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terça-feira, 5 de setembro de 2023

11ª lição do 3º trimestre de 2023: CULTIVANDO A CONVICÇÃO CRISTÃ

 


Texto Base: 1Tessalonicenses 2:1-12

“Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1Ts.2:3).

1Tessalonicenses 2:

1.Porque vós mesmas, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã;  

2.mas, havendo primeiro padecido e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate. 

3.Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência; 

4.mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova o nosso coração. 

5.Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha. 

6.E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; 

7.antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. 

8.Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda a nossa própria alma; porquanto nos éreis muito queridos. 

9.Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus. 

10.Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes. 

11.Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos, 

12.para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos da convicção cristã. Convicção é a ação de convencer, isto é, ter uma ideia ou opinião sobre algo de modo pertinaz, crendo absolutamente naquilo que acredita e transmitindo isso para as outras pessoas. Ter convicção é o mesmo que ter a firme certeza sobre algo em que acredita, sendo esta segurança oriunda a partir de motivos ou provas de natureza particular. A origem da palavra "convicção" está no latim convictio, que significa "prova" ou "refutação". Este termo, por sua vez, deriva de convincere, que quer dizer "vencer" ou "superar decisivamente". Nesta Lição, veremos que todo crente em Jesus Cristo precisa cultivar uma profunda convicção espiritual, moral e social a fim de ser capaz de dar um verdadeiro testemunho neste mundo mergulhado em trevas. 

I. CONVICÇÃO ESPIRITUAL

1. Poder do Espírito Santo

Na Segunda Viagem Missionária de Paulo (49-52 d.C.), por orientação divina, o evangelho de Cristo foi proclamado na Europa. Após ter sido impedido pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia e na Bitínia (Atos 16:6,7), o apóstolo teve uma visão em que um homem lhe dizia: “Passa à Macedônia e ajuda-nos!” (Atos 16:9). A partir dessa revelação a mensagem da cruz foi anunciada em Filipos e depois em Tessalônica (Atos 16:10-12; 17:1). Paulo afirma que o evangelho chegou nesta região “não tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção...”(1Ts.1:5-ARA). Veja que Paulo afirma que o evangelho chegou nesta região de três formas gloriosas:

a) Em palavras. O apóstolo usou métodos inteligentes de abordagens para apresentar Jesus por meio das Escrituras. Ele arrazoou, expôs, demonstrou e anunciou (Atos 17:2,3).Todos esses métodos foram endereçados ao entendimento dos tessalonicenses. Porém, Paulo não dependeu de sua própria habilidade, eloquência e sabedoria. A pregação dele não foi meramente uma declaração, uma retórica vazia e sem coração. A pregação de Paulo não era um simples discurso. O evangelho não consiste em meras palavras. O pr. Hernandes Dias Lopes afirma que “Paulo pregava aos ouvidos e aos olhos. Ele falava e demonstrava. Ele tinha palavra e poder”.

b) Em poder, no Espírito Santo. A palavra utilizada por Paulo para “poder”, “dynamis”, é usada geralmente para denotar a energia divina. Pregar em poder, portanto, significa pregar na força e energia do próprio Deus. O evangelho não consiste de meras palavras. Palavras humanas seriam inúteis se a mensagem não fosse dada em poder. O evangelho é o poder de Deus que trabalha no coração do ser humano. Havia dinamite (dynamis) espiritual na mensagem de Paulo, explosivo suficiente para demolir os ídolos (1Ts.1:9).

Paulo estava convencido de que nenhum método era por si suficiente para alcançar os corações. Ele dependia totalmente do poder do Espírito Santo em sua pregação. Paulo não colocava o uso da razão como algo contrário à ação do Espírito; ele usava os melhores métodos e se esmerava na preparação da mensagem, mas confiava totalmente no poder do Espírito para aplicar a mensagem. Martyn Lloyd-Jones disse “que se não houver poder, também não haverá pregação. A verdadeira pregação, afinal de contas, consiste na atuação de Deus. A pregação é lógica pegando fogo. É teologia em chamas. Pregação é teologia que extravasa de um homem que está em chamas”.

c) Em convicção. Paulo tinha plena convicção do poder da mensagem que anunciava. Martyn Lloyd-Jones corrobora que “Paulo sabia que algo estava acontecendo, e tinha consciência disso. Ninguém pode ser cheio do Espírito Santo sem saber o que está acontecendo. Esse enchimento do Espírito Santo propicia clareza de pensamento, clareza e facilidade de expressão, um profundo senso de autoridade e confiança na pregação, além da certeza de um poder vindo do Alto, que se manifesta ardentemente por todo o nosso ser, com um senso indescritível de alegria. Nada provém de nosso próprio esforço; somos um mero instrumento, um canal, um veículo; o Espírito nos usa e contemplamos tudo com grande júbilo e admiração”.

O pr. Hernandes Dias Lopes, citando William Hendriksen, diz que “a convicção é um efeito imediato da presença e do poder do Espírito Santo nos corações dos embaixadores. A referência aqui é a plena convicção dos missionários à medida que pregavam a Palavra”. Como afirma o pr. Douglas Baptista, na ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero intelectualismo humano e seu resultado é ineficaz na transformação de vidas (Mt.7:29; 1Co.2:1-5).

2. Confiança em Deus

Antes de pregar em Tessalônica, Paulo pregou em Filipos, por ocasião de sua Segunda Viagem Missionária. Em Filipos foi espancado com varas e ultrajado. Diz o texto sagrado: “uma multidão revoltada se juntou contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que os dois fossem despidos e açoitados com varas. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu ordens para não os deixar escapar, por isso os colocou no cárcere interno, prendendo-lhes os pés no tronco” (Atos 16:22-24).

Apesar dessa severa provação, não esmoreceram, mas, impelidos pelo Espírito, vieram à Tessalônica e pregaram o evangelho com confiança em Deus. Na cidade, em meio às suas lutas, e com ousadia e confiança, anunciaram a Cristo. Apesar da severa oposição, Paulo diz que a sua fé não estava abalada: “Sabem como fomos maltratados e quanto sofremos em Filipos, antes de chegarmos aí. E, no entanto, com confiança em nosso Deus, anunciamos a vocês as boas-novas de Deus, apesar de grande oposição” (1Ts.2:2). Muitos poderiam tirar férias ou dar um tempo no ministério depois de tão violenta perseguição, mas Paulo se dispôs a pregar a Palavra de Deus ousadamente em Tessalônica.

Todavia, o Ministério de pregação em Tessalônica foi também em meio a uma luta agônica. Os críticos de Paulo queriam desacreditar sua pessoa, assacando contra ele pesadas e levianas acusações. Havia quem dizia em Tessalônica que Paulo tinha ficha policial e que não era mais que um delinquente que estava fugindo da justiça, e que obviamente não se poderia dar ouvidos a um homem dessa índole. Porém, assim como as trevas não podem prevalecer contra a luz e a mentira não pode triunfar sobre a verdade, as acusações mentirosas dos inimigos não puderam destruir a reputação do apóstolo de Cristo. Como afirma o pr. Douglas Baptista, “nessa perspectiva, somos encorajados a não desfalecer na pregação do Evangelho, mas confiados em Deus, jamais recuar, mesmo diante das ameaças de prisão ou de morte.

3. Fidelidade na pregação

Deus confiou a Paulo a pregação do evangelho. Foi fiel e aprovado por Deus (1Ts.2:4). Paulo tinha não apenas a revelação, mas também aprovação. Foi aprovado porque ele pregava para agradar a Deus e não a homens. Ele não pregava o que o povo queria ouvir, mas o que o povo precisava ouvir. Ele não pregava para entreter os bodes, mas para alimentar as ovelhas. A pregação da verdade não é popular, mas é vital para a salvação.

Paulo assegura que o Evangelho anunciado em Tessalônica “não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1Ts.2:3a). Ele possuía o conteúdo glorioso do evangelho de Deus e uma vida reta diante do Senhor. Sua pregação era respaldada pela sua vida, e seu ministério foi plantado no solo fértil de uma vida piedosa. Vida com Deus precede ministério para Deus. A vida é a base do ministério e precede ao ministério. A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra (Mc.3:14). Vida com Deus é a base do trabalho para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Por isso, “devemos viver de uma maneira que traga atenção positiva e a honra a Deus. Devemos sempre examinar a nós mesmos, para assegurar que as nossas vidas sejam dignas de nos identificar com Cristo, representar o seu caráter e transmitir a sua mensagem a outras pessoas. Só seremos capazes de fazer isto, confiando na graça e no poder de Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

II. CONVICÇÃO MORAL

1. Retidão nas ações

A conduta de retidão nas ações é uma virtude do crente regenerado. Disse o apóstolo Paulo aos crentes de Colossos: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Col.3:23). Todo o trabalho é digno se o fizermos de forma honesta, com retidão, e todo o trabalho é espiritual se o fazemos para o Senhor.

A retidão nas ações de uma pessoa é um sinal clarividente que ela é convertida, pois a conversão, como ensina o pr. Douglas Baptista, opera a transformação moral na vida do crente salvo (2Co.5:17). Paulo foi um obreiro irrepreensível diante das pessoas. Escrevendo aos crentes de Tessalônica, ele reivindica a retidão das próprias ações ao afirmar: “A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus é testemunha” (1Tess.2:5). Aqui, ele menciona dois fatores da sua irrepreensibilidade:

a)    Ele não era um bajulador (1Ts.2:5a). A palavra “bajulação” usada por Paulo descreve a adulação que pretende ganhar algo, a lisonja por motivos de lucros. É o engano mediante a eloquência, para ganhar os corações das pessoas a fim de explorá-las. O bajulador é aquele que fala uma coisa e sente outra. Ele tem a voz macia como a manteiga e o coração duro como uma pedra. Ele tem palavras aveludadas e uma motivação ferina como uma espada. Havia plena sintonia entre o que Paulo falava e o que ele sentia. Paulo apresenta seu testemunho diante de todos: “[...] como sabeis (1Ts.1:5; 2:1,5,11; 3:3,4; 4:2; 5:2). E também dá seu testemunho diante de Deus: “Deus é testemunha” (1Ts.2:5). Somente o falso cristão é que busca poder e influência por meio da bajulação mentirosa (Rm.16:18).

b)   Ele não era mercenário (1Ts.2:5b).  Paulo não pregava para arrancar o dinheiro das pessoas, mas para arrancar-lhes do peito o coração de pedra, a fim de receberem um coração de carne. Paulo não buscava lucro, mas salvação. Sua recompensa não era dinheiro, mas vidas salvas. Os motivos de Paulo em fazer a obra de Deus eram puros. Ele não fazia do ministério uma plataforma para se enriquecer. Ele não estava atrás do dinheiro das pessoas, mas ansiava pela salvação delas.

Além destes fatores, a Bíblia orienta a deixar a mentira e falar a verdade (Ef.4:25), deixar o furto e ser honesto (Ef.4:28), não pronunciar palavras torpes e dizer apenas o que edifica (Ef.4:29).

2. Reputação ilibada

"Reputação ilibada" é uma expressão que se refere a uma reputação impecável, imaculada ou irrepreensível. Ela indica que uma pessoa ou entidade possui um histórico livre de qualquer tipo de mancha, má conduta, escândalo, atividade criminosa ou desonestidade. Ter uma reputação ilibada implica em ser reconhecido(a) como alguém que age de forma ética, honesta e respeitável em todos os aspectos de sua vida pessoal e profissional.

Com relação ao apóstolo Paulo, ele avalia sua reputação com esta frase: “Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros” (1Tes.2:6). Paulo não pregava para alcançar glória e prestígio humano, não andava atrás de lisonjas humanas. Ele não buscava prestígio pessoal nem glória de pessoas. Ele não dependia desse reprovável expediente, pois sabia quem era e o que devia fazer. Ele não precisava bajular nem receber bajulação. Sua realização pessoal não procedia da opinião das pessoas, mas da aprovação de Deus. É digno observar que em 1Tessalonicenses 1:5, Paulo não disse: “Eu cheguei até vós”, mas disse: “o nosso evangelho chegou até vós”. O foco não estava no homem, mas no evangelho. O culto à personalidade é um pecado. Toda a glória que não é dada a Deus é vanglória, é glória vazia. Aos coríntios, escreveu que o crente deve gloriar-se no Senhor e não em si próprio (1Co.1:29-31). A conclusão é clara: os que aspiram fama e prestígio caem em tentação e maculam o Evangelho. Nosso viver deve glorificar a Deus. A Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, para sempre! (Ef.3:21).

3. Vida irrepreensível

O adjetivo “irrepreensível” é frequentemente usado para descrever indivíduos que são admirados por sua integridade e caráter exemplar, que seguem uma conduta ética consistente e que evitam qualquer tipo de comportamento prejudicial ou inadequado. Assim como no caso da "reputação ilibada", ter uma "vida irrepreensível" é considerado um atributo altamente valorizado, especialmente em contextos nos quais a confiança, a responsabilidade e a ética são fundamentais, como em liderança, cargos públicos ou atividades que envolvam relações de confiança e responsabilidade.

Uma "vida irrepreensível" refere-se a um estilo de vida ou conduta que é considerado sem falhas morais, éticas ou comportamentais. Significa viver de acordo com padrões elevados de moralidade, ética e integridade, evitando ações que possam ser julgadas como erradas, questionáveis ou condenáveis pela sociedade, pela lei ou por princípios pessoais.

Uma pessoa que leva uma vida irrepreensível geralmente é vista como alguém que age de maneira justa, honesta e respeitosa em todas as áreas de sua vida, seja em relacionamentos pessoais, profissionais ou comunitários. Nesse contexto, o apóstolo Paulo invoca a Deus e a igreja em Tessalônica como testemunhas de sua postura “santa, justa e irrepreensível” (1Ts.2:10). Como bem afirma o pr. Douglas, “essas designações implicam obediência nas questões morais, atitude de retidão exemplar e conduta sem motivo algum de reprovação (1Co.9:16-23); denotam o padrão de comportamento para com Deus, para com os homens e para consigo mesmo (1Co.9:27)”.

Paulo viveu de forma irrepreensível (1Tess.2:10). A palavra “irrepreensível” tem a ver com o reflexo público da vida. Isso fala de uma relação correta com os outros. Os inimigos de Paulo podiam odiá-lo, acusá-lo, e até assacar contra ele pesadas e levianas acusações, mas não podiam encontrar nada para envergonhá-lo. Paulo era um obreiro irrepreensível. Ciente da influência que sua vida exercia sobre os fiéis, o apóstolo diz: “para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2Ts.3:9). Assim, o grau de comprometimento adotado pelo crente com os valores do Reino é o reflexo do nível de sua comunhão com Deus (1Co.10:32).

III. CONVICÇÃO SOCIAL

1. Bem-estar comum

O papel da igreja é o de proclamar o Evangelho (Mt.28:19) e aliviar o sofrimento promovendo o bem-estar social entre os irmãos (Tg.2:15-17). Paulo teve essa preocupação em seu ministério. Veja o que ele disse à Igreja de Tessalônica:

“Embora, como apóstolos de Cristo, pudéssemos ter sido um peso, tornamo-nos bondosos entre vocês, como uma mãe que cuida dos próprios filhos. Sentindo, assim, tanta afeição por vocês, decidimos dar-lhes não somente o evangelho de Deus, mas também a nossa própria vida, porque vocês se tornaram muito amados por nós” (1Tes.2:7,8).

Paulo foi como uma mãe para os crentes de Tessalônica. Uma mãe é aquela que quando tem apenas um pão para repartir fala para o filho que não está com fome. Uma mãe se dispõe a renunciar aos seus direitos a favor dos filhos. De modo semelhante, Paulo tinha o direito de exigir dos tessalonicenses o seu sustento, mas ele abnegada e voluntariamente abriu mão desses direitos para suprir as necessidades dos tessalonicenses como uma mãe carinhosa que acaricia os próprios filhos. Paulo não era um mercenário, mas um pastor. Ele não apascentava a si mesmo, mas o rebanho de Deus. Ele colocava a necessidade dos outros acima das suas necessidades.

Como uma mãe, Paulo cuidou dos seus filhos espirituais com sacrifício cabal (1Tes.2:8). Ele estava pronto a dar a própria vida pelos crentes de Tessalônica. O pastor verdadeiro, aquele que imita o supremo Pastor, dá a vida pelas suas ovelhas (João 10:11); ele não vive para explorá-las, mas para servi-las; seu ministério é de doação e não de exploração. Seu sacrifício é cabal, igual a uma mãe que está pronta a dar sua própria vida para proteger o filho; seu amor é sacrificial. Foi esse fato que permitiu ao rei Salomão descobrir qual mulher era a mãe verdadeira da criança sobrevivente (1Rs.3:16-28).

O procedimento de Paulo também se equipara ao procedimento de um pai amoroso que se interessa pelos problemas dos filhos (1Ts.2:11b). Era assim que Paulo encorajava, confortava e servia de exemplo à igreja (1Ts.2:11a). Um pai não deve apenas sustentar a família com trabalho e ensinar-lhe com exemplo, mas também deve ter tempo para conversar com os membros da família. Paulo sabia da importância de ensinar os novos crentes.

Paulo não era um pregador estrela que só gostava do glamour da multidão. Ele passava tempo com cada pessoa. Ele era um pai para quem cada filho tinha um valor singular e por quem estava pronto a dar sua própria vida. O propósito de Paulo ao ensinar os seus filhos na fé era que eles vivessem de modo digno diante de Deus. O alvo de Paulo era levar os crentes à maturidade espiritual; os tessalonicenses deveriam atingir a plenitude da estatura de Cristo.

Assim como fez Paulo, a Igreja de hoje deve agir na busca da maturidade cristã e espiritual, jamais olvidando o bem-estar comum das pessoas, quer seja crente ou descrente. Como diz o pr. Douglas, a dedicação exclusiva de uma parte em detrimento da outra não retrata o Evangelho de Cristo (Tg.4:17).

2. Dedicação altruísta

Altruísmo é um tipo de comportamento em que as ações voluntárias de um individuo beneficiam outros. No sentido comum do termo, é, muitas vezes, percebida como sinônimo de solidariedade. O apóstolo Paulo foi um dedicado altruísta que visava somente o bem das pessoas. Ele não mediu esforços para que o Evangelho de Cristo fosse propagado, pois visava que as pessoas saíssem das trevas da incredulidade, e viessem à luz de Cristo e fossem salvas (Atos 20:24).

Pela dedicação altruísta e exclusiva na evangelização, no discipulado e no pastoreado, Paulo tinha o direito de ser sustentado pela Igreja, mas ele decidiu nada receber (cf.1Ts.2:7). Desta feita, para prover o seu sustento, Paulo valeu-se de seu ofício de fabricante de tendas (Atos 18:3). Acerca disso, recordava aos irmãos do seu labor e fadiga; e de como, noite e dia laborava para não viver à custa de nenhum dos irmãos (1Ts.2:9). Para não se tornar um fardo para a igreja, ele se desgastou numa atividade laboral extenuante.

Embora a igreja de Filipos tenha enviado duas vezes dinheiro para ajudá-lo em Tessalônica (cf.Fp.4:15,16), embora fosse seu direito exigir sustento da igreja (1Ts.2:7), Paulo decidiu trabalhar para se sustentar (2Ts.3:6-12). Ninguém podia acusá-lo de ganância financeira (Atos 20:31; 2Co.12:14). Mesmo tendo o direito legitimo de exigir seu sustento (1Co.9:14; 1Tm.5:18), não dependia dele para fazer a obra de Deus. Paulo não usou dessa justa prerrogativa, porque conhecia a extrema pobreza da igreja de seu tempo (2Co.8:1,2); suportou as restrições financeiras para não criar obstáculo ao Evangelho (1Co.9:11,12), e que tudo fez para ganhar o maior número possível de pessoas para Cristo (1Co.9:19). Paulo não estava no ministério por causa de dinheiro. Sua motivação nunca foi o dinheiro, mas a glória de Deus, a salvação dos perdidos e a edificação da Igreja do Senhor Jesus.

Aprendemos com Paulo que o amor sacrificial, o trabalho voluntário e despreendido são essenciais para o crescimento do Reino de Cristo, e devem fazer parte de uma profunda convicção cristã como contraponto claro ao “espírito da Babilônia” que é o oposto do altruísmo cristão.

CONCLUSÃO

Sendo o apóstolo Paulo um paradigma à nossa maturidade cristã, moral e espiritual, concluímos esta Lição enfatizando a necessidade de cada crente manter firme a sua convicção cristã em defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra. É imperioso que busquemos ter uma convicção espiritual resultante do poder do Espírito Santo (1Ts.2:4), uma convicção moral como reflexo do temor que temos a Deus (1Ts.2:5) e uma convicção social que deve ser demonstrada pela abnegação em servir (1Ts.2:9).

Fonte: http://luloure.blogspot.com/2023/09/cultivando-conviccao-crista.html

terça-feira, 25 de julho de 2023

5ª lição de adultos do 3º trimestre 2023: A DESSACRALIZAÇÃO DA VIDA NO VENTRE MATERNO


       

 Subsídio para a Lição 05

Texto Base: Lucas 1:26-33,39-45

“E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc.1:31).

LUCAS 1:

26.E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 

27.a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 

28.E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. 

29.E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e considerava que saudação seria esta. 

30.Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus, 

31.E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. 

32.Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, 

33.e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim. 

39.E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, 

40.e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. 

41.E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo, 

42.e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre! 

43.E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? 

44.Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. 

45.Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas!

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Lição sobre a Dessacralização da Vida no Ventre Materno. De acordo com Genesis 2:7, Deus formou o homem a partir do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, fazendo com que o homem se tornasse alma vivente. Essa passagem enfatiza que Deus é o criador e o doador da vida, conferindo à humanidade uma existência única e especial. Através desse ato de criação, Deus demonstra seu poder e autoridade como o autor da vida, tendo ela, conforme está escrito no Salmos 139:13-16, o seu divino valor desde a concepção no ventre materno. Logo, toda ideologia que tem a intenção malévola de dessacralizar a vida e fazer apologia à cultura de morte, inclusive de criatura ainda em formação no ventre materno, afronta a soberania de Deus que a criou e desqualifica a autoridade das Escrituras Sagradas, que a valoriza por ser obra prima do Criador. Somente Deus, que é o autor da vida, tem o direito soberano de tirá-la (1Sm.2:6). Somente Deus tem a autoridade absoluta sobre todas as coisas, incluindo a existência humana e o destino após a morte.

I. A CONCEPÇÃO DE CRISTO

1. O anúncio do nascimento

O anúncio da encarnação e nascimento de Jesus Cristo foi o mais maravilhoso que já ocorreu neste mundo. O mesmo anjo Gabriel que há seis meses visitara Zacarias na Judeia, agora é enviado por Deus a Maria, em Nazaré, na Galileia, para comunicar o evento mais auspicioso e esperado da história: o nascimento do Messias, o Salvador do mundo. Gabriel só aparece na Bíblia em Lucas, capítulo 1, e em Daniel 8:16 e 9:21. Este ser angelical faz a seguinte revelação a Maria: “em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc.1:31). Diante do inusitado, Maria indaga: “como se fará isso, visto que não conheço varão?” (Lc.1:34). A pergunta demonstra a perplexidade da virgem de como se daria a concepção sem a participação de um homem.

A concepção virginal de Jesus é um dos maiores milagres das Escrituras, pois, segundo os estudiosos entendidos no assunto, se fosse possível criar um feto usando apenas o óvulo de uma mulher, essa criança seria do sexo feminino, e não do sexo masculino. Apenas um homem pode dar o cromossomo que, junto com o da mulher, torna possível o nascimento de uma criança do sexo masculino. Este cromossomo, com os outros que formaram a pessoa teantrópica de Jesus (totalmente Deus e totalmente homem), foi dado pelo Espírito Santo. No plano de Deus, a virgem Maria estava destinada a ser a mãe do Cristo, o Messias e Salvador. Maria aceitou sem nenhuma restrição o convite de Deus feito por intermédio do anjo. Ela respondeu com firmeza, se colocando na posição de serva e se submetendo a todas as dificuldades que ela teria que superar.

Maria foi agraciada em ser escolhida para ser a mãe de Jesus Cristo, o Messias prometido; todavia, ela estava na mesma condição de qualquer outro ser humano: separada de Deus; portanto, como qualquer ser humano, totalmente dependente do ato salvífico de Cristo na cruz. Paulo afirma em Romanos 3:10 que: “[…] Não há um justo, nem um sequer”. Este texto ratifica a dependência humana da salvação por meio de Cristo, incluindo Maria.

O ventre que guardaria o maior de todos os tesouros não era o de uma princesa, mas de uma virgem comprometida a casar-se com um carpinteiro da aldeia de Nazaré, um pequeno vilarejo da Galileia, considerado por alguns com desdém (João 1:46). Nazaré era tão obscura que, dentre as 56 cidades da Galileia, nunca é mencionada no Antigo Testamento nem na lista de Flavo Josefo. Nazaré tampouco é mencionada no Talmude que lista 63 cidades.

Mateus diz que Jesus seria chamado de Nazareno (Mt.2:23). Certamente, Mateus pensou em Isaias 11:1, que diz: “do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo”. A palavra “renovo ou broto” no hebraico é ”nezér”. Jesus é chamado por Isaías de “nezér”. Por causa do seu local de residência, Nazaré, Jesus é designado Nazareno (Mt.2:23; Mc.1:24). Sobre a cruz de Jesus foi escrito: “Jesus Nazareno, o rei dos judeus”. Para os cristãos, esse título significa que Jesus como Nazareno é o “broto” de Jessé, sobre o qual Isaias falou. Assim, Mateus vê a mão coordenadora e diretiva de Deus na circunstância de que, no Antigo Testamento, o Messias é chamado de “nezér” e no Novo Testamento, de Nazareno.

2. A miraculosa concepção

A concepção virginal de Jesus foi obra sobrenatural do Espírito Santo (Lc.1:35), e não resultado de uma relação entre José e Maria. Foi no interregno do noivado à consumação do casamento que o anjo Gabriel visitou Maria em Nazaré. Nessa ocasião, Maria foi comunicada de que seria a mãe do Salvador, de que desceria sobre ela a sombra do Altíssimo e de que, pela ação soberana do Espírito Santo, ela conceberia e daria à luz o Filho de Deus. Seu corpo foi preparado para Ele pelo Espírito Santo (Hb.10:5).

Existem algumas alegações errôneas e não bíblicas de que a concepção virginal de Cristo foi baseada no relato de mitos pagãos; todavia, Mateus afirma que Maria simplesmente “achou-se grávida pelo poder do Espírito Santo” (Mt.1:18-NVI). O anjo Gabriel explicou a Maria que a concepção seria singular e miraculosa: “descerá sobre ti o Espírito Santo” (Lc.1:35a) e, por isso, declarou que o menino, “o Santo, [...] será chamado Filho de Deus” (Lc.1:35b). Para comprovar o plano divino do nascimento virginal, Mateus não recorre à mitologia e sim ao profeta Isaías: “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is.7:14).

Quando se fala de concepção virginal, o que está em questão é a preservação da virgindade de Maria no processo da concepção. Mateus evidencia a origem divina de Jesus por meio da narrativa da concepção sem ação humana e unicamente pela ação divina, independente do casal escolhido para a missão de criar e educar o Messias prometido. Assim, Jesus é apresentado como o Messias divino no qual se cumpriram as profecias do Antigo Testamento. Após o nascimento de Jesus, Maria e José tiveram vários filhos (Mt.13:55).

Negar a concepção virginal de Jesus é negar a sua condição de Salvador, é procurar desacreditar a sua missão de salvação do ser humano. Jesus veio para libertar o povo do pecado e, por isso, não poderia ser formado em pecado.

É interessante observar que a vinda de Jesus por obra e graça do Espírito Santo, em momento algum, pode ser usada como argumento para negar a sua humanidade, porquanto sua concepção virginal teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação a todo aquele que nele crer(João 3:16).

3. A bênção do nascimento

O nascimento de uma criança é um momento especial e significativo, repleto de emoção e esperança. É um lembrete da maravilha da vida e da responsabilidade de cuidar e orientar essa nova vida. O nascimento conecta gerações passadas e futuras, e nos inspira a construir um futuro melhor. É uma oportunidade de celebrar a vida, nutrir, proteger e guiar a criança em seu crescimento. É uma lembrança da importância da vida e da necessidade de criar um ambiente amoroso e propício. É um evento que merece ser valorizado e celebrado como um presente valioso de Deus (Sl.127:3), uma bênção enviada por Deus.

O nascimento de uma criança é um evento sagrado que carrega consigo uma profunda conexão com a espiritualidade e a fé. Acredita-se que cada criança traz consigo uma missão única e um propósito especial nesta vida. É um lembrete de que a vida é um milagre e de que devemos valorizar e proteger cada nova vida que surge.

O nascimento de uma criança é um lembrete do amor de Deus e da sua presença constante em nossas vidas. É um momento de gratidão e devoção, no qual celebramos a dádiva da vida que nos é concedida. Por isso, dessacralizar a vida no útero de uma mulher é uma afronta ao Criador da vida, que não faz distinção entre embrião e feto, pois aos seus olhos ambos são pessoas completas. O homem, pois, não deve se posicionar como deus e senhor da vida determinando quem deve viver e quem tem de morrer. Esse direito só cabe a Deus, pois a pessoa humana tem início nele e para Ele terá de retornar (Ec.12:7).

Com relação ao nascimento de Jesus Cristo, foi o maior e o mais impactante acontecimento da história; foi a bênção magna para todos os seres humanos; trouxe uma missão e um propósito para toda a humanidade. O nascimento de Jesus foi o cumprimento da promessa de Deus logo após a queda do homem, no afã de restaurá-lo ao status quo da criação (Gn.3:15). Sem esse acontecimento o ser humano estaria perdido para sempre.

É possível perceber como Deus moveu céus e terra para que, na plenitude do tempo, de acordo com Gálatas 4:4, Jesus, o próprio Deus encarnado, nascesse para trazer salvação a toda humanidade: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Portanto, o nascimento de Jesus significou boas-novas de salvação para toda a humanidade. Disse o anjo a José: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt.1:21).

II. A CULTURA DA MORTE

1. O projeto ideológico

A cultura da morte é um conjunto de ideias que visa modificar o conceito de vida e de família. É vista como uma desconstrução da sacralidade e valorização da vida. É uma visão ou mentalidade que enfatiza o descarte, a desvalorização ou a instrumentalização da vida humana. Essa perspectiva se manifesta de várias formas como, por exemplo, a aceitação ou promoção do aborto, eutanásia, suicídio assistido, genocídio, pena de morte ou outras práticas que desconsideram a dignidade e o valor intrínseco da vida.

Na cultura da morte é estimulada a “eugenia”: o descarte do ser humano com alguma má formação ainda no útero materno; a depreciação da maternidade a fim de que a mulher não deseje ser mãe; a modificação do conceito de saúde reprodutiva para justificar o aborto como medida de saúde feminina. Neste projeto ideológico, o direito à vida no útero é substituído pelo direito incondicional da mulher sobre o próprio corpo, que por meio do aborto decreta a morte do fruto de seu ventre. Portanto, a cultura da morte visa modificar o conceito bíblico da vida.

Entretanto, o cristão verdadeiro defende a "cultura da vida", o respeito pela vida humana em todas as suas fases e circunstâncias. Somos cônscios de que a vida humana é sagrada e deve ser protegida em todas as suas fases, desde a concepção até a morte natural. A sociedade deve promover uma cultura que valorize e respeite a vida, promova a dignidade e o valor intrínseco de cada pessoa, independentemente de sua idade, saúde ou condição. Isto é bíblico.

2. O direito sobre o corpo

A cultura degradante do pós-modernismo insiste que é direito do ser humano exercer autonomia sobre o próprio corpo. O slogan "meu corpo, minhas regras" é frequentemente utilizado como uma expressão de autonomia individual e defesa dos “direitos” reprodutivos e das escolhas pessoais. Além disso, este slogan pode ser interpretado de forma ampla e aplicado a situações além dos direitos reprodutivos. Em alguns casos, pode ser usado para justificar comportamentos irresponsáveis ou prejudiciais à saúde, ignorando o bem-estar próprio e o impacto na saúde pública. Sob este manto é defendida e promovida a liberdade de práticas sexuais ilícitas, bem como a escolha de vida ou de morte. Também estão amparados neste guarda-chuva de libertinagem os “direitos” à prostituição, ao aborto, à eutanásia, ao suicídio e outros. Qualquer opinião contrária a estas práticas é considerada violação da liberdade humana. Isto é o retrato de uma cultura degradante em oposição ao padrão moral estabelecido por Deus.

É válido ressaltar que as ações de uma pessoa que utilizam este posicionamento de banalização da vida podem afetar não apenas seu próprio corpo, mas também a vida de outros indivíduos. Por exemplo, quando se trata de questões como o aborto, o argumento "meu corpo, minhas regras" ignora a existência de outro ser humano em desenvolvimento, o feto, que também possui direitos e dignidade intrínseca. Esse slogan pode promover uma mentalidade individualista, na qual as consequências sociais e comunitárias são negligenciadas em nome da liberdade pessoal. As ações individuais têm impacto na sociedade como um todo, e é necessário considerar o equilíbrio entre a liberdade individual e a responsabilidade coletiva.

Essa questão de “liberdade humana” não é de agora. Na cidade de Corinto, na época do apóstolo Paulo, defendia-se uma liberdade total, irrestrita e incondicional. Eles estavam transformando a liberdade em libertinagem. No entanto, Paulo exortou aquela igreja da seguinte forma: ”Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. [...] o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo” (1Co.6:12,13). Aquela sociedade não tinha limites. Eles chegaram a aplaudir o pecado de incesto dentre da comunidade que professava o cristianismo ortodoxo, e se jactaram dessa posição permissiva. A lei que regia a vida deles era: “é proibido proibir!”. Eles consideravam todas as coisas indistintamente como lícitas, sem nenhuma restrição. Eles não suportavam restrições, leis ou proibições. Porventura, não é isto que estamos vendo de forma mais intensa nesta cultura pós-moderna?

A filosofia grega não dava nenhum valor ao corpo. O corpo era apenas a prisão da alma. Por isso, os gregos pensavam que tudo aquilo que se faz com o corpo não importa. Paulo, porém, rechaça a filosofia grega e diz que Deus criou o corpo. O corpo é tão importante para Deus que Ele vai ressuscitá-lo. Esse corpo tem uma origem maravilhosa, pois Deus o criou e terá um fim glorioso, pois Deus o ressuscitará. Por conseguinte, o corpo não pode ser usado para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo (1Co.6:13). Ele deve ser usado para a glória de Deus.

Paulo diz também que Jesus Cristo comprou e remiu o nosso corpo (1Co.6:15-18). Ele agora não pertence mais a nós, pertence a Jesus Cristo. Os membros do nosso corpo estão ligados a Cristo (1Co.6:15-17); logo, não podemos unir o corpo de Cristo à impureza.

O crente, portanto, nunca deve se espelhar nesta cultura degradante que impera nesta sociedade de hoje, que exige liberdade para praticar tudo aquilo que vem de encontro aos valores absolutos da Palavra de Deus. Somos livres em Cristo visando algo muito mais importante e especial. É valido dizer que, embora o crente não esteja cercado por uma multidão de restrições, há o perigo de que, ao reclamar a sua liberdade cristã, o homem pode colocar-se na escravidão das coisas que pratica. A vida só tem sentido quando está sob o domínio de Cristo, como afirma o apostolo Paulo: “...Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl.2:19,20).

3. A prática do aborto

O aborto é a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do feto; é o ato de descontinuar a gestação do ser vivo. Um dos desdobramentos da filosofia pós-moderna em nossa sociedade pode ser observado na crescente defesa da legalização do aborto pelos setores intelectuais e culturais. Defensores do direito ao aborto (feticídio) argumentam que a mulher tem autonomia sobre seu próprio corpo e pode fazer escolhas reprodutivas de acordo com suas circunstâncias individuais. Essa visão muitas vezes enfoca os direitos e interesses da mulher, colocando-os acima do direito à vida do feto. No entanto, cada vida humana é valiosa desde a concepção e merece proteção e respeito, pois a vida criada por Deus é sagrada, desde o momento da concepção (Sl.139:13-16) até o último suspiro (Ec.12:7). Não por acaso, há registros na Bíblia de pessoas chamadas por Deus ainda no ventre (Gn.25:20-23; Is.49:1; Lc.1:15,41; Gl.1:15,16). Deus tem um plano e um propósito para cada vida humana, mesmo antes do nascimento (Jr.1:5).

Além disso, a Bíblia frequentemente menciona a ideia de que Deus conhece e forma cada pessoa no ventre materno. Por exemplo, o Salmo 139:13-16 diz: "Pois tu formaste o meu interior; tu me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra". Essa passagem enfatiza a intencionalidade e a criação divina de cada ser humano.

Outro argumento bíblico é baseado no mandamento "não matarás" (Êxodo 20:13). Este mandamento proibi, enfaticamente, tirar a vida do ser humano, incluindo feto em desenvolvimento. Isto enfatiza a sacralidade da vida e a responsabilidade de protegê-la.

Além disso, a Bíblia frequentemente menciona a ideia de que Deus conhece e forma cada pessoa no ventre materno. Por exemplo, o Salmo 139:13-16 diz: "Pois tu formaste o meu interior; tu me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra". Essa passagem enfatiza a intencionalidade e a criação divina de cada ser humano. Assim, quem mata um embrião ou feto atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no ventre materno.

III. A SACRALIDADE DA VIDA

1. A vida é inviolável

A inviolabilidade da vida é um princípio ético e moral que defende a sacralidade e o valor intrínseco de cada vida humana. Esse princípio sustenta que todas as pessoas têm o direito fundamental à vida, e que ela deve ser protegida em todas as suas formas e valorizada desde o estágio inicial de desenvolvimento até a morte natural. Isso abrange questões como a proibição do homicídio, do feticídio, o respeito à integridade física e mental, e a promoção do bem-estar e da dignidade de todas as pessoas. Deus é o autor e Senhor da vida, por isso ela é considerada um dom sagrado, e cabe aos seres humanos respeitar e proteger esse dom.

Em virtude da inviolabilidade da vida, questões como o aborto, a eutanásia, a pena de morte etc., violam o valor intrínseco da vida humana e devem ser rejeitadas em favor de alternativas que preservem e promovam a vida humana em todas as suas formas, pois ela é um ato criativo de Deus, que é o autor e a fonte originária do fôlego da vida (Gn.2:7; Jó 12:10). Somente Deus tem poder sobre a vida e a morte (1Sm.2:6).

Portanto, o cristão precisa tomar cuidado com o relativismo moral, não fazer concessões e estar alerta quanto às ações de manipulação de sua consciência e o desrespeito à vida humana (2Co.4:2; 1Tm.4:1,2).

2. O começo da vida

Médicos e cientistas comprovam: a vida humana começa no momento da concepção. O profeta Jeremias afirma que a vida tem início na fecundação (Jr.1:5). O salmista afirma que Deus vê o embrião ainda informe e o ama em todos os processos formativos da vida intrauterina, desde a fecundação até o nascimento e por toda a sua vida (Sl.139:15,16).

Deus, pessoalmente, zela pela criancinha desde o momento da sua concepção e estabelece um plano para a vida dela. Por esta razão, Deus ver o aborto de um nascituro como homicídio. De acordo com Êxodo 21:22,23), o nascituro é considerado um ser humano, e provocar a morte desse feto é considerado assassinato. Na época da Lei mosaica, se isto ocorresse, o transgressor seria réu de homicídio e teria que pagar com a própria vida (Ex.21:23).

Em Salmos 139:15,16, o salmista volta ao tempo em que seu corpo estava sendo formado no ventre materno. Observe como ele usa a primeira pessoa do singular para se referir ao embrião ou feto – “Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre...”. De acordo com a visão bíblica, a vida começa quando ocorre a união do gameta masculino ao feminino, e a personalidade humana existe antes do nascimento; por isso, o aborto, exceto em casos de necessidade médica extrema, é homicídio. Portanto, o embrião é um ser humano, que possui identidade própria, e o seu nascimento não pode ser interrompido por vontade, desejos ou caprichos humanos.

3. A posição cristã

A posição cristã é a mesma da Bíblia: a vida é inviolável desde a sua concepção. É um princípio ético e moral que enfatiza o valor intrínseco e sagrado de cada vida humana. Cada vida humana é valiosa desde a concepção e merece proteção e respeito. Cada feto é um ser humano em desenvolvimento, com potencial para se tornar uma pessoa com direitos e dignidade. Portanto, todas as pessoas têm o direito fundamental à vida e que ela deve ser protegida e valorizada desde o seu início até o seu fim natural. Só Deus tem a autoridade de tirar a vida (1Sm.2:6). Portanto, toda ideologia contrária a isso e que seculariza os princípios bíblicos deve ser combatida (2Tm.3:8).

CONCLUSÃO

A vida humana deve ser respeitada e protegida de manei­ra absoluta a partir do momento da concepção. Portanto, a dessacralização da vida desde o ventre materno deve ser repudiada por todos os cristãos que dizem ser. Desde o pri­meiro momento de sua existência, o ser humano deve ter os seus direitos de pessoa reconhecidos, entre os quais o di­reito inviolável à vida. A valorização da dignidade humana, o direito à vida e o cuidado à pessoa vulnerável são princípios imutáveis do cristianismo bíblico. Acerca do assunto, a Bíblia assegura que Deus é o autor e o detentor da vida humana (Jó 12:10). “Se aceitarmos que uma mãe mate o seu filho no próprio ventre, como podemos dizer às pessoas que não matem umas às outras?” (Madre Tereza de Calcutá)

Fonte: Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

segunda-feira, 17 de julho de 2023

4ª lição do 3º trimestre de 2023: QUANDO A CRIATURA VALE MAIS QUE O CRIADOR


 

Texto Base: Romanos 1:18-25

 

 “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” (Rm.1:25).

 

Romanos 1:

18.Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.

19.Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.

20.Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;

21.Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.

22.Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.

23.E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.

24.Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;

25.Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos do antropocentrismo e da idolatria. Refletiremos sobre a tendência humana ao egocentrismo e a influência cultural dos ensinos da filosofia pós-moderna, centrados no homem, querendo ser maior que seu Criador, e também sobre os perigos individuais e coletivos desse mal. Antropocentrismo é o conjunto de ações e de doutrinas filosóficas que colocam o ser humano no centro de todas as coisas.

Após a Queda, o ser humano, em todas as eras, esteve sempre em rebelião contra Deus, e distante de suas verdades absolutas; entronizou o EU como soberano, tornando-se o centro da atenção e das atividades gerais, querendo ser mais importante que o Criador.

O coração perverso e a escolha pelos prazeres da carne colocaram o ser humano em inimizade contra Deus (2Tm.3:4). O orgulho, a insensatez, sempre acompanhou o ser humano, antes e depois do dilúvio, mantendo-o afastado do seu criador, Deus. Esta mentalidade da natureza humana é sempre inimiga de Deus (Rm.8:7). No entanto, como sabemos, a verdadeira identidade do ser humano não se encontra no antropocentrismo, mas nos ensinos das Escrituras Sagradas, cujo Criador Todo-Poderoso é soberano sobre todas as coisas.

O problema do homem não é a ignorância da verdade de Deus, mas abafar e sufocar essa verdade. Não é o desconhecimento involuntário da verdade de Deus, mas a rejeição consciente dessa verdade. Deus se revelou ao homem, mas ele sufocou esse conhecimento, banindo Deus deliberadamente da sua vida. Precisamos identificar as sutilezas deste comportamento ególatra, na qual caiu o próprio Diabo (Is.14:12-15) e hoje a utiliza com o mesmo propósito de afastar o ser humano do Deus Todo-Poderoso.

I. O DESPREZO À VERDADE

1. A impiedade e a injustiça

Impiedade é o caráter ou qualidade de ímpio; ausência de piedade. Piedade é a virtude que implica devoção a Deus, e que se reflete numa ação motivada pela compaixão e pelo amor. Alguém piedoso sente misericórdia ou clemência (compaixão) pelo próximo.

O apóstolo Paulo disse que “a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”(Rm.1:18).

Impiedade é rebelião contra Deus; perversão é rebelião contra o próximo. Impiedade é a quebra da primeira tábua da Lei; perversão é a quebra da segunda tábua da Lei. A impiedade diz respeito àquela perversão de natureza religiosa, ao passo que a “perversão” se refere àquilo que tem caráter moral; a primeira pode ser ilustrada pela idolatria, a última, pela imoralidade. E essa impiedade para com Deus resulta em injustiça para com os homens.

Já a injustiça significa “sem retidão”. A palavra carrega a ideia de não ser reto diante de Deus e nem com o próximo (2Pd.2:15). Nas palavras de Granfield, “a impiedade se refere a violações dos quatro primeiros mandamentos, e a injustiça, à violação dos seis últimos; porém, mais verossímil é que as duas palavras sejam empregadas como duas expressões para a mesma coisa” (C.E.B Granfield. Comentário de Romanos).

A impiedade e a injustiça revelam a situação geral da humanidade não regenerada (Rm.1:18), sua idolatria, o culto à criatura (Rm.1:19-23), a perversidade e a depravação moral (Rm.1:25-32), que expressam a decisão deliberada do homem em desprezar a verdade divina (Rm.1:19,20).

2. A insensatez humana

O homem, ao recusar o conhecimento do Deus incorruptível, verdadeiro e infinito, retrocede à insensatez e a depravação moral (Rm.1:22-25). De forma consciente rejeita a revelação de Deus (Rm.1:19,20). Tratando dessa situação, escreveu Paulo; “tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm.1:21-23).

Inúmeras pessoas não creem em Deus porque não querem, porque são rebeldes; mas a consciência delas prega continuamente que elas precisam, urgentemente, se reconciliar com o seu Criador. Deus deixou sobre sua obra criada as “impressões digitais” de sua glória, que se torna manifesta a todos. Ao olhar para a natureza, para o sol, a lua e as estrelas, qualquer um pode dizer que existe Deus. John Stott destaca que “a criação é uma manifestação visível do Deus invisível”. Portanto, a revelação geral de Deus, por meio da natureza, é suficiente para mostrar a Sua majestade e tornar o ser humano indesculpável acerca da realidade divina e de seu eterno poder (Rm.1:20). Todos os seres humanos são indesculpáveis perante Deus porque a verdade de Deus tem-se manifestado a eles tanto na luz da consciência como no testemunho da criação.

Apesar de ter conhecimento de Deus por meio de suas obras, o ser humano não o glorifica como Deus, nem lhe rende graças por tudo o que Ele é e fez (Rm.1:21). Antes, entregam-se a filosofias e especulações fúteis acerca de falsos deuses e, em decorrência disso, perdem a capacidade de compreender e pensar claramente.

Os indivíduos que rejeitam o conhecimento de Deus são sempre caracterizados por duas coisas: tornam-se insuportavelmente presunçosos e, ao mesmo tempo, terrivelmente ignorantes. Ao se tornarem cada vez mais presunçosos em seus pretensos conhecimentos, o ser humano mergulha mais profundamente em ignorância e absurdidade. Suas ideologias rejeitam, pervertem e substituem a verdade de Deus pela mentira do homem. Dessa insensatez resulta a idolatria e a perversão moral (Rm.1:22-25).

3. O culto à criatura

Após a Queda, o ser humano sempre quis ser venerado, cultuado como se fosse um deus. Em lugar de reconhecer o Criador, o Deus verdadeiro, o ser humano age como se não fosse criatura e se comporta como se fosse divino (Gn.3:5). Mas, a verdade prega com muita agudeza que o ser humana é uma simples criatura, e sem Deus não é nada, aliás, menos do que nada. Está escrito: “Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã” (Isaías 40:17).

Quando o ser humano se mostra resistente à graça de Deus e se lambuza no pecado, Deus então o entrega “à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si” (Rm.1:24). Deus entrega esses “filhos da ira” (Ef.2:3) desprotegidamente a si próprios, a saber, à degradação do próprio corpo (Rm.1:24), às paixões infames (Rm.1:26), a uma disposição mental reprovável (Rm.1:28), ou seja, à maneira que eles próprios escolheram para viver. Em outras palavras, Deus os entrega à sensualidade (Rm.1:24,25), à perversão sexual (Rm.1:26,27), e à vida antissocial (Rm.1:28-32).

O homem pretende fugir de Deus, o seu Criador e dono; por isso, Deus simplesmente tira as rédeas da vida dele. As pessoas escolheram abrir mão da verdade, e Deus abre mão das pessoas. O que acontece é que Deus tira a culpa. O homem consegue pecar e a consciência não o acusa mais. Aí ele se gloria no pecado e aplaude o vício, a impureza sexual e a concupiscência do seu coração. As pessoas mergulham no pântano mais asqueroso da imoralidade e se corrompem ao extremo sem nenhum constrangimento. Por que Deus não manda fogo e enxofre e destrói esses ímpios como fez com Sodoma e Gomorra? Pior é entregar o pecador ao fogo do seu coração, preparando-o para o fogo do juízo divino.

Não há castigo maior para o ser humano do que Deus o entregar a si mesmo. Deus pergunta: “é isso que você quer? Seja feita a sua vontade”. Esse é o maior juízo de Deus – entregar o homem a si mesmo, à sua própria vontade. Os homens que tanto amam o esgoto do pecado são enviados para lá; o que querem, eles terão. Assim, os perdidos gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram; porém, essa liberdade é a mais perturbadora escravidão.

Como bem diz o pr. Douglas Baptista, “a corrupção moral do ser humano deriva de sua rebelião contra Deus. Sua natureza caída troca a verdade pelo engano e prefere honrar e servir a criatura em lugar do seu Criador (Rm.1:25a). Assim, na religião os seres criados passam a ser cultuados; nas ciências, a matéria é colocada acima de Deus; na sociedade, o artista, o atleta, o político ou o líder religioso se tornam uma referência de idolatria em afronta ao Criador, que é bendito eternamente (Rm.1:25b)”

II. A REVOLUÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO

1. Renascentismo

O Renascimento foi um movimento cultural e intelectual que ocorreu na Europa entre os séculos XIV e XVI. Foi caracterizado pela redescoberta e revalorização das artes, ciências e filosofias da antiguidade clássica, especialmente a cultura greco-romana. O termo "renascimento" se refere à ideia de renovação e ressurgimento das ideias e conhecimentos clássicos.

Durante o Renascimento, houve uma mudança de foco do teocentrismo medieval para o antropocentrismo, colocando o ser humano como centro do universo e enfatizando a sua capacidade de pensar, criar e agir. As pessoas buscavam conhecimento, exploravam as artes, as ciências, a literatura e a filosofia com uma nova perspectiva. No lugar de ver o mundo a partir das lentes do Criador, os homens passaram a enxergá-lo a partir das lentes da criatura. O homem passou ser o centro do pensamento do próprio homem.

Algumas das características desse período incluem:

·         Humanismo: O humanismo foi uma corrente filosófica e intelectual central no Renascimento. Valorizava a natureza humana, a razão, a educação e a busca pelo conhecimento, incentivando o desenvolvimento integral do ser humano.

·         Arte e arquitetura: Durante o Renascimento, houve um florescimento das artes visuais. Artistas como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael produziram obras-primas que ainda são admiradas até hoje. A arquitetura renascentista também se destacou, com a utilização de elementos clássicos, como colunas, cúpulas e proporções equilibradas.

·         Ciência e descobertas: O Renascimento foi um período de avanços significativos na ciência. Astrônomos como Copérnico e Galileu contestaram a visão geocêntrica do universo e desenvolveram teorias heliocêntricas. Também ocorreram avanços em áreas como anatomia, botânica, física e matemática.

·         Literatura: A literatura renascentista foi marcada pelo resgate das obras clássicas e pela criação de novas formas de expressão literária. Autores como William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Dante Alighieri produziram obras de grande importância cultural.

·         Expansão cultural e geográfica: Durante o Renascimento, ocorreram expedições marítimas e descobertas de novas terras, o que trouxe uma maior circulação de ideias e conhecimentos. A invenção da imprensa por Gutenberg também contribuiu para a disseminação do conhecimento e a democratização da informação.

O Renascimento teve um impacto duradouro na sociedade e na cultura ocidental, influenciando o desenvolvimento subsequente das artes, ciências, filosofia e educação. Ele marcou uma transição importante entre a Idade Média e a era moderna, inaugurando uma nova mentalidade que valorizava a razão, a liberdade individual e o progresso humano.

Desse modo, foi a partir do Renascentismo que surgiram os primeiros efeitos do processo de secularização da cultura, quando a vida social passou a ceder o espaço para o racionalismo e o ceticismo, acreditar quando ver, quando tocar, como aconteceu com Tomé (João 20:25,29). Nesse sentido, a revolução científica e literária, que se deu a partir do Renascimento, contribuiu para o surgimento do Humanismo.

2. Humanismo

O humanismo foi um movimento de glorificação do homem e da natureza humana, que surgiu nas cidades da Península Itálica, em meados do século XIV. Segundo este movimento, o homem, a obra mais perfeita do Criador, seria capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. Assim, o humanismo veio a significar uma verdadeira religião na qual a glória do homem deveria ser promovida e exaltada. Essa ênfase na atuação humana está na origem de uma concepção antropocêntrica, isto é, na valorização do ser humano como centro do Universo; e um dos resultados do antropocentrismo foi o surgimento da noção de racionalismo, isto é, a valorização da razão humana como instrumento transformador da natureza, da sociedade e da política. Assim, segundo essa perspectiva, o ser humano ocupa um lugar de destaque no Universo.

Os humanistas aprofundaram seus estudos na história antiga a fim de desconstruir os livros sagrados. Por isso, os humanistas buscavam interpretar o cristianismo utilizando escritos de autores da Antiguidade, como Platão. Achavam que estavam valorizando os direitos individuais do cidadão. Porém, essa não é uma bandeira próprio do Humanismo, pois a Bíblia possui um arcabouço de concepções libertárias e igualitárias (cf. Dt.6:1-9) que antecedem muitos dos direitos que iriam reaparecer apenas em tempos modernos. Destaca-se ainda que a Bíblia prega a igualdade entre raças, classe social e gênero (cf. Gl.3:28) – “Não há mais judeu nem gentio, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus”.

Para os humanistas, a ética e a moral dependem do homem – a base de todos os valores -, e não de Deus. Fomentam o relativismo, a ausência de valores absolutos e o culto ao homem.

Apesar de alguns humanistas identificarem-se como cristãos, foram os conceitos secularistas e racionalista que prevaleceram. Por essa razão, muitos historiadores afirmam que os séculos XV e XVI foram períodos de irreligiosidade e ateísmo.

3. Iluminismo e Pós-modernismo

O Iluminismo foi um movimento intelectual e cultural que se desenvolveu na Europa durante os séculos XVII e XVIII. Também conhecido como Era da Razão, o Iluminismo defendia a primazia da razão humana, a liberdade individual, a igualdade e a busca pelo conhecimento como meio de progresso social.

Alguns pontos-chave do Iluminismo incluem:

·         Razão e ciência: Os filósofos iluministas acreditavam que a razão humana era capaz de compreender e explicar o mundo. Eles valorizavam a ciência, o empirismo e o método científico como ferramentas para adquirir conhecimento objetivo e superar superstições e dogmas religiosos.

·         Liberdade e direitos individuais: Os iluministas defendiam a liberdade individual como um direito fundamental. Eles criticavam o absolutismo e o poder tirânico, promovendo a ideia de governos baseados no consentimento dos governados. Também defendiam a igualdade perante a lei e a liberdade de expressão.

·         Progresso social e reformas: Os iluministas acreditavam no progresso contínuo da sociedade e defendiam reformas políticas, sociais e econômicas. Eles buscavam melhorar a educação, o sistema jurídico, a economia e as condições sociais, com o objetivo de criar uma sociedade mais justa e próspera.

·         Tolerância religiosa: Em oposição à intolerância religiosa predominante na época, os iluministas defendiam a tolerância religiosa e o respeito às diferentes crenças e opiniões. Eles promoviam a separação entre Igreja e Estado e a liberdade de culto. No entanto, o tendiam a reduzir a religião a uma mera questão de superstição e ignorância. Questionavam dogmas religiosos, buscavam explicações racionais para fenômenos naturais e promoviam uma visão mais secularizada da sociedade.

·         Nas artes e na literatura: O Iluminismo também teve um impacto nas artes e na literatura. Houve uma ênfase na clareza, simplicidade e racionalidade na expressão artística. O neoclassicismo foi um movimento artístico que se inspirou na antiguidade clássica e na busca pela ordem, proporção e harmonia.

O Iluminismo, sobretudo, defendia a primazia da razão humana; colocava a sabedoria e a capacidade humana acima da revelação divina. Isso desafiava a autoridade das Escrituras e questionava a importância da fé como base para a compreensão do mundo. Negava tudo o que o povo conhecia como sendo Verdade - negava a existência de Deus, a sua Palavra, a fé, os milagres. Só seria aceito como Verdade o que pudesse ser comprovado pela Razão. Os filósofos e economistas deste movimento julgavam-se propagadores da luz e do conhecimento, por isso, o nome iluminista.

Também, o Iluminismo promovia a ideia de que a moralidade poderia ser derivada exclusivamente da razão humana, sem a necessidade de princípios religiosos. Isso levantou preocupações sobre a possibilidade de uma sociedade secularizada e moralmente relativista, sem uma base moral sólida baseada nas Escrituras Sagradas.

Esse movimento foi fundado de forma especial no Racionalismo proposto por um materialista ateu, um ímpio francês a serviço de Satanás, chamado René Descartes (1596 – 1650). Assim, baseado na necessidade da prova racional, a fé foi abolida e, com ela, a própria existência de Deus e, por conseguinte, a criação dos céus e da terra, incluindo, é claro, a criação do homem, conforme descrito na Bíblia. Também a própria Bíblia deixava de ser aceita como sendo a Palavra de Deus, pois o próprio Deus, segundo essa teoria, não existia. Os adeptos desse movimento rejeitavam a tradição, buscavam respostas na razão, entendiam que o homem era o senhor do seu próprio destino e que a igreja era uma instituição dispensável.

Na mesma direção do Iluminismo, a partir da metade do século XX, a Pós-modernidade ou Modernidade Líquida surgiu. Nesta sociedade pós-moderna os valores que eram “absolutos” tornaram-se “relativos”. Como bem diz o pr. Douglas, no aspecto social, a coletividade foi substituída pelo egocentrismo; as relações humanas tornaram-se superficiais e baseadas no interesse. Um dos imperativos desta nova sociedade é o hedonismo, o narcisismo e o consumismo. Na busca do bem-estar humano tudo se torna válido: o uso das pessoas, o abuso do corpo, a depravação e o consumismo desenfreado. O mundo ímpio está correndo com o pé no acelerador, sem freio, em direção ao lago de fogo e enxofre, para a morte eterna.

III. TIPOS DE AUTOIDOLATRIA

1. Idolatria da autoimagem

A idolatria da autoimagem é um fenômeno contemporâneo em que as pessoas atribuem um valor excessivo à sua aparência física, status social, popularidade e sucesso material. Nesse contexto, a busca por uma imagem perfeita e a validação externa se tornam prioridades, muitas vezes em detrimento de valores mais profundos e significativos.

A idolatria da autoimagem é alimentada por uma série de fatores, como a cultura da mídia, que promove padrões inatingíveis de beleza e perfeição. As redes sociais também desempenham um papel importante ao criar uma plataforma para a autopromoção, onde as pessoas buscam constantemente a aprovação e a validação dos outros através de curtidas, comentários e seguidores.

Essa obsessão pela autoimagem pode levar a uma série de consequências negativas. Primeiro, cria uma pressão intensa e insalubre para alcançar padrões irreais de beleza e sucesso, levando à insatisfação pessoal e à baixa autoestima. As comparações constantes com os outros podem levar ao desenvolvimento de sentimentos de inadequação e insegurança.

Além disso, a idolatria da autoimagem muitas vezes leva a uma superficialidade nas relações humanas. As pessoas tendem a valorizar mais a aparência física e o status social do que as características intrínsecas e os valores morais. Isso pode levar a relacionamentos superficiais e uma falta de conexão genuína entre as pessoas.

Outra consequência é a negligência de aspectos mais profundos da vida, como o desenvolvimento pessoal, os relacionamentos significativos, a saúde mental e emocional, e a busca de um propósito maior. Ao focar exclusivamente na imagem externa, as pessoas podem perder de vista o que realmente importa e acabar vivendo uma vida vazia e superficial.

Em suma, a idolatria da autoimagem é um fenômeno que coloca uma ênfase excessiva na aparência física e na busca por validação externa. Isso pode levar a consequências negativas, como insatisfação pessoal, relacionamentos superficiais e negligência de aspectos mais profundos da vida. É importante promover uma abordagem equilibrada, valorizando a diversidade, o desenvolvimento pessoal e os relacionamentos autênticos.

Enfim, tudo aquilo que, em nosso coração, tira a primazia de Deus é idolatria. É idolatria, por exemplo, o excessivo apego que se tem a uma pessoa ou objeto (Cl.3:5). É idolatria também o apego exacerbado à própria imagem, a autoimagem. Isto é obra da carne. Ao relacionar as obras da carne, Paulo coloca a idolatria no mesmo nível destas (Gl.5:20). Na elaboração do Decálogo, Deus proibiu o culto a qualquer imagem (Ex.20:3-5).

Para combater a idolatria da autoimagem, é importante cultivar uma consciência crítica em relação aos ideais de beleza impostos pela sociedade e pela mídia. É necessário promover uma mentalidade de aceitação e valorização das diferenças individuais, reconhecendo que a verdadeira beleza e o valor pessoal vão além da aparência física. Além disso, é fundamental cultivar relacionamentos saudáveis e significativos, baseados em valores e conexões genuínas. Investir em desenvolvimento pessoal, saúde mental e emocional também é essencial para encontrar um equilíbrio entre cuidar da própria imagem e nutrir o bem-estar interior.

A palavra de Deus nos exorta a não nos conformemos com este mundo. Se o mundo tem se importado mais com a beleza estética do que propriamente com o seu espírito, que priorizemos a santidade, pois, “sem a qual ninguém verá o Senhor”; não uma santidade arquitetada pelos usos e costumes fundamentados em uma teologia extrabíblica, mas aquela que preza o outro, e que não visualiza o fundamental pela ótica ferida do mundo, mas antes pelo critério que a Palavra de Deus mesmo disponibiliza.

2. Idolatria no coração

Na Bíblia, o que significa o coração? Em quase todos os casos, refere-se ao aspecto interior e imaterial do homem, o qual deve ser plenamente dedicado a Deus. A Bíblia inclui três principais operações do homem interior: (a) Mente - inclui os pensamentos, crenças, compreensões, memórias, julgamentos, consciência e discernimento (Mt.13:15; Rm.1:21; Lc.24:38; 1Tm.1:5); (b) Afeições - incluem os anseios, desejos, sentimentos, imaginações, emoções (Sl.20:4; Ec.7:9; 11:9; Is.35:4; Tg.3:14; Hb.12:3); (c) Vontade - realiza escolhas e determina ações (Dt.30:19; Js.24:15; Is.7:15; Dt.23:15,16; Sl.25:12).

Está escrito que "o coração humano é mais enganoso que qualquer coisa e é extremamente perverso” (Jr.17:9), pois do seu interior saem os maus pensamentos, as imoralidades, a avareza, a soberba e a insensatez (Mc.7:21,22). Somente o Senhor conhece se o coração é mau ou bom, e examina os pensamentos, e dá a recompensa de acordo com suas ações” (Jr.17:10). Tendo em vista que o coração é enganoso e perverso, Deus condena a idolatria no coração (Ez.14:3).

O que significa idolatria no coração? Refere-se a ídolos colocados no coração, no lugar do Senhor (ler Ez.14:3-5). Essa substituição é a raiz do pecado e uma transgressão do mandamento de Deus, que diz: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex.20:3). Em Mateus 22:37 Jesus destacou a importância de que todo o interior do homem seja completamente devotado ao Senhor: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (mente, entendimento, pensamentos)".

O que é o ídolo do coração? Podemos entender “ídolo do coração” como sendo tudo aquilo que o homem adora e por acreditar encontrar nisso a satisfação para os seus desejos mais profundos. É tudo aquilo que o ser humano ama mais do que a Deus, e que ocupa o lugar de Deus em sua vida, mesmo que apenas momentaneamente. Esses ídolos são desejos, legítimos ou não, que assumem uma posição ilegítima dentro do coração. São exigências que a pessoa tem, que ficam acima do desejo supremo de agradar a Deus numa vida de santificação e de genuína adoração.

Uma pessoa entroniza ídolo no coração, quando, no seu íntimo, prioriza a reputação pessoal, busca o prazer como bem maior, nutre tendências supersticiosas e possui excessivo apego aos bens materiais. Também, a pessoa tem um ídolo no coração quando está disposto a pecar para ter algo. Exorta Tiago: “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras” (Tg.4:2a). Os desejos descritos por Tiago - “os prazeres que militam na vossa carne” (Tg.4:1) -, são os desejos abrigados no coração no lugar do desejo de agradar a Deus. O apóstolo João nos exorta: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos (1João 5:21).

Devemos fazer de tudo para agradar a Deus em tudo o que fizermos, pois prestaremos conta de tudo o que fazemos. Diz-nos Paulo: “É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co.5:9,15).

3. Idolatria sexual

A idolatria sexual é um fenômeno em que as pessoas atribuem um valor excessivo à sexualidade e à busca por prazeres sexuais. Nesse contexto, o sexo é colocado no centro da vida e é visto como a principal fonte de satisfação e felicidade. A sociedade contemporânea, com sua cultura sexualmente hiperativa e a fácil acessibilidade à pornografia, contribui para a promoção dessa idolatria.

A idolatria sexual pode ter várias consequências negativas. Primeiramente, ela pode levar à objetificação e à exploração do corpo humano, reduzindo as pessoas a meros objetos sexuais. Isso pode levar a relacionamentos superficiais, falta de respeito mútuo e à perda de conexões emocionais genuínas.

Além disso, a idolatria sexual pode levar à insatisfação constante e à busca incessante por experiências sexuais cada vez mais intensas. Isso pode resultar em um ciclo vicioso de busca de prazer, que muitas vezes não é sustentável a longo prazo, causando frustração e vazio emocional.

A idolatria sexual também pode gerar uma visão distorcida do próprio corpo e da sexualidade, levando a problemas de autoestima, ansiedade e disfunções sexuais. As expectativas irreais promovidas pela pornografia e pela mídia podem criar pressões e inseguranças em relação ao desempenho e à aparência sexual.

Se no coração da pessoa está edificado um altar de idolatria sexual, então, nesse coração, a adoração a Deus é trocada pelo culto ao corpo a fim de satisfazer o ídolo da perversão e da lascívia (1Pd.4:3; Mc.7:21).

A Idolatria sexual, atualmente, tem atingido milhares de pessoas, talvez milhões. Ela tem se estabelecida em um coração que está disposto a fazer de tudo para satisfazer seus desejos, impulsos, inclusive virar as costas para Deus, a família e a igreja. Para se combater a idolatria sexual é necessário fazer um Raio X em nossos corações, em outras palavras, fazer uma avaliação de nossos pensamentos e atitudes. As Escrituras afirmam: “Pois é da vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhas da prostituição; e que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra” (1Ts.4:3,4). Se não conseguimos nos abster da imoralidade sexual e tudo o que a envolve, consequentemente, temos uma forte evidência que um ídolo foi criado e está sendo adorado através de nossos pensamentos e atitudes, revelando nossa idolatria sexual.

Vencer a idolatria sexual requer abandoar tudo que envolve sexo fora dos padrões bíblicos como, por exemplo, masturbação, fornicação, adultério, exibicionismo, voyeurismo (pratica que consiste num individuo conseguir obter prazer sexual através da observação de pessoas), zoofilia, pedofilia etc. Toda busca por satisfação sexual fora do padrão estabelecido por Deus nas Escrituras e para o casamento é pecaminosa. E, algumas dessas práticas sexuais, além de serem pecaminosas são tratadas como criminosas pela sociedade.

Não é fácil se desfazer desse ídolo do coração. Na luta contra o pecado sexual muitos têm buscado consertar seus hábitos pecaminosos simplesmente por abandoná-lo, porém, isso não é suficiente. Ou seja, o pecado revelado através de atitudes ou comportamentos só mostra o coração corrompido na busca de satisfazer a idolatria sexual. A orientação bíblica para escapar desse mal é a seguinte: “vivam no Espírito e vocês jamais satisfarão os desejos da carne” (Gl.5:16 – NAA).

Não devemos desanimar e nem nos abater assim que iniciamos um processo de luta contra a idolatria sexual. Devemos lutar com todas as forças para vencê-la, e, caso venhamos a falhar, devemos lembrar acima de tudo, que temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo (cf. 1João 2:1).

A idolatria sexual é um ídolo penoso a ser derrubado, mas não podemos recuar diante de uma queda, aflição ou tentação, temos que recordar sempre das palavras de Jesus “tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33).

CONCLUSÃO

O ser humano, ao se colocar como medida única de todas as coisas, eleva seu interesse acima da vontade divina; as consequências são a autoidolatria, a depravação moral, a decadência social e espiritual. A Bíblia, porém, alerta que a ira divina permanece sobre os que são desobedientes à verdade divina (Rm.2:8). Deus não tolera a rebelião porque ela questiona a base que sustenta o Universo, ou seja, o seu Senhorio. Se existe algo que Deus não pode abrir mão é do governo sobre todas as coisas.

Ao criar o homem e colocá-lo no Jardim do Éden com todo o respaldo para viver feliz e desfrutar da Terra, o Senhor Deus deixou claro que a única condição para que tudo permanecesse bem, era que Adão e seus descendentes se sujeitassem a Ele. A figura da “árvore do conhecimento do bem e do mal” colocada no meio do jardim com seu fruto proibido era um ícone da autoridade divina, um aviso que o homem deveria entender assim: “Você pode dominar sobre tudo, mas quem manda em você sou Eu, o Senhor”. Ao comer daquele fruto, Adão e Eva estavam se insurgindo, proclamando sua independência e, como resultado, receberam toda a maldição do pecado, não somente sobre si, mas sobre toda a raça humana que os seguiu. Portanto, a rebelião e a obstinação do ser humano contra o seu Criador são um tremendo erro que resultará numa punição inevitável e dolorosa, de forma permanente. Pense nisso!

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC