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quarta-feira, 27 de março de 2019

13ª lição do 1º tirmestre de 2019: ORANDO SEM CESSAR



1º Trimestre/2019

Texto Base: Mateus 6:5-13

"Orai sem cessar" (1Ts.5:17).

Mateus 6:5-13
5-E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6-Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
7-E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.
8-Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes.
9-Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10-Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.
11-O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12-Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
13-E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!
INTRODUÇÃO
Com esta Aula concluímos o nosso trimestre letivo sobre Batalha Espiritual, e terminamos no melhor estilo: em oração. A oração é uma das nossas "armas espirituais" contra os ataques e ciladas do inimigo (Ef.6:18). Ela não é somente uma fermenta na batalha contra o mal, ela é indispensável para uma vida cristã saudável e revela a nossa dependência de Deus, fortalecendo a nossa comunhão com Ele. A oração é o canal pelo qual o homem exercita a sua submissão a Deus; é a forma pela qual se põe como um verdadeiro servo do Senhor; é a própria exteriorização de nossa qualidade de servo de Deus.
Nas páginas das Escrituras Sagradas, vemos que os grandes homens e mulheres de Deus tinham suas vidas dedicadas à oração, bem como que os grandes fracassos espirituais ali descritos têm, como ponto em comum, a falta de oração, a falta de diálogo com Deus. Jesus é o nosso modelo maior de dedicação à oração; em Lucas 11:1 vemos que o que motivou os discípulos a se matricularem na escola de oração foi o exemplo de Jesus como homem de oração.
Quando o homem se distancia de Deus, podemos verificar que o distanciamento se deu, num primeiro instante, pela perda de contato entre o homem e Deus através da oração. Eis porque todas as forças do mal buscam retirar o nosso tempo de oração, buscam eliminar a oração do nosso dia-a-dia.
A oração, como bem afirmou Paulo, é indispensável para vencermos as hostes espirituais da maldade; é a ferramenta que nos coloca em forma para podermos utilizar adequadamente a armadura de Deus (Ef.6:13-18). O apóstolo Paulo exorta-nos:
orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef.6:18).
Orar em todo tempo significa nunca deixar de orar. Orar em todo tempo significa que não há tempo nem lugar certo para orar. Orar em todo tempo significa estarmos dispostos e prontos a orar ao Senhor a cada instante, em cada situação. Diuturnamente devemos ter a nossa mente dirigida ao Senhor em oração; mesmo enquanto fazemos os nossos afazeres, desempenhamos nossas tarefas do dia-a-dia, devemos, em alguns instantes, dirigirmo-nos ao Senhor de coração e com reverência, embora de forma silenciosa e sem qualquer alvoroço. Portanto, a oração deve ser uma constante em nossas vidas, daí porque Paulo ter dito que devemos "orar sem cessar" (1Ts.5:17).
I. ORAÇÃO
1. O que é Oração? Oração é o ato reverente e piedoso através do qual o crente adora e se aproxima de Deus, mediante a intercessão do Espírito Santo e de nosso Senhor Jesus Cristo. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define oração como "o ato consciente, pelo qual a pessoa dirige-se a Deus para se comunicar com Ele e buscar a sua ajuda por meio de palavra ou pensamento".
No Antigo e Novo Testamento, a oração é o supremo recurso usado pelo povo de Deus para suplicar, agradecer, adorar, pedir, interceder e bendizer ao único e verdadeiro Senhor. Na oração, a fé é manifestada, porque quando alguém se dispõe a orar, é porque sabe que Deus existe e está pronto a atender ao clamor dos que O buscam - “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...”(Hb.11:6).
Quando oramos expressamos as seguintes verdades:
  • Reconhecemos a soberania de Deus, pois estamos dizendo que Deus é o único que pode atender aos nossos pedidos, bem como é o único que merece nosso louvor e adoração.
  • Reconhecemos a nossa insuficiência, pois demonstramos a consciência de que tudo está no controle de Deus e que, sem Ele, nada podemos fazer.
  • Revelamos nossa fé, pois demonstramos que nossa confiança está em Deus e não em qualquer outro ser.
  • Revelamos a nossa obediência, pois cumprimos a vontade de Deus expressa em sua Palavra, que quer que oremos sem cessar (1Ts.5:17).
  • Demonstramos o nosso amor para com o próximo, pois intercedemos por eles desejando que tal oração tenha uma eficácia benévola em suas vidas, o que é o complemento do grande mandamento (Mt.22:39).
2. Tipos de Oração. Pela exortação do apóstolo Paulo a Timóteo pode-se observar os seguintes tipos de oração: ações de graças; súplica; intercessão.
“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens” (1Tm.2:1).
a) Súplica ou Petição. Petição é o tipo de oração mais usual. Uma criança, logo que aprende a orar, associa a oração a pedidos de bênção para si mesma e para todos os familiares: “Abençoa papai, mamãe, vovó, vovô...”. A gratidão e o louvor são acrescentados mais tarde: “Obrigado pela comida, pelo sono, pelas brincadeiras, pelos presentes, pelo dia, pelos coleguinhas...”.
A petição produz intimidade com Deus, pois é através dela, que o filho se aproxima do Pai, para apresentar-lhe as suas necessidades, com inteira liberdade. Aos poucos, o crente vai provando a bondade de Deus, ao receber soluções para os seus problemas, alívio para a ansiedade e consolo na tristeza e na angústia.
A petição aumenta a confiança em Deus e dá convicção, ao crente de que Deus o ouve e está pronto a atendê-lo nas mínimas coisas.
A petição também dá segurança e paz na medida em que o crente se exercita na paciência e na perseverança e constata, em sua própria vida, o cumprimento das promessas, pelas respostas que recebe.
Uma petição está sempre condicionada ao perdão, conforme Jesus ensinou na oração do Pai Nosso: “… perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”(Mt.6:12).
“E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas; mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas”(Mc.11:25,26).
b) Intercessão. É o exercício da função sacerdotal. Todo crente está investido e capacitado por Deus, pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz, a exercer o sacerdócio, intercedendo por outros, apresentando-os a Deus. É uma forma de levarmos as cargas uns dos outros, cumprindo, assim, a exortação de Gl.6:2 – “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”.
Por meio da oração intercessória, graves problemas são solucionados e, até mesmo, evitados, quando nos antecipamos em interceder. Em resposta às orações intercessórias, Deus põe em ação a sua graça, que concede perdão ao pecador, cura o enfermo, conforta o aflito, dá livramento ao que está em perigo, levanta o caído, faz justiça ao oprimido, supre as necessidades humanas, etc. Por isso mesmo, a intercessão muito incomoda as potestades do mal, e Satanás remete as suas setas, procurando criar todo tipo de obstáculo ao trabalho intercessório. Ele conhece a Palavra de Deus e sabe que "a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg.5:16).
Estamos intercedendo pelas almas perdidas? Pela obra de Deus? Suplicamos em favor da Igreja de Cristo? Oramos pelas autoridades constituídas? Tem você intercedido pelos maus? Ou limita-se a orar somente pelos bons? Tem implorado por seus desafetos? (vide Mt.5:44). Nossa obrigação é interceder por todos, porque Jesus incessantemente intercede por nós (Rm.8:34). Ou já não damos importância à oração sacerdotal? Sem intercessão nenhum avivamento é possível; sem intercessão a bênção de Deus não é manifestada.
c) Ação de graças. Este é o conteúdo essencial da oração, porque é a mais alta expressão do reconhecimento da soberania de Deus e o maior tributo da criatura ao Criador. Este aspecto da oração refere-se à nossa gratidão a Deus pelo que Ele é e pelo que tem feito. A palavra gregaeucharistia deixa claro que orar não é apenas aproximar-se de Deus para adorá-lo por quem Ele é, e para rogar a Ele suas bênçãos, mas também e sobretudo para agradecer por aquilo que Ele tem feito. Paulo exorta a Igreja de Tessalônica: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”(1Ts.5:18).
3. Objetivos da Oração. Segundo o Pr. Claudionor de Andrade, cinco são os objetivos da oração: buscar a presença de Deus; agradecê-lo pelos imerecidos favores; interceder pelo avanço do Reino de Deus; apresentar a Deus nossas necessidades; confessar a Deus nossos pecados e faltas (adaptados da LBM.CPAD_20.04.2008).
a) Buscar a presença de Deus. O salmista assim se expressou: "Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei" (Sl.27:8). Seja nos primeiros alvores do dia seja nas últimas trevas da noite, o salmista jamais deixava de ouvir o chamado de Deus para contemplar-lhe a face. Tem você suspirado pelo Senhor? Ou já não consegue ouvi-lo? Diante da sede pelo Eterno, que invadia a alma de Davi, exorta-nos o pastor norte-americano Warren W. Wiersbe: "Não se limite a buscar a ajuda de Deus. Almeje a sua face. O sorriso de Deus é tudo o que você precisa para vencer as ciladas humanas".
b) Agradecer a Deus pelos imerecidos favores. Se nos limitarmos às petições, nossa oração jamais nos enlevará ao coração do Pai. Mas se, em tudo, lhe dermos graças, até mesmo pelas tribulações que nos sitiam a alma, haveremos de ser, a cada manhã, surpreendidos pelos cuidados divinos. Num dos mais belos cânticos da Bíblia, o salmista manifesta toda a sua gratidão ao Senhor: "Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo" (Sl.116:12-14). Tem você agradecido a Deus? Ou cada vez que se põe a orar apresenta-lhe uma lista de vaidosas e tolas reivindicações? Atente à exortação de Tiago 4:3: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.
c) Interceder pelo avanço do Reino de Deus. Na Oração do Pai nosso, insta-nos o Senhor Jesus a orar: "Venha o teu Reino" (Mt.6:10). Os apóstolos de Jesus, mesmo sendo perseguidos pelos gentios e pelos judeus rebeldes, oravam a fim de que, em momento algum, a Igreja de Cristo acabasse por ser detida em seu avanço rumo aos confins da terra. Se orássemos como John Knox, todo o nosso país já estaria aos pés do Salvador. Diante da miséria de sua gente, Knox rogou: "Cristo, dá-me a Escócia se não morrerei". Como resultado de seu clamor, um avivamento varreu aquele país, levando milhares de pessoas ao pé da cruz.
d) Apresentar a Deus nossas necessidades. Não temos de preocupar-nos com as nossas carências; em glória, o Pai Celeste no-las supre – “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus “(Fp.4:19). Além disso, Ele "é poderoso para fazer [...] além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera" (Ef.3:20). Ao invés de nos fixar em nossas necessidades, intercedamos. Enquanto estivermos rogando por nossos amigos e irmãos, estará Ele suprindo cada uma de nossas necessidades. Não foi exatamente isto o que se deu com o patriarca Jó?  - "E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía" (Jó 42:10).
e) Confessar a Deus nossos pecados e faltas. Exorta o apóstolo João: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1João 1.9).
O pecado se refere à nossa natureza corrupta e perversa. Na verdade, aquilo que somos é muito pior que aquilo que já fizemos até agora. Graças a Deus, porém, porque Cristo morreu por nossos pecados. Para que possamos andar diariamente em comunhão com Deus e com nossos irmãos em Cristo, precisamos confessar nossos pecados: pecados de comissão, de omissão, de pensamento, de atos, pecados secretos e pecados públicos. Precisamos trazê-los à tona e colocá-los diante de Deus, chamá-los pelos seus devidos nomes, posicionar-nos do lado de Deus contra eles e abandoná-los.
A verdadeira confissão implica abandonar os pecados - “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”(Pv.28:13). Tem você confessado seus pecados a Deus? Saiba que Ele, em seu Filho Jesus, é fiel e justo para não somente perdoar-nos as faltas, como também para nos restaurar a comunhão consigo (1João 1:7).
4. A oração deve ser feita com reverência. Jesus ensinou isso na oração do Pai nosso (Mt.6:5-13). Ao orar, penetramos na sala de audiência do Altíssimo, e devemos ir à Sua presença possuídos de santa reverência. Veja e sinta a reverência que os anjos têm para com o Deus todo-poderoso, quando estão em sua presença, conforme descrito em Isaías 6:2-3. Os anjos cobrem o rosto em Sua presença. Os querubins e os serafins aproximam-se de Seu trono com solene reverência. Muitos que se dizem cristãos, no momento da oração, demonstram uma tremenda irreverência: mascam chicletes, balbuciam conversas paralelas nada condizentes com o momento tão sublime e sobrenatural; sem falar em outros absurdos destoante de uma vida genuinamente cristã. Isto é trazer fogo estranho ao Altar (Nm.26:61).
5. A Quem devemos orar? Devemos orar somente a Deus, e deve ser feito em nome de Jesus, “porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Tm.2:5). 
Inúmeras pessoas oram a Maria e a vários outros seres, como Pedro, José, Francisco, Antônio, Padre Cícero, etc. Tais orações não são bíblicas, são contra a vontade de Deus e são, na verdade, uma ofensa ao nosso Pai Celestial. É pura idolatria. Deus declara que não divide Sua glória com ninguém. Disse o Senhor: “Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is.42:8).
6. Onde devemos orar? O local e a posição ocupam lugar secundário quando o assunto é oração. O fundamental para Deus é a motivação e a intenção do coração. Disse o apóstolo Paulo: “Quero que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda” (1Tm.2:8).
É claro que não importa o lugar onde devemos orar, contudo, todo filho de Deus deve ter um lugar reservado para estar a sós com Deus a fim de buscá-lo. Jesus tinha seus lugares secretos para orar (Mt.14:23; Mc.1:35; Lc.4:42; 5:16; 6:12). Nós, também, devemos disciplinar nossa vida a fim de mantermos nossa comunhão com Deus e demonstrar nosso amor por Ele. A promessa é que nosso Pai nos recompensará abertamente com a resposta à nossa oração e com sua presença íntima.
O Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste - “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mt.6:6).
O momento de dedicação à oração individual é uma oportunidade que temos de ser o que somos, podendo apresentar-nos a Deus sem as máscaras que, tantas vezes, encobrem a nossa verdadeira identidade. Este é o melhor momento e o melhor lugar para o exercício da humildade, da sinceridade e da purificação da fé. A perseverança e a dedicação a esse tipo de oração secreta, longe das pessoas, é que formará a estrutura de uma fé genuína e vigorosa que levará o crente a alcançar uma vida plena com Deus.
II. A SUPREMA IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO
A Oração é a alma do cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. Ela é indispensável para uma vida de comunhão com Deus. Ela é o canal pelo qual o homem exercita a sua submissão a Deus. Ela é a forma pela qual o crente se põe como um verdadeiro servo do Senhor. Ela é a própria exteriorização de nossa qualidade de servo de Deus. Assim como a fome e a sede, instintos naturais do homem, exigem uma satisfação correspondente (comer e beber), assim também a alma humana precisa ser despertada e alimentada pela presença do Criador. O salmista diz: “A minha alma tem sede do Deus vivo!”(Sl.42:2). Essa sede de Deus é uma necessidade básica do espírito.
1. A oração estreita a comunhão com Deus. A oração, mediante a fé, estabelece e desenvolve um relacionamento mais profundo com Deus. Sem oração não há comunhão com Deus. A fé nos faz entender que Deus existe, que é um ser real que pode e quer ouvir-nos. Simplificando, orar é falar com o Senhor, expondo nossa gratidão, adoração, necessidades e buscando socorro na hora da angústia (Sl.4:1; 46:1). O Espírito de Deus que habita nos corações dos santos deixa-nos continuamente ligado ao Eterno, possibilitando-nos falar com Ele a cada instante, independente do lugar onde estejamos. Por exemplo: andando pelas ruas, dirigindo, numa fila de banco, trabalhando, etc. Pode-se orar em voz audível ou apenas em espírito. Se fizermos assim, veremos que nossa comunhão com o Pai se estreitará maravilhosamente.
2. Jesus era cônscio da suprema importância da Oração. Jesus considerava a oração uma prática extremamente importante na sua vida e ministério. Por isso, ele buscava se retirar para lugares solitários a fim de orar. Apesar das multidões, das tarefas e das pressões das pessoas, Jesus nunca deixou de dedicar tempo para estar a sós com Deus.
- “Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava ” (Lc.5:15,16).
- “subiu ao monte para orar, e passou a noite em oração a Deus( Lc.6:12). 
- “despedida a multidão, subiu ao monte para orar à parte”(Mt.14:23).
Os discípulos de Jesus vendo o exemplo dele, disseram: “Senhor, ensina-nos a orar”(Lc.11:1), e Jesus atendeu prontamente o pedido dos discípulos (cf. Mt.6:5-13). Lucas, descrevendo Jesus como o Homem perfeito, ressalta sua intensa vida de oração (Lc.3:21; 5:15-17; 6:12,13; 9:18,28; 11:1; 22:31,32,39,40: 23:34). Se Jesus Cristo, o Homem perfeito e Filho do Deus Altíssimo, não abiu mão de uma vida de oração nos dias de sua carne (Hb.5:7), quanto mais nós, que somos fracos.
3. Homens e mulheres da Bíblia reconheceram o valor da Oração. Os grandes homens da Bíblia foram pessoas de rígidos hábitos de oração porque reconheciam o seu valor. O valor da oração está para o crente, assim como a água está para a corça. Grandes homens e mulheres de Deus, como Elias, Eliseu, Daniel, Samuel, Davi, Jó, Neemias, Jeremias, Ezequiel, Ana (mãe de Samuel), etc., se valeram da oração para realização de grandes feitos. Eles se dedicaram com fervor a essa função porque sabiam do valor que a oração traz ao homem e à mulher de Deus.
O apóstolo Paulo sabia quão grande é o valor da prática da oração, por isso não se cansava de orar e de pedir oração em seu favor e da obra do Senhor. O seu ministério era alicerçado na oração. Ele gostava de estar em oração: com os irmãos (At.16:13); com os anciãos (At.20:36) e com um grupo de discípulos (At.21:5). Ele não somente orava, mas também rogava que outros irmãos orassem por ele (2Co.1:11); (Cl 4.3); (1Ts.5:25); (2Ts.3:1). Quaisquer que fossem as circunstâncias de sua vida, nada o arrebataria do sublime propósito de manter a comunhão com Deus através da oração (vide At.14:23; 16:16,25; 20:6; 25:5; 22:17). Ele fez a seguinte recomendação a Timóteo: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1Tm 2:1).
O líder da igreja local que não tem a marca da submissão a Deus, mediante o exercício devocional da oração, que não estimula o povo a este mister, certamente, verá uma igreja fracassada e o rebanho com espiritualidade anêmica e altamente vulnerável aos ardis de Satanás.
O apóstolo Pedro foi livre da morte porque a Igreja orou por ele. Em At.12:1-17, foi registrado que Herodes exercia uma forte perseguição contra os cristãos e mandou prender Pedro, que ficou sendo vigiado por 16 soldados. A Igreja orava continuamente pelo apóstolo. O texto mostra que, enquanto os cristãos oravam, Deus movia o sobrenatural, enviando um anjo para libertar Pedro. O que me impressiona nessa história é que, antes mesmo de a oração cessar, a resposta foi enviada. Pedro retornou são e salvo.
Matinho Lutero venceu a luta contra a poderosa religião católica porque soube estar em Oração. Certa vez, Lutero tinha que comparecer a uma grande reunião convocada pelo imperador Carlos V. Essa reunião deu-se na cidade de Worms, na Alemanha, em 1521. O motivo da Assembleia eram os escritos de Martinho Lutero. As pessoas estavam interessadas em conhecer aquele homem que havia se levantado contra os ensinamentos da Igreja Católica. Lutero tinha uma poderosa arma para enfrentar aqueles inimigos: a oração. Naquela noite, durante aquela vigília de oração, Lutero venceu a guerra contra os seus inimigos. Assim relata o livro “Heróis da Fé”:
“(...) sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembleias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite anterior em vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutou com Deus, chorando e suplicando. Um dos seus amigos ouviu-o orar assim: ‘Oh, Deus todo-poderoso! A carne é fraca, o diabo é forte! Ah, Deus, meu Deus; que perto de mim estejas contra a razão e a sabedoria do mundo! Fá-lo, pois somente tu o podes fazer. Não é a minha causa, mas sim a tua. Que tenho eu com os grandes da terra? É a tua causa, Senhor, a tua justa e eterna causa. Salva-me, ó Deus fiel! Somente em ti confio, ó Deus! Meu Deus... vem, estou pronto a dar, como cordeiro, a minha vida. O mundo não conseguirá prender a minha consciência, ainda que esteja cheio de demônios, e se o meu corpo tem de ser destruído, a minha alma te pertence e estará contigo eternamente(...). ” (BOYER, Orlando. Heróis da fé. CPAD: 2002, p.24).
Por causa daquela noite em oração, no dia seguinte Lutero conseguiu permanecer firme na fé, desmascarando os enganos que cegavam a igreja do seu tempo.
Hoje, se nós podemos experimentar a nossa liberdade em Cristo, devemos, em grande parte, ao tempo de oração que Martinho Lutero dedicou a Deus naquele ano de 1521. Lutero venceu a sua mais difícil batalha através da oração. Era comum que Lutero, quando tinha muitas tarefas para executar num determinado dia, orar uma hora a mais, além do tempo normal que costumava orar diariamente. Tal prática de oração Lutero não aprendeu por si mesmo; antes, ele a aprendeu de Jesus.
Nós, como Igreja do Senhor Jesus, se compreendermos bem o valor da oração e adotarmos essa prática poderosa, com certeza faremos a diferença. Precisamos orar sem cessar porque os desafios deste tempo são grandes.
4. Por ser importante, devemos nos dedicar à oração ainda que nos achemos bem espiritualmente. É estranhamente interessante, mas algumas pessoas param de buscar Deus em oração por se acharem muito bem espiritualmente. Pensam que por já terem uma longa caminhada com Deus, por já serem crentes há bastante tempo, por já terem obtido várias respostas de oração, por já desenvolverem um ministério bem-sucedido, por possuírem o reconhecimento de vários outros cristãos, pensam que não precisam mais dedicar tanto tempo à oração a sós com Deus. Imaginam que não precisam separar um período de oração diária, pois pensam que a sua vida, as suas atividades e o seu trabalho em favor do Reino dos céus já são uma oração a Deus. Contudo, Jesus não pensava assim. Apesar de ser o Filho de Deus, completamente sem pecado, totalmente perfeito, dedicado ao ministério e cheio do Espírito Santo, Jesus separava um período no seu dia para se dedicar à oração. Ele não considerava que o desenvolvimento e o sucesso do seu ministério o dispensava de orar diariamente. Pelo contrário, Jesus, apesar de todas as suas qualificações “retirava-se para lugares solitários, e orava” (Lc.5:16). Com isto Ele nos mostra que devemos nos dedicar à oração ainda que nos achemos bem espiritualmente.
5. Por ser importante, devemos nos dedicar à oração ainda que as atividades sejam muitas. A maior parte das pessoas justifica a sua negligência com a oração dizendo que não tem tempo. São homens e mulheres que afirmam estar ocupados demais para orar. Dizem que precisam acordar muito cedo e deitar muito tarde, e que por causa das tantas atividades não possuem tempo para se dedicarem à oração. Jesus também era uma pessoa extremamente ocupada. Constantemente as pessoas vinham procurá-lo, desejando receber uma palavra de aconselhamento, o esclarecimento de uma dúvida, o ensinamento acerca do Reino de Deus ou uma ministração de cura. As pessoas não se perguntavam sobre a disponibilidade de Jesus. Elas não estavam preocupadas se Jesus precisava comer, dormir ou descansar. Elas queriam simplesmente obter a satisfação dos seus anseios. Jesus era tão requisitado que houve ocasiões em que Ele não conseguia nem mesmo comer, porque as pessoas iam e vinham para ouvi-lo e tocá-lo (Mc.3:20). Contudo, apesar disso, ele sempre encontrava tempo para se dedicar à oração (Lc.5:16).
III. PAI NOSSO: O MODELO DE ORAÇÃO
O Senhor Jesus nos deixou o modelo para nos dirigir ao Pai em oração, a chamada “Oração do Senhor”, “oração dominical” ou, como é conhecido, o “Pai nosso”. Quando os discípulos viram Jesus orando ao Pai, buscando comunhão com Ele, foram desafiados. O exemplo é impressionante, pois, em seguida, os discípulos pediram que Ele os ensinasse a orar. Viram Jesus orando e também desejaram orar.
 “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos” (Lc.11:1).
O fato de um dos discípulos pedir que Jesus os ensinasse a orar, como também João Batista ensinou aos seus discípulos, reflete não só o costume da época, mas deixa claro que a oração do “Pai nosso” se distinguia da oração judaica e da oração dos discípulos de João Batista.
A oração do “Pai nosso” não foi ensinada pelo Senhor para ser repetida automaticamente como uma reza, como muitos a têm tornado, mas, muito pelo contrário, nela temos uma verdadeira aula de como devemos orar corretamente e de forma agradável ao Senhor. Vejamos:
1. O endereço da Oração (Mt.6:9). – “...vós orareis assim: Pai nosso que estás nos céus...”. Ao reconhecermos Deus como nosso Pai, demonstramos que a relação que existe entre Deus e o homem não é uma relação de senhorio, de propriedade, de domínio ou de cruel submissão, como se vislumbra, por exemplo, entre os islâmicos, mas é, sobretudo, uma relação de amor, de filiação, de intimidade e comunhão.
A melhor tradução do original para “Pai”, aqui, é “Paizinho”. Dessa forma soa em aramaico a palavra Abba, que é um diminutivo, o modo como as crianças se dirigem ao pai delas. Essa foi a grande novidade introduzida por Jesus. Deus não era somente o Deus dos patriarcas, o Senhor dos Exércitos, o Senhor assentado num alto e sublime trono. Não. Jesus nos revelou outra maneira de nos comunicarmos com Deus. Os judeus concebiam Deus como o Pai do povo todo, mas não ousavam dirigir-se pessoalmente a Ele com tanta intimidade. Jesus, porém, o fez (Mc.14:36), e ensinou os seus discípulos, de todos os tempos, a endereçarem a Oração ao Pai nessa total intimidade e confiança. Na verdade, dizendo "Paizinho", entramos na própria intimidade que existe entre o filho e o Pai, pois Jesus fraternalmente nos fez participar da sua própria filiação.
Ao reconhecermos Deus como nosso Pai, estamos dizendo que confiamos em Deus e em seu amor e que nada de ruim para nós pode ocorrer, pois Ele nos ama. É por isso que Jesus insiste em que tenhamos, na oração, a imagem de Deus como a imagem do Pai, daquele que é infinitamente muito mais bondoso do que nosso pai terreno e que, portanto, nunca pode querer nos prejudicar ou nos causar dano.
Este Pai bondoso, amoroso e misericordioso está nos céus - “...que está nos céus” -, ou seja, é o Senhor do universo, o Soberano, aquele que tem todo o poder. Lembrar que Deus é Pai, mas está nos céus, é lembrar que Ele não é nosso empregado, nem está à nossa disposição ou à disposição de nossos caprichos.
2. “...santificado seja o teu Nome” (Mt.6:9). O que é a santidade de Deus? É a manifestação da sua glória através dos atos que realiza no mundo, na história e na nossa vida. A oração do “Pai nosso” nos lembra que o nome do Senhor é santificado, ou seja, que para termos uma verdadeira comunhão com Deus é necessário que estejamos em santidade diante de Deus. Os nossos pecados fazem separação entre nós e Deus (Is.59:2). Não é possível que queiramos orar a Deus sem que estejamos em paz com Ele, o que somente se dá mediante a justificação pela fé em Jesus (Rm.5:1). Para termos uma vida de oração correta e aceitável diante de Deus é imperioso que estejamos vivendo de acordo com a sua Palavra, pois é ela quem nos santifica (João 17:17).
3. O primeiro pedido: “Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt.6:10). O Reino de Deus é o centro e o objetivo final do seu plano e de toda a mensagem de Jesus. É importante ressaltar que o Reino não está só no futuro; ele se concretiza pouco a pouco, à medida que as pessoas aceitam o evangelho e vivem fraternalmente, compartilhando a nova vida. O anseio pelo reino mostra a meta, o alvo e a missão da comunidade cristã de proclamar o evangelho, porque todos devem ter a mesma oportunidade de crer, até que Deus seja tudo em todos (1Co.15:28).
- “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu”. A vinda do Reino consiste no reconhecimento da vontade de Deus, que oferece uma nova vida a todos. Quando dizemos "venha o teu Reino" estamos dizendo para Deus que queremos que sua vontade se realize em nossas vidas, que Ele seja o nosso Senhor, Aquele que comanda as nossas vidas. Quão diferente é a oração daqueles "supercrentes", daqueles que, baseados nas falsas doutrinas da confissão positiva e da teologia da prosperidade, acham que a vontade deles é que tem de ser feita. Tiago exorta: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa,segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1João 5:14).
4. O segundo pedido: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mt.6:11). A Oração também envolve o aspecto material de nossas vidas, mas dentro de uma perspectiva de cumprimento da vontade de Deus e de sua soberania. Deus não se esquece das necessidades materiais do ser humano e sabe que, enquanto aqui estamos, precisamos de comer, de vestir e de beber, razão pela qual está disposto a nos conceder o necessário para a nossa sobrevivência (Mt.6:31-34), mas devemos priorizar o reino de Deus e a sua justiça. Como se não bastasse isso, Deus se compromete com o necessário, não com a opulência ou a riqueza desmedida, como têm defendido os teólogos da prosperidade, numa perspectiva que mais os faz avarentos e, por conseguinte, idólatras (Cl.3:5), do que servos de Deus.
Todavia, aqui, não se trata apenas de pedir o necessário para viver cada dia e garantir o necessário para o futuro; mais que isso, o "pão nosso de cada dia" é o pão da vida eterna, é o alimento que nos dá a vida plena; é o pão do banquete celeste. Assim, os verdadeiros cristãos não pedem a abundância material, mas apenas o necessário para uma vida digna, sempre aberta para o que Deus tem para cada um de nós.
5. O terceiro pedido: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt.6:12). Essas palavras nos levam a pensar que não temos o direito de pedir perdão se nós mesmos não estamos dispostos a perdoar. O perdão de Deus para nós é proporcional ao perdão que concedemos aos outros. A questão é séria. Nenhuma igreja ou comunidade se mantém unida sem o perdão, porque viver juntos sempre traz mal-entendidos, atritos, conflitos e ofensas e, mais do que nunca, o perdão mútuo é necessário. Por isso, a pessoa que ora o “Pai nosso” não precisa ser apenas criatura de Deus, mas uma criatura redimida (perdoada) por Deus; redimida pela cruz, no sangue do Cordeiro ela não apenas deve ter encontrado anulação dos pecados do passado, mas também a libertação da sua natureza não reconciliável.
O apóstolo Paulo disse em Romanos 5:6-11 que Deus nos amou quando éramos ainda pecadores. Quando éramos seus inimigos, Deus nos reconciliou com Ele. E ainda afirmou depois, em Efésios 4.32: “Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Precisamos nos perdoar mutuamente, porque Cristo já nos perdoou. O perdão de Deus foi concedido quando nos convertemos, e nos incentiva a perdoarmos uns aos outros. Só o perdão compartilhado pode garantir a continuidade da vida comunitária.
6. O quarto pedido: “E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal...” (Mt.6:13). Que tentação Jesus se referiu aqui? A todo tipo de tentação, mas talvez, principalmente, a de abandonar a fé em Cristo em troca das sugestões de Satanás: abundância, riqueza, poder e prestígio (Lc.4:1-13). Esse abandono pode ser motivado pela ganância, mas também pelo desânimo, pelo medo e pela insegurança. Judas foi tentado, caiu e abandonou definitivamente o plano de Deus (Lc.22:3-6,47,48). Pedro foi tentado, caiu, mas se arrependeu (Lc.22:54-62). Jesus foi tentado e não caiu, foi vitorioso (Lc.22:39-46). Esse é o pedido mais importante: que Deus nos poupe de o trairmos, de o negarmos, pois assim trairíamos e negaríamos a nós mesmos e a todos aqueles que lutam para que o Reino de Deus venha.
7. Conclusão: “porque teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém” (Mt.6:13). A Oração-modelo termina com uma expressão de adoração, parte indispensável em qualquer oração. É através da oração que expressamos nosso amor ao Senhor, que lhe rendemos a glória que só a Ele é devida. Lamentavelmente, nos nossos dias, oração tem significado apenas um petitório. Somente pedimos, pedimos, pedimos e, para finalizar, pedimos. Nem sempre nos lembramos de agradecer ao que Deus nos fez, que dirá adorá-lo, render-lhe glória e louvor. É fundamental que a nossa oração, pelo menos, tenha uma parte de adoração. É preciso que louvemos e glorifiquemos a Deus em nossas orações.
A oração de uma pessoa pode variar muito, pois depende de suas circunstâncias e necessidades. Podemos orar como Pedro: Salva-me, Senhor! (Mt.14:30), quando estava afundando no mar. Ou como o publicano arrependido do templo, quando disse: “ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lc.18:13). Quando oramos assim, com sinceridade, expressando de verdade o sentimento do nosso coração, Deus nos ouve e atende.
CONCLUSÃO
A Oração do Pai nosso, que Jesus ensinou, não pode ser feita como uma reza, mas deve expressar a verdade do nosso coração. Como vai a sua vida de oração? Você tem se dirigido a Deus, desfrutando da intimidade que Jesus nos proporcionou com o Pai? Cultivamos a oração diariamente, ou já nos conformamos com o presente século? Deus decidiu agir, em muitas ocasiões, através da oração dos crentes. Lembre-se do apóstolo Paulo e da grandeza do seu ministério. Lembre-se de Martinho Lutero e do impacto da sua vida em todo o mundo. Lembre-se de João Wesley e do avivamento que varreu a Europa e os Estados Unidos. Lembre-se de que, por trás de todas essas pessoas, existe uma vida de oração. A igreja pode transformar o mundo; você pode transformar o mundo; qual o caminho? Uma vida de oração.
Foi um prazer estar com vocês durante este trimestre letivo. Que Deus possa nos conceder sabedoria e sua maravilhosa graça para estarmos novamente juntos no próximo trimestre, enfrentando os desafios que nos estão propostos. Deus os abençoe sobremaneira!
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço

segunda-feira, 11 de março de 2019

11ª lição do 1º trimestre de 2019: DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS - UM DOM IMPRESCINDÍVEL



1º Trimestre/2019

Texto Base: Atos 16:16-22

“Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1Co.2:15).
Atos 16:16-22
16-E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.
17-Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.
18-E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu.
19-E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados.
20-E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade.
21-E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.
22-E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas.
INTRODUÇÃO
Dando prosseguimento ao estudo sobre Batalha Espiritual, trataremos nesta Aula do “Discernimento de espíritos – um Dom imprescindível”. Este Dom faz parte do grupo de dons que manifestam a sabedoria de Deus, a saber: o Dom da Palavra da Ciência, pelo qual o Senhor habilita uma pessoa a saber de fatos que só pela revelação divina poderiam ser conhecidos, como foi o caso de Pedro, a quem Deus fez conhecer a fraude de Ananias e Safira; o Dom da Palavra da Sabedoria, pelo qual o Senhor concede sabedoria para a resolução de problemas vitais relacionados à vida na igreja, como foi no caso do Concílio em Jerusalém, acerca das práticas que os gentios recém-convertidos deveriam ter no dia a dia e; o Dom de Discernimento de espíritos, pelo qual o Senhor nos concede a capacitação de distinguir se determinada manifestação vem do Espírito de Deus, do espírito humano ou de Satanás, como foi ocaso da jovem de Filipos que tinha um espírito de adivinhação.
O crente que estuda a Palavra de Deus sabe com facilidade discernir os falsos mestres, mas às vezes, as doutrinas proferidas por eles são tão sutis que o discernimento se torna impossível sem a ajuda do Espírito Santo. A Bíblia é clara ao dizer que sempre houve no meio do povo de Deus manifestações espirituais por meio de falsos profetas (Dt.13:1-3), falsos mestres, falsos apóstolos. Satanás é muito sagaz; ele usa todos os seus ardis para ludibriar o povo de Deus. Está escrito que ele e os seus agentes se transformam em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (2Co.11:13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o Dom de Discernimento é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade deste Dom (1Co.12:10). Sem dúvida, no mundo espiritual, o Discernimento de espíritos é um Dom imprescindível.
I. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS, UM DOM IMPRESCINDÍVEL
1. "Discernimento" e “Discernimento de Espíritos”. O termo “Discernimento” significa “julgamento” e “distinção”. Conforme afirma o comentarista da Lição, este termo aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente:
·    Primeiro, com o sentido de "briga" ou "julgamento" (Rm.14:1).
“Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas”.
·    Segundo, como "distinção" em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1Co.12:10).
“e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os Espíritos....”.
·    Terceiro, para discernir entre o bem e o mal (Hb.5:14).
“Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”.
- Discernimento de espíritos. “Esta expressão envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos (1João 4:1). Da mesma forma que os demais dons do Espírito Santo, este não eleva o indivíduo a um novo nível de capacidade; tampouco concede a alguém a capacidade de sair olhando as pessoas e declarando do que espírito são. É um dom específico para ocasiões específicas” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática; Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.475).
2. O Discernimento como capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado (Hb.5:14) – “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”.
Quando o homem aceita a Cristo, ele passa a ter a direção do Espírito Santo, que vem nele habitar e, a partir de então, sabe bem diferençar o que é certo e o que é errado, o que agrada a Deus do que não agrada a Deus. Esta capacidade de separação é complemento do conhecimento da Palavra, é o resultado de uma vida de comunhão e de intimidade com o Espírito Santo.
O crente vê o invisível (Hb.11:27), não anda por vista, mas por fé (2Co.5:7) e, desta maneira, não se guia pela lógica, pelo raciocínio humano, mas, sim, pela orientação divina. O salmista diz que os passos do servo do Senhor são confirmados pelo Senhor (Sl.37:23).
Como entender a construção de um grande navio (arca), como fez Noé, num mundo onde nunca havia chovido? Como compreender que Moisés mande o povo marchar em direção a um mar? Como raciocinar que um pequeno pastor de ovelhas vá à luta contra um guerreiro gigantesco experiente levando apenas um funda e seis pedrinhas? Não dá para entender, mas o homem espiritual discerne as coisas de outro ponto-de-vista, de um critério muito mais sublime que a lógica humana, porque tem discernimento espiritual.
É fundamental, pois, nestes dias trabalhosos em que vivemos, que saibamos distinguir entre o que é certo e o que é errado, distinção esta que só se fará mediante a ação do Espírito Santo e o conhecimento da Palavra de Deus. É essencial que tenhamos comunhão com o Senhor e que ouçamos a Sua voz, a fim de bem nos portarmos neste mundo, embora isto nos leve a uma cada vez maior incompreensão por parte daqueles que não têm Cristo como seu Senhor e Salvador.
3. O Dom de Discernimento de espíritos - “E a outro [...] o dom de discernir os espíritos”(1Co.12:10). Discernimento de espíritos descreve o poder de determinar se uma pessoa está falando pelo poder do Espírito Santo ou de Satanás. A pessoa que recebe esse dom tem a capacidade especial de discernir, por exemplo, se alguém é um impostor ou oportunista.Pedro desmascarou Simão e revelou que o mágico se encontrava amargurado e preso por laço de iniquidade (Atos 8:18-23).
“E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que estás em fel de amargura e em laço de iniquidade”.
O Senhor Jesus, sabendo de nossa vulnerabilidade, quis dotar a Igreja do Dom de Discernimento dos espíritos, para que alguns vasos por Ele escolhidos sejam usados para mostrar a toda a comunidade a procedência autêntica, ou não, de manifestações espirituais. É um dom extremamente necessário nestes últimos dias da Igreja; mas, lamentavelmente, ante a frieza espiritual de muitos, sua falta tem contribuído enormemente para a apostasia de muitos que cristãos dizem ser.
É importante observar que o Dom de Discernimento é uma identificação súbita e momentânea, numa determinada situação, da operação espiritual, não se confundindo com o discernimento corriqueiro que todo cristão deve ter, por estar em comunhão com o Senhor e ter em si o Espírito Santo que o orienta a cada dia.
O texto base desta Aula, Atos 16:16-22, mostra a forma como Paulo agiu em Filipos, quando estava “indo para um lugar de oração”. Paulo e seus companheiros depararam-se com uma jovem possessa de espírito adivinhador. A jovem saiu ao encontro dos missionários e, por muitos dias, seguia-os, dizendo: “estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”. Sua proclamação era verdadeira, mas Paulo se recusou a aceitar o testemunho do espírito maligno. Para um crente incauto, aquela mulher estava, de certa forma, ajudando a pregação de Paulo. Entretanto, devemos ter em mente que qualquer revelação que tenha por fonte o Diabo é uma revelação que, ainda que contenha uma parte de verdade, deve ser repreendida em nome do Senhor Jesus. Angustiado com a situação infeliz da jovem, o apóstolo ordenou no nome de Jesus Cristo que o demônio se retirasse dela. Na mesma hora, ela foi liberta daquela escravidão terrível e se tornou uma pessoa equilibrada e racional. Aqui, houve a manifestação do Dom de Discernimento de espíritos.
4. A importância do Dom do DiscernimentoSem dúvida alguma, o Dom Discernimento é de extrema importância em nossos dias, como sempre o foi desde a Igreja Primitiva, pois através dele a Igreja de Cristo passa a conhecer as coisas de forma sobrenatural. Recomenda-nos o apóstolo João:
“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”(1João 4:1).
Em nossos dias, onde reinam a mentira e a falsidade, também em relação a assuntos espirituais, Deus espera que a Igreja utilize esse Dom para que ela se mantenha pura e pronta para o retorno do Senhor, para que ela possa enxergar a linha divisória entre o santo e o profano, entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, para que a igreja possa enxergar e refutar com veemência os ardis de Satanás. Há coisas na vida que não se discerne com habilidade intelectual, ou sabedoria humana, mas por uma ação sobrenatural de Deus. Não se pode querer discernir o que é espiritual com instrumentalidade carnal.
Nos dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, mais do que nunca, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap.2:2). Quantos problemas seriam evitados na igreja se funcionasse, correta e biblicamente, o Dom do Discernimento de espíritos.
Busquemos, pois, o Dom de Discernimento dos espíritos, pois, conquanto seja o Espírito Santo quem distribui os dons conforme o Seu querer (1Co.12:11), Ele necessita de pessoas dispostas a realizar a Sua obra. Se todos nos pusermos à disposição do Senhor, certamente escolherá alguns para que todos nós sejamos ricamente abençoados e evitemos ser tragados pelo engano destes dias difíceis em que vivemos.
II. A ADIVINHADORA DE FILIPOS
1. Uma escrava de Satanás (Atos16:16). Em Filipos, por ocasião de sua segunda viagem missionária, o apóstolo Paulo e seus companheiros estavam indo à oração, e encontraram uma jovem escrava possessa de espírito adivinhador. A possessão demoníaca lhe permitia prever o futuro e fazer revelações assombrosas; com isso, a escrava dava grande lucro aos seus senhores.
A adivinhação do futuro era comum na cultura grega e romana. As pessoas usavam muitos métodos de superstição para tentar prever o futuro – desde interpretar sinais da natureza a tentativa de comunicar-se com os espíritos dos mortos. Essa jovem escrava tinha um espirito demoníaco, e ela enriquecia seus senhores interpretando sinais e adivinhando o futuro. Seus senhores estavam explorando a sua condição infeliz, visando ganhos pessoais. Essa jovem estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (João 8:44) e o principal opositor da obra de Deus (At.13:10).
2. Uma proclamação autêntica, porém reprovável (Atos 16:17). Por muitos dias aquela jovem escrava seguia os missionários e dizia: “estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”. Sua proclamação era verdadeira, embora a origem do seu conhecimento fosse um demônio. Paulo e seus companheiros realmente eram servos do Deus Altíssimo e estavam realmente anunciando o caminho da salvação, porém, ficou incomodado com aquelas palavras lisonjeiras, e recusou aceitar o testemunho do demônio. Por que um demônio anunciaria a verdade sobre Paulo, e por que isto incomodou o apóstolo? Se Paulo aceitasse as palavras do demônio, ele pareceria estar conectando o Evangelho com atividades relacionadas ao demônio, isto sem mencionar a abordagem da adivinhação lucrativa que os senhores dessa jovem tinham adotado. Tal associação causaria danos à mensagem de Cristo.
3. O Discernimento espiritual e a distorção da verdade (Atos16:18-21). O apóstolo Paulo, pelo Dom do Discernimento, percebeu que a proclamação daquela jovem não vinha dela mesma, mas de um demônio que falava pela boca dela; ela era uma mula de Satanás. Angustiado com a situação infeliz da jovem escrava, o apóstolo Paulo ordenou no nome Todo-poderoso de Jesus Cristo que o demônio se retirasse dela. Na mesma hora, ela foi liberta daquela escravidão terrível e se tornou uma pessoa sóbria, isto é, equilibrada e racional.
Entretanto, isto enfureceu os exploradores daquela jovem, que vinham usando ela e seus poderes demoníacos. Com fria crueldade, eles não estavam colocando em dúvida a libertação da jovem, mas ficaram furiosos porque o seu negócio tinha sido arruinado. Assim, eles arrastaram Paulo e os seus companheiros para a praça, à presença dos magistrados, para os acusarem de violação das leis romanas. A acusação não era que os missionários tinham libertado uma escrava, mas sim que eles eram homens judeus e estavam ensinando costumes que soava contra os costumes romanos. Eles estavam interpretando a lei, afirmando que a libertação de uma pessoa da escravidão do demônio consistia em um proselitismo judaico. Assim, as acusações se tornaram eficientes, foram aceitas, à luz de suas leis.
“E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade. E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas” (Atos 16:20-22).
A distorção da verdade por esses acusadores foi suficientemente eficaz para fazer com que uma multidão se unisse rapidamente. Desejosos de manter a paz, os magistrados mandaram que tirassem as roupas de Paulo e Silas e que fossem açoitados com varas. Depois de terem recebido muitos açoites, eles foram lançados na prisão (Atos 16:19-22). Paulo e seus companheiros foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Jesus também tornou-se persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc.5:16-18). Infelizmente, o lucro monetário fala mais alto ainda hoje. O deus mamom é o deus deste século.
III. A DIFERENÇA ENTRE ADVINHAÇÃO E PROFECIA BÍBLICA.
Profecias bíblicas se cumprem sempre, sem exceção. Por isso podemos ter absoluta confiança nelas. Mas quem confia em adivinhações está perdido. Afirmou assim o apóstolo Pedro:
“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (1Pd.1:19-21).
1. Adivinhação ou divinação. É o ato de conhecer por meios sobrenaturais. É comum entre todos os povos em todos os tempos. A ideia é quase universal que certos deuses e espíritos têm conhecimento, escondido aos homens, mas que, sob certas condições, esses espíritos ficam prontos a revelar.
Nas religiões afro-brasileiras, o jogo de búzios é um exemplo das artes divinatórias, que consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que os búzios adotam ao cair sobre ela. Antes, o adivinho reza e saúda todos os Orixás, e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas. Considera-se que as divindades afetam o modo como os búzios se espalham pela mesa, dando assim as respostas às dúvidas que lhes são colocadas.
O "adivinhador" ou "adivinho" é quem pratica a adivinhação. Como parte da magia, essa prática é uma antiga prática de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão, etc. A adivinhação do futuro pode envolver puro e simples engano visando o lucro fácil. Seja como for, ela sempre é mentirosa, pecaminosa e de origem diabólica. O reformador Martim Lutero declarou, com razão: "O Diabo também sabe profetizar – e mente ao fazê-lo".
2. Várias maneiras de adivinhação. A Bíblia refere-se a várias maneiras de adivinhar, que eram praticadas pelos cananeus, e em muitas ocasiões pelos israelitas desviados do Senhor Deus de IsraelVeja algumas delas:
a)    Astromancia ou astrologia - Adivinhação por meio dos astros (Is.47:13; 2Rs.17:16; 21:3; 23.5; Dn.2:27). Os livros dos que seguiam artes mágicas (At.19:19) naturalmente incluíam os almanaques e as tábuas de astrologia. Entre as nações somente os judeus foram ensinados a não seguir artes mágicas nem temer aqueles que as exerciam (ver Is.44:25: Jr.10:2).
“Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez um bosque como o que fizera Acabe, rei de Israel, e se inclinou diante de todo o exército dos céus, e os serviu” (2Rs.21:3).
b)    Belomancia - Adivinhação por meio de flechas. Depois de marcar as flechas, escolhiam uma, ou sacudiam todas até uma cair fora, de modo que satisfazia a informação ali ensejada. Ou ainda julgavam pela maneira de cair a flecha quando lançada para cima.
 "Pois o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para fazer de adivinhações; sacode as suas flechas..." (ver Ez.21:21).
c)    Hepatoscopia - Adivinhação por meio de inspeção do fígado das vítimas (ver Ez.21:21c). Cada parte do fígado tinha sua própria significação. A ideia baseava-se em que o deus a quem ofereciam o animal em sacrifício, revelasse sua vontade pela forma que dera ao fígado, órgão que consideravam como o centro da vida da vítima.
“...consultará os terafins, atentando nas entranhas”.
d)    Hidromancia - Adivinhação por meio de água. Deixava-se um objeto de ouro, de prata, ou uma pedra preciosa, cair em uma vasilha d’água. O movimento da água ou as figuras resultantes do movimento que resultavam, eram interpretadas por regras fixas (ver Gn.44:5).
“Não é este o copo por que bebe meu senhor? E em que ele bem adivinha?”.
e)    Necromancia - Adivinhação por meio de evocação dos mortos (ver Dt.18:11). Por meio de espíritos familiares, isto é, espíritos que se podem fazer aparecer por meio de esconjuros, invocações ou exorcismos (ver Is.8:19; Dt.18:11; 2Rs.21:6; 1Cr.10:13; 1Sm.28:3,7,8,9; Is.19:3; 29:4).
“Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quemconsulte os mortos” (Dt.18:10,11).
f)     Rabdomancia - Adivinhação por meio de varinha mágica (ver Os.4:12).
“O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito de luxúria os engana, e eles se corrompem, apartando-se da sujeição do seu Deus”.
3. A diferença entre Adivinhação e Profecia bíblica. Quem recebe de Deus uma mensagem profética não deve ser confundido com um adivinho, nem pode agir como um. Profetas devem falar quando Deus mandar, e calarem-se quando Deus assim ordenar também. Adivinhos geralmente são pessoas compradas, que falam mentiras em prol do dinheiro que poderão ganhar. Motivados pela ganância, tentam predizer o futuro através de interpretação de sonhos, leitura de cartas e outros meios que impressionam os incautos.
Ø  A adivinhação faz afirmações vagas e genéricas e não esclarece os fatosprofecia bíblica é a história escrita antes que aconteça. Ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso, que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. O próprio Senhor afirma: "lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is.46:9,10).
Ø  A adivinhação interpreta algum tipo de sinal; a profecia bíblica não depende da nossa interpretação, mas se sustenta exclusivamente em sua própria realização.
Ø  Adivinhação e interpretação de sinais são baseados em mentiras; a profecia divina é a mais absoluta verdade. Balaão era um "agoureiro" (Nm.24:1) que Balaque, rei dos moabitas, queria usar para amaldiçoar Israel (Nm.23:24). E justamente esse adivinhador foi obrigado a reconhecer: "Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm.23:19).
Ø  A adivinhação cria confusão mental, turva a visão para a verdade bíblica e bloqueia a disposição das pessoas de crerem no Evangelho de Jesus Cristo; ela embota os sentidos das pessoas, prende-as a falsos ensinos e torna-as inseguras em suas decisões. Aprofecia divina, entretanto, liberta e dá segurança. Por isso, todos deveriam seguir o conselho de Deus: "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. Ouvi-me vós..." (Is.46:11b-12a).
Qualquer pessoa que crê em Jesus Cristo e confia sua vida a Ele tem um futuro seguro e não precisa ter medo de nada. Quem se entrega a Jesus passa a viver sob a bênção da profecia encontrada em João 14:3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.
4. Adivinhação hoje. Assim como ao povo de Deus da Antiga Aliança, o povo de Deus da Nova Aliança não tem nenhuma autorização divina para a prática da Adivinhação - “Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR, teu Deus, não permitiu tal coisa” (Dt.18:14). Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At.8:9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia, etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap.21:8; 22:15).
“Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” (Ap.22:15).
CONCLUSÃO
Diante do que foi visto, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Satanás é perito no engano e no disfarce, na mentira e na aparência. Está escrito: "porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz" (2Co.11:14). Ele é ardiloso e habilidoso na arte do engano e da mentira; os seus disfarces só são discerníveis pelo Espirito Santo. Muitos dos que se dizem cristãos, por falta de vigilância, têm caído no laço do Diabo. Cada crente em Jesus deve ser sóbrio e vigilante diante da atual avalanche de crenças e práticas divinatórias disseminadas no atual universo evangélico. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap.2:2). Atentemos para que o profeta Jeremias exorta:
"Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos que sonhais"(Jr.29:8).
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço