeito ao conjunto de pessoas convocadas por Deus através da morte de Cristo como cidadãos do Reino (Ef 2.19; 1Pe 1.18,19) com o intuito de adorar a Deus; já não pertencem a esse mundo e têm como princípio viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com Deus, proclamando-O através do testemunho pessoal e da pregação do Evangelho (Hb 13.12-14; 1Pe 2.5). No Novo testamento, Jesus foi o primeiro a fazer uso do termo ekklesia e ele a aplicou ao grupo dos que se reunião em torno dele e reconheceram-no publicamente como seu Senhor e aceitaram os princípios do Reino de Deus (Mt 16.18). A sobrevivência da Igreja contra todas as hostilidades e perigos é garantida nas palavras de Jesus em Mt 16.18: ‘Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’.
I. O QUE É A IGREJA

1. Definição.

2. As duas principais dimensões da Igreja. Estamos acostumados a pensar em Igreja como instituição por herança romana. Biblicamente, a Igreja é um organismo vivo, é tanto invisível como visível. O Comentarista da lição definiu como divina e terrena. Entendemos por Igreja invisível o conjunto dos crentes verdadeiros, unidos por sua fé em Cristo, é a Igreja Triunfante; Igreja visível consiste de congregações locais, a Igreja militante, composta por crentes fiéis (Ap 2.11, 17, 26); a Igreja é visível na profissão de fé e conduta cristã, no ministério da Palavra e Ordenanças, e na organização externa e seu governo. É digno de nota que, alguns que pertencem à Igreja visível, a Igreja Militante, nunca se tornem membros da organização invisível, Igreja triunfante, por não possuírem uma fé genuína. Dizem que Lutero foi o primeiro a fazer esta distinção, mas é certo que outros reformadores também conheciam essa afirmativa e a aplicaram à Igreja como dois aspectos da única Igreja de Jesus Cristo.

3. Sua identidade. O ponto de partida necessário no estudo do tema ‘o Reino de Deus’ é Gn 1.1, onde a soberania de Deus é descrita em forma de domínio, reino e regência ao utilizar o termo hebraico ‘bara’ (criou). Ele é soberano sobre toda a criação e a Igreja é o modo visível dessa soberania; a Igreja é o templo de Deus e do Espírito Santo e isso requer dela separação da iniqüidade e da imoralidade. Particularmente, creio que Deus como regente, criou a Igreja e a rege segundo seu beneplácito e como afirmou Jesus em Mt 16.18, nada impedirá sua expansão e convocação daqueles que hão de salvar-se. Contudo, aos que foram alcançados e fazem parte da Igreja militante, cabe a tarefa de sustentar a verdade e conservá-la íntegra, defendendo-a contra os deturpadores e os falsos mestres (Fp 1.17). É relevante citar aqui que, a Igreja visível é composta por crentes fiéis, mas abriga também crentes falsos (Ap 2.2), caídos (Ap 2.5), espiritualmente ‘mortos’ (Ap 3.1) e os mornos (Ap 3.16). A parábola da rede (Mt 13.47) revela a verdade enfatizada por Jesus que nem todos os que estão no Reino, na Igreja visível, são verdadeiramente filhos de Deus. Isto é especialmente verdadeiro quando contemplamos igrejas locais e denominações que já não renunciam a tudo em prol de um único interesse supremo, Cristo (Rm 12.1), que já não vivem nem pregam o genuíno evangelho. A identidade da Igreja que se pensa representante do Reino deve ser uma vida santa e irrepreensível, receptividade à operação do Espírito Santo, o ensino da sã doutrina e guardar a fé (1Tm 4.12,13,15,16; 6.20; 2Tm 1.13,14; 3.13-15).
Sinopse do Tópico (1)
A Igreja é um organismo vivo. Ela é formada por pessoas de diferentes raças, línguas, culturas e cor que aceitaram a Cristo como Salvador.

II. A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DA IGREJA A parte central das últimas instruções de Jesus aos discípulos, antes de sua ascensão, foi a ordem de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). A tarefa da evangelização ainda faz parte imperativa da missão da Igreja, ela é chamada a ser uma comunidade evangelizadora [2]. Louis Berkhof em sua Teologia Sistemática falando acerca das marcas distintivas da Igreja assevera: “A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da Igreja. […] A fiel pregação da Palavra é o grande meio para a manutenção da Igreja e para habilitá-la a ser a mãe dos fiéis. Que esta é uma das características da Igreja transparece em passagens como Jo 8.31, 32, 47; 14.23; 1Jo 4.1-3; 2Jo 9” [3]. A Grande Comissão foi dada pela autoridade de Cristo, posto que seu domínio é universal, o evangelho deve ir ao mundo inteiro. Cristo morreu em sacrifício vicário – no lugar de – pecadores de todas as nações. Assim, devemos avançar e conquistar novos discípulos, e isso não é uma opção, é uma obrigação de todo aquele que se diz cristão; não somos todos evangelistas no sentido formal do termo, mas todos temos recebido os dons necessários para ajudar a realizar essa que é a obra primaz da Igreja - esse imperativo de Jesus é a razão primária de ser Igreja!

1. Na pregação e no ensino do evangelho.
2. No amor cristão. Jesus afirmou que nosso amor cristão mostrará que somos seus discípulos (Jo 13.34,35). As pessoas não regeneradas vêem dissensões, ciúme e divisão em nossa Igreja ou reconhecem-nos como seguidores de Jesus pelo amor que demonstramos uns aos outros? Essas coisas são essenciais à salvação e à preservação da identidade da Igreja. O caminho para o Reino dos céus se dá mediante a simples confiança e dependência de uma criança; e o caminho para a grandeza acontece através da humildade de uma criança, expressa pelo serviço modesto (Mt 18.1-55). O amor cristão é mais do que um sentimento de afeto, é uma atitude que se expressa através do serviço desinteressado. O amor cristão tem no amor sacrificial de Cristo o seu modelo e a comunidade de crentes como o primeiro lugar onde esse amor se expressa (Gl 6.10; Ef 5.25). É digno de nota que o amor é a condição sine qua nom para o exercício apropriado de qualquer dom (1C0 13.1).
3. Na defesa da fé. Dave Hunt em seu livro “Em Defesa da Fé”, editado pela CPAD, inicia com essa assertiva: “Se perguntássemos à maioria das pessoas a razão por que crêem, muitas delas teriam dificuldade de oferecer uma base sólida para sua opinião” [4]. Paulo preocupado com as raízes pouco profundas de seus convertidos escreve 1Tm 6.3-5 onde retorna pela última vez ao problema dos falsos mestres, destacando especialmente sua tendência de causar divisões e sua ganância. Isso leva-nos a refletir sobre a perspectiva correta que se deve ter em relação à segurança da fé que temos abraçado. É bom lembrar que, a boa compreensão dos pontos teológicos mais difíceis não deve servir de base para que alguém queira pensar de si mesmo como um privilegiado, mas sim, co-responsável com os demais mestres da Igreja pelo fortalecimento doutrinário da congregação. Muitos crentes aceitam o que é divulgado pela mídia como se ela não cometesse erros e estivesse livre de preconceitos, isso vale também para o que é ensinado como teologia cristã; é preciso ter cuidado com o que estamos estudando e passando para nossos alunos, ao mesmo tempo, termos o maior cuidado de estarmos certos de que as respostas às quais chegamos são válidas, alicerçadas na Bíblia. Importante destacar que, o crente deve estar sempre pronto para dar uma resposta branda e respeitosa quando for pedido a razão de sua fé (1Pe 3.15). Quanto à pregação da Palavra em Igrejas quaisquer ter que ser perfeita para que ela seja considerada verdadeira é um ideal inatingível na terra, isso porque só se pode atribuir à Igreja uma relativa pureza doutrinária. Louis Berkhof afirma que “uma Igreja pode ser relativamente impura em sua apresentação da verdade, sem deixar de ser uma Igreja verdadeira. Mas há um limite além do qual a Igreja não pode ir, na apresentação errônea da verdade ou em sua negação, sem perder o seu verdadeiro caráter e tornar-se uma Igreja falsa. É o que acontece quando artigos fundamentais de fé são negados publicamente, e a doutrina e a vida já não estão sob o domínio da Palavra de Deus” [5].
Sinopse do Tópico (2)
A Igreja deve preservar a sua identidade, pregando e vivendo a Palavra de Deus, amando ao próximo e lutando contra as distorções das Sagradas Escrituras.

III. ALGUNS PERIGOS QUE AMEAÇAM A IGREJA
Os crentes são chamados à fidelidade e perseverança até que as promessas alcancem seu cumprimento total. A demora no cumprimento de alguma promessa muitas vezes leva o crente ao esfriamento do amor e dedicação por Cristo e sua Palavra. Conhecer teologia, freqüentar as reuniões da igreja local e obedecer alguns mandamentos não bastam (Mt 5.17). O crente deve manter vividamente o amor sincero a Jesus Cristo e sua Palavra como um todo. Veja que na advertência à Igreja de Éfeso em Ap 2.4, o termo ‘deixaste o teu primeiro amor’, caracteriza um ‘abandono’ da fé; este é um dos sentidos do termo grego aphiemi – ‘deixar’; Strong define aphiemi em três categorias de significados: 1) Deixar ir, mandar embora, enviar, perdoar. Nesse sentido, a palavra é usada em conexão com divórcio (1Co 7.11-13), dívidas (Mt 18.27) e, especialmente, pecados (Mt 9.2; 1Jo 1.9); 2) Permitir, deixar (Mt 3.15; 5.40; 19.14); 3) Negligenciar, abandonar, deixar sozinho (Mt 4.11; Mc 7.8; Lc 13.35; Jo 4.3) [6].
1. A perda e o esfriamento do amor.
2. A perda do temor a Deus. Temer é ‘ter grande respeito a’, não se trata de simples medo, mas de reverência, por meio da qual o indivíduo reconhece o poder e a posição do indivíduo reverenciado e lhe presta respeito formal. Nesse sentido, ‘temor’ implica submissão a uma relação ética formal com Deus. Com efeito, quando se perde o temor a Deus, atingiu-se o mais baixo abismo da degradação moral e possivelmente, torne-se irreconciliável. A sociedade é vítima de um distanciamento de Deus, e está colhendo os frutos de uma geração moralmente degradada, à margem da Graça de Deus (Rm 3.23). Ninguém jamais alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer de outra maneira, pela justificação que há em Cristo para um correto relacionamento com Deus.
3. A perda da humildade. Como visto na lição de número 7, humildade vem do Latim humilitas, -atis: pequenez, modéstia, qualidade de humilde; capacidade de reconhecer os próprios erros, defeitos ou limitações. É o inverso de altivez, arrogância e orgulho. É demonstração de respeito, submissão, deferência e reverência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. Paulo que, escrevendo 2Co 3.4, 5 e 6, afirma: “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento…” a seu exemplo, não podemos nos vangloriar de coisa alguma por que, o crédito por todas as nossas realizações na Obra do Senhor é dEle mesmo; Também é conveniente nos afastarmos daquele que já não demonstra não reconhecer que suas habilidades são capacitações dadas pelo Espírito Santo para desenvolvimento do Corpo. Para desempenharmos o serviço do Senhor é imperativo que haja humildade no coração: “O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus” (Mq 6.8). (Veja Pv 4.23; Mt 15.19; Fp 2.13; Tg 4.10; Lc 22.26; 1Pe 5.5,6).
Sinopse do Tópico (3)
O esfriamento do amor, e a perda do temor a Deus e da humildade têm ameaçado a preservação da identidade da Igreja de Cristo.

Conclusão
A Igreja é a família espiritual de Deus, uma comunidade criada pelo Espírito Santo baseada no Calvário, e como tal, deve preservar aquela marca distintiva que caracterizou a Igreja primitiva: obediência amorosa e incondicional à Bíblia Sagrada. A Igreja está inserida no contexto social pluralista onde a maneira como as pessoas vivem é determinada mais por seus valores compartilhados, e isso por sua vez é mudado através de persuasão paciente e exemplo, o que poderemos realizar somente se o conjunto de características exclusivas da Igreja – amor, simplicidade e o temor a Deus forem preservados. Falsos ensinos são uma perigosa ameaça espiritual que podem causar estragos semelhantes aos causados pela Serpente de Gênesis. De modo semelhante, o apego a exigências legalistas e de concessões pode macular a identidade da Igreja (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Por isso, não podemos nos apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo.

Fonte: ebdweb

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