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segunda-feira, 30 de março de 2015

1ª lição do 2ª trimestre de 2015: O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS

 
Texto Base: Lucas 1:1-4

 
“Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado” (Lc 1:4)

 
INTRODUÇÃO

Neste trimestre estudaremos a vida e obra de Jesus, o Homem Perfeito conforme registrou Lucas no seu Evangelho. O relato feito por Lucas é tido pelos teólogos como o mais completo dentre os outros evangelhos. Muitos fatos ocorridos na vida do Salvador só são encontrados neste Evangelho, como, por exemplo, a pesca maravilhosa (Lc 5:6) e a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7:11-15), mas a sua maior beleza está em narrar a história da salvação (Lc 19:10). Lucas apresenta o Salvador como o Homem Perfeito que veio salvar a todos: judeus e gentios.

Espiritualmente, estaríamos bem mais pobres no nosso apreço pelo Senhor Jesus e pelo seu ministério sem a ênfase singular do evangelista Lucas. O amor do Senhor e a oferta de salvação para todos, não somente para os judeus, seu interesse especial por indivíduos, sim, e até pelos pobres e rejeitados são salientados em Lucas. Lucas também concede ênfase intensa ao louvor (dando-nos exemplos dos consagrados “hinos” cristãos em Lc 1 e 2), à oração e ao Espírito Santo. Assim avaliou o crítico francês Ernest Renan sobre o Evangelho segundo Lucas: “O livro mais belo que existe”. Que cristão sensível, ao ler a inspirada obra-prima de Lucas, desejaria contestar essas palavras? Oro, que mediante o estudo de cada Lição, possamos conhecer mais a respeito do Filho de Deus, que se fez Homem e habitou entre nós.

I. LUCAS, O EVANGELHO DO FILHO DO HOMEM


1. Autoria e data. Lucas é o único evangelista que escreve uma continuação do seu Evangelho: o livro de Atos, no qual sua autoria é ainda mais evidente. As passagens de Atos na primeira pessoa do plural, “nós”, indicam que o escritor esteve envolvido pessoalmente (Atos 16:10; 20:5-6; 21:15; 27:1; 28:16; cf. 2Tm 4:11). Pelo processo de eliminação, somente Lucas se enquadra em todos esses períodos. Está bem claro na dedicatória a Teófilo e no estilo da composição que Lucas e Atos foram escritos pelo mesmo autor.

A evidência interna fortalece a documentação externa e a tradição da Igreja. O vocabulário (muitas vezes mais exato em termos médicos que os outros escritores do Novo Testamento), junto com o depurado estilo grego, sustenta a autoria de um médico culto, gentílico e cristão, mas conhecedor dos temas judaicos. A predileção de Lucas por datas e pesquisas (cf. Lc 1:1-4; 3:1) tornam-no o primeiro historiador da Igreja.

Paulo chama Lucas “o médico amado” e o nomeia separadamente de cristãos judeus (Cl 4:14), o que o tornaria o único escritor gentílico no Novo Testamento.

- Data. A mais provável para Lucas é o início dos anos 60 do primeiro século. Visto que quase todos concordam que Lucas deve preceder Atos cronologicamente, e Atos termina por volta de 63 d.C. com Paulo em Roma, uma data antes disso é necessária. O grande incêndio de Roma e a resultante perseguição dos cristãos como bodes expiatórios de Nero (64 d.C.) e o martírio de Pedro e Paulo não seriam ignorados pelo historiador da Igreja Primitiva se já estivessem ocorrido. Assim, uma data próxima de 61-62 d.C é mais provável.

2. A obra. Lucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. A narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de Jesus, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus discípulos, morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos.

Aqueles que conhecem o seu conteúdo certamente concordam com essa afirmação. A maneira especifica como registrou os acontecimentos, que tiveram como ápice a ressurreição e a ascensão de Jesus, é própria e singular do autor.

Dentre os quatro Evangelhos, Lucas é o que apresenta o relato mais completo da vida de Jesus Cristo. É importante notarmos que o conteúdo deste Evangelho, juntamente com o conteúdo do seu segundo Livro, Atos dos Apóstolos, constituem 20% do Novo Testamento. É importante destacar que 50% desse relato é exclusivo de Lucas. Marcos, Mateus e João não tem esse material exclusivo, que se encontra principalmente no trecho que compreende Lucas 9:51-19:27.

Em Lucas, Jesus é visto claramente como o Salvador divino-humano, que veio como a provisão divina da salvação para todos os descendentes de Adão.

Lucas nos dá uma visão geral da história da Salvação quando diz: “A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele” (Lc 16:16). Neste verso, Lucas mostra a intervenção de Deus para salvar a humanidade em três grandes etapas: o tempo do Antigo Testamento; o tempo de Jesus ou o tempo do reino; e o tempo da Igreja. Entretanto, fica claro que o resumo de toda a mensagem que ele quis transmitir sobre Jesus e o próprio Evangelho se encontra em Lucas 19:10, quando apresenta Jesus como Aquele que fez a diferença nessa história da salvação: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. Esse é, pois, o verso-chave do Evangelho de Lucas.

O cuidado de Lucas em elaborar corretamente o seu relato faz-nos perceber o quanto levava a sério o ministério que tinha recebido de Deus na preservação verídica do Evangelho da graça.

Assim, Lucas demonstrou amor verdadeiro, desenvolveu um ministério confiável e preservou eternamente o conteúdo mais singular da história da humanidade.

Portanto, conhecer e estudar este livro sagrado deve nos fazer mais sensíveis em relação a vinda, a vida, o ministério, a morte e a glorificação de Jesus Cristo, pois Ele é também considerado o “evangelho da graça”, o evangelho que mostra a vontade de Deus em abençoar os homens.

3. Os destinatários originais. Originalmente, Lucas endereça o seu Evangelho a Teófilo. O título excelentíssimo (Lc 1:3) dá a entender que ele era um oficial do governo. Seu nome quer dizer amigo de Deus. Provavelmente ele foi um cristão que ocupou posição de honra e responsabilidade na administração exterior do Império Romano.

O propósito de Lucas foi apresentar a Teófilo um relato escrito que confirmaria a confiança absoluta de tudo o que foi ensinado concernente à vida e ao ministério do Senhor Jesus. A mensagem escrita forneceria a estabilidade, preservando-o das inexatidões da contínua transmissão oral.

Lucas também escreveu aos gentios. Em sua narrativa deixa claro que ele escreveu para os gentios. Por exemplo, ele apresenta a genealogia humana de Jesus, recuando-se até Adão (Lc 3:23-28) e não até Abraão, conforme fez Mateus (cf Mt 1:1-17).

4. Ênfase. É interessante percebermos o contraste que existe entre as ênfases de João e Lucas. Enquanto João trata da divindade daquele que é Homem, Lucas nos apresenta, de modo claro, a humanidade daquele que é Deus. Quando destacamos o verso-chave deste Evangelho – “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10) -, temos reforçado essa ênfase. Jesus é apresentado como Filho do Homem, destacando-se a sua humanidade, a sua identificação conosco.

Mas é bom reconhecermos também que Lucas não deixa de demonstrar a glória da divindade e da majestade de Jesus Cristo (Lc 1:32-35).

Ao lermos e estudarmos a narrativa de Lucas sobre a vida e o ministério de Jesus Cristo, ficamos impressionados pelo interesse humano do seu autor. Somos confrontados com os aspectos da vida humana de Jesus Cristo, apresentados a eventos comoventes, cheios de alegria, de tristeza, de cânticos, de exultação, de lágrimas, de louvor e de muita oração.

Somente Lucas descreve o nascimento do seu precursor, João, o batizador. Lucas é o único que registra os cânticos especiais que têm sido alvo de tantas obras da música cristã: a Beatitude, de Isabel (Lc 1:42); a Magnificat, de Maria (Lc 1:46-55); o Benedictus, de Zacarias (Lc 1:68-70); o Glória in excelsis, dos anjos (Lc 2:14); e o Nunc-dimittis, de Simeão (Lc 2:29-32). E, além disso, ele destaca as mulheres, as crianças, os doentes, os samaritanos, enfim todos os rejeitados pela alta sociedade daqueles dias.

Mas Lucas se destaca também por ser considerado “o evangelho do lar”. Ele nos mostra, de modo simples, a vida de Jesus quando ainda pequeno, junto com os pais Maria e José; a cena na casa de Simeão; a hospitalidade de Marta e Maria; a mulher varrendo a casa para achar a moeda perdida; a parábola do amigo inoportuno que bate na casa do amigo à meia noite; a parábola onde o pai celebra, em casa, a volta do filho perdulário ao lar; e o local preparado para a celebração da Páscoa quando foi instituída a Ceia do Senhor.

5. A importância do Evangelho segundo escreveu Lucas. A importância desse Evangelho pode ser constatada através de sete destaques que merecem ser conhecidos:

a)    Em Lucas encontramos a Trindade envolvida na salvação da humanidade. Vemos o controle de Deus Pai, enviando-nos o seu Filho Jesus Cristo para nos salvar (Lc 1:26; 10:21). Encontramos a ação do Espírito Santo atuando e capacitando o próprio Senhor Jesus na realização do seu ministério (Lc 4:14,18) e percebemos que o Senhor Jesus Cristo, de modo consciente, declarou plenamente essa missão (Lc 19:10).

b)    Em Lucas encontramos uma visão distinta da história da salvação. Lucas divide a intervenção divina no projeto de salvação da humanidade em três etapas: o tempo do Antigo Testamento, que chega até os dias de João Batista; o tempo do reino de Deus, ou o tempo de Jesus Cristo, incluindo toda a vida e ministério do Salvador; e o tempo da igreja, a partir do cumprimento da promessa da vinda do Espírito Santo (Lc 16:16).

c)     Em Lucas encontramos uma clara ênfase na universalidade da salvação, na abrangência da mensagem cristã. Jesus não é apenas o Messias dos judeus, mas o Salvador do todas as pessoas (Lc 2:32; 4:25-27; 24:46,47).

d)    Em Lucas encontramos uma ênfase escatológica ligada à salvação. Lucas escreve acerca de uma grande salvação, que é válida por toda a eternidade e não somente para um tempo. Ele aguarda a vinda do fim, quando a salvação da qual escreve chegará à sua consumação.

e)    Em Lucas encontramos a viagem final de Jesus da Galileia para Jerusalém, passando por várias aldeias, inclusive samaritanas (Lc 9:51-56), mostrando a abrangência da salvação (Lc 15:1,2) e a sua clara entrega em nosso favor (Lc 18:31-33).

f)     Em Lucas encontramos a clara promessa do Espírito Santo que viria para inaugurar uma nova etapa do relacionamento Deus-Homem (Lc 24:49), que se concretizou em Atos 2:1-4.

Perdemos muito quando desconhecemos essa narrativa tão especifica, esse retrato pintado com tanta sensibilidade.

Conhecer o Evangelho registrado por Lucas é importante por todos esses argumentos levantados, pois é um relato claro do plano maravilhoso de Deus em nos trazer salvação através de Jesus Cristo e nos capacitar através da ação do Espírito Santo.

6. Características especiais. Há diversas características que de forma especial dão ao Evangelho segundo Lucas sua própria individualidade. (4)

a) Ele é o Evangelho universal. Lucas, ele mesmo um gentio (ele é expressamente excluído dos “únicos da circuncisão” em Cl 4:11,14), olha além dos limites estreitos do nacionalismo e do preconceito judaicos da época. A árvore genealógica de Cristo é traçada além de Abraão, o pai das nações, até Adão, o pai da raça humana; e Jesus é chamado de “luz para revelação aos gentios” (Lc 2:32).

b) Ele é o Evangelho da alegria. Há alegria no início – “estou lhes trazendo boas novas de grande alegria”; há alegria no meio do relato (cap. 15); e há alegria no final quando os discípulos “voltaram para Jerusalém com grande alegria”. Há tristeza e reveses suficientes, mas a alegria constantemente se intromete no curso dos acontecimentos.

c) É o Evangelho dos marginalizados e desprezados.Por que vocês comem e bebem com publicanos e pecadores?” (Lc 5:30), perguntam os fariseus. E todo o Evangelho poderia servir de resposta: Porque o Filho do Homem “veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10), mulheres caídas, odiados cobradores de impostos e até mesmo um ladrão moribundo. Os cobradores de impostos certamente não eram pobres, mas socialmente eram desprezados e evitados. Jesus nasceu de pais pobres, e foi a visita de humildes pastores de ovelhas, e não a de sábios orientais, que capturou a imaginação de Lucas.

d) É o Evangelho das mulheres. Uma das principais características da apresentação que Lucas faz do Evangelho é seu respeito e reverência pela dignidade da mulher. As histórias da gravidez de Isabel e Maria, tão difíceis de contar, estão impregnadas de graça e delicadeza que as revestem de uma atmosfera singular de pureza. A glória da condição de mãe é retratada aqui com tanta consideração quanto a tragédia vista na condição de mãe da viúva de Naim. Lucas também tem prazer em contar das mulheres que cuidavam de Jesus (Lc 8:1-3) e foram fiéis até o final (Lc 23:25).

e) É por excelência o Evangelho da oração. Dos quatro evangelistas, Lucas é o que dá mais destaque à oração. Ele se esforça em ensinar que a alma tem necessidade da comunhão com Deus. Ele reforça essa lição ao mostrar Cristo como o exemplo de oração para o crente. Por exemplo, ele mostra como o nosso Senhor se voltou ao Pai em oração em todos os momentos críticos da sua vida: no batismo, antes do chamado dos Doze, antes da confissão de Pedro, na transfiguração e na crucificação. Também é Lucas que nos apresenta as parábolas do amigo importuno e a do fariseu e o publicano, e um tratado acerca da oração que as acompanha.

7. Esboço de Lucas.  Há várias demonstrações de Esboço. De forma resumida apresento este:

a)    A introdução do evangelista (Lc 1:1-4).

b)    O parentesco humano do Filho do Homem (Lc 1:5-2,52).

c)     O batismo, a genealogia e aprovação do Filho do Homem (Lc 3:1-4:13).

d)    O ministério do Filho do Homem na Galileia, no poder do Espírito Santo (Lc 4:14-9:50).

e)    A viagem do Filho do Homem para Jerusalém, discipulando os doze (Lc 9:51-19:27).

f)     A rejeição e a crucificação do Filho do Homem pelas autoridades e pelo povo (Lc 19:28-23:56).

g)    A ressurreição e a ascensão do Filho do Homem (Lc 24:1-53).

II. A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO

1. A história da salvação.  Segundo Leon L. Morris, o conceito que Lucas tem da história da salvação não para na ascensão. Vê o ato de Deus continuado na proclamação do evangelho e na vida da igreja. Os judeus têm um lugar especial na dispensação divina, e até ao fim é “a esperança de Israel” que os pregadores do evangelho proclamam (Atos 28:20). Os judeus, porém, rejeitaram seu Messias. Isto não queria dizer que Deus foi derrotado. Na realidade, foi a oportunidade para uma expansão de Seu triunfo na proclamação do evangelho aos gentios. Mas o evangelho tinha de ser oferecido aos judeus primeiramente. Foi a recusa, da parte deles, da boa dádiva de Deus que importou em a igreja ficar predominantemente gentia (Atos 13:46ss.). Tiago especificamente inclui os gentios em “um povo para o seu nome” (Atos 15:14).

Tudo isto advém do amor e da graça de Deus. A salvação divina brota do grande amor que Deus tem para os homens. (1)

2. A salvação em seu aspecto universal. O aspecto universal da salvação, revelado no evangelho segundo escreveu Lucas pode ser facilmente observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1:1,2).

A palavra “salvação” está ausente de Mateus e Marcos e corre uma só vez em João. Lucas, no entanto, emprega o referido termo duas vezes (e duas vezes mais em Atos), e empregou o verbo “salvar” mais frequentemente do que qualquer outro Evangelista.

Segundo Leon L. Morris, Lucas nos conta que a mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e não a Israel especialmente (Lc 2:14). Faz a genealogia de Jesus remontar até Adão (Lc 3:38), o progenitor da raça humana, não parando em Abraão, o pai da nação judaica (conforme faz Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como, por exemplo, quando os discípulos queriam invocar fogo contra eles (Lc 9:51-54), ou na bem-conhecida parábola do Bom Samaritano (Lc 10:30-37), ou na informação de que o leproso agradecido era desta casta (Lc 17:16). Refere-se aos gentios no cântico de Simeão (Lc 2:32) e nos conta que Jesus falou com aprovação acerca de não-israelitas tais como a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio (Lc 4:25-27). Conta-nos acerca da cura do escravo de um centurião (Lc 7:2-10). Registra palavras acerca de pessoas que vêm de todas as direções da bússola para assentar-se no reino de Deus (Lc 13:39) e da grande comissão para pregar o evangelho em toda as nações (Lc 24:47). Sustenta-se geralmente que sua história da missão dos setenta (Lc 10:1-20) tem relevância para os gentios. Fica claro que Lucas tinha profundo interesse pela solicitude de Deus para com todas as pessoas. Lucas mostra com clareza a largura do grande amor de Deus na universalidade da salvação. (2)

Jesus é o perfeito Deus-Homem que oferece a salvação a todas as nações (Lc 2:29-32). Para Ele não há judeu, nem gentio, nem grego, nem bárbaro, nem escravo, nem livre. Sua obra é uma interpretação viva e completa daquele que tem poder para redimir o homem em qualquer lugar e em qualquer tempo.

III. A IDENTIDADE DE JESUS, O MESSIAS ESPERADO

1. Jesus, o Homem Perfeito. O Senhor Jesus foi o único Homem Perfeito que este mundo alguma vez já viu. Ele foi totalmente e sempre perfeito, aos olhos de Deus e diante dos homens – perfeito nos pensamentos, perfeito nas palavras e perfeito nas ações. No “Homem Jesus Cristo” estavam perfeitamente combinadas a majestade que intimidava e a docilidade que trazia perfeita tranquilidade na Sua presença. Os escribas e os fariseus experimentaram as Suas repreensões severas, enquanto que a pobre samaritana e “a mulher que era pecadora” sentiram-se inexplicável e irresistivelmente atraídas a Ele.

Jesus foi um homem semelhante a nós, mas sem pecado – “nele não há pecado” (1João 3:5). Exteriormente, Ele não se distinguia dos demais homens, nos quais habita o pecado (Rm 8:3), contudo, nEle não existiu pecado. Não podia pecar nem cometeu pecado algum. Por isso, Ele é o Homem Perfeito, e permanece eternamente Homem Perfeito – “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2:5).

2. O Messias e o Espírito Santo. O Espírito Santo é destacado em Lucas desde o início. Há uma profecia no sentido de que João seria cheio do Espírito Santo, desde o ventre materno (Lc 1:5), ao passo que se diz de Isabel bem como de Zacarias que ficaram cheios do Espírito Santo (Lc 1:41,67). O mesmo Espírito estava “sobre” Simeão, revelou-lhe que haveria de ver o Cristo, e o guiou para o Templo no momento apropriado (Lc 2:25-27).

Com relação a Jesus Cristo, o Espírito Santo estava ativo em conexão com o Seu Ministério. Este fato remonta até à concepção original, pois o anjo Gabriel informou Maria que “descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (Lc 1:35).

Quando Jesus estava para começar Seu ministério, há várias referências ao Espírito Santo. João Batista profetizou que Jesus batizava com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3:16). Quando nosso Senhor foi batizado, o Espírito Santo veio sobre Ele “em forma corpórea como pomba” (Lc 3:22), e o mesmo Espírito O encheu e O guiou para o deserto na ocasião da tentação (Lc 4:1). Depois de terminada a tentação, e Ele estava para entrar no Seu ministério, “Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galileia” (Lc 4:14). Depois, quando pregou na sinagoga de Nazaré, Jesus aplicou a Si mesmo as palavras: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4:18).

Não há muitas referencias ao Espírito durante o ministério, mas em certa ocasião Jesus “exultou no Espírito Santo” (Lc 10:21) e provavelmente devamos entender que isto indica que o Espírito estava continuamente com Ele. Além disto, disse aos Seus seguidores que, nas emergências, o Espírito Santo lhes ensinaria as coisas que deveriam dizer (Lc 12:12), e não é fácil pensar que eles teriam o Espírito Santo e Jesus, não.

A blasfêmia contra o Espírito o Espírito é o mais grave dos pecados (Lc 12:10). Jesus disse a Seus discípulos que o Pai daria o Espírito Santo àqueles que lhes pedirem (Lc 11:13). Depois da ressurreição, disse: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai”; e passou a assegurar os discípulos que seriam “revestidos de poder do alto” (Lc 24:49). Esta é uma clara referência à vinda do Espírito Santo, profecia esta que foi cumprida no Pentecostes. O Espírito Santo está constantemente operante desde o Dia do Pentecostes.

Está absolutamente claro, pois, que uma das grandes ênfases de Lucas é o Espírito Santo. Não pensa que Deus deixa os homens para servi-lo da melhor maneira que podem com seus próprios recursos. O amor de Deus é visto no Espírito que entra nos seguidores de Jesus e lhes dá poder e os guia. (3)

CONCLUSÃO

Quando você for assaltado por perguntas ou dúvidas sobre a sua fé, leia o Evangelho de Lucas. Você poderá crer com segurança que Jesus é Deus, o único Filho de Deus, o Homem Perfeito, e único Salvador da humanidade. Ele oferece perdão a todos os que O aceitam como Senhor de suas vidas, e que creem que o que Ele diz é verdadeiro. O mundo está perdido, como milhões de pessoas rumando à separação eterna de Deus. Esses homens, mulheres e crianças precisam encontrar e conhecer o Salvador. Se você conhece a verdade sobre a Verdade, o seu Senhor e Salvador Jesus Cristo, o que você está fazendo para compartilhar o Evangelho com os outros? Pense nisso!
 
FONTE: EBDWEB

sexta-feira, 27 de março de 2015

13ª lição do 1º trimestre de 2015: A IGREJA E ALEI DE DEUS

 
Texto Base: Mateus 5:17-20; Romanos 7:7-12

 
“Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei” (Rm 3:31)

 

INTRODUÇÃO

Com esta Aula finalizamos o estudo do Decálogo, salientando que ele é um fundamento sólido sobre o qual podemos construir nossa vida moral; é uma moldura que continua sendo preenchida pelo andar diário no Espírito. Com relação ao Decálogo, Hans Ulrich afirma: (1)

O Decálogo é um modelo para o exercício de boas obras. As multiformes obras de misericórdia e diaconia, a defesa da honra, da propriedade e da vida do próximo, bem como as ações sociais, que visam o bem-estar social e comunitário, emanam das versões construtivas dos dez mandamentos. O cristão anda nas boas obras que Deus preparou de antemão para ele (Ef 2:10).

O Decálogo é um modelo para a vida abundante. Ele mesmo contém a promessa de bênção: “... faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Ex 20:6; Dt 5:10). Repetidas vezes Deus promete Sua bênção aos que guardam diligentemente Seus mandamentos: "Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais..." (Dt 4:1). Levítico 26:3-13; Deuteronômio 5:33; 7:12-26; 28:1-14 também mostram as bênçãos decorrentes da obediência aos dez mandamentos. O profeta Isaías reconhece que, se tivesse dado ouvidos aos mandamentos do Senhor, o povo escolhido não teria passado pelo exílio, mas sim desfrutado da vida abundante. Então, a paz do Senhor seria como um rio e Sua justiça, como as ondas do mar (Is 48:18).

O Decálogo é um modelo para a transformação da sociedade. Ele não é apenas um modelo para o exercício de boas obras e um meio para a vida abundante, é também um modelo exemplar para a transformação da sociedade. A obediência simples ao Decálogo transforma as atitudes do homem para com seu próximo. Em vez de assassinar um inimigo pessoal, ele o abençoa; em vez de furtar, trabalha e ajuda ao necessitado; em vez de dizer falso testemunho, pratica e diz a verdade; em vez de roubar a mulher do próximo vive na pureza sexual e apoia o matrimônio monogâmico; em vez de cobiçar, faz atos de misericórdia. Em vez de guardar para si a fé e a experiência do senhorio de Cristo, o ser humano brilha como luz e penetra como sal neste mundo (Mt 5:14-16); não conserva este mundo na situação em que se encontra, mas transforma-o com o amor, a paz e a esperança de Deus. Não se conforma com a injustiça, a miséria e a desonestidade generalizada. É um exemplo de devoção e fidelidade a Cristo em seu lar, no trato com seus vizinhos, no exercício de boas obras, na profissão e nos deveres e responsabilidades civis, para que o reino do Senhor venha e Sua vontade seja feita tanto nos céus como na terra.

I. O QUE SIGNIFICA “CUMPRIR A LEI”?

“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17).  Aqui, o Filho de Deus está afirmando que veio a este mundo para cumprir a Lei com todas as suas 613 disposições, ordenanças e proibições. Ele conduziu a Lei ao seu final; ela está cumprida. Por que Ele o fez? Encontramos a resposta quando lemos o versículo inteiro: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Jesus cumpriu a Lei para todos, mas Sua obra é eficaz apenas para todo aquele que crê.

Segundo Samuel Rindlisbacher, o Senhor Jesus, cabeça da Igreja (Ef 5:23), validou toda a Lei Mosaica, inclusive as 613 disposições, ordens e proibições, ao afirmar: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei” (Lc 16:17). Ele avançou mais um passo, dizendo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17). Jesus, ao nascer, também foi colocado sob a Lei: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4). Ele foi criado e educado segundo os preceitos da Lei, pois cumpria suas exigências. Todavia, foi essa mesma Lei que O condenou à morte. Quando tomou sobre Si todos os nossos pecados, teve de morrer por eles, pois a Lei assim o exige. Vemos que a Lei foi cumprida e vivida por Jesus, e através dEle ela alcançou seu objetivo. Por isso está escrito que “... o fim da Lei é Cristo” (Rm 10:4).

Quando sou confrontado com a Lei Mosaica, ela me apresenta uma exigência que devo cumprir. Deus diz em Sua Lei: “... eu sou santo...” e exige de nós: “... vós sereis santos...” (Lv 11:44-45). Assim, a Lei me coloca diante do problema do pecado, que não posso resolver sozinho. O apóstolo Paulo escreve: “... eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” (Rm 7:14).

A lei expõe e revela nossa incapacidade de atender às exigências divinas, pois ela nos confronta com o padrão de Deus. Ela nos mostra a verdadeira maneira de adorá-lo, estabelece as diretrizes segundo as quais devemos viver e regulamenta nossas relações com nosso próximo. Além disso, a Lei é o fundamento que um dia norteará a sentença que receberemos quando nossa vida for julgada por Deus. Pela Lei, reconhecemos quem é Deus e como nós devemos ser e nos portar. Mas existe uma coisa que a Lei não pode: ela não consegue nos salvar. Ela nos expõe diante de Deus e mostra que somos pecadores culpados. Essa é sua função.

II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI

Deus enviou a sua Lei com os preceitos morais, civis e cerimoniais para ajudar as pessoas a amá-lo com seu coração e mente. Entretanto, na época de Jesus os lideres religiosos haviam transformado a Lei de Deus em confuso emaranhado de regras. Quando Jesus falou sobre nova forma de entender a Lei, Ele estava tentando fazer com que as pessoas se voltassem ao seu significado original. Jesus não falava contra a Lei, mas contra os danos e excessos aos quais ela havia sido submetida.

Os textos de Mateus 5:17,18 mostram a expressa e total obediência de Jesus à Lei do Antigo Testamento, pois a Lei não pode ser anulada. Jesus não veio como um rabino trazendo um ensino recém-elaborado, Ele veio como o Messias prometido com uma mensagem que fora transmitida desde o início dos séculos – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”. Jesus completa e transcende a Lei. Ele viveu a Lei. Ele cumpriu todos os preceitos.

Quanto aos preceitos morais, o pr. Esequias Soares diz que os Dez Mandamentos são representados pelos dois grandes mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mc 12:28-33). Na verdade, “desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22:40). Trata-se de uma combinação de duas passagens da lei (Lv 19.18; Dt 6.4,5). São preceitos que foram resgatados na Nova Aliança e adaptados à graça, de modo que a Igreja segue a lei de Cristo, ou seja, a lei do amor, e não o sistema mosaico (Rm 6:14; 13:9,10;Gl 5:18).

Quanto aos preceitos cerimoniais, o Senhor Jesus cumpriu o sistema cerimonial da lei na sua morte (Lc 24:46). As instituições de Israel com suas festas, os holocaustos e os diversos tipos de sacrifícios da lei de Moisés eram tipos e figuras que se cumpriram em Cristo (Hb 5:4,5; 1Co 5:7). Assim, as cerimônias cessaram, mas o significado foi confirmado (Cl 2:17). 

Quanto aos preceitos civis, segundo o pr. Esequias Soares, Jesus cumpriu também o sistema jurídico da lei. Com sua morte, Ele transferiu os privilégios de Israel para a Igreja (1Pe 2:9,10). Jesus disse às autoridades judaicas que "o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos" (Mt 21:43). Com isso, Israel deixou de ser um Estado Teocrático. A Igreja é a plataforma de Deus na Terra, a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3:15).

Portanto, a Lei do Antigo Testamento deve ser agora interpretada e reaplicada à luz de Jesus. Deus não mudou de ideia e a vinda de Jesus fazia parte do plano de Deus para trazer novamente o ser humano ao status quo da Criação.

III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA

Jesus posicionou-se claramente a favor do código legal mosaico, pois disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt 5:18).

Entretanto, Ele rejeitou com veemência as ordenanças humanas e as obrigações impostas apenas pela tradição judaica (compiladas, posteriormente, no Talmude), afirmando: “Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” (Mc 7:8-10,13).

A maioria dos líderes revolucionários se desfaz de todas as ligações com o passado e repudiam a ordem tradicional em questão, mas o Senhor Jesus Cristo não. Ele sustentou a lei de Moisés e insistiu em que ela tinha de ser cumprida.

Jesus não veio para revogar a Lei ou os profetas, mas para cumprir. Ele deixou bem claro que nem um “jota” ou um “til” jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. O “jota” é a menor letra do alfabeto hebraico; ocupa a metade da linha na escrita, é a décima letra e se chama iode; o “til” é um pequeno sinal diacrítico que serve para distinguir uma letra da outra. Jesus acreditava na inspiração literal da Bíblia, mesmo que fosse aparentemente um detalhe insignificante. Nada nas Escrituras, mesmo o menor “til”, existe sem significado.

“... até que o céu e a terra passem...”.  Jesus não só cumpriu a lei, mas “até que o céu e a terra passem” (significando até o fim do mundo) a lei não será modificada. Nem um jota ou um til se omitirá da lei, nem o menor traço de uma pena será colocado ao lado da lei de Deus. A afirmação de Jesus certifica a absoluta autoridade de cada palavra e letra da Escritura. Tudo o que foi profetizado na lei de Deus será cumprido, e os seus propósitos serão alcançados. Tudo se cumprirá.

E Jesus continua dizendo:

“Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus “(Mt 5:19).

Notamos que Jesus antecipou uma tendência natural das pessoas de abrandar os mandamentos de Deus. As pessoas tendem a atenuar, racionalizar os significados. Mas aquele, pois, que violar um destes mandamentos, e ensinar outras pessoas a fazerem o mesmo, será considerado o menor no reino dos céus. O espantoso é que tais pessoas são permitidas no reino, mas devemos lembrar que a entrada no reino é determinada por sua obediência e fidelidade enquanto estiver na terra.

Como a Lei e os Profetas apontam na direção de Jesus e dos seus ensinos, aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. Aqueles que tratarem qualquer parte da Lei como “pequena” e, portanto, passível de ser infringida, serão chamados de “menores” e, provavelmente excluídos. Jesus explicou aos seus discípulos que os homens responsáveis pela transmissão da mensagem deveriam viver e ensinar cuidadosamente, levando em consideração a importância da Palavra de Deus, se quiserem realizar grandes conquistas para Ele.

IV. A LEI E O EVANGELHO

A lei não foi dada como meio de salvação (At 13:39; Gl 2:16,21; 3:11), mas com a intenção de mostrar ao povo sua pecaminosidade (Rm 3:20b; 5:20; 7:7; 1Co 15:56; Gl 3:19) e então encaminhá-lo a Deus para a graciosa salvação oferecida por ele. Foi dada à nação de Israel, apesar de conter princípios morais válidos para o povo de qualquer época (Rm 2:14,15). Deus testou Israel sob a lei como um exemplo da raça humana, e a culpa de Israel provou a culpa do mundo (Rm 3:19).

A lei tinha atrelada a ela a penalidade da morte (Gl 3:10); e a quebra de um mandamento tornava o homem culpado de todos (Tg 2:10), já que as pessoas tinham quebrado a lei, estavam sob pena de morte. A retidão e a santidade de Deus exigiam que a penalidade fosse paga. Foi por essa razão que Jesus veio ao mundo: para pagar a penalidade por meio da sua morte. Ele morreu como substituto para os transgressores da lei, apesar de ele mesmo não ser transgressor. Ele não deixou a lei de lado; pelo contrário, preencheu todas as exigências da lei cumprindo os mais rígidos requisitos mediante sua vida e morte. Assim, o evangelho não derruba a lei, mas a sustenta, e mostra como as exigências da lei foram totalmente satisfeitas pela obra redentora de Cristo.

Portanto, a pessoa que confia em Jesus não está mais sob a lei, está sob a graça (Rm 6:14). Ela está morta para lei por intermédio da obra de Cristo. A penalidade da lei deve ser paga uma única vez; já que Cristo pagou a pena, o crente não precisa pagá-la. É nesse sentido que a lei perdeu o brilho para o crente (2Co 3:7-11). A lei era um preceptor até a chegada de Cristo, mas, após a salvação, esse preceptor não é mais necessário (Gl 3:20,25).

No entanto, enquanto o crente não está sob a lei, isso não significa que ele está sem lei. Ele está atado por uma corrente mais forte que a lei, pois ele está sob a lei de Cristo (1Co 9:21). Seu comportamento está moldado não por temor à punição, mas por um desejo de agradar o Salvador. Cristo se tornou a lei da sua vida (João 13:15; 15:12; Ef 5:1,2; 1João 2:6; 3:16).

Uma pergunta comum numa discussão quanto à atitude do crente para com a lei é: “Devo obedecer aos Dez Mandamentos?”. A resposta é que certos princípios contidos na lei são de relevância duradoura. Sempre foi errado roubar, cobiçar ou assassinar. Nove dos Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento, com uma distinção importante: não foram dados como lei (atrelados a uma penalidade), mas como treinamento para a justiça ao povo de Deus (2Tm 3:16b). O único mandamento não repetido é o preceito do sábado; os crentes nunca são ensinados a guardar o sábado (isto é, o sétimo dia da semana – sábado).

O ministério da lei para os que não são salvos ainda não cessou: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo” (1Tm 1:8). E seu uso legítimo é produzir o conhecimento do pecado e, assim, levar ao entendimento. Mas a lei não é para os que já são salvos: “não se promulga lei para quem é justo” (1Tm 1:9).

A justiça exigida pela lei é cumprida naqueles “que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:4). De fato, os ensinamentos do Senhor no sermão do Monte estabeleceram um padrão mais elevado que o estabelecido pela lei. Por exemplo, a lei disse: “Não matarás”. Jesus, porém, disse: “Nem mesmo irai-vos”. Portanto, o sermão do Monte não apenas sustenta a lei e os profetas, mas os intensifica e os conduz implicações mais intensas (2) .

CONCLUSÃO

O nosso Senhor resumiu toda a lei ao dizer que o seu objetivo é levar os homens à plenitude do amor. Portanto, quer cumprir a Lei de Deus de todo coração? Ame! Contra o amor não há lei. Por quê? O amor é o cumprimento da lei. Em vez de decorarmos uma lista de "pode não pode", devemos fazer tudo baseado no amor divino, então cumpriremos a lei de Deus na íntegra.  Disse o apóstolo Paulo: “... tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13:9,10).

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terça-feira, 17 de março de 2015

12ª lição do 1º trimestre de 2015: NÃO COBIÇARÁS



Texto Base: Êxodo 20:17; 1Rs 21:1-5,9,10,15,16

 
“De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste” (At 20:33)

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos a respeito do Décimo Mandamento: “não cobiçarás...” (Êx 20:17; Dt 5:21). A cobiça é um desejo forte, constante e insaciável; ela pode levar o homem a pisar no seu próximo para subir na vida, chegando a roubar e matar. Deus estabeleceu limites: Adão poderia comer do fruto de todas as árvores, exceto uma (Gn 2:16,17). Quando desejamos o que Deus proibiu, está caracterizada a cobiça. O Décimo Mandamento assevera: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Ex 20:17).  Portanto, o direito do outro é um dos nossos limites.

I. O DÉCIMO MANDAMENTO

1. Abrangência. Este mandamento inibe a cobiça em geral. Especificamente, proíbe a cobiça da mulher, dos empregados, dos animais e de todos os bens materiais e ideais do próximo. A cobiça é um dos piores pecados, o pecado que não se vê, afirma Esequias Soares.

“Enquanto os mandamentos anteriores referem-se ao comportamento exterior e direto da pessoa, o Décimo Mandamento reporta-se ao comportamento subjetivo, íntimo e interior do indivíduo. Ou seja, este mandamento está relacionado ao que a pessoa pensa e sente quando da sua peregrinação existencial” (Ensinador Cristão).

Segundo pr. Esequias Soares, a subjetividade é a característica distintiva deste mandamento em relação aos outros, pois não é possível ser conhecido. Isso mostra que o Legislador divino é onisciente, pois Ele conhece o mais íntimo do coração humano, nossos desejos e intenções (1Rs 8:39; 1Cr 28:9; Jr 17:10; At 1:24). Deus se interessa não só pelos corretos atos concretos, não apenas pelo cerimonialismo na adoração, mas principalmente pela pureza de um coração sincero. Isso mostra o lado espiritual do Decálogo. A ideia central é não desejar aquilo que pertence ao outro.

O Senhor Jesus disse que é do mais íntimo do ser humano que procede todo o tipo de pecado: "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem" (Mc 7:21-23). Essas palavras mostram a dura realidade: o que o ser humano realmente é, isso afeta o que ele diz (Mt 12:34, 35). Toda ação humana começa no seu coração (Tg 1:14, 15), afirma Esequias Soares.

2. Objetivo. “O propósito divino é estabelecer limites à vontade humana, para que haja respeito mútuo entre as pessoas e seus bens”. Quando Deus ordenou: "não cobiçarás" - não pretendia inibir os desejos do coração humano, mas, sim, orientar a nossa conduta para o bem. Aliás, os mandamentos não podem ser vistos como proibições, e sim, normas de vida que facilitam e aperfeiçoam a nossa caminhada.

3. Contexto. Quando Moisés passou as santas instruções do Senhor (Êx 20), ele apresentava um programa orientador para o povo que vivia no deserto e haveria de conquistar a terra prometida. Nesta nova terra, o povo enfrentaria situações novas, gente diferente e problemas diversos. Então, vem a Palavra do Senhor - "não cobiçarás" - como se lhes dissesse: "controlem os seus desejos", principalmente no que envolve os bens do próximo. Isto se aplica, com todas as letras, ao povo de Deus da Nova Aliança.

II. A COBIÇA

1. Significado. Segundo o Rev. Hans Ulrich Reifler, a palavra hebraica bíblica para "cobiça"(chamad), refere-se "aos sentimentos íntimos que revelam como intrigas para se apoderar dos bens do próximo". Já em grego, segundo o mesmo autor, há três palavras diferentes que traduzem a ideia da cobiça. A primeira é pleonexia, que significa o desejo incontrolável de possuir o mundo e seus bens materiais, poder, influência e prestígio. A segunda palavra é philarguria, que significa amor desordenado pelo mundo. Este termo expressa que o mundo é o objeto da cobiça, o ídolo do qual o homem cobiçoso não se pode separar. A terceira palavra grega no Novo Testamento é epithumia, que pode ser traduzida por cobiça, intenção impura, ambição, desejo intenso, desejo ardente, aspiração. Em síntese, estes termos indicam o desejo incontrolável de possuir o mundo e os seus bens materiais, poder, influência e prestígio, ou "o amor desordenado pelo mundo", "intenção impura", "desejo ardente".

O mundo em que vivemos é orientado por um estilo de vida materialista, hedonista e pragmatista, todavia, o Evangelho demanda de cada um de nós um estilo rigorosamente contrário ao mundano.

Gênesis 3:6 descreve as características principais da cobiça. A árvore da vida era boa para comer, agradável aos olhos e desejável para o entendimento. A cobiça estimula o paladar, influencia a vista e afeta a mente humana. Eva, ao receber esses três estímulos, cedeu à tentação e comeu o fruto proibido, dando-o também ao marido. O primeiro pecado do homem foi resultado da cobiça de Eva, por causa da beleza da árvore da vida.
A história do dilúvio mostra que o problema da multiplicação da maldade está na cobiça que nasce dos maus desígnios do homem – “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração (Gn 6:5).

2. Cobiçar. Originalmente, cobiçar é mais do que simplesmente desejar algo; frequentemente relaciona-se a tomar providências para se apossar de algo, planejando, arquitetando, almejando andar nos caminhos dos outros. É "desejar mais do que é suficiente". É o desejo excessivo de possuir aquilo que pertence a outrem. O Décimo Mandamento termina com as palavras: “nem coisa alguma do teu próximo”.

Existe o desejo legítimo e a cobiça. O primeiro refere-se ao suprimento das necessidades e, em alguns casos, um pouco mais, atingindo o nível do conforto; o segundo vai muito além, alcança o excesso e avança rumo ao proibido. Mas onde está a exata fronteira entre uma e outra coisa?  É difícil dizer onde o desejo correto se transforma em cobiça, assim como não podemos determinar com certeza a exata quantidade de comida que alguém precisa consumir. Cada indivíduo é capaz de reconhecer que a sua necessidade foi suprida e seu apetite saciado. Depois disso, o desejo torna-se cobiça. Disse o sábio Salomão: “Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e venhas a vomitar” (Pv 25:16).

3. A versão inibidora e crítica do Décimo Mandamento no Antigo e no Novo Testamento, segundo Hans Ulrich Reifler. (*)

a) No Antigo Testamento. Números 11:4 descreve a cobiça dos israelitas como um grande desejo: "E o populacho, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e também disseram: quem nos dará carne a comer?". É incrível como a cobiça pode ser tão forte, a ponto de levar as pessoas ao choro.

A queda moral do rei Davi, relatada em 2Samuel 11:1ss., mostra como o Décimo Mandamento afeta também o Sétimo e o Sexto Mandamentos. A cobiça por Bate-Seba levou o rei Davi ao adultério e ao homicídio premeditado.

O profeta Isaías ensina que a cobiça causa indignação a Deus, fazendo-O ferir o povo e se esconder (Is 57:17a). Infelizmente, o povo escolhido optou pelo caminho da cobiça. Contudo, mesmo mantendo essa rebeldia contra Javé, Ele deseja sará-los, guiá-los, consolá-los (Is 57:17b-18).

Jeremias refere-se às multiformes iniquidades de Jerusalém, que a conduzirão à queda (Jr 6:9ss.). Um desses pecados é a ganância generalizada entre crianças e adultos, e até entre líderes espirituais (profetas, sacerdotes). Novamente, a cobiça é vista em combinação com outros deslizes contra a lei moral de Deus. É a ganância que leva à falsidade (Jr 6:13). Mais tarde, o profeta prediz que, em consequência dessa ganância, as mulheres e os campos serão entregues a outros. Esta profecia trágica cumpriu-se literalmente com a invasão de Nabucodonosor, quando as mulheres judias foram violadas e a terra da promissão foi tomada.

Em Jeremias 22:17, o profeta vê como a ganância leva ao derramamento de sangue inocente, à violência e extorsão. Este círculo vicioso é indicado também por Miquéias, quando escreve que a cobiça leva à usurpação de campos e casas (Mq 2:2).

b) No Novo Testamento. Segundo Hans Ulrich, no Novo Testamento, a palavra predominante para cobiça é pleonexia, o desejo incontrolável de possuir o mundo, poder, influência, bens materiais. O apóstolo Paulo segue a tradição de Jesus (Mc 7:22) e encara a cobiça como um vício.

Além de vício (1Co 5:10,11; 6:10: Ef 5:5), a cobiça ou avareza é encarada também como característica dos gentios (Ef 4:19), idolatria (Cl 3:5) e prática herética (1Ts 2:5). Veja também o mesmo ensino confirmado pelo apóstolo Pedro em 2Pedro 2:3,14.

Jesus adverte repetidas vezes contra a cobiça, haja vista que o homem não vive só de seus bens materiais (Mt 5:28; 16:26; Mc 7:22; Lc 12:15).

Em Romanos 7:7, epithumia é o equivalente para a palavra hebraica chamad, usada no Décimo Mandamento. Parece que, para Paulo, a cobiça ou concupiscência é um pecado particularmente ruim (Rm 7:7,8). Ele também diz que o desejo ardente de comer carne, manifestado pelos israelitas no deserto, é um exemplo clássico de cobiça (compare 1Co 10:6 com Nm 11:4).

Para Tiago, a cobiça nasce no coração do homem e gera o pecado que, por fim, acaba levando à morte (Tg 1:14,15). A cobiça nem sempre leva aos resultados desejados: "Cobiçais, e nada tendes" (Tg 4:2).

III. A VINHA DE NABOTE

1. Proposta recusada. Acabe possuía riqueza e todo tipo de bens materiais, mas dirigiu seus olhos e sua cobiça à propriedade de subsistência de Nabote, seu vizinho. Seu desejo incontido desencadeou uma série de pecados: abuso de autoridade, acusação, falso testemunho, homicídio e roubo (1Rs 21). A proposta que Acabe fez a Nabote parecia justa, generosa e irrecusável, pois oferecia em troca uma outra vinha melhor, ou se desejasse, lhe daria em dinheiro o que ela valia. Acontece que o valor da vinha para Nabote ia para além das questões mercantilistas. Ele considerava aquela propriedade uma herança inegociável, e cuja venda implicaria em transgressão ao mandamento do Senhor (cf Lv 25:13-28 e Nm 36:7,9). Nabote procedeu corretamente. De acordo com o livro de Levitico, a terra pertencia ao Senhor (Lv 23:23). Assim sendo, Nabote não poderia vender aquilo que lhe fora dado como uma herança do Senhor. Diante da resposta e posicionamento de Nabote, a reação de Acabe foi de desgosto e indignação, pois o seu capricho não fora alcançado, o que desencadeou no rei uma crise emocional (1Rs 21:4). Mas, Acabe queria aquela propriedade a qualquer custo; aquele espaço de terra, era o seu objeto de maior desejo. Por ser rei, imaginava que podia atropelar a lei de Deus e emplacar injustiça social.

2. O direito de propriedade. A principal causa da cobiça de Acabe: o domínio incontrolado do “ter”, de “possuir”, aquilo que é do outro, neste caso a vinha de Nabote. Esta vinha era próxima ao palácio real, isto é, da casa de verão, e, aparentemente, Acabe, levado por um capricho, desejava transformá-la em um jardim.

Porém Nabote disse a Acabe: guarda-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais” (1Rs 21:3). Entendemos pelo texto sagrado que aquela propriedade fora passada a Nabote por herança, o que fortalecia a convicção de Nabote de que ele não deveria vendê-la nem trocá-la por outra propriedade. É provável que Nabote tenha sido criado naquele terreno, dedicando-se com seus pais ao cultivo de uvas. Se Nabote tivesse feita essa venda ou trocada por outra vinha, ele teria transgredido não só uma tradição, como também a sua consciência (cf Lv 25:23-28; Num 36:7ss). Acabe reconhecia isso; ele era cônscio de que Nabote estava religiosamente obrigado a conservar a posse de sua terra e que essa obrigação não poderia ser contrariada. Entretanto, ele ainda assim queria essa área; ele estava totalmente dominado pela cobiça, qual um viciado de drogas; somente a casa de verão não lhe satisfazia, queria agora construir uma horta ao lado dela para que seus desejos pudessem ser realizados; não se importava em quebrar o mandamento divino “não cobiçarás” (Ex 20:17). Desta feita, o que fez Acabe diante da resposta negativa de seu súdito? Ficou entristecido, como uma criança mimada, e não quis se alimentar. O desejo despertado pela cobiça é tão poderoso que acaba por tornar-se ocupação única do cobiçoso. Acabe não desejava mais comer, ou fazer qualquer outra coisa (1Rs 2:4).

3. O pecado de Acabe e Jezabel. Acabe cobiçou a vinha de Nabote com tanta intensidade que não conseguiu mais comer, de tanto desgosto (1Rs 21:1-7). A mesma cobiça inflamou sua mulher Jezabel, causando o assassinato de Nabote (1Rs 23:8-16). Ao observar o estado em que se encontrava Acabe, Jezabel, sua mulher, procurou tomar conhecimento do que havia acontecido, o que lhe foi relatado pelo rei (1Rs 21.5-6). Diante do que ouviu, Jezabel, que já havia em outros episódios demonstrado a sua influência e força no reino, que tomava decisões sem pedir a aprovação do seu manipulável e omisso marido, possuidora de um temperamento difícil e cruel em suas deliberações, toma para si as dores de Acabe e declara: “governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita” (1Rs 21:7). Jezabel se coloca aqui como aquela que satisfará a cobiça de Acabe. Uma esposa sábia não adota tal postura, antes, aconselha o seu marido sobre os princípios do contentamento. Enfim, o desejo exacerbado e maligno de Acabe resultou no assassinato do obediente Nabote, resultando assim na inobediência a outro mandamento da lei moral de Deus: “não matarás” (Ex 20:13).

Novamente vemos que o pecado da cobiça pode conduzir o homem a atos criminosos. A quebra premeditada do Décimo Mandamento leva, mais cedo ou mais tarde, à quebra de outros mandamentos.

Atualmente, muitos líderes e irmãos caprichosos, que não se contentam com aquilo que possuem, e que acham que seus desejos precisam ser atendidos e satisfeitos por todos, estão dominados pela cobiça. Tenhamos cuidado, pois a cobiça é abominação ao Senhor (Dt 7:25); é a raiz de todos os males (Tg 4:15,15).

4. O fruto da cobiça. O fruto da cobiça de Acabe: assassinato do obediente Nabote. O pecado de Acabe envolveu várias pessoas, inclusive os anciãos e os nobres de Israel (1Rs 21:8), os quais sem temor e piedade co-participaram do plano maligno da esposa de Acabe. Como Acabe não se apossou imediatamente da vinha de Nabote, Jezabel continuou com seu plano diabólico. Sem escrúpulos, sem temor a Deus, sem piedade e sem misericórdia, Jezabel articula um plano onde Nabote seria vitimado por uma terrível calúnia. Usando o nome e o sinete de seu marido, ela escreveu cartas aos anciãos e aos nobres da cidade e que habitavam com Nabote, onde dizia o seguinte: “Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do povo. Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra. Os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que nela habitavam fizeram como Jezabel lhes ordenara, segundo estava escrito nas cartas que lhes havia mandado. Apregoaram um jejum e trouxeram Nabote para a frente do povo. Então, vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu”.

“O maligno plano de Jezabel se reveste de um caráter espiritual, com direito a proclamação de um jejum e com o argumento de que Nabote teria blasfemado contra Deus (e contra o rei). É possível “espiritualizar” até a cobiça. Em nome de Deus, e com a máscara da falsa espiritualidade, muitas barbáries e injustiças foram e são realizadas sob a influência do “espírito de Jezabel”; muitas cobiças são alimentadas à custa da destruição de vidas, casamento e famílias” (pr. Altair Germano).

Nunca foi exposta a falsa acusação de blasfêmia levantada contra Nabote perante a assembleia dos anciãos e dos nobres. Este sincero israelita foi apedrejado de acordo com a lei (cf Lv 24:13-16), sob o testemunho de duas pessoas (falsas testemunhas, claro) que teriam presenciado a suposta ofensa (cf Dt 17:6,7). Com o assassinato de Nabote, Acabe se apropriou indevidamente da sua vinha.

É curioso ver que pessoas malignas não adoram ao Senhor nem o temem, mas não se furtam de usar o nome do Senhor para perverter o juízo e cometer atrocidades. Mas lembremo-nos de que Deus não se deixa escarnecer nem deixa seu nome ser usado em vão.

4. Consequência da cobiça de Acabe e Jezabel. Acabe e sua mulher Jezabel muito haviam irado o Senhor por causa da intensa idolatria e da quase substituição do Senhor por Baal como deus nacional do reino do norte. Entretanto, a morte de Nabote, planejada covardemente por Jezabel, motivada pela cobiça do rei Acabe, foi a “gota d’água” da ira de Deus. Por causa disto, Deus sentenciou toda a casa de Acabe à morte (1Rs 21; 2Rs 10:1-14). A sentença do julgamento de Acabe e Jezabel foi transmitida por Elias, o profeta:

Então, veio a palavra do SENHOR a Elias, o tisbita, dizendo: Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em Samaria; eis que está na vinha de Nabote, aonde tem descido para a possuir. E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o SENHOR: Porventura, não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o SENHOR: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o teu sangue, o teu mesmo. E também acerca de Jezabel falou o SENHOR, dizendo: Os cães comerão Jezabel junto ao antemuro de Jezreel” (1Rs 21:18,19,23).

Acabe ainda se recusou a admitir seu pecado contra Deus; em vez de fazê-lo, acusou Elias de ser seu inimigo (cf 1Rs 21:20). É quase impossível que os que se tornam cegos pela cobiça e pelo ódio, enxerguem seus próprios erros.

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isto também ceifará” (Gl 6:7).

CONCLUSÃO

Todo ato de cobiça além de reprovado por Deus, será também duramente punido por Ele. Assim como Nabote, os que são vitimados por causa de sua obediência a Deus, e diante da cobiça alheia, são por Ele devidamente justificados e vingados. Portanto, todos aqueles que de alguma maneira detém o poder e dele abusam para realizar propósitos pessoais e até malignos, sofrerão consequências desastrosas. De Deus ninguém zomba! A quem muito for dado muito será cobrado.  Pense nisso!

Fonte: ebdweb