free counters

Seguidores

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

1ª lição do 4º trimestre de 2016: A SOBREVIVÊNCIA EM TEMPOS DE CRISE



Texto Base: Habacuque 1:1-17

"Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo" (João 16:33).

 

INTRODUÇÃO

Com esta Aula damos início ao 4º Trimestre letivo de 2016. Estudaremos a respeito do cuidado de Deus para com os Seus servos enquanto eles estão aqui na dimensão terrena, aguardando a glorificação. Deus sempre provê o necessário para cada ser humano, não apenas dos crentes. A Sua Graça Comum alcança todas as pessoas indistintamente (Gn.8:22). Deus não é apenas o Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça Comum, ou Universal, ele é também o Sustentador de todas as coisas, incluindo a existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque n’Èle vivemos, e nos movemos, e existimos...”(Atos 17:28). Sem a Graça Comum, ou Universal, que é um favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida sobre a Terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens, crentes e incrédulos. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando afirmou: “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”(Mt.5:45). Deus mostra a Sua fidelidade e o Seu amor para com todos os homens, embora o pecado, que é iniquidade, ou seja, injustiça (1João 3:4), faça com que esta provisão divina não seja justamente distribuída e, em virtude disto, surjam as carências, as fomes e a tremenda injustiça social que hoje presenciamos com cada vez maior intensidade.

Estamos vivendo crises sem precedentes. Isto é assaz notório. O mundo todo está envolvido em crises. Elas clamam por segurança confiável, por uma Nova Ordem Mundial, atraem cada vez mais a globalização e exigem um homem forte, um líder poderoso mundial. É bom enfatizar que, embora sejamos crentes em Jesus Cristo, nós não temos imunidade de crises. Como diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “a vida cristã não é um mar de rosas, não é uma redoma de vidro, não é uma estufa espiritual; o cristianismo não é uma sala vip, não é uma colônia de férias, antes, é um campo de batalha”. Enquanto estivermos neste mundo, enfrentaremos muitas crises. Jesus alertou os discípulos de que o futuro não seria marcado por amenidades, pois enfrentariam crises, aflições no mundo. Ele disse: “... no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”(João 16:33). Não obstante essas aflições inevitáveis, os discípulos deveriam ficar firmes e ter bom ânimo, pois Ele venceu o mundo.

Certamente, as crises geram medo, insegurança e instabilidade, todavia, é um tempo de oportunidades e da intervenção sobrenatural de Deus. É no ventre da crise que surgem os grandes vencedores. A Bíblia diz que somos peregrinos neste mundo. Nossa pátria permanente não é aqui. Nossa pátria está no Céu (Fp 3:20,21).

I. UMA SOCIEDADE EM CRISE

Com a Queda vieram os males e as crises, que assolam a Terra até os dias atuais. A apostasia tornou-se universal. Hoje parece não haver mais limites ao adultério, à imoralidade e à corrupção. O homem está cada dia mais distante de Deus e cometendo toda sorte de torpeza. Nossa geração assemelha-se a dos dias de Noé. Vivemos em uma sociedade corrupta e perversa, mas não pertencemos a este mundo, por isso, não podemos nos conformar com a sua maneira de pensar e agir (Rm.12:2).

1. A crise política. Israel enfrentou uma terrível crise política depois da morte de Salomão. Quando Roboão chegou a Siquém para assumir o poder, sucedendo o seu pai, o povo do Norte exigiu primeiro que Roboão prometesse aliviar a sua carga tributária como condição para se submeter a ele. O povo sentia que tinha sido tratado opressivamente por Salomão. Roboão pediu o prazo de três dias para deliberar o assunto, e foi consultar os velhos e sábios conselheiros do seu falecido pai. Estes lhe disseram que, se agradasse ao povo fazendo a sua vontade, ganharia a sua lealdade para sempre. Roboão desprezou o conselho deles e foi consultar os jovens que haviam crescido com ele e o serviam (1Rs.12:10). Estes sabiam o que ele queria e o incentivaram a dar uma resposta dura ao povo. Roboão se agradou com o conselho desses seus companheiros e, terminado o prazo, com o povo reunido diante dele com Jeroboão, ele declarou que, ao invés de atender ao que o povo pedia, ele exigiria muito mais ainda dele do que Salomão. Foi o estopim para uma inacabável crise política.

Convém notar que, desde o tempo em que o povo de Israel entrou na Terra Prometida, houve alguma rivalidade e ciumeira entre as tribos do Norte, lideradas pela tribo de Efraim, e as do Sul, lideradas por Judá. Efraim havia sido o filho mais novo de José, a quem Jacó havia dado a maior bênção (Gn.48:19; 49:26) e seus descendentes eram herdeiros da promessa que lhe havia sido feita. Julgavam por isso que tinham direito de liderança sobre o povo. Josué era dessa tribo, e Samuel vinha da sua terra. A tribo de Efraim é mencionada isoladamente como aceitando Isbosete, da tribo de Benjamim, como rei ao invés de Davi que era da tribo rival de Judá. As tribos do Norte só aceitaram Davi como rei sete anos depois, mesmo assim, ressentiam a primazia de Judá, em cujo território foi estabelecida a capital, Jerusalém, com o centro de governo e o centro religioso do reino; também não gostavam do elevado tributo exigido por Salomão para suas custosas edificações ali. Diante dessa apatia, compreende-se a rebelião do povo do Norte, quando Roboão lhes disse que ia aumentar o seu jugo; compreende-se a seguinte declaração do povo: "Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé!" (1Rs.12:16). Israel voltou para suas tendas sem aclamar Roboão como rei; somente os que habitavam nas cidades de Judá permitiram que ele reinasse sobre eles, pois era da sua tribo. Israel (as dez tribos) em seguida mandou chamar Jeroboão para o meio da congregação, e o fizeram rei sobre eles; e ninguém seguiu a casa de Davi, senão a tribo de Judá (1Rs.12:20). Roboão tentou persuadi-los a mudar de ideia usando Adorão, superintendente dos que trabalhavam forçados, como intermediário, mas ele foi recebido a pedradas e morreu (1Rs.12:18). Roboão teve que fugir às pressas para Jerusalém para salvar a sua vida. “Assim se desligaram os israelitas da casa de Davi...”(1Rs.2:19). Essa divisão trouxe dor e sofrimento para todos e afastou o povo de Deus. Quando homens insensatos assumem o poder, toda a nação sofre as consequências.

Atualmente, o Brasil está enfrentando uma crise política sem precedentes. Ela tem sido destaque nos principais jornais do mundo. A cada dia surge um novo escândalo. Estamos vivendo um momento muito delicado. A corrupção tem se alastrado como um câncer, atingindo todos os poderes. Como Igreja do Senhor, temos que orar em favor da nossa nação e lutar contra toda a forma de corrupção, pois temos um Deus que é Santo e que abomina tal condição. Quando escolhemos, de forma errada, uma pessoa para nos representar tanto no Executivo quanto no Legislativo, a injustiça se alastra e muitos problemas surgem, como os que ocorreram em Israel, desde a cisão do reino, como se depreende das palavras de Isaias – “Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama os subornos e corre após salários; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas”(Isaias 1:23).

2. A crise econômica. Muitos países já enfrentaram terríveis crises econômicas ao longo dos anos. Nas Escrituras Sagradas, encontramos, no livro de Gênesis, a extraordinária crise de alimentos pela qual passou toda a terra (Gn.41:55,56). Porém, a crise foi revelada a Faraó por intermédio de um sonho (Gn.41:1-8). Deus deu a José a interpretação do sonho e ele foi levantado como governador do Egito. José recebeu de Deus sabedoria para administrar em tempos de crise. A crise foi tão intensa que pessoas de todas as terras se dirigiam ao Egito para comprar alimento (Gn.41:57).

Todos nós sabemos que o Brasil está enfrentando uma séria crise econômica sem precedentes, e ela está diretamente ligada à crise política. Segundo alguns economistas, o "Brasil não sairá da crise econômica se não resolver a crise política e ética". Já se fala em doze por cento de desempregados. Muitas empresas estão fechando suas portas; a indústria não consegue escoar a produção, pois o comércio não tem para quem vender os produtos. E o resultado é a tão temida recessão econômica. A crise também tem afetado a área da saúde. Os que buscam os hospitais públicos sofrem nas filas de espera. Faltam médicos, remédios e leitos, e muitas pessoas morrem sem conseguir atendimento. A Educação também tem enfrentado crises. Vivemos em uma sociedade caótica. Em meio a tudo isso não podemos nos desesperar nem nos entristecer. Precisamos orar e confiar no Deus de toda provisão.

3. A crise espiritual. Depois da divisão do reino de Israel, uma crise espiritual se instalou nos dois reinos. O povo de Deus, antes unido, começou a seguir caminhos diferentes.

- No reino do Norte, Jeroboão, vendo que o centro de adoração e sacrifício estava localizado em Judá, mandou fundir dois bezerros de ouro (1Rs.12:26-29) e erguer dois lugares de adoração com altares – um em Betel e o outro em Dã. As coisas não pareciam boas para Israel e, nos duzentos anos seguintes, os israelitas tiveram a experiência de uma montanha-russa. Pouquíssimos reis seguiram (ao menos com um coração dividido) o chamado de Deus ao arrependimento; muitos outros recusaram obstinadamente ouvir os profetas. As dinastias mudaram, e houve muitos assassinatos políticos. Desde Jeroboão até o último rei de Israel em Samaria, Oséias, reinaram vinte reis, sinalizando a instabilidade do reino. Finalmente, em 722 a.C., Samaria foi capturada pelos assírios, e Israel foi levado em cativeiro.

- No reino do Sul, Roboão, após três anos do seu reinado, revelou o seu verdadeiro caráter de infidelidade a Deus. Após ter confirmado o reino e se fortalecido, ele deixou a lei do Senhor, e, com ele, todo o reino de Judá, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor e provocando o Seu zelo. Os habitantes de Judá edificaram estátuas, colunas e postes-ídolos em todos os elevados outeiros e debaixo de todas as árvores verdes; praticaram a prostituição-cultual e todas as coisas abomináveis das nações que o Senhor expulsara de diante dos filhos de Israel. O seu castigo veio no quinto ano do seu reinado: o rei Sisaque, do Egito, sogro de Jeroboão que agora reinava sobre Israel (dez tribos do Norte), invadiu o território de Judá com um poderoso exército, tomou as cidades fortificadas e subiu contra Jerusalém. O Senhor, através do profeta Semaías, preveniu Roboão e os seus príncipes que esta invasão veio em reciprocidade porque eles O haviam deixado. Eles reconheceram que o castigo era justo, e por isto Deus consentiu que continuassem vivendo, mas subjugados ao rei Sisaque.

Eles se renderam a Sisaque, que então tomou Jerusalém e se apossou de todos os tesouros que Salomão havia acumulado na Casa do Senhor e no palácio real, e fez de Roboão o seu vassalo. Roboão não teve paz durante seu reinado, pois depois disso esteve sempre em guerra com Jeroboão. Finalmente, aos 58 anos e depois de reinar por dezessete anos, ele morreu.

Crise espiritual à época do profeta Habacuque. No texto base desta Aula, vemos o profeta Habacuque, que viveu e ministrou em Judá, questionar a Deus a respeito da crise espiritual que seu povo estava enfrentando - “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás? Por que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação? Porque a destruição e a violência estão diante de mim...”(Hc.1:2,3). O profeta estava em meio a uma sociedade agonizante, e por isso, desejava algumas respostas de Deus. Muitas vezes, como Habacuque, diante do caos também perguntamos: "Por que Senhor?". Ele ouve e responde nossas indagações, embora nem sempre tenhamos as respostas no momento em que queremos. O Senhor não deixou Habacuque sem resposta (Hc.2:1,2). O Senhor falou que o seu julgamento viria sobre Judá. Deus não tolera o pecado. Para disciplinar seu povo, Ele usaria os babilônios (Hc.1:5-12). Em 586 a.C., Jerusalém caiu diante dos babilônios. A liderança e boa parte da população da cidade foram levadas à Babilônia. O templo foi destruído. Tudo isto sobreveio sobre o povo de Israel porque teve a audácia de desobedecer aos mandamentos do Senhor e se desviar dEle. Viver no pecado é loucura. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb.10:31).

II. SOBREVIVENDO EM TEMPOS DE CRISE

Como sobreviver em tempos de crise? É bastante notório que, nós brasileiros, estamos passando por uma crise sem precedente: crise financeira, crise na saúde, crise na liderança do país, crise no orbe político, crise moral, crise na ética.... Isto tem gerado muito medo, insegurança e instabilidade. Não sabemos de fato se esta crise é do tamanho do que se desenha pelas especulações que se mostra na mídia. O que se denota é que as pessoas estão em pavor do que está sendo noticiado todos os dias. Trabalhadores estão com medo de perderem seus empregos e Empregadores que não conseguem honrar suas contas e ficam com medo de terem de fechar suas empresas. Querendo ou não, acreditando ou não nela, esta crise nuvea sobre todos nós. Mesmo com Cristo no nosso barco, as ondas vêm, as tempestades da vida nos sobrevêm. Como sobreviver a tudo isso?

1. Corra para Deus. A crise, em vez de nos levar a correr de Deus, deve nos induzir a correr para Deus. A crise é uma oportunidade para nos voltarmos para Deus (vide Joel 2:12-16). Deus ainda continua transformando vales em mananciais. Ele ainda continua voltando-se da Sua ira para a Sua misericórdia.

Quando o mundo ao nosso redor entra em colapso, ainda assim, podemos nos alegrar em Deus. É o que Habacuque demonstrou numa época de terríveis crises em Judá (cf. Hc.3:17,18). O cristão é um otimista inveterado, pois a fonte da sua alegria não está nas circunstâncias, mas em Deus. O mundo pode ficar abalado, os montes podem se derreter e se lançar nas profundezas do mar, a natureza pode se contorcer de dores, e terremotos fazerem tremer os alicerces da terra, mas, mesmo assim, o povo de Deus continua seguro. A seca pode fazer mirrar a semente debaixo da terra, o curral pode ser um deserto sem a presença das ovelhas, a vide pode estar vazia de frutos e o mundo inteiro pode entrar em colapso. Contudo, o povo de Deus, ainda assim, terá um alicerce firme debaixo dos pés. O povo de Deus ainda poderá se alegrar em Deus, seu Salvador.

2. Eleve os seus olhos para o Alto, ande pela fé. Ao olhar para o futuro, Habacuque viu a nação rumando para a destruição; ao olhar para dentro de si, viu-se tremendo de medo, e; ao olhar ao seu redor, viu todo o sistema prestes a se desintegrar. Contudo, quando, pela fé, ele olhou para o Alto, viu Deus e todos os seus medos desvanecerem. Por isso, o salmista tinha razão quando disse: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Salmos 121:1,2). Lidamos com a crise não com clichês de autoajuda, mas com a ajuda do Alto. Triunfamos sobre a ansiedade não batendo no peito em uma arrogância ufanista, mas caindo de joelhos e lançando sobre Cristo a nossa ansiedade. Andar pela fé significa concentrar-se na grandeza e na glória de Deus, e não na fraqueza humana.

Dentro deste aspecto, o profeta Habacuque nos conduz a três verdades sublimes:

a) A nossa confiança em Deus é inabalável (Hc.3:17,18). O povo de Judá dependia da agricultura para sobreviver. Os recursos financeiros vinham das lavouras e dos rebanhos. Segundo alguns estudiosos, a maior parte do sustento do profeta provinha de figos, uvas, azeitonas e outros produtos da lavoura, bem como da criação de ovelhas, cabras e gado. Embora essas fontes possam de alguma forma esgotar-se, o salmista vê que, em última instância, sua própria existência não depende delas, mas da Fonte delas, Deus. Mas o profeta diz: "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação" (Hc.3:17,18). A confiança do profeta não estava na provisão, mas no Provedor. Os recursos da terra podem falhar, mas Deus jamais falhará. Como Jó, Habacuque estava pronto a perder tudo, menos a sua fé no Senhor.

b) A nossa alegria é ultracircunstancial (Hc.3:18). A alegria do profeta não é determinada pela presença de coisas boas nem pela ausência de coisas trágicas. Sua alegria está centrada na pessoa de Deus. Sua alegria não está na prosperidade nem na ausência do sofrimento. Sua alegria está em Deus. Sua alegria é ultracircunstancial. Através dos séculos, muitos homens de Deus, em períodos de perseguição e sofrimento, acharam conforto e profunda alegria espiritual nas palavras deste cântico de vitória sobre o poder do mal.

O apóstolo Paulo, ao dirigir-se aos crentes de Filipos, fez a seguinte exortação: “alegrai-vos, sempre, no senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp 4:4). O apóstolo Paulo nos ensina aqui três verdades:

- Em primeiro lugar, a alegria do cristão não é uma opção é um mandamento: “alegrai-vos...”.Observe que alegria aqui não é substantivo. Alegria aqui é um verbo, verbo no imperativo. Isto porque o evangelho que nos alcançou é nova de grande alegria; o Reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo; o fruto do Espírito é alegria e; a ordem de Deus é: “alegrai-vos”.

- Em segundo lugar, a alegria do cristão independe das circunstancias externas, ela é untracircunstancial. Paulo diz: “alegrai-vos, sempre”. Quando Paulo diz alegrai-vos sempre, o que então ele quer dizer? Ele quer dizer que a alegria do cristão além de ser um imperativo é ultracircunstancial. Porque está alegre, estar feliz quando tudo está bem, até o ateu consegue. O desafio é ser a pessoa feliz apesar das circunstancias adversas.

- Em terceiro lugar, a alegria do cristão não é um sentimento, é uma Pessoa. A alegria do cristão é Jesus Cristo. Por isso Paulo diz assim: “alegrai-vos, sempre, no Senhor”. Quem tem Jesus, experimenta essa verdadeira alegria. Quem não tem Jesus, pode ter momentos de alegria, mas não a alegria verdadeira. Se você tem Jesus você é uma pessoa feliz, se você não tem Jesus você não é uma pessoa feliz. “A alegria do senhor é a nossa força” (Ne.8:10).

c) Deus é o nosso sustentáculo suficiente (Hc.3:19). A alegria do profeta Habacuque não é um sentimento romântico e infundado. Ele tem razões sobejas para alegrar-se. O fundamento da sua alegria está em Deus. Habacuque, que começa deprimido e em dúvida quanto à retidão e à justiça de Deus, termina com alegre confiança na provisão e no poder sustentador de Deus - “O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente”.

Deus é a nossa estabilidade e segurança. Deus é a nossa fortaleza. Ele é o nosso alto refúgio. Ele é a nossa torre de livramento. Nenhum perigo pode nos alcançar quando estamos refugiados em Deus. Ninguém pode nos arrancar dos braços de Jesus. Nenhuma pessoa ou circunstância pode nos afastar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Ainda que o mundo ao nosso redor se transtorne; ainda que os ímpios se levantem com fúria virulenta contra nós; ainda que nos faltem os recursos materiais para uma sobrevivência digna, nossa confiança permanece inabalável em Deus. É pela fé que vivemos, vencemos e triunfamos. Podemos dizer, então, como disse o profeta Habacuque: “Eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação". Deus ainda pode nos dar cânticos na escuridão (Jó 35:10), se confiarmos nEle e virmos Sua grandeza!

III. QUANDO O DESESPERO DÁ LUGAR À ESPERANÇA

O profeta Habacuque vai do desespero à esperança, do temor à fé, da angústia avassaladora à exultação indizível e cheia de glória. Essa mudança interior não foi produto de meditação transcendental nem mesmo fruto de uma leitura do cenário político de seu tempo, mas uma volta à Escritura e uma passeada pela História para relembrar quem é Deus e quais são Seus gloriosos feitos.

Quando nos voltamos para as Escrituras, descobrimos que as rédeas da História não estão nas mãos das grandes e poderosas nações, mas nas mãos dAquele que está assentado sobre um alto e sublime trono. Os impérios opulentos caem e voltam ao pó do esquecimento. Aqueles que estavam oprimidos fazem uma viagem do vale para o cume dos montes, enquanto aqueles que oprimiam despencam vertiginosamente do topo para o chão. Deus desbanca a altivez dos poderosos e exalta os humildes. Diz o texto sagrado: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?”(Is.43:13). O povo que conhece a Deus é forte. O conhecimento de Deus e das Suas obras é o maior antídoto contra o desespero.

Destaco três verdades essenciais:

1. Quando tudo parece perdido, com Deus ainda não está perdido. Qualquer analista político que olhasse a situação vivenciada por Habacuque, lavraria uma sentença de morte ao pequeno reino de Judá. A Babilônia era a dona do mundo, a detentora de um poder irresistível e de uma crueldade indescritível. Jerusalém seria esmagada impiedosamente, e suas ruas seriam pisadas pelos opressores sem que houvesse qualquer resistência. Mas o forte se torna fraco, e o fraco é revestido de força. A Babilônia caiu, e Judá foi restaurado. Nenhum poder político ou econômico pode frustrar os desígnios de Deus. O plano de Deus prevalece ainda que toda a terra se levante contra Ele. Seguir as pegadas do Deus Todo-Poderoso, eis o segredo de uma vida triunfante!

2. Quando chegamos no final dos nossos recursos, os recursos de Deus ainda estão disponíveis. A crise é um tempo de oportunidade. Habacuque não sucumbiu diante da aterradora situação, mas subiu à torre de vigia e clamou por um avivamento. Ao meditar sobre a pessoa de Deus e sobre os feitos divinos, recobrou ânimo e pôs-se a cantar. É a verdade acerca de Deus e dos Seus gloriosos feitos que nos oxigena a alma e nos fortalece para a caminhada. Quando os recursos da terra acabam, os celeiros do Céu continuam abarrotados. Quando a força do braço humano entra em colapso, o braço Onipotente de Deus sai em defesa do Seu povo. A fé em Deus não é fuga dos problemas, mas a única maneira sensata de enfrentá-los vitoriosamente.

3. Quando a crise nos encurrala, precisamos olhar para o Alto. Quando Habacuque subiu à torre de vigia, ele ouviu Deus e falou com Ele. A Palavra de Deus lhe trouxe consolo e direção, e a oração lhe encheu a alma de esperança e alegria. Diante da tragédia, se olharmos para baixo, ficaremos desolados; se olharmos ao redor, para avaliarmos as circunstâncias, ficaremos estarrecidos. Contudo, se olharmos para o Alto, encontraremos vitória.

CONCLUSÃO

Diante dessas crises que o Brasil está atravessando, muitos estão angustiados e desesperados. Devemos entregar a nossa causa a Jesus. Ele sabe quem somos, onde estamos, o que estamos passando, e Ele pode vir trazer o socorro de que tanto precisamos. O Brasil está em crise, o mundo está em crise, mas o Céu não. O Senhor é soberano e não perdeu o controle da situação. O governo está em Suas mãos. Ele tem o suprimento para todos aqueles que nEle confiam. Ele é o Deus da provisão.  Aleluia!

-------

Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

13ª lição do 3º trimestre de 2016: A EVANGELIZAÇÃO INTEGRAL NESTA ÚLTIMA HORA



Texto Base: Lucas 24.44- 53

 

"E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!" (Mc 16.20).

INTRODUÇÃO

Com a graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre letivo. Esperamos que as Aulas ministradas tenham causado um despertamento singular, contribuindo para que todos nós cumpramos a missão primordial que Jesus nos comissionou: a evangelização integral.

A realização da evangelização integral é uma ordem concreta e específica de Jesus, expressa nos textos da “Grande Comissão” (Mateus 28:19,20). Neste texto, notamos que Jesus nos envia em seu poder e autoridade para irmos a todas as nações e façamos discípulos (seguidores de Cristo), batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Porém, aqui não termina o imperativo de Cristo; Ele continua dizendo: “... ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado...”. Nós geralmente nos esquecemos desta última parte. Colocamos todo o esforço e ênfase na “salvação de almas” (e damos graças a Deus por estes esforços), porém devemos ter sempre presente que a Grande Comissão também inclui o ensinar todas as coisas que Jesus determinou.

Proclamemos o Evangelho, batizemos e façamos discípulos, porém ensinemos o povo de Deus a também viver uma vida santa, pura, que demonstre preocupação com o estabelecimento de justiça em nossa sociedade, com uma relação mais justa entre os homens e com a situação dos que sofrem perseguição, fome, opressão social e espiritual. Apresentemos o Evangelho de Cristo a todo o contexto humano. O Evangelho deve ser pregado aos pobres, aos ricos, aos setores médios, às nossas autoridades, enfim, a todos os segmentos da sociedade.

É bom entender que uma igreja só se envolverá de maneira séria e responsável com a Grande Comissão, quando estiver sob forte poder e unção do Espírito Santo. No princípio da Igreja, a evangelização atingiu o ápice quando experimentou um efusivo derramamento do Espírito Santo (At 2:1-4). Essa unção extraordinária modificou a estrutura espiritual de um grupo de homens assustados em verdadeiras brasas ardentes, e os levou a testemunharem do amor de Deus, mesmo com o sacrifício de suas próprias vidas. Se levarmos em conta o modelo autenticamente pentecostal de evangelização, cumpriremos, de forma cabal, o programa divino para alcançar tanto o nosso bairro, nossa cidade, nosso país, quanto as nações mais distantes. Mas, para isso, temos de nos voltar ao método de evangelização simples, porém eficaz, dos primeiros evangelistas e missionários.

I.  O QUE É A EVANGELIZAÇÃO INTEGRAL

A Igreja de Cristo é a Agência evan­gelizadora por excelência. Quando ela evangeliza, cum­pre integralmente a sua missão, pois integralmente promove o ser humano, o qual é constituído de corpo, alma e espírito (1Ts 5:23). A evangelização integral alcança todos os aspectos que direcionam o ser humano ao padrão que Deus sempre quis para ele: paz, justiça, alegria, felicidade, equilíbrio, vida eterna. Se a Igreja descumprir a sua tarefa básica, certamente, perderá a sua condição de Corpo de Cristo, reduzindo-se a uma mera organização humana.

1. Evangelização integral. A evangelização integral consiste na proclamação do Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens, e em todos os âmbitos: local, nacional e transcultural. O Evangelho é o agente transformador do caráter do ser humano, por isso Deus comissionou à Igreja fazer a evangelização a todos os povos e etnias(Mc 16:15), no afã de possibilitar a restauração do ser humano ao status quo da criação: imagem e semelhança de Deus(quanto ao caráter), dignidade, plena felicidade, comunhão com Deus e vida eterna.

Jesus direcionou os olhos dos discípulos para a ação missionária e deu-lhes um esboço geral da obra que deveriam fazer: “...e ser-me--eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8). Jesus não ordenou aos discípulos evangelizar primeiro Jerusa­lém, depois a Judeia, em seguida Samaria e, finalmente, os confins da terra. Não. O seu plano-diretor era bem claro e objetivo: os discípulos deveriam ser testemunhas não apenas no território de Israel, mas até aos confins da terra; não apenas aos judeus, mas também aos gentios. O reino de Deus abrange todos os povos, de todos os lugares, de todas as línguas e culturas. O reino de Deus alcança a todos, em todos os lugares, de todos os tempos, que foram lavados no sangue do Cordeiro (Ap 5:9). Os discípulos eram testemunhas que haviam presenciado um fato glorioso, a ressurreição de Cristo, e essa notícia da exaltação de Jesus deveria ser anunciada até aos confins da Terra, ainda que, para isso, a morte fosse o preço a ser pago.

Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At 1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através da mensagem da Palavra de Deus e de atitudes, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).

2. Avivamento e evangelização. Onde começa a vida cristã? No Calvário. Mas, onde tem início a semeadura eficiente? No Cenáculo. Nenhum plano evangelístico, ainda que elaborado, terá êxito a menos que retornemos ao Cenáculo. Ou seja, sem o revestimento de poder do alto, não teremos força suficiente para anunciar o evangelho de Cristo. Naquele recanto humilde de Jerusalém - o Cenáculo -, apóstolos e discípulos aguardaram, em oração, o derramamento do Espírito Santo. Até mesmo Maria, a mãe do Senhor, ali estava à espera do Consolador que, na plenitude do Pentecostes, haveria de descer e revestir a todos com o poder do alto. A partir daquele instante, a Igreja foi chamada para fora, a fim de ganhar o mundo no poder do Espírito Santo.

Chamada para fora do Cenáculo, a igreja evangelizou Jerusalém. Chamada para fora de Jerusalém, a Igreja inundou a Judeia com a Palavra de Deus. Chamada para fora da Judeia, a Igreja chegou a Samaria, a Antioquia e a Roma. De cidade em cidade, a Igreja alcançou os confins da Terra.

No Pentecostes, todos somos chamados para fora, a fim de proclamar o evangelho de Cristo. Por essa razão tão santa, anunciemos que Jesus salva, batiza com o Espírito Santo, cura as enfermidades do corpo, da alma e do espírito, opera sinais e maravilhas e, em breve, há de voltar para levar-nos à Jerusalém Celeste.

No poder do Espírito, falaremos de Cristo sem impedimento algum. Infelizmente, há igrejas pentecostais, quer entre as neos, quer entre as históricas, que, apesar do título que ostentam, já não têm o Espírito Santo. São místicas, mas não espirituais; sincréticas, mas não bíblicas; em vez de evangelizar, fidelizam clientes que se escravizam a um cristianismo divorciado de Cristo e a um pentecostes sem o Espírito Santo. Urge um avivamento como aquele do Cenáculo.

II. DISCIPULADO INTEGRAL

O discipulado, conhecido como a missão educadora da Igreja, é, ao lado da evangelização, um dos pilares fundamentais da Igreja. São duas tarefas indissociáveis, impostas por ordem de nosso Senhor Jesus e que está exarado na passagem de Mateus 28:19,20.

Quando alguém se converte a Cristo e nasce de novo é considerado um recém-nascido, é uma pessoa que tem pouco ou nenhum conhecimento a respeito das coisas de Deus, a respeito da vida com o Senhor Jesus. Embora tenha recebido uma nova natureza, embora seu espírito tenha se ligado novamente a Deus, ante a remoção dos pecados, é um ser humano e, como tal, precisa ser ensinado a respeito do Senhor, ensino este que deve ser protagonizado pela Igreja, que é a quem o Senhor incumbiu esta tarefa sobre a face da Terra. Jesus é quem salva, mas é a Igreja que deve “fazer discípulos”, que deve “ensinar”. O discipulado não deve ser parcial, mas integral; este, compreende as seguintes ações: doutrinação, integração, treinamento e identificação. “A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos" (Billy Graham).

1. Doutrinação. A doutrinação consiste no ensino das verdades centrais da fé cristã, tanto aos novos convertidos quanto aos que são antigos na fé. Isto é uma atividade contínua da Igreja, a fim de que o cristão possa pensar, agir e viver de acordo com o mandamento de Cristo; ou melhor, para que o cristão adquira firmeza na fé, maturidade cristã. A doutrinação deve ser iniciada no ato da conversão, tendo continuidade durante toda a vida cristã (At 2:41-43).

Paulo jamais se mostrou remisso à doutrinação da igreja de Cristo. Em Trôade, ministrou aos irmãos até altas horas: “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles e alargou a prática até meia-noite(At 20:7-8). Nem o incidente com o jovem Êutico lhe arrefeceu o ardor do ensino da Palavra de Deus: “E, subindo, e partindo o pão, e comendo, e ainda lhes falou largamente até à alvorada; e, assim partiu”(At 20:11). Este é o desvelo que o líder obreiro do rebanho do Senhor deve ter.

2. Integração. Integrar significa juntar, incorporar, tornar parte. Só a doutrinação não é suficiente; é indispensável que aja facilitação para que o ente cristão seja integrado na comunidade, na igreja local. Sem a integração social do novo crente, sua doutrinação torna-se ineficaz. O novo convertido precisa sentir que é parte da família de Deus. Há igrejas onde tornar-se membro significa apenas adicionar o nome no rol de congregados, sem nenhum requisito ou expectativa. Seguir a Cristo, porém, inclui integrar, não apenas acreditar. É bom saber que a igreja é um corpo, não um edifício; um organismo, não uma organização.

Segundo estatísticas divulgadas, de cada cem pessoas que aceitam a Cristo, apenas dez descem às águas batismais, e dessas, apenas três permanecem após o primeiro ano do batismo. Uma das razões principais para isso é a falta de integração do novo convertido ao seio da igreja. O amor que integra não compreende apenas palavras, mas ações efetivas - “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”(1João 3:18). Aqui, o apóstolo João adverte que, se os cristãos não se amarem mutuamente, jamais se sentirão parte do corpo de Cristo.

Portanto, quando falamos em integrar o novo convertido, estamos falando simplesmente de fazê-lo parte do corpo visível do Senhor - a igreja local -, promovendo-o à integração espiritual, doutrinária, social emocional e cultural, bem como envolvendo-o no serviço cristão. A sua união ao corpo místico de Cristo é obra do Espírito Santo; entretanto, cabe a nós a missão de levá-lo pela mão em seus primeiros passos na fé, e de ajudá-lo a ocupar o seu lugar na comunidade dos salvos.

3. Treinamento. Ainda na fase da doutrinação e da integração, o novo convertido deve ser treinado a fazer novos discípulos. A igreja de Antioquia se preocupava com esta fase da evangelização integral. Lá, o ministério era completo. A igreja estudava a Palavra de Deus (Atos 13:1), buscava a face de Deus em oração (Atos 13:3) e obedecia a Deus (Atos 13:3). Dentre os seus mem­bros, saíram os primeiros missionários transculturais do Cristianismo. Enquan­to a igreja e os seus obreiros oravam, jejuavam e serviam ao Senhor, disse o Espírito Santo: "Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13:2). Vê-se que o Espirito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. É a igreja que jejua e ora; é a igreja que ensina, que treina; é a igreja que impõe as mãos e despede. Todavia, é o Espírito Santo quem envia os missionários. Assim, os missionários exercem seu ministério pelo Espirito Santo. Foi o próprio Espirito Santo quem enviou os missionários para o campo de trabalho (Atos 13:3,4). A partir daquele momento, a Igreja de Cristo, irradiando-se a partir do Oriente Médio, universalizou-se até chegar a nós.

4. Identificação. Uma vez que o crente recebe a justificação por meio de Jesus Cristo, deve andar de modo digno da vocação a que foi chamado. Isso será demonstrado através de sua conduta, o seu viver diário. A conduta do crente deve refletir a de uma pessoa transformada, que foi lapidada pelo poder do Espírito Santo. Mas essa identificação cristã não se dá de imediato, é preciso um discipulado radical contínuo para se chegar à maturidade cristã.

A igreja em Antioquia era uma igreja que havia dado lugar prioritário ao ensino exaustivo da Palavra de Deus, à doutrina (At 11:22-26). Barnabé, ao verificar que havia conversão autêntica de muitos irmãos naquela igreja, tratou de buscar a Paulo e, durante todo um ano, houve o ensino da Palavra àqueles crentes. O resultado daquele ano de ensino não poderia ser melhor: os convertidos passaram a ter uma vida muito semelhante à de Jesus; passaram a ser diferentes dos demais moradores de Antioquia; passaram a ser provas vivas da transformação que o Evangelho produz nas pessoas. Após terem sido ensinados na Palavra e terem mudado de vida, os moradores de Antioquia passaram a notar a diferença e, cumprindo o que disse Jesus a respeito do efeito das boas obras dos Seus discípulos, passaram a chamar os discípulos de “cristãos”, isto é, “parecidos com Cristo”, “semelhantes a Cristo” (At 11:26). Eram os homens glorificando ao Pai que está nos céus (Mt 5:16); era o resultado do ensino da Palavra.

Hoje, há uma grande necessidade de mantermos uma conduta exemplar. Infelizmente, o modo de comportamento de milhões foi deformado pelo mundo; ao invés de evangelizar, desevangeliza. Quem nos olha como evangélicos, já não nos vê como cristãos. É hora de resgatarmos nossa identidade como servos de Deus para que, à semelhança dos crentes antioquinos, sejamos conhecidos como autênticos discípulos de Cristo.

Concordo com o Pr. Claudionor de Andrade, quando diz que “houve um tempo em que nós, pentecostais, recebíamos os mais abençoados codinomes. Em São Paulo, éramos cognominados de ‘crentes’, pois fazíamos questão de alardear a santíssima fé no poder do evangelho. Já no Rio de Janeiro, apelidavam-nos de ‘bíblias’, porque não escondíamos nosso apego à Palavra de Deus. Noutros lugares, as alcunhas oscilavam entre o elogio e a calúnia. Os católicos mais romanos chamavam-nos de ‘quebra-santos’, porquanto ensinávamos que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, o Homem Perfeito.

“O tempo passou. As coisas mudaram. Hoje, somos conhecidos por um agnome elegante e chique: ‘evangélicos’. Já não nos tratam de crentes, nem de bíblias, ou de quebra-santos. E, como evangélicos, fomos associados à prosperidade, ao luxo e à luxúria. Se continuarmos assim, logo perderemos também o nome de cristãos.

“Ontem, o mundo nos odiava, porque éramos biblicamente corretos. Hoje, o seu príncipe nos bajula, por estarmos entre os, política e socialmente, conformados. Ganhamos influência junto aos palácios e câmaras, mas já não temos ousadia junto ao trono daAquele cuja soberania não deve ser ignorada.

“Ontem, o joio entre o trigo. Hoje, o trigo entre o joio. E, pouco a pouco, vai a erva daninha sufocando a boa semente.

“No início, a igreja era evangelizadora. Agora, meramente evangélica. Se no passado fazíamos história, no presente, nem históricos somos. Já não temos perspectiva quanto ao futuro. Perdemo-nos no tempo, e já não temos noção de eternidade.

“Sim, há exceções e não são poucas. No entanto, fizemo-nos conhecidos não pelas exceções, mas pela regra geral. Se as exceções fazem o cristianismo invisível e militante, a regra geral dá corpo e forma à cristandade visível e já bem acomodada a este século”. (Pr. Claudionor de Andrade. O desafio da evangelização, pp.151 a 157).

III. A IGREJA DA EVANGELIZAÇÃO INTEGRAL

A igreja da evangelização integral é caracterizada por três ações básicas na divulgação do Evangelho de Cristo: promoção, comissão e manutenção.

1. Promoção. À semelhança de Antioquia, a igreja da evangelização integral não vive de si e para si. Antes, promove a proclamação de Cristo em todos os âmbitos (At 13:1-3). Para ela, não existe maior evento do que evangelizar e fazer missões. Cabe à igreja, portanto, na plena responsabilidade que lhe foi dada por Jesus Cristo, cuidar do ser humano em sua forma integral (1Co 6:18-20), promovendo a sua reconciliação com o Criador e proporcionando-lhe as condições necessárias para que ele sinta a plena comunhão da família de Deus.

Para cumprir a evangelização integral não é necessário nenhum método inovador, nem de fórmulas extravagantes, precisamos, sim, que retornemos ao Cenáculo para sermos revestidos de poder, e, assim, cumprir plenamente o cronograma divino do anúncio universal do Evangelho. O poder que a igreja recebe não é político, intelectual ou ministerial, mas um poder espiritual, pessoal e moral. A fonte desse poder é o Espirito Santo, e esse poder é dado para que a Igreja seja testemunha de Cristo até aos confins da Terra. Disse Jesus: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me--eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1:8). Jesus está dizendo aos discípulos que não lhes bastaria o poder do intelecto, da vontade ou da eloquência humana. Era preciso que o Espírito Santo agisse neles, dentro deles e através deles. Que o Senhor avive as igrejas locais, impulsionando-as aos confins da Terra.

2. Comissão. Na evangelização integral, a igreja tem de agir como a agência evangelizadora e missionária por excelência. Nenhuma organiza­ção pode substituí-la nessa tarefa. Jesus deu a ordem: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28:19,20).

O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co 4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.

A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo (vide Mc 5:1-20). Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que estamos a fazer?

3. Manutenção. É dever de cada crente incentivar missões, orar pelos missionários e pelos que estão sendo enviados, e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários. Quando olhamos para o princípio da Igreja, notamos nela o empenho dos crentes para que houvesse a manutenção e o sustento daqueles que tinham se dedicado à obra de Deus (At.2:44-46; 6:1-3; Fp.2:25; 4:18; 1Tm.5:18), como também o cuidado para que os pobres não passassem por necessidades que comprometessem a sua sobrevivência digna (2Co 8,9).

Não há qualquer fundamento para que se diga, como alguns, na atualidade, que não há qualquer necessidade de uma contribuição financeira na Igreja. Os textos bíblicos mostram, claramente, que devemos contribuir para a manutenção e sustento da obra de Deus e que esta obra envolve despesas e a necessidade de sustento daqueles que se dedicam integralmente a ela. Como se não bastasse isso, não podemos ter, na Igreja, qualquer necessitado, o que impõe a contribuição para que seja possível a ação social, não só entre os crentes, mas também em relação aos incrédulos, pois a ação social é elemento integrante da evangelização integral.

Em nossos dias, dias de “amor do dinheiro” (1Tm 6:10), vemos dois fenômenos totalmente inadmissíveis para o povo de Deus:

- Primeiro, a “mercantilização da fé”, em que, aproveitando-se dos mandamentos bíblicos referentes à contribuição financeira, muitos estão a tornar as igrejas locais em verdadeiras “empresas religiosas”, onde há uma sede de arrecadação que tem em vista tão somente a formação de impérios empresariais travestidos de organizações ou empreendimentos eclesiásticos e a nutrição de uma vida nababesca de poucos, que não estão nem um pouco preocupados com a obra de Deus, que se fazem cercar de um sem-número de “parasitas”, aproveitadores das “migalhas” que caem das mesas destes “mercenários”.

- Segundo, o “consumismo desenfreado”, que tem tomado conta dos corações de muitos crentes que direcionam os seus recursos para a satisfação de seus desejos e prazeres incontidos, com o desvio dos recursos que deveriam ser destinados à obra de Deus, e que servem apenas para a satisfação dos interesses materiais e mundanos dos que cristãos se dizem ser, e que fazem com que muito do que poderia ser utilizado na obra de Deus seja destinado para “mercenários” e para pessoas totalmente descompromissadas com a evangelização.

Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “evangelizar não é expandir impérios, ainda que estes exibam títulos eclesiásticos e igrejeiros. O evangelizar autêntico e pentecostal é mais semeadura que colheita, é mais chorar que rir, é mais pregar que teologizar. Que exemplo o semeador da parábola nos traz! O Mestre disse que ele saiu, mas calou-se quanto ao seu retorno, pois a evangelização integral tem a ver com o sair, e não com o retornar”.

“No auge da pros­peridade econômica do Brasil, o que fizemos em prol da evangelização mundial? Sabemos que algumas igrejas aproveitaram aquele momento para chegar aos confins da Terra. Outras, porém, viveram apenas para si, como se aquele instante não tivesse fim”.

Quando há compromisso com a Palavra de Deus, também comprometemos o nosso patrimônio com as “coisas de cima”, com aquilo que contribuirá para a salvação das almas e a glorificação do nome do Senhor. Pensemos nisto!

CONCLUSÃO

“Para que existe no mundo a Igreja Cristã? Ela não é um barco, em que podem flutuar os favoritos, felizes, e sem cuidado algum, por sobre o mar da vida até chegar à praia áurea. Ela não é uma companhia de seguros, à qual se podem pagar prêmios! Ela não é um clube social, cujos membros se reúnem ocasionalmente para gozar a companhia uns dos outros, se divertirem e trocarem ideias! Não. A Igreja de Cristo é uma instituição ganhadora de almas, a proclamar, a tempo e fora de tempo, que Jesus Cristo salva a todos os homens que O aceitarem...”(Orlando Boyer - Esforça-te para ganhar almas).

Foi um prazer estar com vocês neste trimestre letivo. Espero que as Aulas ministradas tenham despertado em cada coração o desejo de ganhar almas para o Reino de Deus. Que Deus nos conceda ânimo, saúde física e mental, e inspiração para enfrentarmos o novo desafio que está por vir. Deus os abençoe sobremaneira!

------

Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço