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terça-feira, 25 de novembro de 2014

9ª lição do 4º trimestre de 2014: O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM


INTRODUÇÃO



Nesta Aula, trataremos da segunda visão que Deus deu a Daniel sobre a ascensão e queda de dois impérios: Medo-Persa e Grego. Estes impérios, tratados no capítulo 7, e representados pelo Urso (Dn 7:5) e pelo Leopardo (Dn 7:6), ganham um sentido especial e particular no capítulo 8. Aqui, eles são representados por dois outros animais, e com caraterísticas especiais: o carneiro (Dn 8:3,4) e um bode (Dn 8:5-9), respectivamente. Ambos eram animais poderosos, mas foram destruídos, porque ninguém prevalece contra o cetro de Deus.

Os elementos históricos da profecia tiveram seu cumprimento no passado, porém, algumas caraterísticas desses dois impérios personificam o futuro de Israel e o que acontecerá no “tempo do fim"(Dn 8:19). Daniel ficou fraco e enfermo diante dos fatos futuros que haveriam de vir. Essa visão prova que Deus é quem dirige a história. Ele tem em suas mãos as rédeas da história do mundo.

I. A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE (Dn 8:3-5).

1. A visão do carneiro (Dn 8:3,4,20). “Aquele carneiro que viste com duas pontas são os reis da Média e da Pérsia” (Dn 8:20).

O texto de Daniel 8:20 é claro: o carneiro simboliza o império Medo-Persa, representado por Dario e Ciro, respectivamente. Não mais aquele “urso” faminto do capítulo 7:5; já enfraquecido, é agora representado ao profeta Daniel como sendo um animal doméstico – carneiro -, em vez de uma fera selvagem – o urso.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Daniel descreve o carneiro de três maneiras distintas.

Em primeiro lugar, fala que ele tem dois chifres (Dn 8:3,20). Essa é uma descrição do império Medo-Persa que se levantaria para conquistar a Babilônia. Na mesma noite em que o rei Belsazar fazia uma festa e zombava dos vasos do templo, a Babilônia caiu nas mãos dos medo-persas. 

Em segundo lugar, fala que tal carneiro é irresistível (Dn 8:3,4). A união dos Medos e Persas em um só império criou um exército poderoso que conquistou territórios para o oeste (Babilônia, Síria e Ásia Menor), ao norte (Armênia) e ao sul (Egito e Etiópia). Nenhum exército existente naqueles tempos tinha a força ou a capacidade necessária para deter o avanço dos Medo-Persas.

Em terceiro lugar, fala que o carneiro engrandeceu-se (Dn 8:4). Nenhum exército naqueles dias podia resistir ou deter o avanço do reino medo-persa. Isso levou esse reino a tornar-se opulento, poderoso e cheio de soberba. Por isso, engrandeceu-se, e aí estava a gênese de sua futura queda.

2. Os chifres do carneiro.E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por último” (Dn 8:3).

Daniel contempla na sua visão que o audacioso carneiro tinha “duas pontas”, pontiagudas; mas, uma delas era mais alta do que a outra. O chifre maior é uma descrição do poder prevalecente dos persas na liderança do império. Na cronologia histórica, Ciro, o persa, tomou o lugar de Dario, o medo. Eventos importantes aconteceram no período desses dois reis até que o carneiro foi vencido, surgindo na visão de Daniel a figura de um bode que ataca o carneiro e o vence.

Na cultura persa, a figura do carneiro era muito popular. Esse animal é sempre referido ao macho das ovelhas. Simboliza força e bravura na defesa da sua família. Seus chifres são símbolos do poder de domínio e autoridade do carneiro para defender seu rebanho. O símbolo mais importante dos Medos-Persas era a cabeça de ouro de um carneiro que fazia parte da coroa real.

3. A visão do bode (Dn 8:5-8).E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos” (Dn 8:5).

O profeta Daniel, em sua grande visão deixa um pouco de lado o carneiro (império medo-persa) e agora dá destaque outro animal – o bode. O bode é uma descrição profética acerca do império Greco-Macedônio. No capítulo 7:6, ele é representado pelo “leopardo”. Agora, em Daniel 8:4 ele é representado pelo “bode voador”. Em sentido profundo da exegese, o bode representava o poderoso exército Greco-Macedônico comandado por Alexandre Magno, enquanto que a “ponta notável entre os olhos” representava o próprio Alexandre – “mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei(Dn 8:21). Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Daniel elenca quatro fatos a seu respeito:

Em primeiro lugar, fala da rapidez de suas conquistas (Dn 8:5,21). As conquistas de Alexandre foram extensas e rápidas. Em apenas treze anos Alexandre conquistou todo o mundo conhecido de sua época.

Em segundo lugar, Daniel fala do poder desse líder (Dn 8:5). Alexandre é descrito como o chifre notável. Foi um líder forte, ousado e guerreiro. Era um homem irresistível, um líder carismático, com punho de aço.

Em terceiro lugar, Daniel fala dos triunfos de Alexandre sobre o império Medo-Persa (Dn 8:6,7). O poderio e a força de Alexandre são descritos na maneira como enfrentou o carneiro: (a) fere-o; (b) quebra seus dois chifres; (c) derruba-o na terra; e (d) pisoteia-o.

Em quarto lugar, Daniel fala do engrandecimento e queda de Alexandre e seu reino - E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Dn 8:8). “O engrandecimento de um império é ao mesmo tempo prelúdio de sua queda e decadência. Quanto mais se aproxima do auge de seu poder, tanto mais perto está também de seu fim". A Grécia não foi uma exceção.

Daniel 8:8 profetiza a morte inesperada de Alexandre Magno na Babilônia, em 323 a.C, exatamente quando ele queria reconstruir a cidade da Babilônia, contra a palavra profética de que a cidade jamais seria reconstruída.

Após a morte de Alexandre e a divisão de seu reino entre quatro generais (Dn 8:22), o grande império grego desintegrou-se e enfraqueceu-se. A profecia acerca de Alexandre cumpriu-se literalmente, duzentos anos depois da profecia dada a Daniel.

II. O CHIFRE PEQUENO (Dn 8:9)

1. A visão da ponta pequena.E de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa”.

Daniel passa a falar sobre um pequeno chifre, diferente daquele descrito no capítulo 7. Esse é apenas um protótipo daquele. Vejamos como ele é descrito, segundo o comentário do Rev. Hernandes Dias Lopes:

Em primeiro lugar, Daniel fala sobre sua procedência (Dn 8:8,9,22). O pequeno chifre do capítulo 8 não deve ser confundido com o pequeno chifre do capítulo 7:8. A origem do 7:8 é o quarto império (o império romano). A origem do 8:9 é o bode, o terceiro império - o império grego.

O pequeno chifre do capítulo 8 é um personagem futuro e profético para Daniel, mas para nós, um personagem do passado; enquanto o pequeno chifre do capítulo 7:8 é um personagem escatológico para Daniel e para nós.

O pequeno chifre de Daniel 8:9 é o principal precursor do Anticristo escatológico. Principal porque muitos anticristos precursores do Anticristo escatológico já passaram pelo mundo (1João 2:18), mas nenhum reuniu em si tantas características como esse de Daniel 8:9.

Esse pequeno chifre do capítulo 8 é o rei selêucida Antíoco IV, chamado de Antíoco Epifânio, que reinou na Síria entre 175 a 163 a.C.

Em segundo lugar, Daniel fala sobre sua megalomania (Dn 8:11,25). Em seu coração ele se engrandeceu. Antíoco declarou ser deus. Mandou cunhar moedas que de um lado tinham sua efígie e do outro as palavras: "Do rei Antíoco, o deus tornado visível que traz a vitória”.

Em terceiro lugar, Daniel fala sobre sua truculência (Dn 8:9,10). Alguns imperadores romanos identificaram-se com o Anticristo escatológico, tais como Nero e Domiciano, por exigirem adoração de seus súditos. Hitler foi identificado com ele por sua feroz perseguição aos judeus. Outros governadores antigos e contemporâneos por perseguirem os cristãos como nos regimes totalitários e comunistas. Mas ninguém se assemelhou tanto ao Anticristo escatológico como Antíoco Epifânio.

Esse rei selêucida foi um feroz perseguidor dos judeus (Dn 8:24). Porque os fiéis judeus não se prostravam diante dos ídolos foram duramente perseguidos por ele. Calcula-se que cem mil judeus foram mortos por ele. O Anticristo escatológico também será implacável em sua perseguição aos cristãos e aos judeus no período da Grande Tribulação que virá – “E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (Ap 13:15).

Em quarto lugar, Daniel fala acerca de sua blasfêmia (Dn 8:23-25). Ele será um usurpador. Como o Anticristo quererá usurpar o lugar de Cristo, Antíoco também foi um usurpador. No seu tempo, a Palestina pertencia ao Egito dos ptolomeus, mas ele, astuciosamente, aproveitou-se da divergência entre os judeus que estavam divididos em dois partidos, e levou-os a se aliarem a ele, rompendo com o Egito (Dn 8:23-25). Quando os judeus se aliaram a ele, logo os explorou e os perseguiu cruelmente até à morte.

2. A ultrajante atividade desse rei contra Israel (Dn 8:10,11). “E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Antíoco Epifânio fez cessar os sacrifícios na Casa de Deus e profanou o templo. Em 169 a.C, ele saqueou o templo e proibiu os sacrifícios, à semelhança do que vai acontecer com o Anticristo escatológico (cf. 2Ts 2:4; Ap 13:6).

Por ordem de Antíoco, o templo foi profanado da maneira mais vil, indecente e imoral. O santuário de Jerusalém foi chamado de “TEMPLO DE JÚPITER OLÍMPICO”. Ele profanou o templo quando colocou a própria imagem no lugar santíssimo e mandou matar sobre o altar um porco e borrifar o sangue e o excremento pelo santuário, obrigando os judeus a comerem a carne do porco, dentro do templo, sob ameaça de morte. Mandou ainda edificar altares e templos dedicados aos ídolos, sacrificando em seus altares porcos e reses imundas.

O livro de Macabeus descreve a soberba e a perversidade de Antíoco na profanação do templo de Jerusalém:

“E entrou cheio de soberba no santuário, e tomou o altar de ouro, e o candeeiro dos lumes, e todos os seus vasos, e a mesa da propiciação, com as bacias, e os copos, e os grais de ouro, e o véu, e as coroas, e o ornamento de ouro, que estava na fachada do templo: e quebrou tudo [...] E fez grande matança de homens, e falou com grande soberba”.

Dessa forma, esse rei tornou-se o maior protótipo do Anticristo que virá (Dn 9:27; Ap 13:5; 2Ts 2:3,4). Ele blasfemou contra Deus, contra o culto e contra o povo de Deus.

3. A purificação do santuário (Dn 8:14).E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”.

O tempo de sofrimento de Israel é revelado a Daniel com linguagem especial ao estabelecer um tempo de "2.300 tardes e manhãs" que literalmente, referem-se às atrocidades de Antíoco Epifânio num período de 171 a 165 a.C. Em Dn 8:14 o Senhor revela que depois daquele período de sofrimento, Ele haveria de purificar o santuário. Essa promessa implica na limpeza da profanação imposta por esse líder cruel contra a Casa de Deus. Os judeus até hoje fazem a celebração da purificação ou dedicação, ou seja, a Festa de Hannakah, que lembra a festa da purificação. Jesus esteve durante esta festa, em Jerusalém – “E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno” (João 10:22).

Existe um segmento religioso, bastante conhecido, que interpreta este texto de Daniel 8:14 de forma equivocada. Os líderes e seguidores deste segmento religioso, dizem que esses 2.300 dias são 2.300 anos proféticos; e dizem que essa contagem teve início no ano 457 a.C. Segundo eles, Jesus em vez de vir à terra no final desses anos, entrou em 22 de outubro de 1844 no lugar santíssimo do santuário celestial – para levar a efeito a obra final da redenção (cic). Esse ensino é também conhecido como a redenção incompleta.

Refutamos veemente este ensino desse segmento religioso. Em primeiro lugar, porque a Bíblia ensina claramente que na sua ascensão, o Senhor Jesus entrou diretamente na presença do Pai, no Santo dos Santos (At 7:55; Rm 8:34; Ef 1:20; Cl 3:1). Em segundo lugar, porque Jesus é apresentado na Bíblia, até o período atual, como Sacerdote (Hb 4:14,15; 8:1) e Advogado (Rm 8:34; Hb 7:25; 1João 2:1), e não como juiz.  Quanto à redenção, a Bíblia declara que ela foi completa e acabada na cruz, de uma vez por todas (João 19:30; Hb 1:3; 9:11,12; 10:12-14). Outrossim, a data de início da contagem dos 2.300 dias é 445 a.C (baseado em Dan 9:25, quando Artaxerxes estava no 20º ano do seu reinado), e não 457 a.C., como afirmam os adeptos desse segmento religioso. Virá ainda o Dia em que o Senhor julgará a todos (Rm 2:16).

III. ANTÍOCO EPIFÂNIO, O PROTÓTIPO DO ANTICRISTO

1. Antíoco Epifânio. Antíoco IV Epífânio (que significa: "que se manifesta com esplendor") foi um rei da Dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 e 164 a.C. Este déspota foi o maior protótipo do Anticristo. Este imporá uma única religião em seu reino e perseguirá e matará os que não se conformarem a ele (Ap 13:12,15). Antíoco Epifânio fez a mesma coisa em seu reino. A posse do Livro Sagrado, o Antigo Testamento, e a observância da lei de Deus eram punidas com a morte. Muitos judeus foram mortos por se manterem fiéis a Deus.

O Anticristo se levantará em tempo de grande apostasia. Como a apostasia do período do fim abrirá a porta para o Anticristo (2Ts 2.3,4), também muitos judeus, à época do rei Antíoco Epifânio, haviam se afastado da lei de Deus e adotado costumes dos gentios (Dn 8:12,23). Deus castigou Israel por causa de seus pecados. Quando no fim dos tempos a humanidade estiver suficientemente corrompida, ela estará pronta para receber o Anticristo.

2. Daniel descreve derrota do protótipo do Anticristo (Dn 8:25). “E, pelo seu entendimento, também fará prosperar o engano na sua mão; e, no seu coração, se engrandecerá, e, por causa da tranquilidade, destruirá muitos, e se levantará contra o príncipe dos príncipes, mas, sem mão, será quebrado”.

Antíoco Epifânio foi derrotado sem o auxílio de mãos humanas. Ele foi morto não em combate, mas por uma súbita doença, em Elimaida, na Pérsia. O segundo livro de Macabeus diz que sua morte foi das mais horrorosas. A queda do Anticristo será assim também. Não será morto num combate humano, mas pela manifestação da vinda de Cristo (2Ts 2:8; Ap 19:20).

3. O tempo do fim (Dn 8:17).E veio perto de onde eu estava; e, vindo ele, fiquei assombrado e caí sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem, porque esta visão se realizará no fim do tempo”.

O anjo Gabriel diz a Daniel que esta visão se cumprirá somente no “tempo do fim”. Este “tempo do fim”, aqui, refere-se a septuagésima semana profética, descrita em Daniel 9:24-27, com especial referência à metade dela, na parte final, que, no Apocalipse, é chamada “A Grande Tribulação”. No Novo Testamento, a expressão “os últimos dias”, em At 2:17; 2Tm 3:1; Hb 1:1, é equivalente, no grego, ao “tempo de fim”, e, o sentido geral, é mais amplo que em Daniel, pois é aplicado à época da Igreja, à época do Espírito Santo em sua plenitude.

4. Encerramento da visão (Dn 8:27).E eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, levantei-me e tratei do negócio do rei; e espantei-me acerca da visão, e não havia quem a entendesse”.

Ao ver todas as coisas terríveis que viriam sobre a sua nação e tudo o que aconteceria com o seu povo, Daniel adoeceu por alguns dias. Ele tinha quase 90 anos de idade. Naturalmente, toda aquela visão requereu dele, um estado de êxtase espiritual que, quando voltou ao normal, não tinha forças para ficar em pé. O mesmo aconteceu com João, na Ilha de Patmos. Entretanto, após um tempo, levantou-se novamente e foi tratar dos negócios do rei. A situação que contemplou certamente causou grande pesar, mas não derrubou a sua fé, nem o seu testemunho ou sequer impediu que continuasse o seu serviço.

Hoje, a situação do mundo, de Israel e dos “crentes” realmente não são motivos de riso, mas à semelhança de Daniel, não devemos nos  abater; precisamos continuar cuidando dos negócios do nosso Rei e Senhor, Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

Deus mostrou a Daniel que as rédeas da história não estão nas mãos dos poderosos deste mundo, mas nas mãos daquele que está assentado no alto e sublime trono. A história do mundo faz parte dos desígnios do Deus Todo Poderoso, e o futuro da humanidade e dos reinos deste mundo estão sob o Seus Onipresente olhar. Toda honra e louvor sejam dada ao Seu glorioso e bendito nome!
Fonte: ebdweb

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

7º Lição do 4º trimestre de 2014: NTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE

 

 


 
Texto Base: Dn 6:3-5,10,11,15,16,20

 
“Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Dn 6:4).

 
INTRODUÇÃO

Estudaremos, nesta Aula, o capítulo 6 do livro de Daniel. O império Babilônico (“cabeça de ouro”) ficou para trás. Agora está em evidência o império Medos-Persas (“peitoral e braços”). Ciro, o grande, é o novo imperador. À época Daniel era um homem idoso – entre 85 e 90 anos de idade -, mas, tal como ocorreu nos idos da “cabeça de ouro”, manteve a sua integridade moral e espiritual imutável, mesmo em tempo de crise.

Muitos fraquejam quando passam pelo teste da adversidade. A vida de Daniel, porém, prova que um homem pode ser íntegro tanto na adversidade como na prosperidade. Daniel foi íntegro quando chegou à Babilônia como escravo. Ele resolveu firmemente não se contaminar. Agora ele passa pelo teste da prosperidade - foi o primeiro ministro da Babilônia e agora é um governador do reino medo-persa. Sua integridade é a mesma. Ele não se deixa seduzir pela fama nem pela riqueza. Ele é um homem absolutamente confiável.

Há abundantes exemplos dignos de serem seguidos nessa área da integridade. O jovem José, do Egito, foi íntegro ao preferir a prisão à liberdade do pecado. O profeta Jeremias preferiu a prisão à popularidade. João Batista, o precursor de Jesus, por ser íntegro, preferiu perder a cabeça a perder a honra.

Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes, quando diz que vivemos uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Há falta de integridade na família. A fidelidade conjugal está ameaçada. Há falta de integridade moral nos vários segmentos da sociedade. A integridade está ausente na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na vida financeira, nas palavras e nos acordos firmados, nos palácios e até nas igrejas. Rui Barbosa, o grande tribuno brasileiro, chegou a vaticinar que chegaria o tempo em que os homens teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou. (1)

I.  DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn 6:1-6).

A Babilônia tinha caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam corruptos. O absolutismo do rei no império babilônico mudou para a descentralização do poder no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os partidos; mudam-se as figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são os mesmos. (2)

1. Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6:1-3). Na reorganização do governo, Dario dividiu a responsabilidade da administração. Ele constituiu 120 prefeitos e três governadores. Desses três governadores, Daniel se distinguiu. Dario encontrou nele “um espírito excelente” (Dn 6:3) e, apesar da idade avançada de Daniel, planejava estender sua autoridade sobre todo o reino. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas mais altas do governo de Dario, porém o caráter de Daniel era impoluto e imutável. Ele não vendeu a sua consciência. As circunstâncias adversas não alteraram as convicções de Daniel.

Daniel manteve-se íntegro a despeito do ambiente. Ele não negociou os seus valores absolutos. Ele não se corrompeu. A base de sua integridade foi sua fidelidade a Deus. Sua fé foi a pedra de esquina de sua moralidade privada e pública.

A vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro mesmo cercado por um mar de lama de corrupção.

2. Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6:4,5).Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa. Então, estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus”.

Os inimigos de Daniel queriam afastá-lo do caminho deles. Mas como? Nada encontraram para atacar em sua vida moral, assim, conspiraram contra ele por intermédio de sua fé no seu Deus. Daniel 6:4 nos informa que os conspiradores procuravam “achar ocasião" para acusar Daniel. Essa palavra (“ocasião”) significa, aqui, que eles buscavam um pretexto, um motivo.

Daniel, porém, era fiel a Deus e, também, era fiel ao seu senhor terreno. Ele realmente era diferente dos demais. E porque era diferente dos outros líderes foi perseguido, e conspiraram contra ele para matá-lo.

A vida de Daniel nos prova que um homem pode permanecer íntegro mesmo quando é vítima de conspiração.

3. O perigo das confabulações (tramas, conspirações) políticas. Ver Daniel prestes a uma promoção que o colocaria acima dos prefeitos e dos demais governadores era mais do que eles podiam tolerar. Eles precisavam destruir Daniel a qualquer custo, mas não encontrava nenhuma falha nele. O fracasso em encontrar falhas na administração de Daniel os fez buscar uma maneira de atacá-lo no seu ponto mais forte: sua religião e a lei do seu Deus (Dn 6:5). Eles sabiam que Daniel era um homem de oração, e era neste ponto que eles articularam a construção de uma arapuca. Eles agiram em surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. Eles bajularam o rei e se tornaram hipócritas para alcançar o fim que desejavam: a morte de Daniel.

Eles bajularam o rei Dario elevando-o ao posto de divindade por um mês. O projeto trazia como isca a exaltação e a lealdade ao rei. Era bastante comum para os governadores dos medos e persas colocar-se no lugar de um dos seus deuses e requerer a adoração do povo. Dario sentiu-se lisonjeado em ser o centro da devoção religiosa por um mês, por isso, assinou o edito. Mas a intenção dos conspiradores era outra.

O rei tornou-se refém de seu próprio orgulho e, por conseguinte, de seu próprio decreto. Dario assina uma sentença irrevogável, pois a lei nesse império era maior do que o rei. Dario caiu na arapuca da lei e da ordem. E assim, sentenciaram à morte o homem de confiança do rei. Além da bajulação, usaram a mentira (Dn 6:7).

A integridade nem sempre nos ajuda a granjear amigos. Pessoa íntegra é uma ameaça ao sistema de corrupção. Por ser fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano.

Não podemos permitir que qualquer ser humano ou qualquer outra coisa venha impedir de buscarmos a Deus em oração, de cultuá-lo, pois nada existe de mais importante do que o Senhor.

Nós temos que nos submeter ao estado, pois sua autoridade provém de Deus e seus oficiais são ministros de Deus. Mas há um limite: quando a obediência ao estado implica em de­sobediência a Deus. Neste ponto nosso dever, como cris­tãos, é desobedecer ao estado a fim de obedecer à Deus. Pois, afinal de contas, se o estado abusa de sua autoridade dada por Deus e tem a presunção, seja de ordenar aquilo que Deus proíbe, seja de proibir aquilo que Deus ordena, nós precisamos dizer "não" ao estado a fim de dizer "sim" a Cristo. Como diz Pedro: "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5:29). Veja outros exemplos com atitudes semelhantes: Êx 1:15-17; Dn 3; At 4:19; 5:29.

II. DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGIU COM SUA FÉ EM DEUS (Dn 6:10-16).

1. Nenhuma trama política mudaria em Daniel o seu hábito devocional de oração (Dn 6:10). “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”.

Quando Daniel soube do decreto do rei a sua atitude foi inequívoca: “Ele entrou em sua casa e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”. Daniel não muda sua agenda ao saber que estava sentenciado à morte. Alterar seus hábitos de devoção ou tornar secreta a sua relação com o seu Deus seria uma negação basilar de sua integridade espiritual.

Certamente, ele deve ter sido tentado a transigir ao se ajoelhar para orar: "Por que não facilitar as coisas? Veja a posição de privilégios de que goza. Pense na influência que continuará exercendo se transigir só nesse ponto. Assegure seu futuro. Não ore a Deus em público apenas durante este mês. Ore secretamente em seu coração, se quiser, mas por que fazê-lo como sempre fez? Certamente, você será notado e perderá tudo, inclusive a vida". Daniel não foge nem transige, mas continua orando ao Senhor como costumava fazer. Daniel aprendeu a ser íntegro na mocidade e jamais mudou sua rota. Mesmo ancião, prefere a morte a transigir com sua consciência. (3)

2. A momentânea vitória dos conspiradores.Então, aqueles homens foram juntos e acharam Daniel orando e suplicando diante do seu Deus” (Dn 6:11).

Os inimigos de Daniel encontraram-no orando. Era tudo que eles precisavam para levar adiante o plano macabro. Assim como caçadores orgulhosamente exibem sua presa, os vis conspiradores chegaram ao rei Dario e exibiram o resultado do seu mau intento. Deram-lhe a informação de que tanto queriam – “Daniel, um dos exilados de Judá, não te dá ouvidos, ó rei, nem ao decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia” (Dn 6:13, NVI). E a informação estava cheia de veneno: (a) acentuava o preconceito, falando de Daniel como um exilado, mesmo depois de setenta anos de integridade como o homem mais importante do governo; (b) acrescentava uma informação falsa, afirmando que Daniel não fazia caso do rei.  Mas, a alegria dos conspiradores durou apenas uma noite. O juízo divino seria implacável contra os mesmos.

3. Preservando a integridade (Dn 6:18-22). Uma pessoa íntegra procura agradar a Deus mais que aos homens. Ela não depende de elogios nem muda sua rota por causa das críticas. Uma pessoa íntegra cumpre com a palavra empenhada e seu aperto de mão vale mais que um contrato. Daniel sabia que sua integridade o tornava impopular diante dos outros líderes, mas sua consciência era cativa ao Senhor e comprometida com a verdade. Os opositores de Daniel odiaram-no não porque ele praticara o mal, mas porque ele praticara o bem. Eles bajularam e se tornaram hipócritas para alcançar o fim que desejavam, a morte de Daniel. Eles agiram em surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. (4)

Por ser fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano. O íntegro é uma ameaça aos corruptos.

III. DANIEL NA COVA DOS LEÕES (Dn 6:16,17)

A cova dos leões era a forma mais cruel de sentença de morte no reino medo-persa. Babilônia matava numa fornalha, o reino medo-persa na cova dos leões.

1. Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn 6:16,17). Dario caiu na armadilha da bajulação e se tornou refém de seu próprio decreto. Daniel, seu homem de maior confiança, foi sentenciado à cova dos leões por causa de sua irretocável integridade. Daniel não discutiu, nem questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o livraria se assim o quisesse. Ele não deixou de orar e de manter seu hábito devocional. A sua fé em Deus proporcionava-lhe paz interior para enfrentar aquela circunstância adversa.

Daniel foi denunciado, preso e lançado na cova dos leões. Sua integridade não o livrou da maldade, da inveja e da perseguição dos seus inimigos do palácio. Mas Deus fechou a boca dos leões na cova da morte.

Como crentes em Cristo estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de Jesus? O próprio Jesus declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos seriam odiados, atormentados e levados à morte. Mesmo que você morra por causa de sua integridade, você ainda é bem-aventurado porque felizes são aqueles que sofrem por causa da justiça!

2. Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6:22,23).O meu Deus enviou o seu anjo” (Dn 6:22).

A Bíblia diz que "o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra" (Sl 34:7). Daniel não escapou da cova dos leões, mas o anjo de Deus entrou com ele naquela cova e fechou a boca dos leões. A firmeza da fé de Daniel estava acima de qualquer trama diabólica, por isso, Deus enviou o seu anjo que fechou a boca dos leões, e assim não puderam devorá-lo. Sua comunhão com Deus era algo vital e inalterável na relação entre ambos.

Você não pode evitar que os homens maus tramem contra você, mas você pode orar, e Deus pode frustrar o propósito dos ímpios. Os perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o livramento do anjo do Senhor. Os amigos de Daniel foram livres das chamas do fogo da fornalha, porque creram no seu Deus. Agora, Daniel foi livre de ser triturado pelos leões, porque, também, crera no seu Deus. O Anjo do Senhor que andou com Hananias, Misael e Azarias na fornalha de fogo, esse mesmo Anjo abençoou Daniel, ficando ao seu lado durante aquela noite, e demonstrou Sua autoridade sobre os leões ao restringir todos seus instintos naturais, a fim de não matarem brutalmente o servo do Senhor. Está escrito em 1João 5:4: “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”.

Quando cuidamos de nossa integridade, Deus cuida de nossa reputação. Daniel não podia administrar a orquestração dos seus inimigos, nem fazer o rei retroceder, nem mesmo se recusar a ir para a cova dos leões. Ele não podia tapar a boca dos leões, mas podia manter-se íntegro. Ele podia orar e pôr sua confiança em Deus. Isso ele fez.

Cabe a nós manter-nos fiéis, velar pelo nosso testemunho e honrar a Deus com nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das garras do inimigo. Daniel creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Deus livrou Daniel em meio do problema e não do problema. Muitas vezes, Deus não nos poupa das aflições, mas nos livra nelas ou mesmo na morte. (5)

3. Deus mais uma vez foi glorificado através da vida de Daniel (Dn 6:25-27). Quando cuidamos de nossa integridade, o nome de Deus é exaltado (Dn 6:26,27). Mais do que o nome de Daniel, o nome de Deus foi proclamado e exaltado em todo o império medo-persa. Dario exaltou a Deus dizendo: Ele é o Deus vivo; Ele é o Deus eterno que vive para sempre; Seu reino jamais será destruído; Seu domínio jamais terá fim; Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas; Ele é o Deus que livrou Daniel.

O fim último de nossa vida é glorificar a Deus. Devemos viver de tal maneira que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).

CONCLUSÃO

Quando cuidamos de nossa integridade, Deus nos exalta (Dn 6:28). Ele foi promovido no governo de Dario, o medo, sob o reinado de Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o honram. Dario tornou público um novo edito: “Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim” (Dn 6:25). Esse foi o fruto da integridade de Daniel em todas as situações. E a maldição dos inimigos de Daniel caiu sobre a cabeça deles. Todos aqueles homens foram lançados na cova dos leões e estraçalhados, e não escapou nem mesmo suas famílias (Dn 6:24,25).

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

6ª lição do 4º trimestre de 2014: A QUEDA DO IMPÉRIO BABILÔBICO

 

Texto Base: Dn 5:1,2,22-30

 
“E te levantaste contra o Senhor do céu, [...] além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste” (Dn 5:23).

 

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Aula da Queda do Império Babilônico. Veremos isso à luz do capítulo 5 de Daniel. Por volta de 700 a.C, Deus inspirou o profeta Isaías a registrar uma profecia sobre o fim da poderosa Babilônia. Ele escreveu: “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos” (Is 13:19,20).

Segundo Roy E. Swim, após a morte de Nabucodonosor, o seu filho, Evil-Merodaque, o sucedeu no trono. Este é o rei que deu honra especial ao rei Joaquim (filho de Jeoaquim), depois de 37 anos de exílio, ao soltá-lo da prisão e designar-lhe uma pensão (cf. Jr 52:31-34; 2Rs 25:27-30). Depois de dois anos, Neriglissar, o cunhado de Evil-Merodaque, liderou uma revolta e o assassinou. Neriglissar tinha se casado com uma das filhas de Nabucodonosor e reivindicava um certo direito real, especialmente por meio do seu filho, Labashi-Marduque. Mas o jovem não recebeu apoio e logo foi morto pelos seus amigos de confiança. Os generais e líderes políticos escolheram Nabonido, outro genro de Nabucodonosor, um auxiliar experimentado e de confiança durante a maior parte do seu reinado. Nitocris, filha de Nabucodonosor, deu um filho a Nabonido. Seu nome era Belsazar.

Por causa do seu sangue real, Belsazar, três anos após a ascensão de Nabonido ao trono, foi feito co-regente com seu pai. Ele tinha a incumbência de governar a cidade e a província da Babilônia. Esse foi o rei Belsazar descrito por Daniel (1). À época deste rei, em face de uma série de reis incompetentes, Babilônia encontrava-se numa trajetória decaída, deixando para trás sua época dourada. A ruína de Babilônia estava prestes a acontecer, pois um destacamento militar persa, comandado por Ciro, deslocara-se rapidamente para o sul, estacionando junto aos muros de Babilônia. Os muros eram grandes e fortes e seus armazéns achavam-se repletos de alimentos. O rio Eufrates trazia água à vontade para dentro da cidade. Para os líderes nacionais, Babilônia era invencível a qualquer inimigo. Apesar da presença dos inimigos junto aos muros da Babilônia, deliberadamente o rei Belsazar decidiu desafiar o Deus Altíssimo e por isso teve que enfrentar as consequências finais das escolhas que livremente tomara.

Em cumprimento da Palavra profética, a cidade de Babilônia, que parecia invencível, foi derrotada pelos exércitos medo-persas em 538 a.C, justamente quando o exílio de 70 anos de Judá estava para terminar. Com o tempo, Babilônia se tornou um monte de ruínas, exatamente como havia sido profetizado. Nenhum deus se compara ao Autor da Bíblia: o Deus verdadeiro, Jeová (Is 46:9,10).

I. O FESTIM PROFANO DE BELSAZAR

1. A zombaria de Belsazar (Dn 5:1-4). O desprezo do conhecimento de Deus leva o homem a uma vida dissoluta moralmente. A atitude do rei em utilizar os utensílios do templo de Jerusalém em sua festa devassa e idólatra, mostrava o caráter perverso de Belsazar. Ele estava afrontando ao Senhor e profanando publicamente aquilo que pertencia a Deus. O castigo viria inevitavelmente e imediatamente.

A vida é uma semeadura. Colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem corrupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).

2. A insensatez e a crueldade do autocrata BelsazarSegundo Roy.E.Swim, além de toda a herança real do grande Nabucodonosor, seu avô, Belsazar tornou-se conhecido por causa da sua devassidão e crueldade. Conta-se que um dos nobres de Belsazar venceu o rei numa caçada. Por esse motivo, Belsazar matou o nobre na mesma hora. Mais tarde, em uma festa, um dos convidados foi elogiado por uma das mulheres. O rei ordenou que o convidado fosse mutilado para eliminar qualquer possibilidade de ser elogiado novamente. Criado em um ambiente de luxo, em que o poder e a adulação fizeram parte da sua vida já em tenra idade, ele tinha poucas chances de não se tornar um egoísta insensato e um autocrata cruel. (2)

3. Uma festa profana. Segundo Roy.E.Swim, catorze anos como segunda pessoa no comando do reino, Belsazar precisava encarar grandes responsabilidades. Nabonido, seu pai, estava no campo de batalha com o exército caldeu tentando rechaçar os ataques das forças conjuntas dos Medos e Persas. Uma província após outra do império da Babilônia tinha caído. Agora, os exércitos de Ciro cercavam a capital como o último obstáculo a ser vencido. Mas, Belsazar não estava nenhum pouco preocupado com as ameaças de Ciro. Ele acreditava que Babilônia era impenetrável e que seus muros eram inexpugnáveis. Tendo em vista a fartura de mantimentos e o suprimento de água inesgotável que a cidade possuía, Belsazar tinha a confiança que os habitantes poderiam sobreviver a qualquer cerco. Para demonstrar o seu desdém pela ameaça persa, Belsazar decretou uma festa para toda a cidade. Por meio de um convite especial paramil dos seus grandes (Dn 5:1), ele preparou uma festa no palácio real. Ele convidou as mulheres do harém real para acrescentar diversão à festa. O próprio rei liderou a festa oferecendo bebida para todos. Em dado momento, inflamado pelo muito vinho, Belsazar se deixou levar por um impulso imprudente. Ele ordenou que fossem buscados os utensílios sagrados que seu avô tinha trazido de Jerusalém para a Babilônia (Dn 5:3). Eles beberam dessas taças, coisa que nenhum outro ousaria fazer até então. Belsazar e seus companheiros de festa beberam dessas taças e deram louvores aos deuses (Dn 5:4) da Babilônia (3).

A impiedade produz perversão. O desprezo do conhecimento de Deus leva o homem a uma vida dissoluta moralmente. Belsazar conhecia a verdade (Dn 5:22), mas não foi dirigido por ela. Ele conhecia a verdade, mas a rejeitou deliberadamente para viver regaladamente em seus pecados. Belsazar profanou os utensílios consagrados ao Deus de Israel. Logo, o juízo de Deus seria inevitável e irrevogável.

II. O IRREVOGÁVEL JUÍZO DE DEUS



 

1. O dedo de Deus escreve na parede (Dn 5:5). O banquete tinha como objetivo afrontar o Deus vivo. De modo blasfemo, quando a bebida começou a surtir efeito, Belsazar ordenou a seus mordomos que trouxessem os utensílios sagrados que Nabucodonosor havia removido do templo de Jerusalém. Dentre esses utensílios havia vasos sagrados que tinham sido dedicados ao Senhor, os quais foram utilizados pelos convivas para oferecerem brindes a seus ídolos (Dn 5:1-4). Esse foi o último desafio do imoral Belsazar.

Em meio àquela orgíaca festividade pagã, onde ressoavam risos sarcásticos regados a muita bebida embriagante, a mão de Deus escreveu na parede com letras de fogo, estranhas e misteriosas palavras. A Bíblia diz que o semblante do rei mudou, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro. A festança parou, e um silêncio mortal encheu a sala (Dn 5:5,6).

Quando Belsazar conseguiu falar, ele começou a gritar e chamar os peritos em astrologia, os caldeus e os adivinhadores (Dn 5:7), para explicar esse mistério. O rei prometeu todo tipo de recompensa e promoção para qualquer um que pudesse ler a escrita na parede e interpretar a sua mensagem. Esse homem seria vestido de púrpura (púrpura real), uma cadeia de ouro seria colocada ao redor do seu pescoço e ele se tornaria o terceiro em importância no governo do seu reino. Esse era o posto mais elevado disponível, visto que Nabonido ocupava o posto mais elevado, e Belsazar, o segundo. Quando os sábios não conseguiram decifrar a escrita, o rei e todos os convidados ficaram outra vez aterrorizados. (4)

2. A rainha lembrou-se do profeta Daniel (Dn 5:6-12). A rainha-mãe (esposa de Nabonido e mãe de Belsazar), ciente do fato da escrita na parede, a rainha-mãe informa ao rei sobre Daniel e conta a respeito dos dons sobrenaturais que ele possuía. Ela disse:

 “Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação” (Dn 5:10-12).

Após contar tudo ao rei, a rainha-mãe aconselha ao rei que chamasse Daniel, e, certamente, ele daria a interpretação.

3. Daniel entra na presença de Belsazar (Dn 5:13-16). Daniel, então, foi introduzido à presença do rei. Ele agora era um homem idoso, mas continuava sendo um homem de Deus.Bom é conservarmos a fidelidade ao Senhor até o fim de nossas vidas!

Segundo Roy.E.Swim, Daniel havia sido negligenciado e completamente esquecido havia muito tempo. Agora, como bom súdito, entra na presença do rei para, novamente, dar-lhe o recado de Deus. Belsazar propõe a Daniel a mesma recompensa extravagante que havia prometido aos sábios (Dn 5:16), mas Daniel não deu nenhuma importância às “ninharias” do rei (Dn 5:17) e foi direto à crise que o rei embriagado e sua cidade estavam enfrentando. Daniel o confrontou de forma cortês, mas sem rodeios com uma mensagem de Deus. Daniel recordou a Belsazar como Deus humilhou Nabucodonosor. Embora Belsazar soubesse desse evento trágico, não deu importância à sua lição - “E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste de tudo isso. E te levantaste contra o Senhor do Céu. Então, dele foi enviada aquela parte da mão, e escreveu-se esta escritura” (Dn 5:22-24). Belsazar, ao profanar os vasos santos do Senhor cometeu um ato de afronta deliberada contra o Deus vivo. Poucas pessoas aprendem as lições da história.

III. A SENTENÇA CONTRA BELSAZAR E A QUEDA DE BABILÔNIA (Dn 5:22-28)

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Belsazar testemunhou as obras de Deus dentro de sua casa, mas as desprezou. Ele era da família real. Ele presenciou todos os acontecimentos relatados nos capítulos 1 a 4 do livro de Daniel. Ele devia ter a idade de Daniel e viu seu testemunho, bem como o testemunho de seus amigos. Viu como Deus libertou os amigos de Daniel da fornalha, como Nabucodonosor foi arrancado do trono para tornar-se um animal, até que seu coração foi humilhado e convertido. Belsazar conviveu com o testemunho fiel a respeito de Deus, mas tapou seus ouvidos, fechou seus olhos e endureceu seu coração. Deus deu um ano para Nabucodonosor arrepender-se, mas Belsazar cruzou a linha da ira de Deus naquela mesma noite e pereceu. Viver no pecado é loucura. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10:31). (5)

1. Os sábios não decifraram as palavras escritas na parede (Dn 5:15). “Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem esta escritura, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras”.

O presente versículo mostra a declaração do rei dizendo que os “sábios” foram incapazes diante daquele mistério. Aquilo que a mão misteriosa escrevera não se achava inserido em nenhum código deste mundo. Não é em vão que as Escrituras dizem: “o segredo do Senhor é para os que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto” (Sl 25:14). Os magos de Faraó foram até onde puderam, mas depois não puderam mais prosseguir. O poderio humano vai até uma certa distância, mas depois, como sempre, estaciona. Porém, o poder e a sabedoria de Deus triunfam em qualquer circunstância, tempo ou lugar. A Bíblia diz que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”. Isto significa que Ele é o mesmo quanto ao tempo e a importância.

2. As quatro palavras “misteriosas” (Dn 5:25). “Esta, pois, é a escritura que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM”. A mensagem era clara e específica. Deus havia empilhado os crimes do rei e completado a sua medida. O período de supremacia política de Babilônia havia terminado. Essa foi a última noite dos babilônios e do rei Belsazar. Os babilônios cruzaram a linha-limite que Deus traçara.

“Esta é a interpretação” (Dn 5:26-28): (6)

- “MENE: Contou Deus o teu reino e o acabou” (Dn 5:26). O reino babilônico cresceu, mas amadureceu para a ceifa. A profecia divina dizia claramente: “teu reino foi acabado!”. A mão que escreveu ali foi exatamente aquela que escreveu os “Dez Mandamentos” (a Balança de Deus) em tábuas de pedras; escrevera a sentença eterna de Belsazar. As palavras na parede significavam literalmente: Contado, Pesado, Dividido. Deus anuncia, através daquela escritura, que faltava justiça para a Babilônia e, simultaneamente, é decretada a destruição do reino.

- “TEQUEL: Pesado foste na balança e foste achado em falta” (Dn 5:27). Tequel significa “pesado” ou “avaliado”. A ideia está em 1Samuel 2:3: “...porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e por Ele são as obras pesadas na balança”. Belsazar não consegue dar equilíbrio à balança e revela a falta em si de verdadeiros valores, segundo a escala de Deus. Os “Dez Mandamentos de Deus” e a “Graça e a Verdade” que veio por Jesus Cristo, são balanças divinas que regulam as nossas vidas. Deus pesa os homens de acordo com esse padrão. Todos os homens querem pesar as suas vidas nas suas próprias balanças, mas somente a balança inevitável de Deus é sempre fiel!

Alguém já disse que a balança de Deus tem dois pratos, mas um só fiel. Ninguém se engane, Deus pesa até as montanhas (Is 40:12), e não somente isso, mas pesa também: (a) o andar do homem (Is 26:7); (b) o espírito do homem (Pv 16:2); (c) a sinceridade do homem (Jó 31:6).

- “PERES: Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas”. Ao ler o escrito final, Daniel leu “UFARSIM”, mas ao dar a interpretação, empregou a forma “PERES”. O “u” é a conjunção aramaica “e”, que seria omitida ao ser dada a interpretação. “FARSIM” é a forma plural, enquanto que “PERES” é singular (2Sm 6:8). A antiga versão da Bíblia continha a palavra “UFARSIM”, sendo o “e” na língua aramaica equivalente à nossa conjunção “e”. As versões ARA e ARC trazem esta palavra, mas sem o “u” e com a conjunção “e”, seguida da palavra “PARSIM”. Como já disse, “PERES” é forma singular. Isso tomava o sentido de dividido, compartilhado; o reino de Belsazar está para ser dividido entre os Medos e Persas. Naquela mesma noite, Belsazar foi morto, e Dario, o medo, foi constituído rei, pondo fim ao período do Império Babilônico.

Belsazar, o último monarca babilônico que desafiou a Deus, tomou as decisões que afetaram sua vida. Deus pesou essas decisões a fim de constatar o quanto elas valiam. Deus entregou Belsazar às consequências naturais do curso de vida por ele escolhido. Em Romanos 1:18-32, o apóstolo Paulo revela a atitude de Deus para com todos aqueles que, à semelhança de Belsazar, escolhem seus próprios caminhos.

3. O fim repentino do império babilônico (Dn 5:30,31). “Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos”.

Mal haviam acabado de colocar os adornos de honra em Daniel, quando os soldados de Ciro invadiram o palácio com gritos de guerra. Babilônia caiu.

Uma das profecias mais impressionantes sobre a queda de Babilônia está relacionada ao homem que a conquistou - o rei Ciro, da Pérsia. Quase dois séculos antes de Ciro assumir o trono, Jeová Deus o mencionou por nome e predisse que ele seria o conquistador de Babilônia. Falando sobre a futura conquista de Ciro, Isaías foi inspirado a escrever: “Assim disse o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face... para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão” (Is 45:1).

“Os historiadores gregos Heródoto e Xenofonte confirmam o cumprimento dessa profecia surpreendente. Eles revelam que Ciro desviou o rio Eufrates, baixando o nível da água. Os exércitos de Ciro obtiveram assim acesso à cidade através de seus portões, que haviam sido deixados abertos”.

Conforme predito pelo profeta Jeremias, a poderosa Babilônia caiu “repentinamente”, em uma noite - Repentinamente, caiu Babilônia e ficou arruinada; lamentai por ela, tomai bálsamo para a sua ferida; porventura, sarará (Jr 51:8).

CONCLUSÃO

A queda de Babilônia está associada a profecias que em breve deverão cumprir-se com a Babilônia espiritual, um dos destacados temas do Apocalipse. O perfeito cumprimento das profecias relacionadas com Babilônia literal contribui para o fortalecimento de nossa confiança nas profecias que anunciam a iminente derrocada da Babilônia simbólica. Nações estão sendo avaliados bem de perto pelo Deus Altíssimo. Todos estão por sua própria escolha decidindo seu destino e Deus indubitavelmente cumprirá os Seus propósitos.

Fonte: ebdweb