1º Trimestre/2019
Texto Base: Atos 16:16-22
“Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1Co.2:15).
Atos 16:16-22
16-E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.
17-Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.
18-E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu.
19-E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados.
20-E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade.
21-E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.
22-E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas.
INTRODUÇÃO
Dando prosseguimento ao estudo sobre Batalha Espiritual, trataremos nesta Aula do “Discernimento de espíritos – um Dom imprescindível”. Este Dom faz parte do grupo de dons que manifestam a sabedoria de Deus, a saber: o Dom da Palavra da Ciência, pelo qual o Senhor habilita uma pessoa a saber de fatos que só pela revelação divina poderiam ser conhecidos, como foi o caso de Pedro, a quem Deus fez conhecer a fraude de Ananias e Safira; o Dom da Palavra da Sabedoria, pelo qual o Senhor concede sabedoria para a resolução de problemas vitais relacionados à vida na igreja, como foi no caso do Concílio em Jerusalém, acerca das práticas que os gentios recém-convertidos deveriam ter no dia a dia e; o Dom de Discernimento de espíritos, pelo qual o Senhor nos concede a capacitação de distinguir se determinada manifestação vem do Espírito de Deus, do espírito humano ou de Satanás, como foi ocaso da jovem de Filipos que tinha um espírito de adivinhação.
O crente que estuda a Palavra de Deus sabe com facilidade discernir os falsos mestres, mas às vezes, as doutrinas proferidas por eles são tão sutis que o discernimento se torna impossível sem a ajuda do Espírito Santo. A Bíblia é clara ao dizer que sempre houve no meio do povo de Deus manifestações espirituais por meio de falsos profetas (Dt.13:1-3), falsos mestres, falsos apóstolos. Satanás é muito sagaz; ele usa todos os seus ardis para ludibriar o povo de Deus. Está escrito que ele e os seus agentes se transformam em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (2Co.11:13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o Dom de Discernimento é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade deste Dom (1Co.12:10). Sem dúvida, no mundo espiritual, o Discernimento de espíritos é um Dom imprescindível.
I. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS, UM DOM IMPRESCINDÍVEL
1. "Discernimento" e “Discernimento de Espíritos”. O termo “Discernimento” significa “julgamento” e “distinção”. Conforme afirma o comentarista da Lição, este termo aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente:
· Primeiro, com o sentido de "briga" ou "julgamento" (Rm.14:1).
“Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas”.
· Segundo, como "distinção" em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1Co.12:10).
“e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os Espíritos....”.
· Terceiro, para discernir entre o bem e o mal (Hb.5:14).
“Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”.
- Discernimento de espíritos. “Esta expressão envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos (1João 4:1). Da mesma forma que os demais dons do Espírito Santo, este não eleva o indivíduo a um novo nível de capacidade; tampouco concede a alguém a capacidade de sair olhando as pessoas e declarando do que espírito são. É um dom específico para ocasiões específicas” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática; Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.475).
2. O Discernimento como capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado (Hb.5:14) – “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”.
Quando o homem aceita a Cristo, ele passa a ter a direção do Espírito Santo, que vem nele habitar e, a partir de então, sabe bem diferençar o que é certo e o que é errado, o que agrada a Deus do que não agrada a Deus. Esta capacidade de separação é complemento do conhecimento da Palavra, é o resultado de uma vida de comunhão e de intimidade com o Espírito Santo.
O crente vê o invisível (Hb.11:27), não anda por vista, mas por fé (2Co.5:7) e, desta maneira, não se guia pela lógica, pelo raciocínio humano, mas, sim, pela orientação divina. O salmista diz que os passos do servo do Senhor são confirmados pelo Senhor (Sl.37:23).
Como entender a construção de um grande navio (arca), como fez Noé, num mundo onde nunca havia chovido? Como compreender que Moisés mande o povo marchar em direção a um mar? Como raciocinar que um pequeno pastor de ovelhas vá à luta contra um guerreiro gigantesco experiente levando apenas um funda e seis pedrinhas? Não dá para entender, mas o homem espiritual discerne as coisas de outro ponto-de-vista, de um critério muito mais sublime que a lógica humana, porque tem discernimento espiritual.
É fundamental, pois, nestes dias trabalhosos em que vivemos, que saibamos distinguir entre o que é certo e o que é errado, distinção esta que só se fará mediante a ação do Espírito Santo e o conhecimento da Palavra de Deus. É essencial que tenhamos comunhão com o Senhor e que ouçamos a Sua voz, a fim de bem nos portarmos neste mundo, embora isto nos leve a uma cada vez maior incompreensão por parte daqueles que não têm Cristo como seu Senhor e Salvador.
3. O Dom de Discernimento de espíritos - “E a outro [...] o dom de discernir os espíritos”(1Co.12:10). Discernimento de espíritos descreve o poder de determinar se uma pessoa está falando pelo poder do Espírito Santo ou de Satanás. A pessoa que recebe esse dom tem a capacidade especial de discernir, por exemplo, se alguém é um impostor ou oportunista.Pedro desmascarou Simão e revelou que o mágico se encontrava amargurado e preso por laço de iniquidade (Atos 8:18-23).
“E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que estás em fel de amargura e em laço de iniquidade”.
O Senhor Jesus, sabendo de nossa vulnerabilidade, quis dotar a Igreja do Dom de Discernimento dos espíritos, para que alguns vasos por Ele escolhidos sejam usados para mostrar a toda a comunidade a procedência autêntica, ou não, de manifestações espirituais. É um dom extremamente necessário nestes últimos dias da Igreja; mas, lamentavelmente, ante a frieza espiritual de muitos, sua falta tem contribuído enormemente para a apostasia de muitos que cristãos dizem ser.
É importante observar que o Dom de Discernimento é uma identificação súbita e momentânea, numa determinada situação, da operação espiritual, não se confundindo com o discernimento corriqueiro que todo cristão deve ter, por estar em comunhão com o Senhor e ter em si o Espírito Santo que o orienta a cada dia.
O texto base desta Aula, Atos 16:16-22, mostra a forma como Paulo agiu em Filipos, quando estava “indo para um lugar de oração”. Paulo e seus companheiros depararam-se com uma jovem possessa de espírito adivinhador. A jovem saiu ao encontro dos missionários e, por muitos dias, seguia-os, dizendo: “estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”. Sua proclamação era verdadeira, mas Paulo se recusou a aceitar o testemunho do espírito maligno. Para um crente incauto, aquela mulher estava, de certa forma, ajudando a pregação de Paulo. Entretanto, devemos ter em mente que qualquer revelação que tenha por fonte o Diabo é uma revelação que, ainda que contenha uma parte de verdade, deve ser repreendida em nome do Senhor Jesus. Angustiado com a situação infeliz da jovem, o apóstolo ordenou no nome de Jesus Cristo que o demônio se retirasse dela. Na mesma hora, ela foi liberta daquela escravidão terrível e se tornou uma pessoa equilibrada e racional. Aqui, houve a manifestação do Dom de Discernimento de espíritos.
4. A importância do Dom do Discernimento. Sem dúvida alguma, o Dom Discernimento é de extrema importância em nossos dias, como sempre o foi desde a Igreja Primitiva, pois através dele a Igreja de Cristo passa a conhecer as coisas de forma sobrenatural. Recomenda-nos o apóstolo João:
“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”(1João 4:1).
Em nossos dias, onde reinam a mentira e a falsidade, também em relação a assuntos espirituais, Deus espera que a Igreja utilize esse Dom para que ela se mantenha pura e pronta para o retorno do Senhor, para que ela possa enxergar a linha divisória entre o santo e o profano, entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, para que a igreja possa enxergar e refutar com veemência os ardis de Satanás. Há coisas na vida que não se discerne com habilidade intelectual, ou sabedoria humana, mas por uma ação sobrenatural de Deus. Não se pode querer discernir o que é espiritual com instrumentalidade carnal.
Nos dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, mais do que nunca, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap.2:2). Quantos problemas seriam evitados na igreja se funcionasse, correta e biblicamente, o Dom do Discernimento de espíritos.
Busquemos, pois, o Dom de Discernimento dos espíritos, pois, conquanto seja o Espírito Santo quem distribui os dons conforme o Seu querer (1Co.12:11), Ele necessita de pessoas dispostas a realizar a Sua obra. Se todos nos pusermos à disposição do Senhor, certamente escolherá alguns para que todos nós sejamos ricamente abençoados e evitemos ser tragados pelo engano destes dias difíceis em que vivemos.
II. A ADIVINHADORA DE FILIPOS
1. Uma escrava de Satanás (Atos16:16). Em Filipos, por ocasião de sua segunda viagem missionária, o apóstolo Paulo e seus companheiros estavam indo à oração, e encontraram uma jovem escrava possessa de espírito adivinhador. A possessão demoníaca lhe permitia prever o futuro e fazer revelações assombrosas; com isso, a escrava dava grande lucro aos seus senhores.
A adivinhação do futuro era comum na cultura grega e romana. As pessoas usavam muitos métodos de superstição para tentar prever o futuro – desde interpretar sinais da natureza a tentativa de comunicar-se com os espíritos dos mortos. Essa jovem escrava tinha um espirito demoníaco, e ela enriquecia seus senhores interpretando sinais e adivinhando o futuro. Seus senhores estavam explorando a sua condição infeliz, visando ganhos pessoais. Essa jovem estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (João 8:44) e o principal opositor da obra de Deus (At.13:10).
2. Uma proclamação autêntica, porém reprovável (Atos 16:17). Por muitos dias aquela jovem escrava seguia os missionários e dizia: “estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”. Sua proclamação era verdadeira, embora a origem do seu conhecimento fosse um demônio. Paulo e seus companheiros realmente eram servos do Deus Altíssimo e estavam realmente anunciando o caminho da salvação, porém, ficou incomodado com aquelas palavras lisonjeiras, e recusou aceitar o testemunho do demônio. Por que um demônio anunciaria a verdade sobre Paulo, e por que isto incomodou o apóstolo? Se Paulo aceitasse as palavras do demônio, ele pareceria estar conectando o Evangelho com atividades relacionadas ao demônio, isto sem mencionar a abordagem da adivinhação lucrativa que os senhores dessa jovem tinham adotado. Tal associação causaria danos à mensagem de Cristo.
3. O Discernimento espiritual e a distorção da verdade (Atos16:18-21). O apóstolo Paulo, pelo Dom do Discernimento, percebeu que a proclamação daquela jovem não vinha dela mesma, mas de um demônio que falava pela boca dela; ela era uma mula de Satanás. Angustiado com a situação infeliz da jovem escrava, o apóstolo Paulo ordenou no nome Todo-poderoso de Jesus Cristo que o demônio se retirasse dela. Na mesma hora, ela foi liberta daquela escravidão terrível e se tornou uma pessoa sóbria, isto é, equilibrada e racional.
Entretanto, isto enfureceu os exploradores daquela jovem, que vinham usando ela e seus poderes demoníacos. Com fria crueldade, eles não estavam colocando em dúvida a libertação da jovem, mas ficaram furiosos porque o seu negócio tinha sido arruinado. Assim, eles arrastaram Paulo e os seus companheiros para a praça, à presença dos magistrados, para os acusarem de violação das leis romanas. A acusação não era que os missionários tinham libertado uma escrava, mas sim que eles eram homens judeus e estavam ensinando costumes que soava contra os costumes romanos. Eles estavam interpretando a lei, afirmando que a libertação de uma pessoa da escravidão do demônio consistia em um proselitismo judaico. Assim, as acusações se tornaram eficientes, foram aceitas, à luz de suas leis.
“E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade. E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas” (Atos 16:20-22).
A distorção da verdade por esses acusadores foi suficientemente eficaz para fazer com que uma multidão se unisse rapidamente. Desejosos de manter a paz, os magistrados mandaram que tirassem as roupas de Paulo e Silas e que fossem açoitados com varas. Depois de terem recebido muitos açoites, eles foram lançados na prisão (Atos 16:19-22). Paulo e seus companheiros foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Jesus também tornou-se persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc.5:16-18). Infelizmente, o lucro monetário fala mais alto ainda hoje. O deus mamom é o deus deste século.
III. A DIFERENÇA ENTRE ADVINHAÇÃO E PROFECIA BÍBLICA.
Profecias bíblicas se cumprem sempre, sem exceção. Por isso podemos ter absoluta confiança nelas. Mas quem confia em adivinhações está perdido. Afirmou assim o apóstolo Pedro:
“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (1Pd.1:19-21).
1. Adivinhação ou divinação. É o ato de conhecer por meios sobrenaturais. É comum entre todos os povos em todos os tempos. A ideia é quase universal que certos deuses e espíritos têm conhecimento, escondido aos homens, mas que, sob certas condições, esses espíritos ficam prontos a revelar.
Nas religiões afro-brasileiras, o jogo de búzios é um exemplo das artes divinatórias, que consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que os búzios adotam ao cair sobre ela. Antes, o adivinho reza e saúda todos os Orixás, e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas. Considera-se que as divindades afetam o modo como os búzios se espalham pela mesa, dando assim as respostas às dúvidas que lhes são colocadas.
O "adivinhador" ou "adivinho" é quem pratica a adivinhação. Como parte da magia, essa prática é uma antiga prática de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão, etc. A adivinhação do futuro pode envolver puro e simples engano visando o lucro fácil. Seja como for, ela sempre é mentirosa, pecaminosa e de origem diabólica. O reformador Martim Lutero declarou, com razão: "O Diabo também sabe profetizar – e mente ao fazê-lo".
2. Várias maneiras de adivinhação. A Bíblia refere-se a várias maneiras de adivinhar, que eram praticadas pelos cananeus, e em muitas ocasiões pelos israelitas desviados do Senhor Deus de Israel. Veja algumas delas:
a) Astromancia ou astrologia - Adivinhação por meio dos astros (Is.47:13; 2Rs.17:16; 21:3; 23.5; Dn.2:27). Os livros dos que seguiam artes mágicas (At.19:19) naturalmente incluíam os almanaques e as tábuas de astrologia. Entre as nações somente os judeus foram ensinados a não seguir artes mágicas nem temer aqueles que as exerciam (ver Is.44:25: Jr.10:2).
“Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez um bosque como o que fizera Acabe, rei de Israel, e se inclinou diante de todo o exército dos céus, e os serviu” (2Rs.21:3).
b) Belomancia - Adivinhação por meio de flechas. Depois de marcar as flechas, escolhiam uma, ou sacudiam todas até uma cair fora, de modo que satisfazia a informação ali ensejada. Ou ainda julgavam pela maneira de cair a flecha quando lançada para cima.
"Pois o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para fazer de adivinhações; sacode as suas flechas..." (ver Ez.21:21).
c) Hepatoscopia - Adivinhação por meio de inspeção do fígado das vítimas (ver Ez.21:21c). Cada parte do fígado tinha sua própria significação. A ideia baseava-se em que o deus a quem ofereciam o animal em sacrifício, revelasse sua vontade pela forma que dera ao fígado, órgão que consideravam como o centro da vida da vítima.
“...consultará os terafins, atentando nas entranhas”.
d) Hidromancia - Adivinhação por meio de água. Deixava-se um objeto de ouro, de prata, ou uma pedra preciosa, cair em uma vasilha d’água. O movimento da água ou as figuras resultantes do movimento que resultavam, eram interpretadas por regras fixas (ver Gn.44:5).
“Não é este o copo por que bebe meu senhor? E em que ele bem adivinha?”.
e) Necromancia - Adivinhação por meio de evocação dos mortos (ver Dt.18:11). Por meio de espíritos familiares, isto é, espíritos que se podem fazer aparecer por meio de esconjuros, invocações ou exorcismos (ver Is.8:19; Dt.18:11; 2Rs.21:6; 1Cr.10:13; 1Sm.28:3,7,8,9; Is.19:3; 29:4).
“Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quemconsulte os mortos” (Dt.18:10,11).
f) Rabdomancia - Adivinhação por meio de varinha mágica (ver Os.4:12).
“O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito de luxúria os engana, e eles se corrompem, apartando-se da sujeição do seu Deus”.
3. A diferença entre Adivinhação e Profecia bíblica. Quem recebe de Deus uma mensagem profética não deve ser confundido com um adivinho, nem pode agir como um. Profetas devem falar quando Deus mandar, e calarem-se quando Deus assim ordenar também. Adivinhos geralmente são pessoas compradas, que falam mentiras em prol do dinheiro que poderão ganhar. Motivados pela ganância, tentam predizer o futuro através de interpretação de sonhos, leitura de cartas e outros meios que impressionam os incautos.
Ø A adivinhação faz afirmações vagas e genéricas e não esclarece os fatos; a profecia bíblica é a história escrita antes que aconteça. Ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso, que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. O próprio Senhor afirma: "lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is.46:9,10).
Ø A adivinhação interpreta algum tipo de sinal; a profecia bíblica não depende da nossa interpretação, mas se sustenta exclusivamente em sua própria realização.
Ø Adivinhação e interpretação de sinais são baseados em mentiras; a profecia divina é a mais absoluta verdade. Balaão era um "agoureiro" (Nm.24:1) que Balaque, rei dos moabitas, queria usar para amaldiçoar Israel (Nm.23:24). E justamente esse adivinhador foi obrigado a reconhecer: "Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm.23:19).
Ø A adivinhação cria confusão mental, turva a visão para a verdade bíblica e bloqueia a disposição das pessoas de crerem no Evangelho de Jesus Cristo; ela embota os sentidos das pessoas, prende-as a falsos ensinos e torna-as inseguras em suas decisões. Aprofecia divina, entretanto, liberta e dá segurança. Por isso, todos deveriam seguir o conselho de Deus: "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. Ouvi-me vós..." (Is.46:11b-12a).
Qualquer pessoa que crê em Jesus Cristo e confia sua vida a Ele tem um futuro seguro e não precisa ter medo de nada. Quem se entrega a Jesus passa a viver sob a bênção da profecia encontrada em João 14:3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.
4. Adivinhação hoje. Assim como ao povo de Deus da Antiga Aliança, o povo de Deus da Nova Aliança não tem nenhuma autorização divina para a prática da Adivinhação - “Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR, teu Deus, não permitiu tal coisa” (Dt.18:14). Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At.8:9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia, etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap.21:8; 22:15).
“Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” (Ap.22:15).
CONCLUSÃO
Diante do que foi visto, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Satanás é perito no engano e no disfarce, na mentira e na aparência. Está escrito: "porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz" (2Co.11:14). Ele é ardiloso e habilidoso na arte do engano e da mentira; os seus disfarces só são discerníveis pelo Espirito Santo. Muitos dos que se dizem cristãos, por falta de vigilância, têm caído no laço do Diabo. Cada crente em Jesus deve ser sóbrio e vigilante diante da atual avalanche de crenças e práticas divinatórias disseminadas no atual universo evangélico. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap.2:2). Atentemos para que o profeta Jeremias exorta:
"Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos que sonhais"(Jr.29:8).
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço
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