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segunda-feira, 25 de julho de 2016

5ª lição do trimestre de 2016: A EVANGELIZAÇÃO URBANA E SUAS ESTRATÉGIAS



Texto Base: Atos 2:1-12

“E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles" (Mt 11:1).

INTRODUÇÃO

A vida urbana é uma realidade que desafia e exige da igreja uma pronta e veemente atitude para alcançá-la. Tem havido um enorme êxodo rural de pessoas em busca de melhores oportunidades, e isto tem inchado as grandes cidades de favelas e de marginalização, causando um desarranjo social incontrolável. A desorganização da vida urbana tem causado muitos problemas sociais, e a igreja deve estar preparada para responder a esses dilemas. Estratégias adequadas devem ser desenvolvidas para alcançar as pessoas. Os problemas típicos da vida urbana, tais quais a diversidade cultural, a marginalização social, o materialismo, a invasão das seitas e as tendências sociais, desafiam a igreja no sentido de demonstrar o poder da Palavra de Deus que transforma e dá esperança a todos (Rm 1:16). É bom estarmos conscientes de que o primeiro campo missionário deve ser o local onde a igreja está localizada. Antes de atravessar o mundo, a igreja precisa atravessar a rua, ou deve fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Mas não deve esquecer que na cidade há um farto campo para missões: crianças, jovens, estudantes, adultos e idosos.

I. ESTRATÉGIAS URBANAS DE EVANGELIZAÇÃO

A cidade é um campo de batalha entre Deus e Satanás. Existem missões que trabalham com grupos específicos: drogados, prostitutas, homossexuais, universitários ou profissionais liberais, por exemplo. Mas toda a cidade deve comover a equipe de missões. Este comover, quer dizer que o cristão deve sentir compaixão pelas almas perdidas.

É importante conhecer a cidade e seus problemas, tanto geograficamente, como socialmente e espiritualmente. Algumas cidades têm conotação religiosa, outras têm conotação esportiva e outras têm conotação financeira. Quem nela habita conhece-a melhor. Cabe a igreja aproveitar as oportunidades de grandes eventos, grandes aglomerações e realizar a tarefa de evangelização urbana. A estratégia contemplará a cidade de forma racional e planejada, visando à proclamação da Palavra de Deus em todas as estratificações da região metropolitana.

Os missiólogos afirmam que não pode haver nenhum esquema uniforme de evangelização. O que está dando certo em uma determinada igreja não quer dizer que dará certo noutra. Assim, pode-se dizer que o trabalho de evangelização urbana executado pela igreja nunca será ou estará completo. Nesse sentido, haverá sempre necessidade de descobrir as realidades desconhecidas e repensar os métodos, técnicas e estratégias utilizadas nesse processo.

1. A estratégia de Jonas. O Senhor havia determinado a destruição de Nínive. Seus habitantes, no entanto, decidiram arrepender-se e humilhar-se diante de Deus. Toda Nínive apregoou um jejum, que incluiu até os animais, clamando a Deus por misericórdia e pela revogação da sentença destruidora que fora motivada por eles mesmos. Qual foi a estratégia de Jonas? O tempo que ele dispunha para percorrer toda Nínive com o juízo de Deus era exíguo. Então, ele usou as vias principais da capi­tal assíria para apregoar a mensagem divina - “E começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida" (Jn 3:4). A resposta à pregação de Jonas foi imediata e retumbante. A cidade inteira se converteu, embora Jonas não a tenha percorrido toda, e mesmo que a Palavra não tenha chegado a todos os ouvintes. Mesmo ouvindo a mensagem indire­tamente, todos, sem exceção, inclusive o rei (Jn 3:6) se humilharam em extremo debaixo da mão de Deus.

A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo. Não cabe à Igreja julgar as pessoas e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. Nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais”; mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina.

Quais são os sinais da conversão dos ninivitas? Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes:

a) O arrependimento sincero (Jn 3:5). Os ninivitas externaram sua tristeza interior pelo pecado através do jejum e da humilhação com pano de saco. No mundo antigo, esse era um meio comum de expressar tristeza, humildade e penitência - as marcas do verdadeiro arrependimento. O arrependimento dos ninivitas foi unânime: desde o maior até o menor. Começou de cima para baixo. Desde o rei até as crianças. Desde os homens até os animais. Toda prepotência e arrogância acabaram. Nenhuma justificativa e desculpa foi dada. Eles todos se prostraram em total humilhação diante de Deus. O próprio rei trocou seus mantos reais por pano de saco e se sentou no chão em meio ao pó e à cinza. A verdadeira conversão é evidenciada pelo arrependimento. Não há conversão genuína sem arrependimento.

b) A confiança profunda em Deus (Jn 3:5). Se o arrependimen­to é o lado negativo da conversão, a fé em Deus é o seu lado positivo. O arrependimento nos afasta do pecado e a fé nos faz correr para Deus. Pelo arrependimento o homem foge da ira; através da fé corre para a graça. A fé sempre conduz às obras. O povo ninivita creu em Deus e imediatamente se humilhou! Os marinheiros pagãos foram exemplo para Jonas em oração, agora os ninivitas pagãos são exemplo para ele no quebrantamento e volta para Deus. A conversão produz verdadeira mudança. O homem vem a Cristo como está, mas não permanece como está. Encontro com Cristo implica necessariamente imediata transformação. É impossível converter-se a Cristo e ainda permanecer no pecado.

c) O abandono das práticas pecaminosas (Jn 3:8). A conver­são toca o ponto nevrálgico da vida. Quando o rico Za­queu, que vivera extorquindo o povo, cobrando impostos abusivos, se converteu, ele resolveu dar a metade dos seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais a quem havia defraudado. Quando o truculento carcereiro de Filipos se converteu, passou a lavar os vergões de Paulo e Silas. A conversão dos ninivitas foi demonstrada pelo abandono imediato de seus maus caminhos e pela renúncia imediata e definitiva da violência. Essas práticas abomináveis que provocavam a ira de Deus foram abandonadas. Onde o pecado não é abandonado, não há evidência de conversão. Onde não há evidência de santificação, não há prova de conversão.

d) Uma posição de humildade diante de Deus (Jn 3:9). A ordem do rei ao seu povo foi que todos deveriam se humilhar. Nenhuma exigência foi feita. Deus não tem obrigação de ser misericordioso. Ele tem o compromisso de ser justo. Se Deus aplicasse Sua justiça, os ninivitas estariam subvertidos. O pecador merece o castigo, o juízo, e a condenação. O pecador não tem nada a exigir, mas a suplicar. Uma pessoa convertida é revestida de humildade e não de arrogância.

2. A estratégia do PentecostesDeus escolheu o momento apropriado para mostrar aos israelitas, reunidos para uma festa de grande aglomeração, a festa do Pentecostes, para revelar o seu grande mistério: o evangelho e a sua igreja. Nesse evento judaico tão importante, achavam-se em Jerusalém israelitas de todas as partes do mundo (At 2:1-12). E, quando da descida do Espírito Santo, eles ouviram as maravilhas de Deus em sua própria língua. Ao retor­narem aos seus lugares de origem, levaram a semente do Evangelho que, mais tarde, germinaria igrejas (ex.: igreja em Roma, igreja em Antioquia da Síria).

3. A estratégia de Jesus. Jesus Cristo, o evangelista por excelência, não restringiu o seu ministério às multidões, Ele foi à procura das pessoas marginalizadas pela sociedade. Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. Jesus valorizava a todos indistintamente, até mesmo aqueles considerados a pior escória da sociedade, como era o endemoninhado gadareno (cf. Mc 5:1-20).

3.1. Na cidade de Gadara. Jesus, depois de um dia fatigante, atravessou o mar da galileia, enfrentou uma tempestade impiedosa para salvar um homem rejeitado e descartado pela sociedade de então, até mesmo pelos de sua família. Jesus preferiu investir na salvação de um homem, pois sabia que os habitantes daquela região, majoritariamente pagãos, não formariam um grande número para ouvi-lo ensinar, nem se disporiam a segui-lo na esperança de ver milagres. A estratégia de Jesus para ganhar Gadara foi salvar "um homem com espírito imundo, o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender" (Mc 5:2,3). Ao experimentar a salvação e ao ver-se liberto daqueles demônios, o homem, revigorado e exultante, quis acompanhar Jesus, segui-lo por onde fosse. Mas disse-lhe: “Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti" (Mc 5:19). Tornou-se o primeiro evangelista entre os gentios. Qual o valor de uma vida? Para Jesus tem um imenso valor. E nós, como avaliamos as pessoas?

3.2. Na cidade de Samaria. O cenário urbano registrado pelo evangelista João é um protótipo ou um modelo de evangelização urbana que funciona. Jesus havia deixado a Judeia, ao Sul, e seguido para a Galileia, ao Norte, quando sentiu que era necessário passar por Samaria, cidade que ficava entre as duas regiões (João 4:4). Ao meio-dia, junto ao poço de Jacó, na cidade de Sicar (“cidade dos bêbados”), travou um longo diálogo com uma mulher samaritana que viera buscar água. E como resultado de sua estada nesse lugar, muitas pessoas foram ter com ele, para ouvir a palavra de Deus (João 4:30). Nós precisamos aprender com Jesus. Ele foi um evangelista por excelência.

Veja algumas estratégias interessantes de Jesus para salvar a mulher samaritana:

a) Jesus cria uma ponte de contato com a mulher. Veja João 4:7-9:

“Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)?

Jesus podia Ele mesmo tirar água do poço. Jesus podia fazer um milagre ali e fazer brotar uma fonte naquela região. Mas Jesus resolve criar uma ponte de contato com essa mulher, pede a ela um favor. A verdade é que Jesus está querendo apenas construir um caminho de contato para conquistar o coração dessa mulher. O que significa isso? Significa que nós precisamos evangelizar de onde as pessoas estão. Jesus não tem um método engessado de evangelismo; Ele não tem o único método, em que ele usa aquele método para todas as pessoas, em todos os lugares e em todas as circunstâncias. Jesus faz uma leitura do texto e do contexto. Ele faz uma leitura da Palavra e da cultura. Ele faz uma leitura do ambiente e da pessoa. E ele começa de onde a pessoa está.

Na evangelização, nós devemos fazer uma leitura do que as pessoas são e qual o contexto da vida delas, para que então entremos por esta brecha para levar-lhes a Palavra de Deus.

b) Jesus não apenas cria uma ponte de contato, mas também desperta a curiosidade da mulher. Veja João 4:10-12:

“Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?”.

Jesus está dizendo: olha, mulher, eu vou falar com você sobre algo que é grandioso, que é sublime, que é maravilhoso! Jesus está aqui como jogando sal na boca dessa mulher para lhe provocar sede. Veja no verso 11 o que esta mulher respondeu para Jesus: “Senhor tua não a tens com que a tirar e o poço é fundo”. Note vocês que Jesus está dando uma dica para a samaritana: olha, mulher, a sua vida é como este poço, esta cacimba de águas paradas, que junta lodo; a tua vida está assim, sem sentido, sem sabor, sem novidade, sem uma experiência concreta e real com o eterno. Pois eu quero te apresentar não um poço, uma cacimba, mas uma fonte, uma fonte que não jorra para esta vida, mas para vida eterna. Eu quero apresentar uma vida gloriosa, sublime, maravilhosa. Eu quero apresentar a melhor notícia que você pode ouvir. Jesus gera nessa mulher uma ideia de curiosidade de conhecer a Jesus, de conhecer o dom de Deus.

c) Jesus desperta na mulher a sua necessidade. Leia João 4:13-15:

“Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la”.

A mulher ouviu falar da água viva, e disse: puxa vida que noticia boa! Agora não vou mais pegar o meu cântaro e vir todo dia para este poço com trinta metros de profundida e puxar água lá de baixo! Mas Jesus está querendo dizer para aquela mulher que as coisas deste mundo não satisfazem a alma: dinheiro, sucesso, prazeres, conquistas, medalhas, diplomas. Nada disso pode preencher o vazio de seu coração. As pessoas estão buscando muitas coisas, muitas experiências, muitas novidades, muitas crenças, muitas doutrinas, muitas religiões, muitos prazeres, muitos sucessos, muitas riquezas. E tudo isso não satisfaz.

A água do poço de Jacó não era uma água permanente. A água do poço de Jacó fica fora da alma e não é capaz de satisfazer as necessidades. A água do poço de Jacó é de quantidade limitada, ela diminui, desaparece. Mas a agua que Jesus oferece vem de uma fonte que jorra para a vida eterna. Que fonte é essa? O Senhor Jesus Cristo disse: “quem crê em vim como diz a Escritura, no seu interior fluirão rios de água viva” (João 7:38). O que significa isso? Primeiro, isso tem a ver com abundância. Segundo, isso tem a ver com dinâmica. Terceiro, isso tem a ver com vida pura.

d) Jesus desperta na mulher a necessidade de arrependimento. Veja João 4:16-18:

“Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade”.

Note que Jesus, no início, não começou a conversa com a mulher da seguinte maneira: “vai lá e chama o teu marido”. Porque às vezes a gente começa dando pancadas nas pessoas sem despertar nelas por coisas maravilhosas. Há irmão que, quando vai testemunhar de Jesus e vê a pessoa adepta de um ídolo, vai logo dizendo: “isso aí é do diabo!”. Aí, meu amigo, já era o interesse daquela pessoa por ouvir o evangelho! Nós temos que ter sensibilidade, tato, habilidade! Veja que Jesus só disse, “vai lá e chama o teu marido”, na hora oportuna da conversa, quando Ele está falando para ela da água da vida.

A pessoa que está sendo evangelizada só vai entender da água da vida, quando ela entender que é pecadora e que precisa de salvação e precisa de um Salvador. Ninguém pode receber o evangelho da graça a não ser que entenda que está perdido, que pecado é abominável para Deus, que o pecado é maligníssimo, que não há alternativa para a pessoa fora do evangelho sem o Salvador! Se a pessoa não tiver percepção de que está arruinada, que está perdida, dificilmente ela vai receber o evangelho da graça; não importa se esse ser humano é doutor, se é analfabeto, se é rico, se é pobre, se é religioso, se não é religioso, se frequenta igreja, se não frequenta igreja.

O grande drama, hoje, é que há muitos pregadores pregando fé sem arrependimento! Não se prega mais arrependimento hoje! Essa mensagem é politicamente incorreta, dizem. O pregador acha que vai ofender a plateia falando de pecado, da necessidade de arrependimento. Mas, sem arrependimento não existirá fé. E a fé é o meio para se alcançar a justificação – “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1) – e sem justificação ninguém chegará ao Céu.

Talvez essa mulher estivesse fugindo de si mesma! Quem sabe tentando preencher o vazio do seu coração com várias aventuras amorosas. Cinco casamentos fracassados e agora estava vivendo com um amante, com uma vida totalmente sedenta, vazia. Então ela queria saber onde está essa água da vida. E Jesus toca neste nervo exposto da situação: a necessidade do arrependimento!

e) Jesus desperta no coração dessa mulher a fé verdadeira. Veja João 4:25-30:

“A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. E nisso vieram os seus discípulos e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele”.

Se a primeira fala de Jesus com a mulher fosse: “mulher eu sou o Messias e você é uma pecadora!”. Talvez aquela mulher tivesse saído escandalizada e ido para casa irada, e os resultados não tivessem sido promissores. Mas, Jesus era sábio em suas estratégias. O evangelho não muda, a mensagem não muda, o conteúdo não muda. Mas a abordagem precisa ser sábia, sensível, estratégica!

O que aconteceu com essa mulher? Veja os versículos 28 a 30: “Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele”. Aqui mostra que essa mulher tem pressa. Já que ela viu Jesus, teve um encontro com Jesus, ela tem pressa de testemunhar de Jesus. Ela correu para anunciar Jesus. Ela testemunhou para toda a cidade que tinha encontrado o Messias. Talvez nós precisemos deixar o nosso “cântaro”. Talvez nós precisemos ter pressa para ir falar para outras pessoas que nós encontramos Jesus!

Amados irmãos, quem tem um encontro com Cristo tem pressa para testemunhar dEle. Quem teve um encontro com Cristo e retém isso para si, talvez não tenha ainda um encontro com Cristo. Alguém já disse e é verdade: a igreja é uma agência missionária com um campo missionário. Ou a igreja evangeliza ou ela precisa ser evangelizada.

E os samaritanos vieram aos montões. Então Jesus disse aos seus discípulos: “levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (João 4:35). Os samaritanos chegaram e receberam a Jesus. Convidaram Jesus para ficar com eles. E Jesus ficou ali dois dias.

Após os samaritanos receberem a Jesus deram o seguinte testemunho: “E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (João 4:41,42). Oh como foi maravilhoso Jesus pegar a uma mulher proscrita da sociedade, não somente levar a ela a salvação, mas fazer dela uma missionária.

Amados irmãos, nós devemos ir à nossa cidade, ao nosso bairro, ao nosso condomínio, à nossa igreja, à nossa parentela, e vamos anunciar que Jesus é o Salvador. E depois as pessoas vão dizer: “agora não é porque você nos anunciou, nós mesmos vimos, nós mesmos ouvimos, nós mesmos temos a convicção de que de fato Jesus é o Salvador do mundo!”.

4. Qual a nossa estratégia? Toda igreja que prima pela evangelização utiliza-se de estratégias apropriadas para levar as pessoas a Cristo. Nas cidades urbanas do Brasil é costumeiro se pregar o evangelho, distribuindo folhetos, em aglomerados esportivos, festivos e culturais. Muitos testemunhos de pessoas convertidas têm vindo à tona, mostrando com isso que a Palavra de Deus não volta vazia; antes, prosperará naquilo para que foi enviada (Is 55:11).

Em todos os lugares existem pessoas tristes, chorando, sofrendo, desanimadas, almas perdidas sem a mensagem do Evangelho. E a igreja tem a mensagem que salva. O alerta de Jesus ainda ecoa: “Erguei os vossos olhos e contemplai esses campos, que estão brancos para a ceifa” (Jo 4:35). A advertência de Deus dada ao profeta Ezequiel ainda ecoa: “Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma” (Ez 33.8-9).

II. OS DESAFIOS DA EVANGELIZAÇÃO URBANA

As cidades, com sua complexidade social, cultural, econômica, emocional e espiritual, constituem-se campo propício para atuação da igreja ou do inferno; dos cristãos ou dos feiticeiros; dos homens de bem ou dos assassinos. Veja os principais desafios da evangelização urbana, nos tempos hodiernos:

1. Populações concentradas verticalmente em edifícios fechados. A verticalização das metrópoles impede-nos que evangelizemos de porta em porta, como acontecia há 50 ou 60 anos. Os condomínios, hoje, são quase impenetráveis aos que desejam evangelizar pessoalmente. Por isso, crie um círculo de relacionamentos. Não podemos entrar em um condomínio, mas um novo convertido que ali reside há de estabelecer um núcleo de evangelização, por meio do qual alcançaremos outras famílias. O evangelho de Cristo não muda, todavia, os métodos de evangelização devem ser periodicamente avaliados, para que o nosso trabalho não se torne improdutivo.

2. Excesso de entretenimento. Antigamente, só havia um pequeno campo de futebol em cidades de médio porte. Hoje, há estádios grandes, que atraem muita gente; a televisão e a internet tiraram as pessoas das ruas e as confinou dentro de suas casas. O evangelismo pessoal é muito dificultado nessas condições. Então, utilizemos os mesmos meios que confinaram essas pessoas dentro de suas casas. Oh! O uso da televisão é muito caro para atingir as pessoas confinadas em suas casas! Há muitos segmentos heréticos usando a Televisão, pregando suas heresias deletérias, e eles são muito inferiores a nós quantitativamente falando. Por que nós, que somos em maior número, não usamos esse meio de comunicação? Simplesmente por falta de amor pelas almas perdidas, por falta de visão missionária, porque a maioria dos líderes só pensa em construir suntuosos templos para competir com a outra denominação, porque a maioria dos líderes só pensa em se locupletar com a “lã das ovelhas”. Certamente, no tribunal de Cristo isso será levado em conta! Urge mudarmos esta situação!.

3. Proliferação de denominações. A concentração de igrejas diferentes, além das seitas diversas, causa confusão junto à população. Cada uma evangelizando com mensagens diferentes e contraditórias. Parece que há um "supermercado da fé". Há quem ofereça religião como mercadoria mais barata, em "promoção", com descontos (sem exigências, sem compromissos) e há os que "cobram" caro demais, com exigências radicais.

4. O fundamento materialista. O elevado grau de materialismo e consumismo do homem urbano faz com que o mesmo sinta-se autossuficiente, sem a necessidade de Deus. A doutrina fundamental do materialismo é: o mundo existe por si mesmo. O materialismo prega que a única realidade no universo é o mundo físico e material e que nada existe além dele. Esta vertente filosófica prega o ateísmo, nega a realidade espiritual, a existência dos anjos, os milagres, a criação do Universo e do homem por Deus.

5. O relativismo moral predominante. Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo hodierno, defende a ideia do "relativismo moral”, ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta estabelecida "a priori" por quem quer que seja. Deste modo, entende-se que não possa ser imposto qualquer comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não entendem. Todavia, ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem por sua Palavra.

6. Incredulidade e perseguição. Num tempo em que o evangelho é desgastado por falsos pregoeiros, anunciemos a Cristo com sabedoria, poder e eficácia (2Tm 4:17). Nossa mensagem não pode ser confundida com a dos mercenários e falsos profetas (Rm 6:17). Preguemos a mensagem da cruz na virtude do Espírito Santo (1Co 1:18). Se formos perseguidos, não desistamos. Jesus também o foi em sua própria cidade, mas levou a sua missão até o fim (Lc 4:28-30).

Como enfrentar estas e outras dificuldades que tendem dificultar a evangelização no orbe urbano? Utilizando-se de estratégias habilidosas, sob o auspício do Espírito Santo. A cidade em que vivemos é campo de batalha entre Deus e o diabo; ela pertencerá aos céus ou ao inferno, depende de quem agir com mais eficiência e eficácia, com as forças dos céus ou do inimigo. Nas grandes metrópoles, os sistemas sociais, econômicos, políticos, educacionais e outros estão sob a influência dos demônios, das potestades das trevas. É preciso muito poder, muita oração, muito jejum e muita ação para que as estruturas das cidades sejam resgatadas do poder do inimigo. O desafio é grande, mas o que está conosco é maior do que o inimigo.

III. COMO FAZER EVANGELISMO URBANO

Para realizar evangelização urbana é imprescindível tomar as seguintes decisões:

1. Orar e jejuar pela Cidade. Qualquer plano de evangelização, por melhor que seja, com recursos, métodos, estratégias, fracassará, se não tiver o poder de Deus. Este poder só vem pela busca, pela oração constante. Os demônios infestam as cidades e só são expulsos pelo poder da oração (Jr 29.7; Lc 19.41). A oração é a base.

2. Treinar a equipe ou as equipes. Esse treinamento refere-se ao estudo da Palavra de Deus e das estratégias estabelecidas. As seitas preparam bem seus adeptos. As igrejas precisam gastar tempo e recursos no preparo dos que evangelizam para que eles não tenham de que se envergonhar, que manejem bem a palavra da verdade (2Tm 2:15).

3. Conhecer o contexto urbano. O contexto diz respeito à cultura - aos valores, ideias e sentimentos - de um determinado povo. Também diz respeito às classes sociais e à religião. O contexto revela quais são as características que são próprias de uma determinada cidade. Isto ensina que evangelização e contexto precisam andar de mãos dadas. Então, para se usar um determinado tipo de técnica ou método na evangelização é preciso conhecer o contexto, o ambiente em que se vai trabalhar. Jesus, quando evangelizou a mulher samaritana, conhecia o contexto da cidade de Sicar. Ele conhecia o modo de vida desse povo. Foi em razão disso que, em sua conversa com a Samaritana, ele usou o método indutivo, ou seja, ele começou o diálogo partindo do particular para o geral - do problema pessoal para a solução. Os argumentos usados por Jesus foram tão convincentes que a mulher abriu-lhe o coração: “não tenho marido. Disse-lhe Jesus: disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco e o que tens agora não é o teu marido” (João 4:18,19).

4. Planejar a evangelização. O sucesso da evangelização depende do Espírito Santo. Só Ele convence o pecador (João 16:8). Entretanto, no que depende de nós, precisamos fazer o que está ao nosso alcance, devemos fazer a nossa parte.

Daniel Berg e Gunnar Vingren não vieram ao Brasil porque olharam, aleatoriamente, para o mapa e escolheram uma cidade da região norte do Brasil, não! Eles, certamente, oraram muito e, orien­tados pelo Espírito Santo, escolheram a cidade de Belém, no Pará, como ponto de partida para a sua missão no Brasil. Constataram que a capital paraense era geograficamente estratégica para se alcançar o país em todas as direções. Não se faz evangelização, principalmente em cidades, sem uma estratégia previamente estabelecida e direcionada pelo Espírito Santo.

O apóstolo Paulo, antes de chegar à Macedónia, já podia contar com uma equipe altamente qualificada para implantar o evangelho na Europa. Primeiro, tomou consigo a Silas e depois, o jovem Timóteo (At 15:40;16:1,2). Acompanhava-os, também, Lucas, o médico amado (At 16:11). Com esse pequeno, mas operoso grupo, o apóstolo levou o evangelho a Filipos, a Tessalônica e a Beréia, até que a Palavra de Deus, por intermédio de outros obreiros, chegasse à capital do Império Romano (At 16.12; 17.1,10).

Algumas sugestões importantes devem ser consideradas, no âmbito do planejamento:

Ø Defina áreas a serem evangelizadas: bairro, quarteirão, ruas, avenidas, praças...

Ø Estabeleça postos-chave. É necessário que sejam encontrados postos principais para a evangelização urbana. Pode ser a casa de um crente, ou a de alguém que está se abrindo ao Evangelho da graça, como aconteceu com Lídia (At 16:15). Na evangelização, as bases são muito importantes.

Ø Defina as equipes de evangelização e distribua as áreas com as equipes (ex.: rua tal com equipe tal; ou quarteirão tal com tal equipe; bairro tal com equipe tal, etc.).

Ø Estabeleça metas ou alvos (nº de decisões, pessoas batizadas, etc.).

Ø Prepare os meios necessários: literatura, equipamentos, recursos financeiros, etc.

Ø Acompanhe de perto a equipe ou as equipes de evangelização. Isso deve ser feito pelo pastor da Igreja ou pelo departamento de evangelismo.

Ø Jamais se deve descuidar dos novos convertidos. Fortaleça-os na fé, na graça e no conhecimento da Palavra de Deus. Quem se põe a evangelizar as áreas urbanas deve estar sempre atento. Por isso mesmo, tenha uma equipe amorosa, competente e disponível. Deve-se engendrar esforço para estimular o recém-convertido a frequentar com fidelidade a Escola Bíblia Dominical. A EBD é um meio propício para o fortalecimento da fé e maturidade espiritual do novo cristão.

Ø Mobilize o maior número possível de crentes para a execução do que for planejado: jovens, adolescentes, adultos, com a liderança à frente.

Ø Avalie os resultados obtidos. Deve-se avaliar os resultados obtidos e extrair os conhecimentos necessários para melhor aplicá-los no futuro.

Não podemos deixar de frisar que todo planejamento deverá ser dirigido e confirmado pelo Espírito Santo. Caso contrário, estaremos fazendo evangelismo apenas no sentido técnico, e não com a unção do Espírito Santo, causando desperdício de esforços e recursos. Por outro lado, não podemos nos esquecer da necessidade da estratégia, para não corrermos o risco de estarmos utilizando mal os meios que o Senhor nos deu para uma evangelização eficaz.

CONCLUSÃO

Indubitavelmente, a evangelização urbana é o gran­de desafio do século 21. As cidades tornam-se cada vez maiores e mais complexas, exigindo da Igreja de Cristo ações e estratégias mais ousadas e eficientes, visando bons resultados. Precisamos orar e pedir a Deus estratégias e os meios propícios para atingirmos as pessoas que ainda não conhecem o evangelho da graça. Neste tempo pós-moderno é de bom alvitre o uso dos meios de comunicação social (Ex: WatsApp, Facebook, twitter, blog, site, instagram, etc). Não podemos prescindir dos programas de rádio e de TV. A cada momento, milhares morrem sem aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Isto é uma terrível notícia.
Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço

quinta-feira, 21 de julho de 2016

4ª lição do 3º trimestre de 2016: O TRABALHO E ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS


Texto Base: Atos 8:26-40

"Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2Tm 4.5).

INTRODUÇÃO

Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At 1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). Nota-se que Jesus ordenou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura, uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão. Portanto, ganhar almas é tarefa de todo discípulo de Cristo. Nesse sentido, você e eu somos evangelistas (At 2:41-47; 8;4; 11:19-21). Mas há pessoas a quem Jesus deu o Dom especial de Evangelista. Os Apóstolos e Profetas lançaram o fundamento da Igreja, e os Evangelistas edificaram sobre esse fundamento, ganhando os perdidos para Cristo. No início da Igreja, o trabalho dos Evangelistas era uma obra itinerante de pregação orientada pelos apóstolos, e parece ser justo chamá-los de “a milícia missionária da igreja”. O Dom de Evangelista é concedido pelo Espírito Santo a algumas pessoas (Ef 4:11), todavia, nenhum crente está desobrigado de cumprir o “ide” de Jesus. O fato de o crente não ter esse Dom não o desobriga de evangelizar. Você tem o Dom de Evangelista? Então “faze a obra de umevangelista, cumpre o teu ministério”(2Tm 4:5).

I. EVANGELISTA, GANHADOR DE ALMAS

O evangelista é aquele que é usado para pregar a Palavra no intuito de ganhar almas para o reino de Deus. Ele tem sua vida e sua mente voltada para fora da igreja local. É aquele que vai a hospitais, presídios, praças, favelas…Sua vida é totalmente voltada para o campo missionário. O Evangelista é, portanto, alguém que é posto pelo Senhor para se dedicar ao crescimento quantitativo do reino de Deus, mediante a pregação do Evangelho, com o fim de buscar almas para o reino de Deus. É alguém que é escolhido para se voltar para o mundo sem Deus e sem salvação, visando trazer novas vidas para a comunhão com Cristo Jesus.

1. O evangelista em o Novo Testa­mento. Na Igreja Primitiva, o primeiro discípulo de Cristo a receber o título de evangelista foi o diácono Filipe (At 21:8). Este grande servo de Deus fora contemplado pelo Espírito Santo com o Dom de evangelista. Em seu trabalho evangelístico ele atuou em duas modalidades: no evangelismo de massa e no evangelismo pessoal. Com relação à primeira modalidade, ele atuou, por exemplo, em Samaria; quanto ao evangelismo pessoal, ele atuou, por exemplo, no deserto, a um gentio (Atos 8:26-30). Deus tira Filipe da multidão e o envia para evangelizar a uma única pessoa, no deserto. Para Deus, uma vida vale todo o investimento. Isso nos ensina uma verdade: O evangelista precisa está disposto a pregar para uma multidão e também para uma única pessoa.

Filipe sai de um avivamento na cidade de Samaria e vai para o deserto por orientação divina (Atos 8:26). Por lá, viajava um eunuco da Etiópia, que precisava de esclarecimento espiritual. Este fato nos mostra um grande feito do cristianismo: a quebra de barreiras erigidas pelo judaísmo. Um estrangeiro poderia converter-se ao judaísmo, mas o etíope, que era eunuco, não podia participarplenamente da adoração no templo (cf. Dt 23:1). Apesar de ter viajado a Jerusalém para adorar, ainda era considerado um semiprosélito. Mas, Isaias predisse que um dia os estrangeiros e os eunucos não seriam mais excluídos da comunhão do povo de Deus (cf. Is 56:3-7). Esse tempo havia chegado. Filipe, inicialmente, leva para o seio da igreja os samaritanos, que estavam entre os judeus e gentios; agora, leva o eunuco etíope para a assembleia do Senhor. Isso nos ensina quatro verdades:

a) É preciso sair das quatro paredes do templo e ir onde os pecadores estão para levá-los a Jesus.Filipe obedeceu prontamente à ordem do anjo (Atos 8:26) – “Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi”. Isto significa ação fora do templo, lá fora onde está o movimento: nas estradas e alamedas da humanidade; lá fora nos lugares públicos, seja qual for o meio. Trata-se de colocar o evangelho ao alcance das pessoas, de modo que pobres e ricos possam ouvi-lo.

b) É preciso explicar as Escrituras e levar as pessoas a Cristo -  “Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta... Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus (Atos 8:34,35). O evangelista é também um mestre. A palavra de Deus precisa ser lida, explicada e aplicada. Hoje vemos muitos pregadores substituindo a exposição das Escrituras pela experiência. Vemos muitos pregadores falando sobre seus feitos poderosos em vez de anunciar o Cristo crucificado. Filipe explica as Escrituras; apresenta Jesus, não a religião, o rito ou a cultura religiosa.

c) É preciso receber as pessoas que creem em Cristo pelo batismo - “E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou” (Atos 8:36-38).

O eunuco perguntou a Filipe: “que impede que seja eu batizado?". Filipe podia ter respondido com uma longa preleção teológica sobre o que a lei dizia sobre eunucos. Podia ter dito que a liderança "hebraica" da igreja não autorizava o batismo de gentios, muito menos de eunucos. Mas sua resposta foi simplesmente que nada o impedia de ser batizado se ele cresse em Jesus Cristo. Hoje, novas gerações e novas circunstâncias perguntam repetidamente: "que impede?". Qual será a nossa resposta? Segundo Rev. Hernandes Dias Lopes, o batismo não é nem precipitado nem demorado. Não batiza o inconverso nem adia o batismo do salvo. Uma única condição é exigida: crer de todo o coração. A tradição diz que o referido eunuco voltou à sua terra e evangelizou a Etiópia. Aquele que saíra do deserto cheio de alegria não podia guardá-la para si mesmo.

d) é preciso estar sempre aberto à nova direção do Espírito Santo (Atos 8:39,40). “Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo. Mas Filipe veio a achar-se em Azoto; e, passando além, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesaréia”.

Filipe foi dirigido pelo Espirito Santo para novos horizontes. Filipe podia pensar: agora serei o evangelista do deserto, da estrada. Ele não engessou o método, mas se abriu para a nova agenda do Espírito. O que Deus quer que eu faça agora? Às vezes, fazemos a mesma coisa na igreja há décadas, quando o vento do Espirito nos conduz a outros campos, outras áreas, outras frentes e novos horizontes.

Filipe usou a mesma mensagem tanto no evangelismo em massa em Samaria como no evangelismo pessoal com o eunuco no deserto (Atos 8:12,35). Em ambos os casos, vemos semelhante resposta: creram e foram batizados (Atos 8:12,36-38) e houve a mesma alegria (Atos 8:8,39).

Mais tarde, quando da conclusão da terceira viagem missionária de Paulo, encontramos novamente Filipe, dessa vez em Cesaréia e ainda servindo a Deus como Evangelista. Lucas reconhece-lhe o ministério, tratando-o como Evangelista (Atos 21:8). Era a primeira vez na História da Igreja Cristã que um obreiro recebia semelhante distinção.

O método da igreja primitiva não era apenas levar pessoas ao templo para evangelizá-las, mas ir lá fora e ganhar os pecadores onde eles estivessem. O método missionário é ir além das nossas fronteiras. Temos de ser luz nas nações e investir nosso tempo, nosso dinheiro e nossa vida na obra de Deus.

2. O evangelista na era da Igreja Cristã. A história da Igreja cristã mostra que, em todos os reavivamentos, o Espírito Santo destaca a evangelização como o principal evento da igreja. Cito, como exemplo, alguns notáveis evangelistas da história do cristianismo.

a) Estêvão e Filipe. Faziam parte do grupo dos sete diáconos (At 6:3-6). São considerados os dois primeiros evangelistas na era da Igreja cristã. Logo após ser consagrado ao diaconato, Estêvão começou a destacar-se como evangelista. Sua palavra fez-se tão irresistível, que levou o clero judaico a condená-lo à morte traiçoeiramente (At 8:1,2). Estêvão morreu, mas a evangelização reavivou-se com as incursões de Filipe. Ao deixar Jerusalém, proclamou, entre os gentios de Samaria, um evangelho autenticamente pentecostal. Sua palavra era acompanhada de milagres, sinais e maravilhas; era simplesmente irresistível.

b) Dwight L. Moody (1837-1899). Tornou-se o maior evangelista do final do século XIX. Perdeu o pai com ape­nas cinco anos de idade, o que obrigou sua mãe a criar nove filhos em meio a grande pobreza. Não é difícil entender por que Moody deixou a escola aos treze anos, em busca de melhores oportunidades. De vendedor de sapatos a negociante bem-sucedido, seus êxitos materi­ais eram inegáveis. Após a experiência de salvação, Moody começou a usar sua influência para ajudar os pobres e desabrigados em áreas urbanas - não se esquecendo de sua origem humilde. Usando histórias práticas, compartilhava de seu amor por Cristo de uma forma simples, mas irresistível, resultando em milhares de decisões pessoais por Cristo. Seu amor pelos perdidos também o levou a iniciar um centro de treina­mento para obreiros. Em 1886, ele começou a Socieda­de de Evangelização de Chicago, hoje conhecida como Instituto Bíblico Moody. Depois de pregar pessoalmente a cem milhões de pessoas em quarenta anos de carreira, Moody adoeceu e morreu durante sua última cruzada, em dezembro de 1899. A contribuição incansável de Dwight L. Moody para o Reino de Deus, e seu contínuo amor pelos perdidos fazem com que sua memória permaneça para sempre.

c) John Wesley. Ele tinha 37 anos quando começou a viajar e a pregar na Inglaterra. Juntamente com seu irmão Charles Wesley dirigia-se às prisões para levar a mensagem de salvação aos presos, bem como aos trabalhadores e a outras pessoas da cidade.

d) Billy Graham. Pregou pessoalmente para mais pessoas do que qualquer pregador da história ao redor do mundo. De acordo com a sua equipe, a partir de 1993, mais de 2,5 milhões de pessoas tinham dado um passo à frente em suas cruzadas para aceitar Jesus Cristo como seu Salvador pessoal.

e) David Wilkerson. Ele iniciou o seu ministério no ano de 1958, em Nova Iorque. Ali, ele pregou para pessoas drogadas, marginalizadas e representadas pelas gangues locais. A obra “A Cruz e o Punhal”, mundialmente conhecida, narra esse período da vida deste evangelista. Sua frase famosa: “Não culpe a Deus por não ouvir suas orações, se você não está ouvindo o chamado dele para ser obediente”.

f) Daniel Berg e Gunnar Vingren. Orien­tados pelo Espírito Santo, estes pioneiros escolheram a cidade de Belém, no Pará, como ponto de partida para a sua missão no Brasil. Logo em sua chegada, em 19 de novembro de 1910, constataram que a capital paraense era geograficamente estratégica para se alcançar o país em todas as direções. Eles trouxeram a mensagem pentecostal para o Brasil. Os milagres vieram juntos.

Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da humanidade e a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. Fundaram a Missão de Fé Apostólica em 18 de junho de 1911, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida como Assembleia de Deus. Em poucas décadas, a Assembleia de Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.

Oremos para que o Senhor da Seara continue a despertar a Igreja a um novo avanço evangelístico.

II. ATRIBUTOS DE UM EVANGELISTA

O Evangelista é o agente das Boas-Novas. Ele é o semeador que saiu a semear. Paulo destaca o seu ministério como um dos mais importantes da Igreja. O ministério evangelístico não se limita a uma opção pessoal, firma-se numa intimação do próprio Cristo. Requer-se do Evangelista os seguintes atributos: amor às almas, conhecimento da Palavra de Deus, espiritualidade plena e queprega a Palavra de Deus aos ouvidos e aos olhos.

1. Amor às almas. Veja o exemplo do grande bandeirante do cristianismo, o apóstolo Paulo. Ele tinha um amor tão grande pelas almas que, por estas, chegava a sentir dores intensas, como se estivesse a dar filhos à luz (Gl 4:19). Foi esse amor que cons­trangeu Filipe a deixar o lugar onde muitos estavam sendo abençoados e ministrar apenas a um homem, no deserto (Atos 8:26). Durante um grande despertamento espiritual em Samaria, um anjo do Senhor conduziu Filipe a um novo campo de trabalho: ao deserto para evangelizar a um homem só.

Qual o valor de uma vida? Para Deus tem um grande valor. Só quem tem um grande amor pelas almas pode dimensionar isto. Filipe prontamente obedece sem questionar e viajou do sul de Samaria para Jerusalém, de onde tomou um dos caminhos que levavam a Gaza. Filipe deixou um lugar habitado e espiritualmente fértil e foi a uma região estéril. O evangelista nada é, e nada fará sem o amor às almas perdidas. Pense nisto!

Expressões que demonstram grande amor pelas almas perdidas (extraidas do livro: “Esforça-te para ganhar almas. Orlando Boyer. Ed. Vida). Estas expressões revelam como o coração de grandes personagens na história da igreja os abrasava com o desejo de ganhar almas para o reino de Deus. Cito algumas expressões:

·    O apóstolo Paulo. “Tornei-me tudo para todos, para de todo e qualquer modo salvar alguns” (1Co 9.22).

·    Knox. Assim rogava a Deus: “Dá-me a Escócia ou eu morro!”.

·    Whitefield. Implorava: “Se não queres dar-me almas, retira a minha!”.

·    John Wesley. “Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo”.

·    Mateus Henry. Assim dizia: “Sinto maior gozo em ganhar uma alma para Cristo, do que em ganhar montanhas de ouro e prata, para mim mesmo”.

·    D. L. Moody. “Usa-me, então, meu Salvador, para qualquer alvo e em qualquer maneira que precisares. Aqui está meu pobre coração, uma vasilha vazia, enche-me com a Tua graça”.

·    Henrique Martyn. Ajoelhado na praia da Índia, onde fora como missionário, dizia: “Aqui quero ser inteiramente gasto por Deus”.

·    João Hunt. Missionário entre os antropófagos, nas ilhas de Fidji, no leito de morte, orava: “Senhor, salva Fidji, salva Fidji, salva este povo. Ó Senhor, tem misericórdia de Fidji, salva Fidji!”.

·    Praying Hyde. Missionário na Índia, suplicava: “Ó Deus, dá-me almas ou morrerei!”.

·    Davi Stoner. Quando aqueles que assistiam a morte de Davi Stoner, pensavam que seu espírito já tivesse voado, ele se levantou na cama, e clamou: “Ó Senhor, salva pecadores! Salva-os as centenas e salva-os aos milhares!”, e findou a sua obra na terra. O desejo ardente da sua vida, dominava-o até a morte.

·    Davi Brainerd. “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim! Envia-me até os confins da terra: envia-me aos bárbaros habitantes das selvas; envia-me para longe de tudo que tem o nome de conforto, na terra; envia-me mesmo para a morte, se for no Teu serviço e para o progresso do Teu reino”. Ele escreveu: “Lutei pela colheita de almas, multidões de pobres almas. Lutei para ganhar cada alma, e isto em muitos lugares. Sentia tanta agonia, desde o nascer do sol até anoitecer, que ficava molhado de suor por todo o corpo. Mas, oh! Meu querido Senhor suou sangue pelas pobres almas. Com grande ânsia eu desejava ter mais compaixão”.

·    Brainerd podia dizer de si: “Não me importava o lugar ou a maneira que tivesse de morar, nem por qual sofrimento tivesse de passar, contanto que pudesse ganhar almas para Cristo. Quando dormia, sonhava com essas coisas, e ao acordar, a primeira coisa em que me ocupava essa era grande obra; não tinha outro desejo a não ser a conversão dos perdidos”.

·    João Welsh. Encontrava-se João Welsh, nas noites mais frias prostrado no chão, chorando e lutando com o Senhor, por seu povo. Quando sua esposa implorava que explicasse a razão de sua ânsia, respondia: “Tenho que dar conta de três mil almas e não sei como estão”.

E nós? Qual será nossa atitude? Deus tem pressa, e quer nos usar em sua obra, só depende de nossa vontade. Pensemos nisso!

2. Conhecimento da Palavra de Deus. A capacidade para pregar e ensinar não vem da força, das técnicas da psicologia nem mesmo do ofício que o evangelista ocupa, mas do conhecimento da Palavra de Deus para aplicá-la corretamente. Somente um indivíduo que tem destreza nas Escrituras Sagradas pode confrontar os falsos mestres, combater os falsos ensinos e convencer aqueles que contradizem a Palavra de Deus.

O Evangelista, embora proclame uma mensagem simples e direta, não há de conformar-se com uma teologia rasa. Antes, aprofundar-se-á na Palavra da Verdade, para que venha a manuseá-la com destreza e oportunidade. Ao jovem Timóteo, recomenda Paulo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2Tm 2:15). Sua mensagem, portanto, será simples, mas jamais simplória, porquanto Deus o chamou a falar a judeus e a gregos, a sábios e a ignorantes, a servos e a livres.

Foi porque conhecia profundamente a Palavra de Deus que Filipe soube como conduzir a Cristo o mordomo-mor de Candace que, de volta à Etiópia, vinha lendo o profeta Isaías. Eis como ele foi eficiente: “Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta... Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus (Atos 8:34,35).

3. Espiritualidade plena. No ministério da igreja primitiva e na sua administração, no tempo dos apóstolos, serviam os que eram revestidos com poder do Espírito Santo (Atos 6:3-8; Lucas 24:49). Segundo Orlando Boyer, são dois os que testificam juntos de Cristo e Sua salvação: o crente e o Espírito Santo nele (Atos 5:32). O crente que testifica ao perdido, mas se esquece dAquele que quer trabalhar nele, falhará em levá-lo ao Salvador. É o Espírito Santo quem convence o ser humano do pecado (João 16:8).

Filipe era um homem cheio do Espírito Santo (At 6:2-4). E, por essa razão, teve um ministério colorido de milagres e atos extra­ordinários (At 8.6,7).

Quem evangeliza não se contenta com uma vida espiritual medíocre, mas busca o poder do alto para proclamar, a todos e em todo tempo e lugar, que Jesus é a única solução. É bom ressaltar que a plenitude do Espírito não é uma experiência de uma vez para sempre, que nunca podemos perder, mas sim, um privilégio que deve ser continuamente renovado pela submissão à vontade de Deus. Temos a necessidade do enchimento diariamente.

4. Prega a Palavra de Deus aos ouvidos e aos olhosUma coisa é proferir a Palavra de Deus, outra coisa é ser boca de Deus. Uma coisa é pregar aos ouvidos, outra coisa é pregar também aos olhos. Algumas pessoas pregam a Palavra e os corações permanecem insensíveis. Outras pessoas pregam a mesma verdade e os corações se derretem. Por que essa diferença? É que algumas pessoas são boca de Deus e outras não são (Jr 15:19). A viúva de Sarepta disse que a Palavra de Deus na boca de Elias era verdade. Nem todas as pessoas que proferem a Palavra de Deus são boca de Deus. Geazi colocou o bordão profético no rosto do menino morto e o menino não se levantou. O problema não era o bordão, mas quem carregava o bordão. O bordão na mão de Geazi não funcionava porque a vida de Geazi não era reta diante de Deus como a vida de Eliseu. O poder não está no homem, está em Deus, mas Deus usa vasos de honra e não vasos sujos. Hoje, os homens escutam de alguns pregadores belas palavras, mas não veem neles vida. Precisamos pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisamos falar e demonstrar. Precisamos pregar e viver. Precisamos de evangelistas que sejam semelhantes a Elias, Estêvão, Filipe, Paulo… Homens de Deus, em cuja boca a palavra seja verdade.

III. O TRABALHO DE UM EVANGELISTA

O trabalho básico de um evangelista consiste na proclamação do Evangelho, na defesa do Evangelho e na integração do novo convertido.

1. Proclamação do Evangelho. Como Dom, o Evangelista refere-se àquele que é chamado para pregar o Evangelho. Foi concedido por Deus para que o arauto de Deus, através da mensagem centralizada na cruz de Cristo, ganhasse pessoas para o reino divino. Uma das maiores características de um evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas; não importa o número, se uma pessoa, se dezenas, centenas ou milhares; o que importa é pregar Jesus, o crucificado. Ele é o indivíduo funcionalmente envolvido com a proclamação do Evangelho. Diferentemente dos “apóstolos” que, em geral, viajando para uma cidade, permaneciam evangelizando ali a fim de organizarem uma nova igreja local (At 20:1-3,6,7,11,17;21:8,9), os “evangelistas” possivelmente auxiliavam na proclamação do Evangelho aos incrédulos junto às igrejas já construídas, qual Filipe, o evangelista que residia na cidade de Cesaréia (At 21:8). Ou seja, os evangelistas proclamavam a Palavra na região onde estavam congregados. Paulo, sabendo da importância deste dom, disse a Timóteo: “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”(2Tm 4:5).

2. Defender o Evangelho. O verdadeiro evangelista deve estar sempre preparado, objetivando defender a fé cristã ante as nações e os poderosos. Escrevendo aos filipenses, Paulo abre-lhes o coração, e mostra-lhes ter sido chamado não somente a proclamar o evangelho, como também a defendê-lo: "Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho" (Fp 1:7).

Os últimos capítulos de Atos mostram como Paulo, além de anunciar Cristo, soube como defender o Evangelho diante das autoridades judaicas e romanas. Destacamos o seu discurso no Areópago de Atenas (At 17). No Areópago, os filósofos epicureus e estoicos consideraram o discurso do apóstolo um raro despropósito. Àqueles varões intelectualmente orgulhosos, só um louco ousaria afirmar que um homem teve de morrer, numa cruz, para que os demais viessem a cruzar os portais da vida eterna. Enfim, àquele seleto grupo, o evangelho era uma loucura. Mas foi ali, entre os gregos, e, mais tarde, entre os romanos, que Paulo apresentou a mais sublime apologia da fé cristã.

3. Integração do novo convertido. O principal trabalho do Evangelista é trazer as pessoas ao encontro pessoal com Cristo e de criar as condições mínimas para a estruturação da vida espiritual. Ele é o anunciador das boas-novas da salvação. É aquele que está na linha de frente do “ide” de Jesus. Ele tem habilidade especial para diagnosticar a condição do pecador, encorajá-lo a decidir por Cristo e ajudá-lo a encontrar segurança na Palavra de Deus. Os evangelistas devem sair e pregar ao mundo para depois conduzir os convertidos a uma igreja local onde serão alimentados e encorajados espiritualmente. O lado social do converso não pode ser ignorado.

Segundo o pr. Claudionor de Andrade, o objetivo principal do discipulado é formar autênticos seguidores de Cristo. A partir daí, teremos cristãos testemunhais e exemplares. Mas, se não dermos importância à formação espiritual dos que recebem a Cristo, encheremos a igreja de crentes vazios, deficientes e rasos na fé, os quais, muitas vezes, são explorados por falsos pastores mercenários. A essa altura, uma pergunta ganha pertinência: "Até quando deve durar o discipulado?". Se levarmos em conta as reivindicações apostólicas, o discipulado, na vida de um crente, inicia-se com a sua conversão, e há de perdurar até que seja ele recolhido pelo Senhor. Quanto ao discipulado do novo convertido, em si, que persista até que ele venha a parecer-se em tudo com Jesus Cristo. Somente um discipulado genuinamente bíblico fará a diferença entre o cristão e o não cristão.

CONCLUSÃO

Já ganhaste uma alma para Cristo? Conheces alguém atualmente na glória, com Cristo, levado por ti a Ele? Ou conheces alguém que está no caminho para o céu, porque o informaste do Salvador? Se fossem desvendados os teus olhos, neste momento, para contemplar a eternidade, e se te fosse revelado que tens de passar para lá, neste ano não desejarias depositar aos pés do Salvador algum presente como prova de teu amor? Pode haver um presente tão precioso ou aceitável ao Mestre, como uma alma ganha para Ele, durante um ano? Que todos nós façamos com excelência o trabalho de um Evangelista. A responsabilidade é de todos. Então, proclamemos Cristo a tempo e fora de tempo.

“A Bíblia não manda que os pecadores procurem a igreja, mas ordena que a igreja saia em busca dos pecadores” (Billy Graham)