12ª Lição do 1º trimestre de 2013
Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de
mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam
idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2:1,2).
1- INTRODUÇÂO
Nos
dias de Elias, a apostasia e a vergonhosa idolatria haviam se alastrado entre o
povo de Deus, impulsionadas pelos devaneios de Acabe e Jezabel. O povo de Israel
havia trocado a glória de seu Deus pela fútil veneração ao falso deus Baal,
considerado pelos desviados e apóstatas como o “senhor da chuva e das
tempestades”. Mas, o assombroso confronto no Monte Carmelo entre Elias e os
falsos profetas de Baal e Aserá bem como os fenomenais prodígios de Eliseu
começaram a reverter a triste situação. Aqueles que antes se escondiam pelo
temor de Jezabel passaram a manifestar publicamente a sua fé. O despertamente
foi tamanho que, por toda parte, surgiram “escolas teológicas” formando novos
mensageiros de Jeová. Haviam grupos de estudantes em Ramá, Gibeá, Gilgal e
Jericó (2Rs 2:3,5,7,15; 4:1,38; 9:1,2). Por diversas vezes, em algumas passagens
nos livros dos Reis, vemos aparecer a expressão “filhos dos profetas”,
mas pelo contexto destas passagens percebe-se que tem a mesma significação que
“escola de profetas”. Ressalta-se que as “escolas de profetas” não
tinham como propósito ensinar a profetizar, isso é uma atribuição divina; era um
testemunho vivo de que o povo de Deus, em um passado distante do Antigo
Testamento, preocupava-se em passar às gerações mais novas sua experiência
cultural e espiritual.
Neste
subsidio à lição 12, quero esclarecer um pouco mais dessas “escolas”, seu
cotidiano, seus objetivos e sua relevância.
2. A
instituição das “escolas de profetas”. Nem
todos os profetas do passado tiveram uma formação teológica convencional. Amós,
por exemplo, saiu diretamente do agreste judaico para as ruas de Samaria
(capital de Israel – Reino do Norte), proclamando sua mensagem profética da
única maneira que sabia: “cantando”. Miquéias, à semelhança de Amós, era homem
do campo, e provinha de família humilde, mas ergueu a voz para denunciar os
pecados de Jerusalém e os esquemas de corrupção no palácio, no poder judiciário
e nos corredores do Templo. A maioria dos profetas, no entanto, até mesmo
aqueles que nos são desconhecidos, receberam uma formação teológica mais
“especializada”. Por serem uma escola - tipo um seminário -, entende-se que
possuía uma certa estrutura física e uma organização mínima para funcionamento a
contento, e estavam sob uma liderança que oferecia a devida orientação adequada.
No texto de 2Reis 6:1, verificamos que Eliseu era o líder maior dos discípulos
dos profetas, e era com ele que buscavam instrução. À época do profeta Samuel
essas escolas já existiam; tudo indica que ele tenha sido o primeiro a tomar a
iniciativa de organizar esse tipo de “ensino teológico” (cf 1Sm 10:5,10; 19:23).
Geralmente os estudantes moravam juntos em uma casa ou em pequenas comunidades,
onde o ensino era ministrado (2Rs 6:1,2). Alguns “seminaristas” eram casados e
mantinham seus próprios lares (2Rs 4:1).
3.
Objetivos das “escolas de profetas”: treinamento e encorajamento.
-
Com
relação ao treinamento, além
da teoria, a execução de determinadas tarefas, sob permissão do instrutor, eram
permitidas, como se observa no ocorrido de 2Reis 2:15-17: “Vendo-o, pois, os
filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de
Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele
em terra. E disseram-lhe: Eis que, com teus servos, há cinqüenta homens
valentes; ora, deixa-os ir para buscar teu senhor; pode ser que o elevasse o
Espírito do Senhor e o lançasse em algum dos montes ou em algum dos vales. Porém
ele disse: Não os envieis. Mas eles apertaram com ele, até se enfastiar; e
disse-lhes: Enviai. E enviaram cinqüenta homens, que o buscaram três dias, porém
não o acharam”. Esse processo interativo entre o líder e o liderado, entre o
educador e o educando, é vital para produção do conhecimento. Em outras
situações observamos que os filhos de profetas, quando já treinados, podiam agir
por conta própria em determinadas situações (1Rs 20:35).
-
Com
relação ao encorajamento, os
alunos eram encorajados a buscarem uma melhor compreensão da Palavra de Deus.
Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a buscar a
excelência no ensino.
4.
Currículo das “escolas de profetas”. A
formação acadêmica dos “discípulos de profetas” consistia no estudo das
Escrituras (os livros históricos e os poéticos) e das leis mosaicas. Havia
espaço ainda para a instrução na música sacra e na poesia (1Sm 10:5). O
“professor”, um profeta mais experiente, transmitia o ensino com seu exemplo de
vida e seu trabalho, e eram eles mesmos que consagravam os novos obreiros à
missão de reconduzir o rebanho desgarrado de Israel ao aprisco do Senhor, o
pastor de nossa alma (Sl
23).
5.
Aprendendo na provação. A vida
diária nas escolas de profetas não era nada cômoda. Os estudos eram exaustivos,
as acomodações eram precárias (2Rs 6:1), a falta de recursos era uma constante
(2Rs 4:1), o trabalho era árduo e, se não bastasse isso tudo, a comida era
escassa, geralmente produzida por eles mesmos, em hortas comunitárias. As coisas
ficaram ainda piores quando Deus enviou uma estiagem que durou sete anos (cf.
2Rs 8:1). Se a nação toda padeceu, quanto mais aqueles que deixaram tudo pelo
ministério!
Foi
exatamente nesse contexto de crise que Eliseu, o “homem de Deus”, chegou no
seminário de Gilgal para uma “série de conferências”. A receptividade foi
calorosa, mas a despensa estava vazia. Eliseu enviou um dos alunos ao campo para
colher frutos e raízes comestíveis, a fim de preparar um sopão para todos. Mas
algo saiu errado: um dos ingredientes estragou a sopa, tornando-a amarga e
venenosa. A “colocíntida” (2Rs 4:39), uma espécie de pepino selvagem, em
pequenas quantidades era usada para fins medicinais, mas em grande quantidade
tornava-se tóxica e extremamente amarga.
Uma das
coisas admiráveis neste texto é que, embora o gosto estivesse horrível, todos
comeram sem reclamar. O único comentário que surgiu foi quando atinaram para o
perigo de conter algo venenoso. Essa é uma boa lição de educação, respeito e
ética. Interessante também é notar que Deus permitiu tal acontecimento para
mostrar o Seu cuidado aos que a Ele se consagram. Deus usa o homem, e o homem
usa o que tem à mão. Eliseu usou farinha, e esse ingrediente anulou o veneno. O
milagre aconteceu, não por causa da farinha, mas pela fé de Eliseu. Ele poderia
ter usado cevada, hortelã, pão ou qualquer outro ingrediente, e o resultado
seria o mesmo.
Aprendemos
com esses seminaristas que: Deus cuida de Seus servos, geralmente usando o que
eles têm à mão aliado à quantidade de sua fé. A viúva do profeta (2Rs 4:1-7)
colocou perante Deus, o pouquinho que tinha, e no que é que deu? Da mesma forma,
se usarmos aquilo que temos, ainda que seja pouco, e usarmos com fé, grandes
coisas Deus fará por nós.
6.
Ensinando através do exemplo.
Eliseu
demonstrou o poder de Deus com milagres realizados, mas também ensinou pelo seu
próprio exemplo. Citamos dois exemplos:
-
Primeiro exemplo: Certa
feita, um homem da cidade vizinha (Baal-Salisa) veio à “casa de profetas” trazer
uma oferta em mantimentos para o sustento de Eliseu, conforme prescrevia a Lei
de Moisés (Nm 18:13; Lv 23:10; Dt 18:4). A oferta era generosa para um só homem
“professor”, mas insuficientemente para cem alunos (2Rs 4:43). Era um direito de
Eliseu reter a oferta só para si, pois “digno é trabalhador do seu
salário” (Lc 10:7), contudo, preferiu repartir aquela bênção com os demais
colegas de ministério, e Deus abençoou a sua decisão: “todos comeram e ainda
sobrou” (2Rs 4:43). Eliseu demonstrou a principal virtude de um homem de
Deus: amor ao próximo. Este exemplo que Eliseu manifestou certamente foi um
grande ensino para aqueles discípulos. Ele demonstrou o seguinte modo de viver:
o que é meu também é teu. Aquele que reparte de bom grado as suas dádivas sempre
as terá em abundância – “Daí, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada,
sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que
tiverdes medido vos medirão também “ ( Lc 6:38).
-
Segundo exemplo: Geazi
era seu aluno, e convivia com o profeta, vendo milagres. Não é exagero dizer que
Eliseu aprendeu muitas coisas com o convívio que teve com Elias, e Geazi também
observou os atos de Eliseu. Mas aqui cabe uma observação: Ao passo que Eliseu
aprendeu coisas com Elias e teve um ministério frutífero, Geazi optou pelo
caminho oposto. Na ocasião em que esteve com o capitão siro Naamã, Geazi
demonstrou que não estava apto para o ministério profético pois foi seduzido
pelos presentes que Naamã, já curado, ofereceu a Eliseu. Nessa ocasião, vendo
Geazi que Eliseu rejeitou os presentes de Naamã, cobiçou-os e foi atrás do siro,
contando-lhe uma história piedosa:
“E
foi Geazi em alcance de Naamã; e Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do
carro a encontrá-lo e disse-lhe: Vai tudo bem? E ele disse: Tudo vai bem; meu
senhor me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim dois jovens dos filhos
dos profetas da montanha de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas
mudas de vestes. E disse Naamã: Sê servido tomar dois talentos. E instou com ele
e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas mudas de vestes; e
pô-las sobre dois dos seus moços, os quais os levaram diante dele. E, chegando
ele à altura, tomou-os das suas mãos e os depositou na casa; e despediu aqueles
homens, e foram-se” (2Rs 5:21-24).
Mas,
Deus julgou severamente o cobiçoso e materialista
Geazi:
“Então,
ele entrou e pôs-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseu: De onde vens,
Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte. Porém ele lhe
disse: Porventura, não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de
sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isso ocasião para tomares prata e para
tomares vestes, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas?
Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então,
saiu de diante dele leproso, branco como
a neve” (2Rs
5:25-27).
Porque
Deus julgou Geazi de forma tão severa?
Primeiro, porque ele foi um homem cobiçoso. Segundo, porque ficou indignado de
ver Naamã ser curado e não pagar nada pela cura que recebeu. Terceiro, porque
mentiu para obter os presentes que Naamã daria a Eliseu. Quarto, não podemos
usar os dons que Deus nos concede para lucrar de forma pessoal.
Que
essas observações nos sirvam de exemplo, para que não sejamos julgados por Deus
por conta de tais manifestações de infidelidade.
CONCLUSÃO
As
Escolas de profetas na época de Elias e de Eliseu eram dedicadas ao ensino
formal da Palavra de Deus e ao comportamento ético do futuro profeta. A
preocupação com o aspecto espiritual do povo de Israel era sua principal
bandeira esses líderes. Esses futuros profetas seriam mais tarde líderes que
teriam de confrontar as falsas teologias e a idolatria que os maus reis
obrigavam o povo a aceitar. Assim como era importante o estudo da Palavra de
Deus naquela época, também o é atualmente. Infelizmente, os tempos mudaram e os
seminários teológicos se “conformaram com o mundo” – procuram parecenças com as
faculdades seculares e, por isso, buscam reconhecimento do MEC -, mas o prejuízo
tem sido enorme, pois a teologia liberal tem predominado sobremaneira na maioria dos
seminários com prejuízos incalculáveis à ortodoxia das Escrituras
Sagradas.
Em
qualquer época, sejam tempos de fartura ou tempos de escassez, de paz ou de
guerra, de bonança ou de tempestade, a Igreja tem a responsabilidade de
salvaguardar a verdadeira e original doutrina bíblica que se acha nas Escrituras
Sagradas, e transmiti-las aos fiéis - “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na
graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste,
confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”
(2Tm 2:1,2).
Deus te abençoe pelo ensino!
ResponderExcluirDeus te abençoe pelo ensino!
ResponderExcluirQue a sabedoria do Espírito de Deus continue sobre vocês, amem
ResponderExcluirExcelente Estudo, que Deus lhe abençoe
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÓtima explicação. Gostei.
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