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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Lição do 3º trimestre de 2014: A Fé se Manifesta em Obras


INTRODUÇÃO
As obras dos cristãos não podem ser incompatíveis com sua fé, na verdade, diante dos homens, a fé somente pode ser demonstrada por meio das obras. Na aula de hoje atentaremos para essa relação necessária na vida cristã. Os teólogos costumam explicá-la utilizando duas palavras: ortodoxia (doutrina correta) e ortopraxia (prática correta). Além dessa relação, destacaremos, nesta lição, que somos sal da terra e luz do mundo, e nos voltaremos para alguns exemplos bíblicos de fé manifesta por meio das obras.

1. A RELAÇÃO ENTRE FÉ E OBRAS
Em sua Epístola Tiago destaca que há uma relação direta e necessária entre a fé (ortodoxia) e obras (ortopraxia). Existe uma tendência aos extremos no movimento evangélico, aqueles que defendem que devemos priorizar a fé, e outros, esse ao que me parece maioria, que defende meramente a prática. Mas uma não se sustenta sem a outra, não existe uma prática apropriada a menos que essa esteja alicerçada na sã doutrina (II Tm. 4.3). No texto de Tiago, a fé e as obras devem ser demonstradas em obediência, isso inclui compromisso com Cristo, esse ensinado coaduna-se a posição paulina (Rm. 1.5; Gl. 5.6). Essa posição precisa ser reafirmada constantemente no movimento evangélico, principalmente porque estamos testemunhando aquilo que Bonhoeffer denominou de graça barata. Para esse mártir alemão, a graça barata é um perigo para a igreja, pois “é um inimigo mortal (…) quer dizer a venda no mercado como qualquer produto (…) dos pecados, as consolações da religião são jogados a preço de queima (…) é a negação da Encarnação, da realidade do Espírito Santo, graça e fruto, figueira sem fruto”. O cristianismo autêntico está em declínio em alguns contextos evangélicos, na ânsia por aumentar seus adeptos, muitos líderes estão fazendo concessões que deveriam ser inegociáveis. A marca da fé cristã continua sendo o amor-agape, sem este não passamos de barulho (I Co. 13), isso pode ser constatado no fato de que muitos lembram Jo. 3.16, mas esquecem do que está escrito em I Jo. 3.16. Além disso, precisamos resgatar, em nossas igrejas, a doutrina do novo nascimento, ao invés de querer transformar nossos encontros em meros espetáculos (Jo. 3.3). Esse cristianismo barato é irrelevante, algumas “igrejas” locais não fazem a menor falta se forem fechadas. Simplesmente porque elas não representam Cristo na terra, na verdade há algumas que prestam desserviço a causa do Reino de Deus. A igreja de Jesus Cristo não pode esquecer que é o Corpo, e deve agir com tal, sendo as mãos do Senhor no auxílio aos necessitados, andando milhas para levar a agradável mensagem de vida eterna (Cl. 1.24).

2. LUZ DO MUNDO E SAL DA TERRA
A igreja de Jesus, para ser relevante, deve saber que é sal da terra e luz do mundo. Sem assumir essa característica, seremos apenas uma agremiação humana (Mt. 5.13). Como sal a igreja tem a missão de evitar que o mundo se torne insípido. Por esse motivo Jesus não nos tirou do mundo, orou ao Pai para que nos livrasse dos mal (Jo. 17.15). Alguns crentes querem se voltam para o isolacionismo, usam até a doutrina do arrebatamento para apregoarem um escapismo irresponsável. Mas como cristãos devemos assumir nossa responsabilidade, não apenas denunciando os pecados morais, também os sociais. O mundo não sabe, mas precisa da igreja, ela é a causa do império do mal não está ainda reinando em sua plenitude, pois o Espírito Santo nela habita (II Ts. 2.6,7). Mas há igrejas que se tornaram como o mundo, se venderam aos caprichos deste tempo presente. Como Demas, amam o presente século, e se afastar da missão para a qual foi chamada (II Tm. 4.10). Há igrejas que perderam o brilho, não podem mais dizer que são luz do mundo, tornando-se insípidas, para nada mais prestam, apenas para ser pisadas pelos homens. Uma igreja relevante é luzeiro no mundo, ela dispersa as trevas, e por causa da sua atitude profética, é temida, até mesmo pelas autoridades (Fp. 2.15). Mas uma igreja que se vendeu à corrupção não consegue mais denunciar o pecado, algumas delas estão em conchavo direto com os poderes mundanos. A igreja profética de Jesus Cristo deve se posicionar diante do pecado, não pode se omitir quando o direito dos mais pobres é vituperado, quando leis injustas são promulgadas para a opressão (Is. 10.1). A luz da igreja precisa brilhar, cada vez mais forte, refletindo a imagem dAquele que nos chama para Deus e o próximo (Mt. 22.37-40). Está na hora de abandonarmos a fé meramente intelectiva, isto é, que se baseia em axiomas, mas que não se materializa em obras, dignas de arrependimento (Mt. 3.8). O verbo crer - pisteuo em grego - revela ação, um compromisso com o objeto da crença. Existem cristãos que conhecem bem as doutrinas bíblicas, são verdadeiras enciclopédias ambulantes, mas que não vivem a partir dos princípios exarados nas Escrituras.

3. EXEMPLOS BÍBLICOS DE FÉ E OBRAS
Tiago destaca alguns exemplos bíblicos de personagens que demonstraram sua fé pelas obras, dentre eles Abraão e Raabe. A fé (gr. pistis) a respeito do qual aborda o apóstolo está em consonância com a galeria da fé de Hebreus 11, que pode muito bem ser traduzida como fidelidade. Existem exemplos bíblicos nesse capítulo que revelam o compromisso daqueles que creem, que se fundamentam não no visível, antes confiam na Palavra de Deus, são esses que agradam a Deus (Hb. 11.1,6). Mesmo diante da perseguição devemos permanecer firmes na Palavra de Deus, cientes que as promessas a nós feitas haverão de se cumprir, o Senhor prometeu e Ele é fiel, passará o céu e a terra, mas Suas palavras não haverão de passar (Mt. 24.35). Abraão foi justificado quando creu, é nesse sentido que o justo vive da fé, tendo ele saído da sua terra, do meio da sua parentela, e seguido em obediência, pelo caminho determinado por Deus (Gn. 12.1; Rm. 4.11-16). Tiago, no contexto da sua Epístola, aborda o aspecto prático da fé de Abraão, que se encontra em Gn. 22.9-12, quando se pôs a sacrificar seu filho Isaque, em obediência ao Senhor (Tg. 2.21-24). O patriarca acreditava que o mesmo Deus que havia lhe dado um filho não permitiria que esse fosse morte, e se isso viesse a acontecer, o Senhor o restauraria à vida (Gn. 22.5,6). Raabe também demonstrou fé através das suas obras, sendo lembrada inclusive na galeria da fé de Hb. 11.31. O reconhecimento da fé de Raabe revela que Deus não faz acepção de pessoas, pois por meio da fé essa prostituta, a fim de preservar a sua vida, protegeu os espias israelitas antes de aquele povo entrar na terra prometida (Js. 2.1-24). Mais interessante ainda é o fato de essa mulher fazer parte da genealogia de Jesus (Mt. 1.5). Não importa os pecados que as pessoas tenham cometido no passado, depois de terem se arrependido e se voltado para o evangelho, a diferença é feita na fidelidade, na disposição para viver e morrer pela causa de Cristo (Mt. 5.11,12).

CONCLUSÃO
A lógica humana é tendenciosa aos extremos, há aqueles que defendem uma fé meramente intelectiva, mas essa até os demônios têm (Tg. 2.19). Os cristãos autênticos demonstram sua fé em Deus através de ações, até mesmo diante das situações adversas, essa é a verdadeira fidelidade. Portanto,”nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hb. 12.1).

Fonte: ebdweb

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