free counters

Seguidores

segunda-feira, 29 de julho de 2019

5ª lição do 2º trimestre de 2019: A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL



Texto Base: Atos 9:31; 1Coríntios 1:1,2; Hebreus 10:24,25
04/08/2019
 “Escrevo-te estas coisas [...] para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" (1Tm.3:14,15).
Atos 9
31-Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo.
1Coríntios 1
1-Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) e o irmão Sóstenes,
2-à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.
Hebreus 10
24-E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras,
25-não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia.

INTRODUÇÃO

Continuando o nosso estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula a respeito da Mordomia da Igreja Local.
A “Igreja Local” nada mais é que um conjunto de pessoas que dizem crer em Jesus Cristo, que professam a sua doutrina e que se encontram numa determinada localidade. É uma reunião de pessoas que, chamadas por Deus, passam a obedecer às Escrituras e aos ensinos do Senhor Jesus, e, por isso mesmo, pregam a Cristo e ensinam a Palavra de Deus a todos quantos vivem naquele determinado lugar. A “igreja local”, portanto, é um grupo social, uma reunião de pessoas, uma partícula da “Universal Assembleia dos Santos”, do “Corpo de Cristo”.
A comunhão é a principal característica da Igreja local, é a sua marca perante a humanidade, é a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo.
Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja do primeiro século termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At.2:47). Portanto, o modelo bíblico para o cristão envolve, necessariamente, o pertencimento a uma igreja local.
Nesta Aula refletiremos sobre as nossas responsabilidades na igreja local, na qual desenvolvemos nossa comunhão com o Pai Celeste e com os irmãos em Cristo.

I. A MORDOMIA DOS BENS ESPIRITUAIS

A mordomia dos bens espirituais envolve a valorização da Palavra de Deus, a evangelização, o discipulado e o uso dos dons espirituais.

1. A mordomia e a valorização da Palavra de Deus

Todos os cristãos genuínos reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela mesma, diversas vezes, o afirma. “Assim diz o Senhor”, por exemplo, é uma expressão que aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento. E mais, o cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem sombra de dúvida, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos homens.
Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, mas todos têm fracassado em seu intento de calá-lo ou desacreditá-lo, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus.
Todos nós – membros, congregados, ministério eclesiástico – devemos, como mordomos das coisas sagradas, zelar pela Palavra de Deus, lendo-a, estudando-a em profundidade e realçando o seu inestimável e infinito valor.
Se a mordomia da Palavra for negligenciada, os prejuízos espirituais da congregação serão grandes e, quiçá, irremediáveis.
A Bíblia é um livro que não se destina a uma mera leitura; é um livro para se estudar, para que possa ser aplicado. Do contrário, é como engolir a comida sem mastigar, e depois colocá-la para fora novamente; não se ganha valor nutricional assim.
Estudar a Bíblia pode ser comparado a procurar por ouro. Se você fizer pouco esforço e simplesmente "procurar entre as pedras do rio" você apenas encontrará pó de ouro. Mas, quanto mais você se esforçar para "cavar o ouro", mais recompensa obterá por seus esforços.
Devemos ler e estudar a Bíblia porque é a palavra de Deus. Paulo escrevendo a Timóteo afirma que a Bíblia é "divinamente inspirada"(2Tm.3:16). Em outras palavras, é a Palavra de Deus a nós.
Muitas pessoas, cultas e simples, crentes e descrentes, fazem as seguintes perguntas: Qual o propósito da vida? De onde venho? Há vida após a morte? O que acontece após a morte? Como posso chegar ao céu? Por que o mundo está cheio do mal? Como posso ter um casamento bem-sucedido? Como posso ser um bom amigo? Como posso ser um bom pai ou uma boa mãe? Como posso mudar? O que realmente importa na vida? Como posso viver de modo a não olhar para trás e me arrepender? Como posso agradar a Deus? Como posso obter perdão? Como posso lidar com as circunstâncias injustas e acontecimentos ruins na vida de forma vitoriosa? Para todas essas perguntas a Bíblia tem a resposta.
A Bíblia Sagrada é a nossa regra de fé e prática, é o mapa do viajor, o cajado do peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o mapa do cristão; leia-a para ser sábio, creia nela para estar seguro e pra­tique o que nela está escrito, para ser santo; ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo, e consolo para animá-lo.

2. A mordomia na evangelização e no discipulado

Uma das melhores formas de se exercer a mordomia da Palavra de Deus é evangelizar todos os tipos de pessoas (Mc.16:15,16).
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co.12:27), missão esta que deve ser cumprida “a tempo e fora de tempo” (2Tm.4:2).
Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At.1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
Mas, além de evangelizar, a Igreja tem outra tarefa fundamental: a de aperfeiçoar os santos, a de promover o ensino da sã doutrina a tantos quantos chegam aos pés do Senhor. Ensinar é, também, um imperativo, uma ordem do Senhor (cf.Mt.28:19).
Sem essa importante atividade, não há aprofundamento da fé, perseverança, fidelidade e maturidade cristã da pessoa evangelizada.
Onde há eficácia no ministério do discipulado, a maior parte das pessoas que aceitam Cristo como Senhor e Salvador permanece em Cristo.

3. A mordomia no uso dos Dons espirituais

Os Dons espirituais foram confiados unicamente à Igreja de Jesus Cristo; é o que a Bíblia diz:
"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pd.4:10).
Os dons não são concedidos como presentes, mas como instrumentos de trabalho para serem usados na obra de Deus. Eles são dados “conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”, e são distribuídos pelo Espírito Santo “a cada um para o que for útil”(1Co 12:7).
Portanto, cada um recebe segundo a sua capacidade e habilidade no seu uso. O Senhor Deus conhece essa capacidade e habilidade de cada um. Um estetoscópio é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um médico, porém, não terá nenhuma serventia nas mãos de um pedreiro. Da mesma forma um prumo é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um pedreiro, porém, de nada servirá nas mãos de um médico. O Espírito Santo dá o instrumento à pessoa certa, àquela que tem condições de usá-lo.
Concordo com o Pr. Elinaldo Renovato quando diz que “certas práticas estranhas ao Movimento Pentecostal não devem ser estimuladas nem toleradas no culto público, tais como marchar, pular, rodopiar ao som de batidas, correr de um lado para outro, sapatear, fazer "aviõezinhos", etc. Segundo a Bíblia, isso é meninice, imaturidade e, muitas vezes, revela apenas carnalidade e infantilidade (1Co.3:1) ”.
Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na obra de Deus. Se você recebeu um dom é porque você pode e deve usá-lo em benefício da obra de Deus, nunca em benefício pessoal, porque você é um servo, um mordomo.

II. A MORDOMIA DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA

“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:17,18).
O binômio evangelização e ação social são duas atividades complementares da igreja. Infelizmente, muitos evangélicos fazem uma dicotomia entre esses elementos, considerando-os como mutuamente excludentes. Acham que a igreja deve preocupar-se apenas com atividades “espirituais” ou religiosas, como a evangelização, deixando a esfera social para outras instituições, principalmente o Estado.
Entendemos que a evangelização e a ação social são partes essenciais e complementares da missão da igreja no mundo. Cremos existirem abundantes argumentos bíblicos que apontam para o fato de que Deus quer dar plenitude de vida às suas criaturas, e essa plenitude inclui tanto o conhecimento de Deus e um relacionamento vital com ele, quanto o suprimento das necessidades humanas mais fundamentais no plano material.
Não só o desconhecimento de Deus, mas também a fome, a doença, a ignorância e a violência são fatores que atentam contra a dignidade humana. Portanto, a evangelização e a ação social devem caminhar lado a lado, como dois aspectos integrais da missão e do testemunho da igreja junto à sociedade.

1. A assistência social no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, uma das funções dos profetas era denunciar contra a nação quando os necessitados eram negligenciados, pois esse tipo de injustiça feria a santidade de Deus (Jr.34:8-11,16,17).
A injustiça social, o suborno que torcia a justiça para exercer poder contra os pobres, a exploração dos comerciantes sem escrúpulos, o desprezo aos menos favorecidos (órfãos e viúvas), a exploração dos latifundiários, uma vida luxuosa contrastando ostensivamente com a miséria dos indigentes, tudo era alvo da crítica profética (ler: Isaías 1:17,23; 3:14-15,18-23; 58:5-10; Miquéias 2:1; 6:8-11; 7:3; Amós 2:6-7; 4:1;5:12-15; 8:4-6).
a) O socorro aos pobres. Quando os israelitas estavam para entrar na Terra Prometida, Deus ordenou-lhes que ajudassem os pobres que viessem a conviver com eles (ler Dt.15:11). Esta era uma importante ação a ser observada no momento da posse da terra.
“Pois nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra”.
Quem são os pobres em sua comunidade? Como sua igreja pode ajudá-los? Deus observa nossa atitude e desejo de ajudar os pobres e necessitados, principalmente aqueles que se congregam com você.
Devemos usar nossos recursos materiais para ajudar os realmente necessitados. O espírito de cobiça e de egoísmo que não se preocupa com as necessidades dos outros, priva-nos da bênção de Deus (Dt.15:9,10).
“Guarda-te que não haja palavra de Belial no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão, e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao SENHOR, e que haja em ti pecado”.
“Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão”.
b) Práticas estabelecidas para socorrer os pobres, no Antigo Testamento.
ü  O ano do jubileu (Lv.25:10-17). Significava que ao fim de cada período de 50 anos a terra voltava aos donos originais sem qualquer pagamento. Ocorria que algumas pessoas, por circunstâncias variadas (doenças, morte da pessoa que sustentava a família, endividamento ou até pela falta de capacidade – física ou administrativa), eram obrigadas a vender sua terra.
A terra, portanto, não podia ser vendida definitivamente (Lv.25:23), pelo fato de Deus ser o proprietário absoluto de toda terra. No período anterior e posterior ao Jubileu a terra podia ser vendida ou comprada, porém, o que era comprado ou vendido, era o direito de usufruto e não a terra em si (Lv.25:16). A pessoa assim, adquiria o direito de plantar e colher, consciente de que no jubileu toda terra adquirida voltava, gratuitamente, aos donos originais ou seus descendentes.
ü  O Ano Sabático (Ex.23:10,11; Lv.25:1-7). Tinha dupla função: humanitária e ecológica. Ao final de cada período de 6 anos o proprietário deveria deixar a terra em repouso. O que estivesse plantado deveria ser deixado e os frutos não deveriam ser colhidos pelo dono. Eram deixados para que os pobres da terra tivessem como se alimentar.
Também, no ano sabático eram libertos todos os escravos. As situações de pobreza provocavam endividamentos e isto forçava muitos hebreus a se venderem ou a seus filhos como escravos (cf. Ne.5). No ano sabático todos deveriam ser libertos (Dt.15:12-18). É muito interessante notar que os escravos libertos não deveriam ser despedidos de mãos vazias (cf. Dt.15:13,14). Além disso, no ano sabático todas as dívidas deveriam ser canceladas (Dt.15:1-6).
Não era permitido a um hebreu escravizar outro hebreu nem tratá-lo com tirania (Lv.25:39,40,43), Mesmo assim, há registros de tal ocorrência no livro de Neemias (cap. 5).
ü  O Dízimo Trienal (Dt.14:28,29). De 3 em 3 anos o povo deveria tirar o dízimo de tudo quanto havia produzido em sua terra e colocá-lo à porta para que os levitas, os estrangeiros, o órfão e a viúva se alimentassem.
ü  A Lei da Rebusca (Lv.19:9,10). Obedecendo a essa lei, na época da colheita o agricultor não deveria colher todo o seu fruto, mas deveria deixar algum “para o pobre e para o estrangeiro” (cf. Rt.2:2,3,7). Pode-se ver aqui que, apesar de ser um direito dos pobres, dependia da boa vontade dos proprietários.
Todas essas recomendações demonstram o cuidado de Deus para proteger os mais pobres ou, mesmo evitar que as pessoas chegassem a situações de necessidades extremas. Assim, também, o povo de Deus da Nova Aliança precisa encaminhar projetos que amenize o sofrimento das pessoas mais carentes.

2. Assistência social no Novo Testamento

No Novo Testamento, um dos principais ministérios exercidos é o da Assistência Social. Se tomarmos o exemplo da Igreja Primitiva, veremos o quanto ela atentou às necessidades do seu tempo e realizou um trabalho social que beneficiou muitas pessoas (At.2:42; 4:32), e o apóstolo Paulo incentivou a coleta de recursos que amparassem as necessidades da Igreja em Jerusalém quando esta passava por um período de sérias provações (Rm.15:25-29).
Além de assistir os domésticos da fé, o serviço social nos move para fazer melhor as boas obras. Isso não significa que essas ações tenham o poder de nos salvar, e sim que, por sermos salvos, fazemos boas obras para agradar a Deus e partilhar o que temos com aqueles que pouco tem.
É função da igreja praticar a assistência social, algo que os apóstolos consideraram um“importante negócio” (Atos 6:3).
Por que ajudar aos necessitados é importante?
-Em primeiro lugar, porque é um ato pelo qual demonstramos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao nosso redor.
Na parábola do bom samaritano (Lc.10:25-27), Jesus mostrou que próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades, o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm.12:13-21; Cl.3:12-14; 1Ts.4:9-12).
-Em segundo lugar, porque é um mandamento divino. Este mandamento é dito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, ou seja, ele foi dado para Israel e para Igreja.
Deus reconheceu a existência dos pobres no meio do seu povo e ordenou providência a respeito deles - “Pois nunca cessará o pobre do meio da terra”(Dt.15:11a). Esta é a frase que mais contraria a pregação contemporânea da teologia da prosperidade.
Pretende-se exterminar a pobreza no meio da igreja, no entanto, o texto declara: "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra". E Jesus ratifica: "Porque os pobres sempre os tendes convosco"(João 12:8). O sábio Salomão enfatiza que o pobre foi feito por Deus – “O rico e o pobre se encontram; a um e a outro faz o SENHOR” (Pv.22:2).
Compete àqueles que tem recursos, minimizar a situação dos pobres. Deus não prometeu riquezas para todos, porém, daqueles a quem ele deu e dá riqueza, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças, Ele quer que os pobres não sejam esquecidos, tal como aconteceu na Igreja de Jerusalém.
Não havia entre eles necessitado algum...”(Atos 4: 34). Pobres, sim; necessitados, não. Esta é a regra a ser seguida pela Igreja, hoje.
-Em terceiro lugar, porque é um ato de benignidade – "Que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres"(Dt.15:10a).
Pobreza não é maldição, é consequência do sistema controlado por homens gananciosos. Os pobres estão no nosso meio para que tenhamos oportunidade de exercitar amor.
“Livremente lhe darás, e não fique pesaroso o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão"(Dt.15:10).
Não se arrependa de haver dado, nem sinta dor no coração. O apóstolo João é enfático: quem vir a seu irmão padecer necessidade e não suprir essa necessidade não é cristão.
“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1João 3:17).
2.1. O ministério diaconal. O ministério diaconal foi criado pela igreja primitiva com a finalidade precípua de cuidar dos necessitados da igreja e serviços materiais, a fim de que os apóstolos se dedicassem à oração e ao ministério da Palavra (At 6:4). Atualmente, o diaconato tem se desviado de seus propósitos bíblicos.
Hoje em dia, o diaconato nada mais é que um “passo inicial” do ministério; nada mais é que uma atividade ritual de norma interna, de recolhimento e contabilidade de contribuições e de serviço do pão e do vinho na ceia do Senhor, atividades que podem, sim, ser exercidas pelos diáconos, mas que não se constitui, em absoluto, no papel do diaconato.
Urge voltarmos ao modelo bíblico, com diáconos que administrem a ação social da Igreja, que cuidem da parte material e espiritual desta assistência, que é um “importante negócio”, que deve ser dirigido pelo Espírito Santo através de homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria.
A total ausência do diaconato neste assunto é uma demonstração clara e inequívoca de quanto temos negligenciado a missão social da Igreja.
2.2. A prática de Jesus. Jesus estabeleceu uma comunidade de discípulos cujo relacionamento se baseava no amor e na partilha.
a) Eram recolhidas ofertas/doações para os pobres. Essa comunidade dispunha de uma bolsa comum onde eram recolhidas ofertas/doações que eram administradas por Judas Iscariotes. Dessa bolsa, sob as ordens de Jesus eram feitas doações aos pobres (cf. João 12:6; 13:29). Algumas mulheres seguidoras do Mestre colocavam seus bens a serviço dessa causa (cf. Mc.15:40,41; Lc.8:1-3).
b) A proposta de Jesus ao jovem rico (Lc.19:16-22). Aqui Jesus propõe ao jovem uma alteração radical no seu estilo de vida que trazia implicações profundas na área financeira: repartir com os pobres.
c) A multiplicação dos pães e dos peixes (Mc.6:30-44). Ao multiplicar estes elementos Jesus se utiliza do pouco que alguém se dispôs a partilhar. Partilhar o que se tem mexe com o nosso egoísmo.  A grande lição que Jesus queria ensinar é que a disposição para repartir o que se tem promove o suprimento de todos.
“O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que se compadece do necessitado”(Pv.14:31).
“Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal”(Sl.41:1).

III. A MORDOMIA DOS CRENTES NA IGREJA LOCAL

1. Primeiro é preciso congregar

Somos parte da Universal Assembleia dos Santos. O Senhor faz-se presente de forma toda especial quando dois ou três estão reunidos em Seu nome (Mt.18:20), ou seja, para que Deus esteja no meio dos cristãos, e se apresente como Consolador, como Propiciador, faz-se mister que haja uma reunião, que haja uma Igreja Local. Tanto assim é que, no dia de Pentecostes, a Bíblia relata-nos que os salvos se agregaram (At.2:41), ou seja, passaram a viver reunidos, em grupo (At.2:44,46).
É importante verificarmos que este é o modelo bíblico, porque há muitos sendo iludidos, nos nossos dias, com o falso ensinamento do "self service", ou seja, que é possível servir a Deus isoladamente, quando muito em família, sem que se esteja filiado a qualquer Igreja Local.
Dizem estes falsos mestres que as igrejas locais são imperfeitas, estão repletas de injustiças, de hipocrisia e de falso moralismo, e que Deus não Se agrada disto, sendo, pois, melhor que cada um, na sua própria sinceridade de coração, sirva a Deus em casa, sozinho, sem se arriscar a ser conivente com coisas erradas que sempre ocorrem nas igrejas locais. Este pensamento, que, aparentemente, parece ser correto, é totalmente contrário à Palavra de Deus e jamais deve ser adotado por um verdadeiro e sincero cristão.
A Bíblia é enfática quando diz que não devemos deixar de nos congregar (Hb.10:25) - "não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns". Uma brasa sozinha tende a se apagar rapidamente, mas junta com outras brasas permanece acesa.
A Igreja é um corpo, um rebanho, uma família. Não podemos viver isolados. Não podemos ficar "desigrejados". Pertencemos uns aos outros e devemos congregar-nos para servir uns aos outros, exortar uns aos outros e ser bênção uns para os outros.
A comunhão entre os irmãos sempre foi considerada um dos principais meios pelos quais se manifesta a graça de Deus. O Novo Testamento não oferece apoio algum à ideia de cristãos isolados. A comunhão estreita e regular não é apenas uma ideia agradável, mas também uma absoluta necessidade para o encorajamento dos valores cristãos.
A Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35), preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10), recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7), saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16), servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13), suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13), perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13), sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21), ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25), não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9), consolarmo-nos uns aos outros (1Ts.4:18), exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (1Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras (Hb.10:24), confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16). É difícil realizar tudo isso sem congregar-nos.

2. Líderes cristãos como mordomos

Os pastores das igrejas locais não são apenas líderes, são, principalmente, despenseiros de Deus; cuidam do “rebanho” do Senhor; eles têm grande responsabilidade diante de Deus pelas almas que lhe são confiadas.
As pessoas compradas pelo sangue e o sacrifício de Jesus são os seus maiores bens. Por esta razão os Ministros de Jesus são alertados a não se apossarem do rebanho de Deus chamado de “herança” - “nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”(1Pd 5:3). O rebanho pertence a Jesus e não a um líder-pastor.
“Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co.4:2). Responsabilidade é a mãe da lealdade e honestidade. Exige-se do Ministro de Cristo que seja rigorosamente leal e honesto por uma razão especial: terá acesso irrestrito aos bens e valores de seu Senhor - a sua Igreja (as pessoas compradas pelo seu sangue) e a sua Palavra.
Essa responsabilidade de cuidar da propriedade de seu patrão, que é Jesus Cristo, não pode ser assumida sem que o despenseiro seja fiel. Ao bispo, Paulo enfatiza que sejam responsáveis e irreprováveis como despenseiros de Deus (Tt.1:7).
“Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus…”.
 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”(1Co.4:1). 

3. A mordomia dos membros e congregados

Numa Igreja Local, além dos líderes serem despenseiros, ou seja, de cuidar dos bens do seu Senhor, os membros e congregados, também, tem as suas responsabilidades como mordomos perante o Senhor, no seu Reino.
A cada um de nós foi dado responsabilidades, conforme a capacidade de cada um. Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, que tem de prestar um serviço, serviço que deve ser “assim”, ou seja, segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor. Ele disse: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim”(Mt.24:46).
 “Agora, pois, ó Israel, que é o que o SENHOR, teu Deus, pede de ti, senão que temas o SENHOR, teu Deus, e que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma”(Dt.10:12).
Estas palavras foram ditas ao povo de Israel e que se aplicam, literalmente, a todos nós que pertencemos à Igreja do Senhor.
A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual prestaremos contas quando chegarmos no Céu.
O Senhor concedeu a todos os que creem pelo menos o dom da salvação e da fala, e é com este talento que devemos negociar até que Ele volte.
Paulo revela-nos que “todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co.5:10). Em vista disso, urge que cada cristão cumpra bem a sua missão - louvando, adorando, testemunhando, evangelizando, ensinando, liderando departamentos e realizando outras atividades -, e quando Jesus voltar receberemos o galardão da felicidade eterna.

CONCLUSÃO

A Mordomia na Igreja Local abrange muitas tarefas. Precisamos saber a nossa vocação e perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. Cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na Igreja Local; aperfeiçoando os santos mediante o ensino da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na Igreja Local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
Fonte:Luciano de paula Lourenço

quarta-feira, 17 de julho de 2019

3ª lição do 2º trimestre de 2019: A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO


3º Trimestre/2019
Texto Base: Gálatas 5:16-22,25
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23).
Gálatas 5
16-Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.
17-Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.
18-Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19-Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,
20-idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21-invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
22-Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
25-Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

INTRODUÇÃO

Continuando o nosso estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula da Mordomia da Alma e do Espírito. Deus criou o homem como um ser tricotômico, isto é, composto de espírito, alma e corpo (1Ts.5:23). Assim, Ele deixou a Sua semelhança na formação do homem, haja vista que Deus é um ser triúno, cuja essência é composta por três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Essa tricotomia é uma peculiaridade do ser humano, que o distingue de todos os demais seres criados (inclusive dos anjos), tanto que as Escrituras, para demonstrar que Jesus realmente se humanizou, fez questão de mostrar que Cristo teve corpo (Hb.10:5), alma (Mt.26:38) e espírito (Lc.23:46).
É dever nosso, como mordomos de Deus, administrarmos bem cada um destes componentes, pois o Senhor exige de todos nós uma total entrega de cada uma destas partes (espírito, alma e corpo) de nosso ser a Ele, para que naquele grande Dia, ou seja, o da prestação de contas, não sejamos achados em falta.

I. CONCEITUANDO ALMA E ESPÍRITO

Alma e espírito formam o "homem interior". Ambos não são compostos de matéria, diferenciando-se do corpo neste ponto. Com efeito, a Bíblia registra que Deus formou o corpo do homem da matéria, mas, para criar a parte imaterial do homem, "soprou em suas narinas"(Gn.2:17), expressão bíblica que indica que o homem interior não tem qualquer relação com a matéria existente na Terra, mas decorre de uma criação que advém diretamente da personalidade divina, do ser divino.

1. A constituição da natureza humana

De acordo com as Sagradas Escrituras, a natureza humana é constituída, segundo os textos de 1Ts.5:23 e Hb.4:12, por espírito, alma e corpo. O espírito e a alma compõem a parte imaterial, invisível e substancial do homem.
Ø  A função do espírito é entender as coisas espirituais, as coisas de Deus, é a ligação com os céus, é o canal de comunicação com Deus.
Ø  Na alma está a personalidade, as emoções, vontade, centro decisório, sentimentos.
Ø  O corpo é a parte física, onde entra em contato com as coisas materiais, através dos cinco sentidos: ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar.
Observe que estes três elementos possuem funções diferentes e uma não substitui a função do outro. Todavia, todos se interagem entre si normalmente.
  • Quando adoro a Deus estou O adorando todo inteiro, apesar de ser uma função específica do espírito.
  • Quando estou correndo ou comendo estou por inteiro, mas são funções do corpo.
  • Quando estou pensando, usando o meu intelecto, estou agindo diretamente com a alma, mas estão lá o meu corpo e o meu espírito.
Portanto, espírito, alma e corpo (tricotomia), se distinguem, mas compõem apenas um ser, o ser humano.

2. As três dimensões do relacionamento do ser humano

O relacionamento do homem é tríplice: horizontal, central e vertical. Na horizontal, o corpo relaciona-se com o mundo físico; na central, a alma relaciona-se consigo mesma; na vertical, o espírito, relaciona-se com Deus.
§  O corpo, invólucro da alma e do espírito, relaciona o ser com o mundo material e concreto.
§  A alma, sede da personalidade humana, relaciona o ser consigo mesmo, e dá vida ao corpo.
§  O espírito, elemento singular do homem, relaciona o ser com Deus.

3. Conceituando Alma

A Alma é a parte do homem interior que nos distingue dos demais seres, onde ficam nossos sentimentos, nossa vontade, nosso entendimento e nossa personalidade. É a Alma que nos faz diferentes das demais pessoas e onde é feita a escolha para servirmos a Deus ou não.
É bom ressaltar que os animais, também, têm alma, que é diferente da alma humana. Pela Bíblia sabemos que o homem e os animais foram criados de forma diferente. Animal tem alma, mas não tem espírito.
O homem foi a única criatura sobre a qual Deus declarou: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança”(Gn.1:26). Para criar o homem Deus inspirou-se em si mesmo, criando-o à sua imagem e conforme à sua semelhança.
As almas dos animais foram criadas junto com seus corpos – “Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente...” (Gn.1:20). Mas, a alma do homem não foi criada junto com o corpo, ela foi colocada no corpo através do sopro de Deus – ”... e soprou em seus narizes o fôlego da vida...” (Gn.2:7). Assim, a alma dos animais é mortal, ela morre junto com o corpo; mas, a alma do ser humano é imortal.
A alma é a vida do corpo; quando ela sai, então o corpo morre. A mesma coisa acontece com os animais, conforme afirmou Salomão:
 “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos tem o mesmo fôlego” (Ec.3:19).
Portanto, homens e animais morrem quando a alma sai do corpo. Todavia, a alma do homem é espiritual e tem vida eterna. Juntamente com o espírito ela constitui a natureza espiritual do homem.

4. Significados da Alma

A palavra “alma", como a maioria das palavras, é "plurívoca", ou seja, tem muitos significados. Assim, não podemos deixar de observar que nem sempre a palavra “alma", quando se encontra na Bíblia Sagrada, quer dizer a mesma coisa, variando de passagem para passagem, até porque sabemos que o texto bíblico foi escrito, primeiramente, em três línguas (Antigo Testamento, em hebraico e alguns trechos em aramaico; Novo Testamento, em grego), por pessoas de diferentes classes sociais e em diversas circunstâncias e épocas, o que faz com que o significado de alguns termos tenham se alterado ao longo dos anos e tempos. Isto ainda acontece nos nossos dias, tanto que, naturalmente, quando falamos: “a propaganda é a alma do negócio", "não acredito em almas penadas" ou "a minha alma tem sede de Deus", evidentemente não estamos dando à palavra "alma" o mesmo significado.

Veja, a seguir, alguns significados que a Bíblia registra:

a) Alma com o sentido de respiração da vida. A palavra "alma" significa "respiração da vida", pois, como a vida física é indicada pela respiração, logo se criou a ideia de que a alma está relacionada com o ato de respirar. Por isso, usa-se a expressão "último suspiro" para indicar a morte. Portanto, a alma, que é a vida, foi associada ao ato de respirar, e a morte, à saída da alma. É o que vemos em passagens bíblicas como Gn.35:18 e 1Rs.17:21,22.
“E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome Benoni; mas seu pai o chamou Benjamim”(Gn.35:18).
“Então, se mediu sobre o menino três vezes, e clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que torne a alma deste menino a entrar nele. E o SENHOR ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (1Rs.17:21,22).
A alma não é respiração, mas só pode morar em um corpo que respira, por isso, às vezes é confundida com respiração. Deus, para levar alguém, só precisa retirar sua respiração.
“Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela” (Is.42:5).
“nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (Atos 17:25).
 “Se ele retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” (Jó 34:14,15).
b) Alma significando o sangue (Dt.12:23; Lv.17:14). A alma está intimamente ligada ao sangue, pois se o homem ficar sem sangue ele morre fisicamente e a alma sai do corpo. A alma não é o sangue, mas precisa do sangue para continuar morando no corpo; por isso, às vezes é confundida com o sangue.
 “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida” (Lv.17:11).
c) Alma significando a pessoa física ou corpo. A alma é a parte que pode decidir o futuro do homem: pode condená-lo ao inferno ou levá-lo à salvação eterna através do arrependimento e aceitação de Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor” (Atos 3:19).
“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo “Atos 2:37,38).
“E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” (Atos 16:14).
d) Alma significando o indivíduo. A palavra "alma", muitas vezes, significa "pessoas", "indivíduos" no sentido de que a parte que distingue cada pessoa de outra é a alma. É assim que vemos a aplicação da palavra em Rm.13:1.
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”.

5. A origem da alma

A questão da origem da alma tem gerado muitas discussões através dos séculos entre os teólogos, filósofos e religiosos. A narrativa bíblica que dá ensejo à criação, por Deus, da parte imaterial do homem, em Gn.2:7, tem trazido muitas discussões, até porque, na época em que houve a redação do texto por Moisés, os hebreus não tinham, ainda, uma noção clara a respeito do que era a parte imaterial do homem, algo que foi sendo gradativamente revelado durante a história de Israel.
Grande parte dos estudiosos entende que não se pode pensar que a criação do homem interior tenha sido feita da mesma forma que a criação do corpo. O corpo teria sido formado do pó da terra, mas o texto bíblico diz que Deus soprou nas narinas do homem, ou seja, transmitiu de Sua própria essência o "fôlego de vida", tornando o homem "alma vivente". Teria havido, assim, uma transmissão direta de algo próprio de Deus para o homem, este algo próprio de Deus é que teria constituído a parte imaterial do homem. 
Saber como este dom divino ao homem passou para os demais seres humanos é outra questão polêmica entre os estudiosos. Há pelo menos três teorias que tentam explicá-la: a teoria da preexistência, do criacionismo e da participação. Vamos, em poucas palavras, à luz do entendimento de Louis Berkhof, exarada em seu livro “Teologia Sistemática”, entender essas teorias.
a) Teoria da Preexistência. Segundo essa teoria, as almas existem em esferas diversas do mundo espiritual e entram no corpo gerado no processo chamado reencarnação. Segundo os defensores dessa doutrina, a alma peca na vida presente e, para redimir-se, precisa purificar-se, voltando a integrar-se num outro corpo humano durante inumeráveis existências sucessivas. É um dos fundamentos da doutrina espírita.
Esta teoria teve o apoio de filósofos, como Platão e Filo, e de teólogos ligados ao cristianismo, tais como Orígenes de Alexandria (185-253 d.C). Esses teóricos e teólogos influenciaram sobremaneira a codificação da doutrina espírita por Allan Kardec (1804-69). Entretanto, segundo o pr. Elinaldo Renovato, não há fundamento bíblico para sustentação dessa teoria, pelas seguintes razoes:
ü  O homem foi feito "alma vivente" somente após o sopro de Deus, no momento inicial da criação do primeiro ser humano na face da terra. Antes de Adão, não há qualquer indicação nas Escrituras da existência de almas, guardadas num "celeiro de almas", num lugar, ou nos planetas, como entendem os adeptos da doutrina espírita.
ü  Os maus atos e a depravação do homem são consequências primárias do pecado de Adão, que foram passadas a todos os homens (Rm.5:12), e consequências pessoais, individuais e responsáveis de cada pessoa que peca em sua existência atual, e não de pretensas existências anteriores ao seu nascimento.
ü  Deus fez o homem, incluindo sua parte imaterial (alma e espírito) - "E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom [...]" (Gn.1:31).
b) Teoria Criacionista. Sem nenhum respaldo bíblico, os seguidores desta teoria, baseada no pensamento filosófico grego, Deus "cria as almas diariamente". Eles entendem que "Deus sopra a alma nos meninos quarenta dias após a concepção, e nas meninas oitenta dias" (sic). Jerônimo (347-420 d.C.) e Pelágio da Bretanha (360-420 d.C.) também acatavam esse entendimento, bem como a igreja católica e os teólogos reformados, a exemplo de João Calvino (1509-64). Os textos bíblicos usados para justificar esta teoria são:
"[...] e o espírito volte a Deus, que o deu" (Ec.12:7).
"[...] palavra do SENHOR [...] e que forma o espírito do homem dentro dele" (Zc.12:1).
"[...] e as almas que eu fiz" (Is.57:16).
c) Teoria Participativa. Segundo os adeptos desta teoria, toda nova pessoa humana é fruto da ação imediata de Deus e da dos pais; Deus e os pais produzem o sujeito inteiro. Cada vez que um gameta masculino funde-se com um gameta feminino, seja no casamento ou fora dele, pela lei do Criador, forma-se um conjunto alma-espírito dentro do corpo do ser humano. Portanto, a alma humana é formada, segundo as leis da procriação deixada por Deus, numa cooperação entre os pais biológicos e "o Pai dos espíritos, Deus". Diz a Bíblia:
"[...] Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele" (Zc.12:1b).
Esta teoria é a mais aceitável, pois é uma visão que tem base na Bíblia e que está harmonizada com a Palavra de Deus. Todavia, a maneira como Deus atua na formação da alma é um mistério ao qual devemos curvar-nos por causa de nosso conhecimento limitado.

6. Conceituação de espírito

O espírito do ser humano é o elemento que faz a relação dele com Deus, é a sede da consciência, daquele instrumento que nos permite discernir o certo do errado; é o elo entre Deus e o homem, a instância em que tomamos consciência da existência e da soberania de Deus. Por intermédio do espírito, entramos em contato com Deus. Por isso, deve o nosso espírito ser quebrantado (Sl.51:17), voluntário (Sl.51:12) e reto (Sl.51:10). O apóstolo Paulo testemunha que servia a Deus em seu espírito (Rm.1:9).
Quando de nossa morte, entregamos a Deus o espírito (Lc.23:46; At.7:59). O espírito dos ímpios, Deus o lança no inferno (Lc.16.19-31; Sl.9:17; Mt.13:40-42; 25:41,46), pois não se pode separar a alma do espírito, pois ambos formam uma unidade indivisível.
Portanto, o espírito do ser humano é o elemento que o torna totalmente diferente dos demais seres criados na Terra e o faz manter um relacionamento com o seu Criador.

II. A MORDOMIA DA ALMA: "O HOMEM INTERIOR"

A Alma é a manifestação do ser humano, é a sua personalidade. Na Alma situam-se as seguintes faculdades: o Intelecto, a Vontade e o Sentimento. O tempo todo estamos trabalhando nessas três áreas. Meu intelecto está raciocinando, estou tendo algum tipo de sentimento e a minha vontade é o resultado do que estou fazendo, é o que escolhi fazer.
Imagine se todas as pessoas não se manifestassem, se fossem como um poste: não abrissem a boca, não tivessem sentimento, sem intelecto, nenhuma vontade; as pessoas seriam nada, seriam algo semelhante a um poste.
O que faz você ir a um determinado local ou lugar? O que faz você vestir uma roupa para ir ao trabalho? O que fez a sua vida estar no ponto em que está? O que faz você atrair ou não pessoas para que gostem de você? O que faz você ter problemas ou sucessos? Uma decisão na sua alma é o fator determinante.
A alma é a manifestação do homem neste planeta. A alma é o centro de comunicação com o os semelhantes. É nessa comunicação que vem amizade ou inimizade. A alma é a manifestação de como a pessoa é e não tem nada a ver com o corpo ou o espírito.
Administrar a alma, controlar suas faculdades é uma tarefa impossível de ser realizada pelo homem natural; porém, para o homem que passou pelo processo do Novo Nascimento esta tarefa se torna possível, porque o espírito da nova criatura (2Co.5:17) está em plena comunhão com o Espírito Santo, e assim, a alma fica subjugada ao espírito.
Vejamos, a seguir, uma breve análise sobre o exercício da mordomia dos principais elementos da alma do ser humano.

1. Mordomia do Intelecto

O Intelecto está relacionado com a nossa mente. É nele que se situa a nossa capacidade de pensar, de conhecer, de julgar entre o certo e o errado, de tomar decisões. Diríamos que o exercício da Mordomia do Intelecto, ou a administração da mente, subjugando-a para pensar e agir conforme a vontade do Senhor, é uma tarefa impossível de ser realizada pelo homem natural. Salomão afirmou que “a estultícia do homem perverterá o seu caminho...”. A Bíblia, na Linguagem de Hoje, diz: “A falta de juízo é o que faz a pessoa cair na desgraça; no entanto ela põe a culpa em Deus, o Senhor”(Pv.19:3). O homem natural, isto é, o não convertido, procura sempre transferir para Deus a responsabilidade pelos seus próprios erros.
Contudo, aquilo que é impossível ao homem natural, é possível ao homem espiritual. O homem nascido de novo, o homem guiado pelo Espírito de Deus adquire a capacidade de poder pensar da forma que Jesus pensava, visto que Paulo declarou que “... nós temos a mente de Cristo”(1Co.2:16).
Quando o homem, movido pelo Espírito Santo, consegue sintonizar sua mente com a própria mente de Cristo, como se fosse uma só, então torna-se possível o exercício da Mordomia do Intelecto, podendo viver em paz – “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti...” (Is.26:3).
Como mordomos de nossa Intelecto, devemos:
·         Ocupar a nossa mente com pensamentos bons e agradáveis a Deus. Isso só será alcançado se vivermos de acordo com os ensinamentos bíblicos – “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR, rocha minha e libertador meu!” (Sl.19:14). Lembre-se: “como o homem pensa em seu íntimo, assim ele é” (Pv.23:7).
A mordomia da alma deve zelar por tudo o que preenche o pensamento do crente, conforme ensina o apóstolo Paulo (Fp.4:8): “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.
·         Alimentar a nossa mente com a Palavra de Deus. Tudo que está narrado na Bíblia é para a plena edificação, exortação e consolação do provo de Deus. Nela estão expostos os pensamentos do próprio Deus, e assim, quando a lemos ou ouvimos sua mensagem, estamos abrindo a mente e permitindo que ela se encha com os melhores pensamentos, refletindo as melhores atitudes.
·         Viver em santidade. O “viver santo” é uma necessidade da alma, pois sem santidade ninguém verá a Deus (Hb.12:14).

2. Mordomia da Vontade

Vontade é a faculdade que o ser humano tem com relação ao querer, escolher, livremente praticar ou deixar de praticar certos atos. Somos dotados de vontade, pois podemos querer e desejar algo de nós mesmos. O homem não é um robô, um autômato, que é programado para executar as tarefas que lhe foram confiadas. Muito pelo contrário, Deus fez o homem com o poder de escolher, ou não, cumprir o propósito que Deus tem estabelecido para cada indivíduo.
O homem, por ser dotado de vontade, é responsável pelos seus atos. Somente a liberdade poderia gerar responsabilidade pelos atos praticados. Quando vemos que o homem prestará contas pelos atos que tiver cometido, consequência da sua condição de mordomo, isto somente faz sentido na medida em que o homem é dotado de livre-arbítrio, da capacidade de escolher fazer, ou não, aquilo que foi determinado por Deus. Caso o homem não pudesse escolher, jamais poderia ser obrigado a prestar contas, pois não poderia responder pelos atos cometidos, já que não teriam tido origem nele mesmo, mas em Deus.
O homem sem Deus muitas vezes não consegue exercer o domínio sobre a sua vontade, e se torna escravo dela. É então que entram em cena os vícios, os hábitos, as compulsões. O homem passa a ser dominado pela sua vontade. Muitos não conseguem compreender que o problema dos vícios não é gerado no corpo, mas é gerado na alma. Uns procuram tratar ou castigar o corpo, porém, sem resultados. O corpo, por si mesmo, não peca. Ele não pode pecar por não ter vida própria. O corpo é usado pelas faculdades da alma, entre elas, a vontade. Assim, quem peca é a alma, a qual usa o corpo, seus órgãos, seus sentidos, para conduzir o homem ao pecado.
Como Mordomo de nossa Vontade, devemos:
ü  Obedecer a Deus. Só obedecemos a Deus quando nossa vontade é submetida à vontade dEle, sendo também essa a melhor forma de agradá-lo - “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1Sm.15:22).
ü  Fazer escolhas corretas. Uma vontade bem administrada produzirá decisões corretas, mas, quando mal orientada, levará a decisões erradas – “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm.7:19).
Como administradores da nossa vontade, seremos avaliados pelas decisões que tomarmos. Daniel tomou uma decisão certa, ao não participar das iguarias da mesa do rei de Babilônia (Dn.1:8). Saul tomou uma decisão precipitada não obedecendo à Palavra de Deus, o que lhe custou a rejeição de Deus para não reinar mais sobre o povo de Israel (cf.1Sm.15:9-11).
ü  Fazer o bem. Nossas escolhas alegrarão o coração de Deus quando utilizamos nossa vontade, não apenas para termos intenções nobres, mas também para produzir boas obras. Paulo assim recomenda: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”(Gl.6:10). É preciso que as boas intenções sejam transformadas em ações. Assim recomenda Tiago: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” (Tg.1:22).

3. Mordomia do Sentimento

A faculdade do sentimento é também identificada como afeição ou emoção. Essa faculdade é de extrema importância na personalidade humana, pois diz respeito à capacidade de saber administrar e controlar a parte afetiva do nosso ser.
O ser humano é um ser dotado de sentimento, um ser sensível, um ser que sente emoções, paixões e dores, alegria, tristeza, gozo ou prazer. Infelizmente, o pecado deturpou os sentimentos do ser humano, escravizando-os e alternando os seus valores reais. Cristo veio para reorganizar nossos sentimentos e canalizá-los na direção correta. Como mordomos de Deus, temos o dever de estar atentos para que as nossas emoções sejam controladas e desenvolvidas conforme a vontade de Deus.
Quando reconhecemos o senhorio de Deus em nossas vidas, nossas paixões, nossos sentimentos passam a ser controlados pelo Senhor e, assim, não seremos por eles escravizados. Paulo bem demonstrou isto ao afirmar que, por se rebelarem contra Deus, os homens foram abandonados à própria sorte, sendo, então, facilmente aprisionados pelos mais perversos sentimentos (Rm.1:24,26,27).
A Mordomia da alma, no que diz respeito à administração dos sentimentos, é difícil, mas é necessária e possível, desde que nos submetamos à vontade de Deus e a submissão de seu Espírito. O Espírito Santo pode fortalecer nossos sentimentos nos abatimentos de nossa alma, como aconteceu com o Salmista: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?”... (Salmo 42:5). Aconteceu com o Salmista, também pode acontecer comigo e com você. Porém, em nossos abatimentos, podemos ter uma esperança – “Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação de sua presença” (Salmo 42:5).
Como Mordomos, devemos usar nossos sentimentos para:
ü  Adorar a Deus. A adoração a Deus é uma das maneiras de usarmos nossas faculdades da alma como Ele quer. Deus tem prazer em nos ver expressando, com sinceridade, reverência e amor, profunda adoração a Ele.
ü  Manifestar o Fruto do Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl.5:22). Somos responsáveis pelo “jardim” do nosso ser emocional, precisando arrancar as ervas daninhas, como: amargura, paixões ilícitas, ira e outros sentimentos que são igualmente condenados pelo Senhor (Gl.5:19-22; Ef.4:31).

III. A MORDOMIA DO ESPÍRITO

No exercício da Mordomia do espírito humano, o Mordomo Fiel precisa dedicar atenção especial no trato com o espírito desse novo homem.
Uma vida de oração, de consagração, de dedicação à Obra do Senhor, o contato permanente com a Palavra de Deus e o viver conforme essa Palavra, são alguns dos instrumentos que podem ser usados no exercício da mordomia do espírito humano, afim de que este possa manter o seu domínio sobre a alma, conservando-a subjugada e sem ação deliberada.
É deste homem espiritual, ou seja, do homem que vive sob o domínio do espírito, que Paulo afirmou: “Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instrui-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co.2:15,16).
O homem espiritual quando bem cuidado, bem nutrido espiritualmente, pode fazer suas as palavras ditas por Maria: “...A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc.1:46,47). 

As Faculdades do espírito humano

São duas as faculdades essenciais do espírito humano: a Fé e a Consciência. Dissemos que os animais possuem alma, porém, nenhum animal possui espírito. O espírito é o que torna o homem diferente e superior a todos os animais. Só o ser humano possui espírito, por isto só o homem possui Fé e Consciência.

1. A Fé

O ser humano é a única criatura capaz de crer em Deus e de aproximar-se dele. Exatamente porque ele é dotado de um espírito, e uma das faculdades desse espírito é a Fé – “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb.11:6).
O homem espiritual, aquele que conhece o Deus verdadeiro, pode aproximar-se dele “pela fé que uma vez foi entregue aos santos” (Judas 3). Porém, o homem natural, aquele que não conhece o Deus verdadeiro, é movido a criar, ou inventar, os seus deuses, porque o homem tem uma natureza religiosa. É a Fé, esta faculdade do espírito, que faz com que o homem tenha esta natureza religiosa. Movido por esta natureza o homem sente necessidade de crer em algo que seja superior a si. Daí a tendência milenar para a idolatria.

2. A Consciência

A Consciência reflete o pensar e o sentir de Deus dentro do ser humano. É a sua Lei Moral gravada no espírito. Ela age como juiz, e por ela o homem tem condições de saber quando está afinado com a vontade e o querer de Deus, bem como quando se encontra em contraste em relação ao mesmo.
Pela consciência o ser humano tem condições de decidir entre o bem e o mal, o certo e o errado. Quando Adão pecou não foi necessário Deus denunciar o seu pecado. Adão, pôr si só, com base na sua consciência, sabia que tinha pecado. Assim aconteceu também com Caim. Embora o “não matarás” não estivesse escrito em lugar nenhum, a consciência de Caim denunciava ter ele praticado um ato ofensivo a Deus.
A Lei Moral, refletindo a forma de pensar e de sentir de Deus, sempre esteve gravada na consciência do homem. De acordo com a ciência, o macaco mais desenvolvido possui 98% da sua herança genética igual à do homem. Isto significa que existe uma grande semelhança material entre o macaco e o homem. Porém, existe um abismo espiritual intransponível entre o macaco e o homem.
O macaco não tem espírito; não tendo espírito, ele não pode ter fé. Sem fé ele não tem, e nem pode ter, qualquer noção de Deus ou qualquer sentimento religioso. O macaco não tendo espírito, ele não pode ter consciência. Sem consciência ele não pode ter sentimento de culpa, não pode se arrepender e buscar o perdão. 
Isto só pode acontecer com o homem, porque só o homem possui consciência. Pelo espírito, o homem tem consciência de Deus e relaciona-se com Ele pela fé.
Assim, no exercício da Mordomia do espírito humano, o mordomo tem que dar ao espírito as condições para que ele possa manter um bom relacionamento com Deus. Nesse sentido, um dos cuidados que o mordomo precisa ter é o de conservar o espírito irrepreensível, conforme recomendou Paulo em 1Tessalonicenses 5:23, e em santidade, conforme a exigência de Deus – “... Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv.19:2).
Neste sentido, o mordomo precisa manter o canal de comunicação entre Deus e o espírito do homem, desobstruído, livre do pecado, visto que o pecado faz a separação entre Deus e o Homem (Is.59:2).

CONCLUSÃO

Alma e espírito, como vimos, formam a natureza espiritual do homem; o corpo, forma sua natureza material. Deus está interessado no homem, tal como Ele o criou. Ele criou um homem tricotômico, porém, indivisível. Assim, ele quer o corpo, a alma e o espírito; não aceita sociedade com Satanás e nem com o inferno. O homem, ou será de Deus, ou será do diabo; a decisão é do homem. Enganam-se os que pensam que Deus só se importa com o interior, ou que Deus quer o espírito não importando o que o homem faça com seu corpo.

Fonte: Luciano de Paula Lourenço