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segunda-feira, 9 de março de 2020

11ª LIÇÃO DO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2020: O HOMEM DO PECADO

Direitos: Imagem  da  Internet.

1º Trimestre/2020
Texto Base: 2 Tessalonicenses 2:1-15
“E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda" (2Ts.2:8).
2Tessalonicenses 2:
1-Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele,
2-que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espirito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto.
3-Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,
4-o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.
5-Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?
6-E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.
7-Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado;
8-e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;
9-a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira,
10-e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.
11-E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira,
12-para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade.
13-Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espirito e fé da verdade,
14-para o que, pelo nosso evangelho, vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
15-Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos a respeito do “homem do pecado”, que há de revelar-se plenamente num momento histórico de nossa Era. Estamos falando, claro, do Anticristo, o agente de Satanás, que se levantará após o Arrebatamento da Igreja. Ele será o último déspota governador mundial, um globalista obstinado e cruel. A Bíblia o chama de “Besta”, isto é, de fera, porque não terá dó nem piedade de quem quer que seja. Ele terá todos os sistemas mundiais - religioso, sociocultural, político e econômico - sob seu comando, que se oporá frontalmente a Deus, a Israel, ao Evangelho e a todos os seguidores de Jesus Cristo. Atualmente é possível ver atuações malignas em rebelião contra Deus, à Sua Palavra e aos seus seguidores em todos estes sistemas, lampejos do que ocorrerá no governo do Homem do Pecado.
Desde Ninrode (bisneto de Noé) - considerado o primeiro globalista, tratado na Aula 09 -, governantes anseiam por estabelecer um governo único no mundo; já aconteceu com os governadores dos impérios: Egípcio, Assírio, Babilônico, Persa, Grego, Romano e quase aconteceu com a Alemanha no século 20. Este é o maior anseio de Satanás, que será concretizado logo após for retirado “o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado” (2Ts.2:6).
A Igreja não aguarda o Anticristo, mas deve estar atento ao que está acontecendo no mundo, em todos os sistemas dominantes, e aguardar com fé a volta gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts.4:16,17; Ap.1:7).

I. O HOMEM DO PECADO

“Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado...” (2Ts.2:3).
O “homem do pecado” é o último grande imperador do mundo que se levantará antes que Deus dê cabo ao sistema mundial gentílico. Ele será o mais terrível déspota da história da humanidade, pois será um instrumento de Satanás entre os homens, quase que uma encarnação do próprio diabo, que sintetizará todo o ódio, revolta e indignação contra Deus.
Este último déspota mundial, o mais tenebroso e iníquo de todos, é chamado pelo apóstolo João na sua primeira carta de “Anticristo” (1João 2:18). Sendo o mais engenhoso líder político de todos os tempos, o Anticristo exercerá o poder na sua forma mais nua e crua, sem qualquer traço de moralidade ou de ética. Como odiará tudo que se relaciona com Deus, será um implacável e sanguinário perseguidor aos fiéis seguidores de Cristo naquele Dia (isto é, aos que se converterem a Cristo no período da Grande Tribulação), bem como de Israel, que é considerado na Bíblia a propriedade peculiar de Deus (Ex.19:5,6). No seu governo maligno, ele fará guerra aos santos e os vencerá (Dn.7:25; Ap.13:7).
Sua crueldade não encontrará similar em toda a história da humanidade, e observemos que a história traz-nos retratos de grandes carnificinas, como as dos milhares de mortos durante as dez perseguições romanas contra os cristãos, dos milhares de mortos durante a Inquisição na Idade Média, dos sucessivos martírios em massa de judeus na Europa na Idade Média e na Idade Moderna, do holocausto de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial pelos nazistas, dos mais de trinta milhões de mortos por Stálin na União Soviética. Mas, nada disto se compara ao banho de sangue que ocorrerá durante o governo do Anticristo! A crueldade será uma marca tão proeminente do seu governo que as Escrituras costumam identificá-lo com o codinome de “Besta”.
Será de um mundo envolto em inquietude, angústias, perplexidade e guerras; convulsões sociais, políticas e econômicas, e incertezas, que Satanás levantará este novo e grande líder que, a curto prazo, oferecerá a esse mundo uma falsa paz. Será o pior período da história da humanidade.

1. Origem do Homem do Pecado

O saudoso Pr. Antônio Gilberto afirmou que “o Anticristo surgirá da área do antigo Império Romano, porque em Daniel 9:26 está escrito que o seu povo (isto é, o povo donde procede o Anticristo) destruíra a cidade de Jerusalém, e esse povo pertenceu ao império romano, como bem documenta a história. Talvez ele seja nativo da Síria, porque Antíoco Epifânio, tipo futuro do Anticristo, era da Síria” (GILBERTO, Antônio. O Calendário da Profecia. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, pp. 48-50).
Antíoco Epifânio, conhecido como Antíoco IV, foi rei da Síria entre 175 e 164 a.C.; ele dedicou o Templo ao “deus” grego Zeus e colocou uma imagem do mesmo para ali ser adorado, e para humilhar ainda mais os Judeus, mandou oferecer uma porca no Altar do Holocausto, desrespeitando frontalmente a Lei de Moisés. Porque os fiéis judeus não se prostravam diante dos seus falsos ídolos, foram brutalmente perseguidos; calcula-se que cem mil judeus foram mortos por ele.
O “homem do pecado”, o Anticristo escatológico, também será implacável em sua perseguição aos cristãos e aos judeus no período da Grande Tribulação que virá – “E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (Ap.13:15).
Em Ap.13:1 é dito que a Besta subiu do mar e que tinha sete cabeças e dez chifres, chifres estes que foram vistos coroados (diademas são coroas) e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.
A Besta subindo do mar (Ap.13:1) confirma a origem terrena de seu poderio e, mais, a natureza política dele, porquanto o mar representa as nações da Terra (cf. Dn.7:2,17). A exemplo do texto de Daniel, vemos que a Besta se sobressai dentre as nações, tendo como fonte de poder dez chifres, ou seja, dez reinos, pois são os chifres que estão coroados e não as suas cabeças. As cabeças, em número de sete e com o nome de blasfêmia nelas, confirmam que, a exemplo do que foi predito em Dn.7:24, após se consolidar no poder, o Anticristo abaterá três dos dez países que lhe entregarão o poder e passará a ter base nestes sete países restantes que, com ele, estabelecerão os parâmetros de seu governo, que envolvem, em primeiro plano, a instituição de uma religião mundial.

2. A manifestação do “homem do pecado”

A manifestação clarividente do Anticristo dar-se-á após o arrebatamento da Igreja (2Ts.2:3) –“(...) porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”. Na verdade, Paulo estava afirmando e asseverando um arrebatamento antes da grande tribulação (período de sete anos que corresponde à última semana de Daniel – a septuagésima -, na qual o Anticristo atuará com poder – Dn.9:24-27). Começará sua carreira de forma insignificante (Dn.8:9) e, pouco a pouco, se levantará para ocupar o espaço mais proeminente na esfera política mundial.
Para o apóstolo João, o espírito do Anticristo sempre esteve presente nos seus precursores (os anticristos – 1João 2:28), mas ele se levantará no tempo determinado como expressão máxima da oposição a Cristo, aos cristãos, a Israel e a todo sistema de culto que não seja a ele.
Sua ascensão se dará num tempo de muita turbulência (Ap.13:1) - "Vi emergir do mar uma besta". O que isto significa? As águas do mar são multidões, ou seja, as nações e os povos na sua turbulência político-social (Ap.17:5). As águas são símbolos das nações não regeneradas em sua agitação (Is.57:20). Antes do surgimento do Anticristo, o mundo estará em desespero, num beco sem saída. Ele emergirá desse caos.

3. Sua identidade

“Anticristo” será um ser humano (Dn.7:7; Ap.13:18). O saudoso pr. Antônio Gilberto assim o descreve: “… a Besta não será o Diabo, nem um homem ressuscitado, mas um homem personificando o Diabo...” (Antônio GILBERTO. Daniel e Apocalipse: compreendendo o plano de Deus para os últimos dias, p.154).
Afirma o apóstolo João: “Filhinhos é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos...” (1João 2:18). As expressões “vem o anticristo” e “muitos se têm feito anticristos”, revelam, de forma clara, que o Anticristo será uma pessoa, um ser humano, não um sistema ou uma estrutura de poder como chegam alguns estudiosos a defender, apresentando o que se denominou de “teorias impessoais”, ou seja, interpretações que dizem que o Anticristo será um sistema, uma forma de governo, uma estrutura de poder, não uma pessoa em especial.
Quando Daniel teve a visão dos quatro animais (Dn.7:1-28), que é uma repetição do sonho do rei Nabucodonosor (Dn.2:1-48), o profeta Daniel teve uma pormenorização a respeito do último império mundial. Nesta visão, ele vê um animal espantoso e muito forte, com dentes grandes de ferro, diferente de todos os animais anteriores. Nessa visão dos quatro animais, Daniel diz que na ponta havia olhos, como olhos de homem, a comprovar que se trata de alguém e não de reinos, estruturas ou sistemas, como defendem alguns. Esse homem, porém, será diferente de todos os outros homens, porque será uma pessoa usada por satanás como nenhuma outra em toda a história. Como afirma o apóstolo Paulo, o Anticristo operará segundo a eficácia de Satanás, de onde virá todo o seu poder, sinais e prodígios (2Ts.2:9).
Assim, ao contrário dos outros “anticristos”, o Anticristo será um instrumento direto do diabo, alguém que será um mero instrumento da vontade dele, que atuará com todo o poder do inimigo, que se manifestará numa intensidade nunca antes vista, porque não haverá a resistência, a saber, o Espírito Santo, que hoje ainda existe para tal manifestação (cf. 2Ts.2:7).

4. Será um líder político poderoso

Além de ser um homem, vemos, pelas Escrituras, que o Anticristo será um líder político, ainda que diferente dos que já apareceram sobre a face da Terra, em virtude desta conexão específica com o próprio Satanás. Assim, o Anticristo terá, simultaneamente, duas fontes de poder: uma advinda do sistema mundial gentílico, construído pelo homem pecador desde o início dos tempos e que se encontra sob o domínio do pecado; outra, advinda do próprio diabo, que dará poderes sobrenaturais a esse homem do pecado - “...O dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono e grande poderio” (Ap.13:2). Paulo, referindo-se ao Anticristo, diz: “...esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça...” (2Tes.2:9,10).
Com relação ao seu caráter, a Bíblia avisa:
- Ele terá olhos como os olhos de um homem (Dn.7:8). Isto indica que o Anticristo será alguém que terá uma visão superior aos dos demais homens, terá um discernimento muito mais aguçado, uma perspicácia muito mais intensa, uma inteligência e capacidade mental muito maior do que os dos demais homens, pois operará não por si mesmo, mas usará o poder e a eficácia do astuto tentador, que é maior do que o homem (Salmo 8:5).
- Ele será alguém que tem uma boca que fala grandiosamente (Dn.7:8; Ap.13:5). Isto nos mostra que, como todo líder político, o Anticristo terá o “dom da palavra”, ou seja, terá grande capacidade de comunicação, principalmente de comunicação com as massas, com a população, com uma eloquência e facilidade de convencimento incomum. Com esta capacidade ele dominará a mente e a vontade de milhões e milhões de pessoas em toda a Terra.
Adolf Hitler, um dos anticristos que tipificam o “homem do pecado”, foi, quiçá, um dos primeiros homens a fazer uso dos meios de comunicação de massa, e de uma política estruturada de propaganda e divulgação de suas ideias, e arrastou uma das nações mais desenvolvidas e cultas do mundo, a Alemanha, e, com ela, o mundo todo, ao desastre do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. O que não fará o Anticristo, que será muito mais poderoso e eficaz que o Führer do Terceiro Reich?
- Ele será o principal divulgador da mensagem contrária ao Senhor e à Sua Palavra. A mensagem do Anticristo será a de rebeldia e insubmissão a Deus e a tudo quanto Ele representa. Ele utilizará sua capacidade incomum de eloquência e persuasão, com amplo domínio mundial dos meios de comunicação, para proferir palavras contra o Altíssimo (Dn.7:25), para blasfemar contra Deus, o seu nome e os seus filhos (Ap.13:6).
O Anticristo trará uma mensagem de divinização do ser humano, de total independência de Deus.
  • Dirá que os homens não precisam servir a Deus nem à Sua Palavra.
  • Dirá que as Escrituras não têm qualquer validade.
  • Dirá que os homens são deuses, são senhores do seu próprio destino, que as crenças advindas do Evangelho de Jesus Cristo não podem ser seguidas e devem ser abandonadas.
  • Dirá que o Céu e o Inferno não existem, o que vale é o aqui e o agora.
  • Dirá que o homem evoluiu e que não mais precisa atender às exigências prescritas na Bíblia, que, certamente, será um Livro no qual não se mais crerá naqueles dias.
Ao mesmo tempo em que o Anticristo fará o povo desacreditar nas Escrituras e na crença em Deus, também, sutilmente, apresentar-se-á como a solução dos problemas espirituais da humanidade, mostrar-se-á como o redentor do ser humano, como o escolhido para trazer aos homens a sua tão almejada paz e justiça.
Ele atacará o evangelho de Jesus, e levantar-se-á contra tudo que se relaciona a Cristo, bem como se apresentará como o seu substituto, como o verdadeiro elo entre o homem e a sua salvação, conduzindo, assim, o povo a adorar a ele e ao seu principal mentor, o diabo. Nessa tarefa, ele será auxiliado diretamente pelo Falso Profeta, o qual será o imediato porta-voz e o agente convencedor do povo na adoração ao Anticristo e ao diabo.

5. Títulos do Homem do Pecado

Nos Livros de Daniel e Apocalipse temos uma descrição simbólica dessa figura sinistra:
a) A “Besta”. O Apostolo João o chama de “a Besta que sobe do mar”. Nesta expressão e pela sua descrição temos a possibilidade de podermos avaliar sua crueldade, bem como sua força e poder - sempre lembrando que “mar” ou águas, na Bíblia, fala da inquietude dos povos, multidões, nações e línguas, como diz o profeta Isaias: “Mas os ímpios são como o mar bravo que se não pode aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo” (Is.57:20).
O apóstolo João, conforme a sua visão, mostra como será a “Besta” que “subiu do mar”: “E eu pus-me sobre a areia do mar e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmias” (Ap.13:1).
  • “Cabeça”, sempre fala de capacidade, de liderança, de inteligência, de sabedoria.
  • “Chifre”, simboliza força, poder destruidor.
  • “Diademas”, ou coroas, estão ligados à capacidade de governo.
Assim, o “homem do pecado” será um homem especial, profundamente inteligente e astucioso, conforme indicam as “sete cabeças”; será portador de um poder sobrenatural, recebido do próprio Satanás, conforme indicam os “dez chifres”; será o maior de todos os reis e imperadores, conforme indicam os “dez diademas”, ou coroas.
b) “Homem do pecado” - “o iníquo” (2Ts.2:3,8). Por esta descrição proferida pelo apóstolo Paulo é possível imaginar seu caráter, sua personalidade. A expressão “iníquo” está ligado à iniquidade, ao desrespeito às leis. Ele estará acima das leis, será senhor absoluto, sem qualquer reconhecimento aos direitos individuais e à equidade.
c) “Anticristo”. O apóstolo João o descreve como o Anticristo (1João 2:18) – “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o Anticristo...”.
Este título significa tanto “contra Cristo” como “em lugar de Cristo”, ou seja, este último dominador do sistema mundial gentílico será alguém que tentará se dizer Cristo, que tentará se apresentar como o Messias, o Ungido de Deus, como o Enviado de Deus, como o próprio Deus, ao mesmo tempo em que procurará se voltar contra tudo o que representa o verdadeiro Deus, contra tudo o que estiver relacionado a Jesus, o verdadeiro e único Messias.
Entretanto, é oportuno observar, que João, ao mencionar esta personagem e a denominá-lo de “anticristo”, fez questão de ressaltar que haveria “muitos anticristos”(1João 2:18); ou seja, João estava também advertindo a igreja de todas as épocas a respeito de um espírito que já ameaçava a igreja naquele período, e que ainda está em plena atuação, um espírito que nega a divindade e o senhorio de Cristo (1João 4.3).
Eu diria que aqueles cristãos professos que amam o mundo e seus prazeres pecaminosos e distorcem o evangelho e sua mensagem da cruz, opondo-se assim a Cristo e sua justiça(cf.1João 2:19), estão enquadrados neste perfil.
d) “O rei feroz de cara” (Dn.8:23); “o príncipe que há de vir” (Dn.9:26); “o rei que fará conforme a sua vontade” (Dn.11:36). Estes títulos, proferidos pelo profeta Daniel, mostram que esse “homem do pecado” será um homem sem limites, que não reconhecerá a existência de qualquer superior.
 “...se levantará e se engrandecerá sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero...e não terá respeito aos deuses de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá”(Dn.11:36,37).
e) “Chifre Pequeno”. O profeta Daniel, também, o chama de “Chifre pequeno” (Dn.7:8) - “...eu continuava olhando nas visões da noite, e eis o quarto animal, terrível e espantoso e muito forte... e tinha dez pontas. Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nessa ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente... e eis que essa ponta fazia guerra contra os santos e os vencia”(Dn.7:7,8,21).
“Pontas”, aqui, tem o mesmo significado de “chifres”. As “dez pontas” correspondem aos “dez dedos dos pés da estátua” vista, em sonhos, por Nabucodonosor, e que eram “em parte de ferro e em parte de barro”. Estas “dez pontas” e estes “dez dedos” representam uma Confederação de “dez reis”, ou de dez governos que, no futuro, farão parte de um novo Império globalista com as mesmas características do antigo império romano, conforme foi dado a saber a Daniel: “E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis...”(Dn.7:24).

6. A natureza do Homem do Pecado 

Será possuído pelo próprio Satanás e tornar-se-á membro da Trindade Profana: Satanás; a Besta, que é o Anticristo, saída do mar (Ap.13:1); e o falso profeta, líder religioso (Ap.13:11) - a Besta saída da terra (Ap.13:11,12).
-O falso profeta instigará o povo a adorar a Besta: “(...) subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão (...) exerce todo o poder (...) e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta(...)”.
-O falso profeta promoverá a união de todas as seitas e credos existentes; época em que o ecumenismo se fortalecerá, formando um tempo de operações de sinais e prodígios de mentira (2Ts 2:9). O seu trabalho principal será o de promover a adoração ao Anticristo pela humanidade.
-O falso profeta, à frente da liderança religiosa do mundo, promoverá o reencontro do poder político com o poder religioso, pois, uma vez no controle dos movimentos religiosos mundiais, fará com que todos reconheçam o poder do Anticristo. Por isso é dito em Ap.13:12, que exercerá todo o poder da primeira Besta na sua presença, ou seja, levará todas as religiões do mundo a reconhecer o Anticristo como sendo um verdadeiro deus, o salvador do mundo.
O “homem do pecado”, através do “falso profeta”, criará uma nova religião e fundará uma Comunidade Religiosa Mundial, com religiosidade plenamente falsa. Sua religião será a única da face da Terra:
“[...] poder para continuar por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitavam no céu. [...] E adoravam-na todos os que habitam sobre a terra” (Ap.13:5,6,8).
O “homem do pecado” fará proezas, sinais e prodígios, que convencerão o mundo de que se trata de um ser sobrenatural, de um super-homem, digno de respeito, adoração e veneração. Será o desejado por todos os credos existentes sobre a Terra.

II. A MISSÃO DO HOMEM DO PECADO

O “homem do pecado”, o Anticristo, será a mais completa personificação de Satanás e o seu mais autêntico representante. Ele será um homem sem lei que viverá e agirá na absoluta ilegalidade. Ele será um transgressor consumado da lei de Deus e dos homens. Será um monstro absolutista. Ele será a própria personificação da rebelião contra as ordenanças de Deus. 
O homem da iniquidade realizará os sonhos de Satanás sobre a terra, liderando a mais ampla e mais profunda rebelião contra Deus e contra aqueles que são seguidores de Cristo em toda a História. Uma vez no poder, este líder político tomará algumas decisões, a saber:

1. Intentará estabelecer a Paz no Oriente Médio

O Anticristo apresentar-se-á aos judeus como o Messias e, para tanto, tomará todo o cuidado, devidamente orientado pelo falso profeta, para que seu perfil, ideias e vida sejam compatíveis com os quadros e perfis que os judeus, em sua tradição, vêm moldando para o Messias ao longo dos séculos.
Ele fará um acordo com Israel, no qual permitirá que o templo de Jerusalém funcione por sete anos, o que lhe trará o apoio dos judeus (Dn.9:27; Ap.12:12-17). Com isto, alcançará enorme popularidade em toda a Terra, pois, a partir da estrutura institucional que o apoia, mostrará grande habilidade de comunicação e de resolução de problemas que afligem a população mundial, fazendo com que os homens creiam que chegou uma era de paz e de segurança.
Embora vindo em seu próprio nome, será aceito pelos judeus como sendo o Messias que eles tanto aguardam, porquanto terá características e um perfil que se compatibilizará com todas as tradições existentes entre os judeus e que se desenvolveram ao longo dos séculos. Lembramos que os judeus, como diz o apóstolo Paulo, têm um verdadeiro véu sobre os seus corações e estão cegos, não conseguindo enxergar que o Messias já veio e que seu nome é Jesus Cristo (2Co.3:15,16). Em virtude disto, serão facilmente enganados pelo diabo, uma vez que, por terem rejeitado Cristo, elaboraram para si doutrinas e ideias de como será o Messias.

2. Opor-se-á a Israel

Entretanto, como sabemos, o objetivo do diabo outro não é senão destruir Israel, que, por ser propriedade peculiar de Deus, é alvo preferencial do ódio de Satanás, que, aliás, odeia, sobretudo o ser humano.
Assim, após enganar Israel, depois três anos e meio, o Anticristo quererá ser adorado como deus no templo de Jerusalém (2Ts.2:4). Os judeus, zelosos monoteístas, não concordarão com esta prática e verão nesta pretensão do Anticristo que foram enganados e que ele não é o Messias esperado.
Apesar da oposição dos judeus, o fato é que o Anticristo entrará no templo de Jerusalém e ali será adorado como um deus, sentando no local mais sagrado do templo (provavelmente o santo dos santos) para ser adorado.
A imagem do Anticristo será colocada no templo (talvez a imagem que supostamente recebeu vida por intermédio do falso profeta – Ap.13:15) para que passe a ser ali adorada por todos que frequentarão o templo.
Ele estabelecerá um novo culto de adoração à sua imagem. Ordenará a cessação de sacrifícios e oblações no Templo e se assentará nele, ambicionando, para si, a honra divina. A este episódio é que Jesus denomina de “a abominação da desolação” (Mt.24:15), que será a concretização da profecia de Daniel (Dn.11:31).
Quando os judeus recusarem adorar o Anticristo, serão implacavelmente perseguidos; ele convencerá o mundo inteiro a aniquilá-los de uma vez por todas (Ap.12:17): “E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo”. Para tanto, apresentará uma doutrina antissemita, que será a síntese melhorada de todas as ideias satânicas contra o povo de Deus que se têm levantado ao longo dos séculos.
A ideia de que Israel representa o motivo do atraso do desenvolvimento do mundo, e é o responsável pelas guerras e pelos sofrimentos vividos pela humanidade, será a tônica pela qual o Anticristo conseguirá congregar todas as nações contra Israel; ele comandará exércitos de muitas nações arregimentados por Satanás, em Armagedom.
Mas, Jesus virá em glória para salvar Israel de uma derrota certa. Nesse momento, Jesus o “desfará pelo assopro de sua boca e o aniquilará pelo esplendor de sua vinda” (2Ts.2:8). Esse fato é retratado poderosamente em Daniel 2:34,35,44,45 e Apocalipse 19:11-21. O destino final do Anticristo e de seus asseclas será “no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap.19:20).

3. Opor-se-á a Deus (2Ts.2:4)

“o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”.
O Anticristo será uma espécie de encarnação do mal. Esse mal humanizado será a antítese de Deus. Ele será um opositor consumado de Deus e dos seguidores de Cristo (Dn.7:25; 11:36; 1João 2:22; Ap.13:6). Ele será uma pessoa totalmente maligna em seu ser e em suas atitudes.
Ele não apenas se oporá, mas também se levantara contra tudo o que é de Deus ou objeto de culto.
O profeta Daniel afirmou que ele “proferirá palavras contra o Altíssimo” (Dn.7:25) e “[...] contra o Deus dos deuses, falará cousas incríveis” (Dn.11:36). O apóstolo João previu: “[...] e abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome” (Ap.13:6). Diz mais: “Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1João 2:22).
Mas, de Deus temos a promessa de que a Trindade maligna – Satanás, o Anticristo e o Falso profeta – terá o seu destino no “Lago de fogo e enxofre”, que é o inferno propriamente dito, e lá permanecerão para todo sempre em indescritível tormento (Ap.20:10) – “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.
Hoje, Satanás e seus lacaios se levantam contra Deus, Seu Filho Jesus Cristo, Sua Igreja, o santo Evangelho, e operará mais ainda quando o seu principal instrumento se levantar – o Anticristo. Mas uma coisa é certa: A trindade satânica, e seus adeptos (Rm.16:20; Ap.19:19; 20:10,15; Sl.9:17) serão tirados de cena para sempre, e o Nome do Senhor, a Sua Palavra e a Sua Igreja prevalecerão, e o Reino de Cristo será estabelecido para sempre (Ap.21:3-5).
“3.E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus.
4.E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.
5.E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.

4. Opor-se-á a Jesus Cristo

O Anticristo fará oposição a Jesus Cristo. O prefixo grego “anti” pode significar duas coisas: “contrário a” e “no lugar de”. Portanto, a palavra “anticristo” significa um cristo substituto ou um cristo rival. Assim, o Anticristo será ao mesmo tempo um cristo rival e um adversário de Cristo.
Hoje, Satanás não apenas se opõe a Cristo, mas também deseja ser adorado e obedecido no lugar de Cristo; ele sempre desejou ser adorado e servido como deus (Is.14:14; Lc.4:5-8). Um Dia produzirá sua obra-prima, o Anticristo, que levará o mundo a adorá-lo e acreditar em suas mentiras.
João descreve dessa maneira a arrogância do Anticristo em sua oposição a Jesus Cristo: “E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército” (Ap.19:19). Mas, o texto seguinte afirma que o Anticristo será definitivamente derrotado e jogado no Inferno – “E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap.19:20). No Inferno, o Anticristo e o Falso Profeta serão atormentados para todo o sempre (cf.Ap.20:10).

5 Opor-se-á aos santos seguidores de Cristo

O Anticristo não apenas se oporá a Deus, mas também perseguirá implacavelmente os seguidores de Cristo (Dn.7:25; 7:21; Ap.12:11; 13:7). O profeta Daniel diz: “[...] magoará os santos do Altíssimo” (Dn.7:25) e “[...] fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles” (Dn.7:21). O apóstolo João registra que lhe foi dado também a permissão para pelejar contra os santos e os vencesse (Ap.13:7) – “E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda tribo, e língua, e nação” (Ap.13:7).
O Anticristo perseguirá de forma cruel aqueles que se recusarem a adorá-lo (Ap.13:7,15). Esse será um tempo de grande angústia na Terra (Jr.30:7; Dn.12:1; Mt.24:21,22). Os seguidores de Cristo nesse tempo serão martirizados (Ap.13:7,10). Mas os crentes fieis vão vencer o Diabo e o Anticristo, preferindo morrer a apostatar (Ap.12:11) – “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte”.
Apocalipse 7:4-17 descreve uma multidão de judeus e gentios que serão salvos durante a grande tribulação - “E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (Ap.7:13,14).
Muitos dizem que só haverá salvação, nesse período, para os judeus. Dizer isso é negar as próprias Escrituras. Em Ap.6:9-11 não é revelada a nacionalidade destas almas, porém, quando lemos Ap.7:9, fica claro que estes mártires são provenientes de todas “nações, tribos, povos e línguas”, ou seja, tanto judeus quanto gentios.

6. Exigirá ser adorado como Deus (2Ts.2:4)

O Anticristo será objeto de adoração em toda a terra. Ele se assentará no santuário de Deus e vai reivindicar ser adorado como Deus. Adorar o Anticristo é o mesmo que adorar a Satanás (Ap.13:4).
O mundo hoje está ensaiando essa adoração, que será dada com maior intensidade a Satanás e ao Anticristo, quando este estiver em evidência. O satanismo e o ocultismo estão em alta. As seitas esotéricas crescem e se espalham como um rastilho de pólvora. A Nova Era proclama a chegada de um novo tempo, em que o homem vai curvar-se diante do “Maitrea”, o grande líder mundial.
Portanto, o grande e último plano do Anticristo será levar seus súditos a adorarem a Satanás (Ap.13:3,4). Esse será o período da grande apostasia. Nesse tempo os seres humanos não suportarão a verdade de Deus e obedecerão a ensinos de demônios (1Tm.4:1). O humanismo idolátrico, o endeusamento do homem e sua consequente veneração, é uma prática satânica.
A adoração ao Anticristo será universal (Ap.13:8,16). Diz o apostolo João que o adorarão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida do Cordeiro (Ap.13:8) - “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.
Satanás vai tentar imitar Deus também nesse aspecto. Ao saber que Deus tem os Seus selados, ele também selará os seus com a marca da Besta (Ap.13:8,16-18). Todas as classes sociais se acotovelarão para entrar nessa instituição religiosa e receber a marca da Besta (Ap.13:16) – “E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa”.
Não há dúvida de que o palco está pronto para a chegada desse líder maligno e globalista. É bem conhecido o que disse o historiador Arnold Toynbee: “o mundo está pronto para endeusar qualquer novo César que consiga dar à sociedade caótica unidade e paz”.
O Anticristo surgirá num tempo de profunda desatenção à voz do juízo de Deus (Mt.24:37-39). Esse tempo será como nos dias de Noé.

III. A DESTRUIÇÃO DO HOMEM DO PECADO

Jesus Cristo, o Messias prometido, se revelará de modo especial na sua vinda pessoal e visível sobre o Monte das Oliveiras (Zc.9:9,10; Ap.1:7). Jesus aparecerá em grande glória, acompanhado dos exércitos celestiais (Ap.19:11-14). Cumprir-se-ão as palavras da Bíblia: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!” (Ap.1:7). Ele virá e instalará um reino de paz e harmonia no mundo, desfazendo por completo o Anticristo, o falso profeta e o próprio Diabo (Ap.19:19-21). Jesus virá acompanhado de sua Igreja, com todos os salvos de todos os tempos. A Noiva, após participar das Bodas do Cordeiro (Ap.19:9), aparecerá, agora, como a Esposa de Cristo (Ap.21:9).
No momento em que Jesus aparecer em glória, Israel estará no auge do sofrimento. Jerusalém encontrar-se-á sob o domínio de muitos exércitos, desejosos de sua destruição. Mas a volta de Cristo em glória reverterá a situação. Acontecerá algo novo. O Espirito Santo será derramado sobre os judeus, conforme está escrito em Zacarias 12:10. A nação de Israel tomará consciência de que aquele Jesus que está voltando em glória é o Messias, o qual seus predecessores rejeitaram e crucificaram. Então, lamentar-se-ão - “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito”.
Por ocasião da volta de Jesus em glória, cumprir-se-á a segunda parte da conhecida profecia acerca do “vale de ossos secos” registrada em Ezequiel 37. A primeira parte desta profecia cumpriu-se, quando da restauração nacional de Israel, a partir de 1948. Os ossos se uniram, e Deus sobre eles pôs nervos, carne, pele (Ez.37:5-8). O mundo viu com espanto um povo espalhado pelo planeta tornar-se uma nação temida e respeitada em todas as áreas científicas, econômicas e bélicas. Mas a Bíblia Sagrada diz que, no primeiro momento, não havia neles espírito (Ez.37:8), isto é, Israel ainda não se reconciliou com o Senhor. Na visão, a restauração era apenas a da vida nacional. A segunda parte da profecia cumprir-se-á na volta de Jesus em glória, pois o Espirito de Deus será derramado sobre eles, e viverão, e pôr-se-ão de pé um exército extremamente grande (Ez.37:10).
Neste tempo será cumprido o tempo determinado por Deus: “para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna...” (Dn.9:24). Findarão, então, as setenta semanas de Daniel. Desta feita, a visão e a profecia estarão seladas (Dn.9:24). Jesus, então, instalará o Milênio. Israel, agora restaurado, governará com Cristo por mil anos (Ap.20:2,5); será a nação líder, tanto política como espiritualmente.
Quando da Sua volta em glória, Jesus destruirá o império do Anticristo, julgará as nações (Mt.25:31-46) e estabelecerá o seu reino milenar (Ap.20:6; Dn.7:13,14; Lc.1:33).
-O Anticristo não será derrotado por nenhuma força da terra. Ele parecerá um inimigo invencível (Ap.13:4), porém, quando Cristo vier na Sua glória o aniquilará com o sopro da Sua boca e com a manifestação da Sua vinda (2Ts.2:8) - “então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor matará com o assopro da sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda”. Aqui, os verbos "matar" e "destruir" não significam aniquilar, pois Apocalipse 20:10 indica que Satanás e seus ajudantes serão atormentados no lago de fogo para sempre. Jesus vai tirar o domínio do Anticristo para o destruir e o consumir até o fim (Dn.7:26). O Anticristo será quebrado sem esforço de mãos humanas (Dn.8:25). Cristo colocará todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés (1Co.15:24,25).
- Após o juízo do Cordeiro – os sete selos, as sete trombetas e as sete taças -, o Anticristo será, juntamente com o Falso Profeta, lançado no Lago de Fogo e Enxofre, para onde será também lançado, após Milênio, o arqui-inimigo de Deus, Satanás, os quais serão atormentados eternamente (Ap.19:20; 20:10).
“E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap.19:20).
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap.20:10).
Todos aqueles envolvidos com o Anticristo serão mortos, não haverá nenhum sobrevivente (Ap.19:21), com exceção do Anticristo e do Falso profeta, os quais serão jogados, vivos, no lago de fogo e enxofre (cf. Ap.19:20).
“E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes”.

CONCLUSÃO

O “homem do pecado” será o ser humano mais iníquo, mau e blasfemo de todos os tempos. O seu governo será universal, pois Satanás é o príncipe deste mundo; o mundo inteiro jaz no maligno (1João 5:19).
O seu governo será extremamente cruel e controlador (Ap.13:16,17). Aquele reino que Satanás ofereceu a Cristo, o Anticristo o aceitará. Ele vai dominar sobre as nações: “Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação” (Ap.13:7).
Ele governará na força de Satanás: “E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade” (Ap.13:2). Na verdade, quem vai mandar é Satanás. Os governos subjugados por ele vão estar sujeitos a Satanás. Esse será o tempo da Grande Tribulação.
Os seguidores do Anticristo serão julgados (2Ts.2:12) e condenados à perdição eterna (Sl.9:17). O destino daqueles que rejeitam a Cristo e engrossam as fileiras do Anticristo será o mesmo do dragão e do Anticristo: o Lago de fogo (Ap.20:10,15). Quem não anda no Caminho da vida, que é Cristo, caminha numa estrada de morte.
O triunfo final de Deus é seguro. Ninguém poderá se opor a Deus e prevalecer. O iniquo fará proezas e enganará a muitos, mas chegará o momento em que Deus dirá: “Basta”. Então, ele será lançado no Lago de fogo e será atormentado pelos séculos dos séculos (Ap.19:20).
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

segunda-feira, 2 de março de 2020

10ª lição do 1º trimestre de 2020: SÓ O EVANGELHO MUDA A CULTURA HUMANA – Subsídio



1º Trimestre/2020
Texto Base: 1Tessalonicenses 1:1-10
“porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro” (1Ts.1:9).
1Tessalonicenses 1:
1.Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo: graça e paz tenhais de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
2.Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações,
3.lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho da caridade e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai,
4.sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus;
5.porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.
6.E vós fostes feitos nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo,
7.de maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia.
8.Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma;
9.porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro
10.e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do poder do Evangelho na transformação da cultura do ser humano. O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus no sentido espiritual, porém, após a Queda, o pecado manchou esta imagem divina no homem, e com isto alguns traços da imagem de Deus no homem foram sendo apagados. Isto é melhor compreendido ao ver o pecado crescendo, e os valores morais sendo extintos, e o homem tendo uma facilidade enorme de desrespeitar o próximo, e desobedecer ao seu Criador, e, por conseguinte, produzir culturas voltadas para o mal.
Há muito tempo que a cultura humana tornou-se o abrigo natural do homicídio, do sexo depravado, do comportamento tresloucado e antinatural, e da rebelião contra Deus. Mas, o ser humano não perdeu por completo a posição de ser “imagem de Deus”; é possível ainda o ser humano produzir coisas boas.
O Evangelho tem poder para restaurar o caráter do ser humano e, assim, como consequência, fazer com que ele produza cultura que glorifique a Deus em todos os aspectos; foi isto que aconteceu no princípio da Igreja e acontece também hoje, porque o poder transformador do Evangelho continua com a mesma eficácia; o Evangelho continua sendo o poder de Deus para a salvação de todo o que crê.

I. O QUE É A CULTURA

O ser humano é um ser racional, inteligente, criativo e se evoluciona à medida que o tempo passa, transformando ideias em algo concreto, especificando um modo de viver característico. Quando Deus disse crescei e multiplicai, não foi somente em termos quantitativos, também em sua forma de viver, tanto é que na torre de Babel Deus confundiu as lingas forçando a comunidade de Babel a se espalharem por toda a terra, formando povos e nações diferentes com suas características e modo de viver próprios. Com a dispersão da comunidade única pós-diluviana, no juízo de Babel (Gn.11:9), naturalmente que os povos ali nascidos passaram a construir diferentes culturas, até porque a língua é um fator fundamental na formação de uma cultura, e Deus confundiu as línguas, impondo, pois, uma diversidade cultural para o mundo.

1. Definição de cultura

Para muitas pessoas, a palavra "cultura" significa o grau de estudos de uma pessoa. Por isso é comum ouvirmos alguém falar: "Fulano de Tal tem muita cultura". Quase todas as pessoas fazem esta associação da cultura com o desenvolvimento intelectual ou o nível de estudo de alguém. Por esta razão, uma pessoa que tem um linguajar rude, um modo de vida simples, logo é taxada de uma pessoa sem cultura. O mesmo acontece com as tribos indígenas - pelo fato de terem uma vida bem simples são taxadas de povo "sem cultura". Mas esta não é a definição, antropologiamente, correta. Diríamos que Cultura é o conjunto de comportamentos e ideias característicos de um povo, que se transmite de uma geração a outra e que resulta da socialização e aculturação verificadas no decorrer de sua história.

2. A cultura dos gentios

A cultura dos gentios, desde a civilização cainita, sempre andou de forma antagônica à principiologia divina. A cultura é uma criação humana, mas ela jamais pode afrontar os princípios estabelecidos por Deus ao homem.
O poder criativo do homem está sujeito à observância dos princípios éticos estabelecidos por Deus. Evidentemente que, ao pecar, o homem perdeu a comunhão com o Senhor e, por causa disso, passou a estar sob o domínio do pecado, pecado este que determina a própria formação da cultura por parte do homem, como havia na civilização caimita (Gn.4:17-24); cultura, aliás, que preponderou sobre a cultura da descendência de Sete (Gn.6:1,2), gerando um modo de vida que fez com que o Senhor destruísse a raça humana através do Dilúvio (Gn.6:5-7).
A comunidade única pós-diluviana, de onde provêm todas as nações, tinha como fundamento moral a principiologia divina, a conduta estabelecida por Deus ao homem, desde o Éden, e que foi renovada a Noé (Gn.9:1-17), princípios que são denominados pelos estudiosos da Bíblia de “pacto noaico” e, particularmente, pelos rabinos judeus de “os sete preceitos dos descendentes de Noé” (Shéva Mitsvót Benê Nôach), a saber: “Praticar a equidade; não blasfemar o nome de Deus; não praticar idolatria; imoralidades; assassinatos e roubos e; não tirar e comer o membro de um animal estando ele vivo”. Todavia, esta principiologia básica, em virtude do pecado, acabou sendo distorcida, como tinha sido antes do dilúvio.
Para que esta principiologia voltasse a ser observada e, uma vez mais, a humanidade pudesse ser abençoada por Deus e retornasse à observância da “comissão cultural” estabelecida quando da criação (Gn.1:28), Deus quis formar uma nação que fosse Sua “propriedade peculiar de Deus dentre os povos” (Ex.19:5).
Deus chamou Abrão para formar essa nação (Gn.12:1-3). Quando essa nação foi formada, o Senhor expressamente determinou que ela não se misturasse com a cultura ímpia dos povos existentes na Terra Prometida, inclusive determinando que fossem eles totalmente destruídos (Dt.7:1-6), uma vez que sua injustiça havia chegado ao limite da paciência de Deus (Gn.15:16).
Porém, antes mesmo de Israel entrar na Terra Prometida, esta separação determinada por Deus não foi observada pelos israelitas. Com efeito, quando saíram do Egito, levaram consigo muitas pessoas que não eram descendentes de Abraão; as Escrituras Sagradas registram que, juntamente com o povo, saiu uma “mistura de gente” (Ex.12:38), ou seja, gente que não pertencia a Israel, que aproveitou a ocasião da libertação do povo para também sair de um Egito que, a esta altura dos acontecimentos, estava totalmente arruinado em virtude das pragas lançadas por Deus contra os egípcios.
Esta “mistura de gente” - somado o tempo que os israelitas haviam passado no Egito, naturalmente absorvendo a cultura egípcia, uma das mais avançadas da época, porém, antagônica aos padrões morais que Deus desejava ao seu povo -, fez com que Israel tivesse imensas dificuldades para ser a “propriedade peculiar dentre os povos”.
Quarenta dias depois de terem recebido os “Dez Mandamentos”, Israel se voltou para a cultura egípcia no triste e lamentável episódio do bezerro de ouro, o que se percebe como a “cultura egípcia” estava ainda impregnada no “modus vivendi” dos israelitas (Ex.32:1-6, 21-24). Aliás, antes deste episódio, na própria passagem do Mar Vermelho, vemos que a comemoração comandada por Miriã era fruto da influência cultural egípcia (Ex.15:20,21).
Assim como Deus exigiu de Israel a santidade (Lv.19:2), o mesmo fez em relação à Igreja (1Pd.1:15,16; 2:9). O povo de Deus não deve se adaptar à cultura mundana; somos diferentes, portanto, não transigimos nem negociamos com os nossos princípios espirituais, morais e éticos. Devemos, portanto, discernir bem os prós e os contras da cultura na qual estamos inseridos.
Devemos agir como fez Daniel, quando esteve na Babilônia. O contexto cultural da Babilônia era totalmente antagônico aos princípios morais e espirituais de Daniel, mas não contaminou e nem influenciou o seu caráter. Ele soube muito bem discernir os prós e os contras da cultura babilônica. Quando os valores de sua fé eram desafiados, Daniel não transigia nem negociava com os seus princípios espirituais, morais e éticos (Dn.1:8; 6:6-10). Através de uma postura tão firme e corajosa, fez sobressair sua fé no Deus único e verdadeiro.
É assim que devemos agir e reagir, como povo de Deus, em relação ao contexto cultural no qual estamos inseridos.
Acreditamos que a cultura Babilônia dos dias de Daniel comparada à “Babilônia” destes últimos dias era muito mais admissível. Certamente que lá não havia permissão legal para que menores de 18 anos pudessem matar gente de bem, pais de famílias, estudantes, profissionais liberais, pessoas de todas as classes sociais, sem maiores consequências no presente e sem nenhuma consequência no futuro.
Na Babilônia dos dias de Daniel, os menores assassinos de hoje seriam condenados à morte. Lá, embora houvesse tolerância para com o relacionamento entre homossexuais, por certo a homossexualidade não era celebrada com “orgulho”, em gigantescos desfiles, ou “paradas do orgulho gay”, prestigiadas pela presença de autoridades governamentais, como acontece na “Babilônia” dos dias de hoje.
Na Babilônia dos dias de Daniel, com certeza, não havia casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Havia um limite para a prática pecaminosa. Na “Babilônia” de hoje não existe este limite. Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “hoje, a antropologia cultural vê, como meros fenômenos sociológicos e culturais, a prostituição, o homicídio, a corrupção, o feticídio e até mesmo o infanticídio”.
Os fatos sociais dos últimos dias, em termos de declínio espiritual, em termos de degeneração moral dos costumes, em termos de decadência social, com certeza, não encontram paralelos na história, de qualquer época. Por certo estamos vivendo naqueles dias preditos por Paulo: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos”(2Tm.3:1). Por certo que estamos, também, naqueles dias da multiplicação da iniquidade, referidos por Jesus: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará”(Mt.24:12).

3. A cultura do povo de Deus

A cultura do povo de Deus é totalmente antagônica à cultura gentílica, do mundo. No reino de Deus, o povo rejeita atitudes e padrões que não são pertinentes ao Reino de Deus, porque a cultura do povo de Deus é conformada segundo o Reino de Deus, onde o Rei – o Senhor do Reino - está acima de qualquer comportamento que se opõe à Sua vontade e à Sua Palavra. Nesse Reino, tudo quanto é feito tem de ser aferido por este mandamento bíblico: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co.10:31).
Na cultura do povo de Deus:
- O mal é detestado. Detestar o mal é o mesmo que odiá-lo. Paulo usa várias vezes a palavra “fugir” para significar a re­pulsa que o cristão deve ter das coisas que são más (1Co.6:18; 10:14), e em 1Tm.6:11 ele exorta: “Tu, po­rém, ó homem de Deus, foge destas coisas”. O apóstolo João, em sua primeira epístola, faz a seguinte advertência: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1João 2:15). A exortação do Senhor é: “Vós que amais ao SENHOR, aborrecei o mal; ele guarda a alma dos seus santos, ele os livra das mãos dos ímpios” (Sl.97:10).
- O bem é praticado. O apóstolo Paulo exorta: “... Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem” (Rm.12:9). O comportamento ético do cristão é uma busca constante e intensa do que é bom. O mandamento divino é: “Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estará convosco” (Amós 5:14). O salmista assim se expressou: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água” (Sl.63:1).

II. UMA CULTURA DOMINADA PELA INIQUIDADE

O texto de Gênesis 1:26-30 mostra que Deus nos criou como seres sociais que produzem cultura. Cultura é o conjunto de manifestações sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc. O caráter do ser humano é sobremaneira influenciado por todos esses elementos constitutivos da cultura; se eles não se coadunam com os princípios da Palavra de Deus, então, certamente, teremos uma cultura dominada pela iniquidade, totalmente desviada para o mal.

1. A cultura original

Originalmente, o homem era dotado de um caráter que refletia a glória do Senhor. Olhando para o homem, era possível enxergar o próprio caráter divino, pois o homem era uma projeção de Deus na criação. Assim como o querubim ungido, que “era perfeito nos seus caminhos, desde o dia em que foi criado até que se achou iniquidade nele” (cf. Ez.28:15), assim também era o homem.
A Queda fatalmente manchou a cultura humana (Ec.7:29); por causa disto, o caráter do ser humano passou a ser moldado pelo pecado, distorcendo a imagem e semelhança de Deus que lhe foram impressas no momento de sua criação. Por causa do pecado, as culturas criadas e desenvolvidas pelo ser humano estão fatalmente comprometidas pelo mal (Gn.3:5-10,17-19).

2. A cultura do homicídio

No aspecto humano, Caim foi o primeiro apóstata (Gn.4:8-16), e sua apostasia resultou numa civilização totalmente voltada para a prática do mal. O próprio Deus afirmou: “E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn.6:5). A cultura do homicídio era avultosa naquela Era pós-Queda.
Lameque, descendente de Caim, teve o prazer de alardear que matara uma pessoa (Gn.4:23) – “... escutai o que passo a dizer-vos: matei um varão, por me ferir, e um jovem, por me pisar”. Ele banalizava a vida humana - “... Matei [...] um jovem, porque me pisou”. Para este homicida, as pessoas não valiam nada. Matar um jovem por causa de uma pisada no pé é não ter nenhum respeito com a vida humana.
Lameque não gostava de ser pisado, mas pisava as pessoas. Ele tipifica aquelas pessoas que não gostam de ser machucadas, mas têm prazer em machucar os outros. A violência é a demonstração mais vil de que a vida humana não tem valor.
Concordo com o Pr. Claudionor de Andrade quando diz que “hoje, vemos aqueles dias replicarem-se em todos os segmentos sociais; a cultura da morte não mudou. O que dizer do aborto, da eutanásia e da cruel indiferença ao próximo?”.

3. A cultura do erotismo, da prostituição

Outro fator resultante da Queda que impregnou a cultura humana foi o erotismo (manifestação explicita da sexualidade: nas artes, na literatura, no cinema, na TV, nas mídias sociais, etc).
A civilização de Caim foi eivada pela devassidão sexual; voltando-se contra o Senhor, essa civilização cometeu os pecados mais hediondos e abomináveis. A Bíblia relata que foi na civilização cainita que se iniciou a poligamia e os pecados da prostituição.
Lameque, o pai da poligamia, foi quem deu a cartada inicial da quebra do princípio da monogamia (cf. Gn.4:19), abandonando o modelo divino de família. Os pecados sexuais eram cometidos como se nada fosse proibido. Não havia limites à prostituição. A irmã de Tubal-Caim – Naamá -, é tida como a primeira prostituta da história (Gn.4:22).
Conforme o texto sagrado, até mesmo os descendentes de Sete corromperam-se em meio àquela imoralidade abominável da civilização cainita. Relata o autor sagrado: “viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (Gn.6:2).
No mundo de hoje, a prostituição está disseminada e que se constitui no terceiro maior negócio, perdendo apenas para os tráficos de armas e de drogas. Assim, ao condenar a prostituição, a Bíblia não só condena o comércio do próprio corpo para a satisfação da lascívia alheia, mas toda e qualquer prática sexual ilícita (Os.4:1,2; Ap.22:15). 

4. A cultura do consumo desenfreado

A cultura do consumismo não é de agora; na civilização cainita era uma prática rotineira que caracterizava aquela civilização. Jesus deixou transparecer essa cultura; Ele afirmou que “nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca” (Gn.24:38).
Percebe-se que o hedonismo, a busca exacerbada do prazer, sobressaia-se no mundo pré-diluviano. Esta característica em nada difere da do mundo atual. Nos dias em que vivemos – pós-modernidade - uma das principais manifestações é o consumismo, o prazer de aquisição de bens materiais, aquisição esta incontrolada.
Hoje em dia, não se compram produtos pela utilidade que darão ao comprador, mas única e exclusivamente pelo prazer de comprar, ainda que se saiba que o produto pouco ou nada acrescentará à pessoa ou, o que é mais grave, somente trará prejuízos para o adquirente. Mas nesta ânsia pelo ter, pelo adquirir, o que vale é apenas a sensação de bem-estar e de importância que a aquisição gera. Entretanto, Jesus ensina que a vida de alguém não é medida pelas posses que tenha (Lc.12:15), e que uma ação desta natureza avilta a dignidade da pessoa humana, que deve se livrar da ganância e da avareza, que outra coisa não é senão idolatria (Cl.3:5).
A prática desenfreada de aquisição de bens tem trazido diversos problemas, inclusive para os servos de Deus, que não conseguem resistir a determinadas “promoções imperdíveis” oferecidas pelo comércio, e adentram por endividamentos e financiamentos, sem mesmo avaliar se sua situação financeira comportará tais compromissos.
É bom ter a capacidade de adquirir bens necessários à existência e, na medida do possível, ter também condição financeira para realizar objetivos planejados a médio e longo prazos. Mas quando esquecemos de planejar nossas finanças e cedemos às pressões “urgentes”, para adquirir coisas supérfluas, corremos o risco de manchar o nome do Senhor e o nosso diante dos ímpios.
Concordo com a afirmação do Rev. Hernandes Dias Lopes: “O consumismo nos faz comprar coisa que não precisamos, com um dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de que não gostamos. Isso é perigoso”.
A Palavra de Deus nos adverte taxativamente sobre o gasto abusivo e desnecessário. No Antigo Testamento Deus já advertia o seu povo: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura” (Is.55:2).

III. O EVANGELHO TRANSFORMA A CULTURA

O Evangelho tem poder para transformar a cultura dominada pela iniquidade. O apóstolo Paulo afirmou: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê...” (Rm.1:16).

1. Jesus nasceu num contexto cultural

Jesus ao nascer foi acolhido numa sociedade dominada por três grandes culturas: a judaica, a grega e a romana (João 19:20). E para se fazer compreendido e mostrar amor, identificou-se com todas as pessoas, em suas diversas formas de cultura. Ele falou a língua daquele povo, vestiu-se conforme os costumes da época, comeu o que eles comiam, dormiu onde eles dormiam.
No diálogo com a mulher samaritana, Jesus abordou o tema da salvação usando um dos elementos que fazia parte do cotidiano daquela mulher - a água. Ele era judeu, ela uma samaritana, e havia uma grande rivalidade entre ambos os grupos, mas Jesus iniciou seu diálogo a partir de um ponto em comum: o poço de Jacó (que era historicamente importante para judeus e samaritanos) e a sede existencial que todo ser humano tem. Assim, Jesus conseguiu apresentar o evangelho à mulher de forma eficaz, bem como à toda aldeia dos samaritanos.
Devemos humildemente procurar compreender um povo com o qual trabalhamos, falando a sua língua e evitando todo escândalo cultural que possa fechar as portas para o evangelho. O amor de Deus manifestar-se-á através das nossas vidas quando pudermos comunicar o evangelho identificados culturalmente com todos.

2. O Evangelho transforma a cultura

Embora não seja possível converter todas pessoas de uma determinada cultura, podemos fazer com que muitas pessoas sejam influenciadas pela pregação do Evangelho. E a melhor e mais impressionante forma de pregarmos o Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e irrepreensível diante de Deus e dos homens.
-O povo de Antioquia, ao ouvir a mensagem do Evangelho, começou a chamar os discípulos de cristãos, porque, ao compararem o modo de vida de cada crente com o que era mostrado nas Escrituras, descobriram que os crentes daquela igreja eram “parecidos com Cristo”, ou seja, eram “cristãos”.
-Por ocasião da sua primeira viagem missionária, na cidade de Listra, Paulo, juntamente com o seu companheiro Barnabé, encontrou um homem aleijado de nascença que ouviu Paulo falar e demonstrou grande interesse. Assim que ouviu a ordem de Paulo para que ficasse em pé, o paralítico saltou e andou. O milagre foi realizado em público. Quando os cidadãos de Listra viram os milagres operados por intermédio de Paulo e Barnabé, queriam adorá-los. Mas eles explicaram que não eram deuses, mas homens, como os licaônicos. Seu objetivo era apenas proclamar as boas-novas para que as pessoas deixassem as coisas vãs e adorassem ao Deus vivo (cf. Atos 14:14,15). Após a explanação de Paulo sobre a criação (cf. Atos 14:15b - 17), o povo relutante desistiu, por fim, da ideia de oferecer sacrifícios aos servos do Senhor. Dessa forma, os dois missionários contrapuseram o Evangelho de Cristo à cultura pagã de Listra; e ali mesmo, foi estabelecida uma igreja fervorosa (Atos 14:21,22). Isso prova que o Evangelho tem o poder de transformar a cultura de uma sociedade por meio da prática da Palavra de Deus (veja At 17:15-34).
-Por ocasião de sua terceira viagem missionária, na cidade de Éfeso, também, a mensagem do Evangelho impactou a vida de muitas pessoas, mudando completamente a cultura religiosa daquela cidade. Muitas pessoas daquela cidade aceitaram a Cristo como Senhor e Salvador e o Espírito Santo os impulsionaram a abandonarem a cultura idólatra impregnada em suas vidas. Como demonstração de sua conversão a Cristo, eles queimaram publicamente os livros que os doutrinavam às práticas de magias negras (Atos 19:19) – “Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram na presença de todos, e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata”.
A mensagem do Evangelho foi impactante na vida dos efésios. A cidade sede do culto ao ídolo Diana tornou-se agora um território dominado pela Palavra de Deus. A terra da idolatria agora estava iluminada pela verdade das Escrituras Sagradas. A luz espantou as trevas, e a verdade desmascarou a mentira. O poder do Evangelho acabou com a influência generalizada da magia negra em Éfeso, pois os novos crentes concluíram que tais práticas eram incompatíveis e inconsistentes com a fé cristã.
John Stott ressalta que o fato de os recém-convertidos estarem dispostos a jogar seus livros no fogo, em vez de converterem o seu valor em dinheiro, vendendo-os, era uma evidência notável da sinceridade de suas conversões, era um sinal claro de que o povo de Éfeso estava desistindo da magia e abraçando o Evangelho de Jesus Cristo. Esse exemplo levou a outras conversões, pois “assim a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente” (Atos 19:20). Segundo alguns estudiosos, o valor total daqueles livros correspondia a cinquenta mil denários, ou seja, a 150 anos de salário de um trabalhador comum, levando em consideração que o salário de um trabalhador era de um denário por dia.
Segundo Simon Kistemaker:
Éfeso se tornou a depositaria da literatura sagrada que formou o cânone do Novo Testamento. Durante o tempo em que Paulo viveu em Éfeso, ele escreveu suas Epístolas aos Coríntios. Quando Paulo ficou em prisão domiciliar em Roma, ele enviou sua carta aos Efésios. Nos anos posteriores, quando Timóteo era pastor em Éfeso, Paulo despachou as duas epístolas que levam o nome de Timóteo. Algumas décadas mais tarde, o apóstolo João compôs seu Evangelho e suas três epístolas de Éfeso. De certa maneira, pode-se dizer que assim como o Antigo Testamento fora confiado aos judeus (Rm.3:2), da mesma forma os efésios se tornaram os guardiães do Novo Testamento” (KISTEMAKER, Simon. Atos. Vol.2).

3. Usando a cultura em favor do evangelho - construindo pontes culturais para pregar o evangelho em um ambiente cultural diversificado

A Igreja deve se inserir na cultura de um povo, não atacá-la nem tentar modificá-la de fora para dentro, mas, sim, inserir-se dentro da cultura de uma determinada sociedade e, ali, mediante a pregação eficaz e poderosa da Palavra de Deus, ser o instrumento para o novo nascimento das pessoas. Este novo nascimento fará com que as pessoas mudem de conduta e esta modificação trará, inevitavelmente, novos hábitos, novos costumes e a cultura será transformada, retornando-se à principiologia divina distorcida ao longo da vida pecaminosa dessa sociedade.
Em Atos 17, o apóstolo Paulo fez seu célebre discurso no areópago de Atenas. Cercado pela elite intelectual daquela cidade, ele apresentou um sermão polido, no qual citava os filósofos e poetas gregos, demonstrando afinidade com os temas de predileção daqueles homens. E foi assim, começando pelos poetas gregos que este bandeirante do Evangelho conduziu seus ouvintes à mensagem de arrependimento. Quando Paulo mencionou a ressurreição, muitos se escandalizaram e se foram, mas Dionísio e alguns dos presentes se converteram ao cristianismo (cf. At.17:34). Paulo foi sábio porque soube usar a cultura em seu benefício, construindo uma ponte por meio da qual introduziu o evangelho.

4. Os crentes de Corinto, um exemplo da influência do Evangelho

Corinto, uma cidade antiga da Grécia, era, em muitos aspectos, a metrópole grega de maior destaque nos tempos de Paulo. Seu colossal centro cultural se destacava com uma grande diversidade de riqueza, religiões e padrões morais. Tinha uma reputação de ser extremamente independente e tão decadente quanto qualquer cidade no mundo. Mas, o santo evangelho chegou a essa cidade e ali foi fundada uma grande igreja. Paulo fundou a igreja de Corinto, juntamente com Áquila e Priscila (Atos 16:19) e com sua equipe apostólica (At.18:5), quando da sua segunda viagem missionária, durante seu ministério de dezoito meses nessa região. A igreja era composta de judeus e gentios, mas o maior contingente de crentes era constituído de gentios convertidos do paganismo. O poder do evangelho transformou aquelas pessoas adeptas do paganismo, escravas de Satanás, em santos (1Co.1:2). Teve alguns problemas internos, mas apesar disto, ela detinha todos os dons espirituais (1Co.1:7).

CONCLUSÃO

A Igreja foi chamada para, através da Graça Comum, criar uma cultura debaixo do senhorio de Cristo. Cultura essa que reflita a ordem original da criação em todos os aspectos: na família, no trabalho, na ciência, nas artes, na política, etc. Como Igreja de Deus, temos essa missão a cumprir junto à sociedade, como sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13,14). Nossa missão é transformá-la através do poder do Evangelho de Cristo.
Ao aceitar a mensagem do Evangelho o ser humano passa a se comportar de maneira condizente com a vontade de Deus; passa refletir a respeito dos princípios e valores que se encontram na Palavra de Deus, em todos os níveis de nossas relações: na família, na igreja, na escola, no trabalho e nos relacionamentos. Isto equivale dizer que o Evangelho de Cristo não visa apenas salvar o homem do pecado e do inferno, mas também levá-lo a agir como instrumento transformador da sociedade na qual acha-se inserido. Que assim seja!
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço