free counters

Seguidores

quarta-feira, 17 de julho de 2019

3ª lição do 2º trimestre de 2019: A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO


3º Trimestre/2019
Texto Base: Gálatas 5:16-22,25
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23).
Gálatas 5
16-Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.
17-Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.
18-Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19-Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,
20-idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21-invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
22-Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
25-Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

INTRODUÇÃO

Continuando o nosso estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula da Mordomia da Alma e do Espírito. Deus criou o homem como um ser tricotômico, isto é, composto de espírito, alma e corpo (1Ts.5:23). Assim, Ele deixou a Sua semelhança na formação do homem, haja vista que Deus é um ser triúno, cuja essência é composta por três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Essa tricotomia é uma peculiaridade do ser humano, que o distingue de todos os demais seres criados (inclusive dos anjos), tanto que as Escrituras, para demonstrar que Jesus realmente se humanizou, fez questão de mostrar que Cristo teve corpo (Hb.10:5), alma (Mt.26:38) e espírito (Lc.23:46).
É dever nosso, como mordomos de Deus, administrarmos bem cada um destes componentes, pois o Senhor exige de todos nós uma total entrega de cada uma destas partes (espírito, alma e corpo) de nosso ser a Ele, para que naquele grande Dia, ou seja, o da prestação de contas, não sejamos achados em falta.

I. CONCEITUANDO ALMA E ESPÍRITO

Alma e espírito formam o "homem interior". Ambos não são compostos de matéria, diferenciando-se do corpo neste ponto. Com efeito, a Bíblia registra que Deus formou o corpo do homem da matéria, mas, para criar a parte imaterial do homem, "soprou em suas narinas"(Gn.2:17), expressão bíblica que indica que o homem interior não tem qualquer relação com a matéria existente na Terra, mas decorre de uma criação que advém diretamente da personalidade divina, do ser divino.

1. A constituição da natureza humana

De acordo com as Sagradas Escrituras, a natureza humana é constituída, segundo os textos de 1Ts.5:23 e Hb.4:12, por espírito, alma e corpo. O espírito e a alma compõem a parte imaterial, invisível e substancial do homem.
Ø  A função do espírito é entender as coisas espirituais, as coisas de Deus, é a ligação com os céus, é o canal de comunicação com Deus.
Ø  Na alma está a personalidade, as emoções, vontade, centro decisório, sentimentos.
Ø  O corpo é a parte física, onde entra em contato com as coisas materiais, através dos cinco sentidos: ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar.
Observe que estes três elementos possuem funções diferentes e uma não substitui a função do outro. Todavia, todos se interagem entre si normalmente.
  • Quando adoro a Deus estou O adorando todo inteiro, apesar de ser uma função específica do espírito.
  • Quando estou correndo ou comendo estou por inteiro, mas são funções do corpo.
  • Quando estou pensando, usando o meu intelecto, estou agindo diretamente com a alma, mas estão lá o meu corpo e o meu espírito.
Portanto, espírito, alma e corpo (tricotomia), se distinguem, mas compõem apenas um ser, o ser humano.

2. As três dimensões do relacionamento do ser humano

O relacionamento do homem é tríplice: horizontal, central e vertical. Na horizontal, o corpo relaciona-se com o mundo físico; na central, a alma relaciona-se consigo mesma; na vertical, o espírito, relaciona-se com Deus.
§  O corpo, invólucro da alma e do espírito, relaciona o ser com o mundo material e concreto.
§  A alma, sede da personalidade humana, relaciona o ser consigo mesmo, e dá vida ao corpo.
§  O espírito, elemento singular do homem, relaciona o ser com Deus.

3. Conceituando Alma

A Alma é a parte do homem interior que nos distingue dos demais seres, onde ficam nossos sentimentos, nossa vontade, nosso entendimento e nossa personalidade. É a Alma que nos faz diferentes das demais pessoas e onde é feita a escolha para servirmos a Deus ou não.
É bom ressaltar que os animais, também, têm alma, que é diferente da alma humana. Pela Bíblia sabemos que o homem e os animais foram criados de forma diferente. Animal tem alma, mas não tem espírito.
O homem foi a única criatura sobre a qual Deus declarou: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança”(Gn.1:26). Para criar o homem Deus inspirou-se em si mesmo, criando-o à sua imagem e conforme à sua semelhança.
As almas dos animais foram criadas junto com seus corpos – “Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente...” (Gn.1:20). Mas, a alma do homem não foi criada junto com o corpo, ela foi colocada no corpo através do sopro de Deus – ”... e soprou em seus narizes o fôlego da vida...” (Gn.2:7). Assim, a alma dos animais é mortal, ela morre junto com o corpo; mas, a alma do ser humano é imortal.
A alma é a vida do corpo; quando ela sai, então o corpo morre. A mesma coisa acontece com os animais, conforme afirmou Salomão:
 “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos tem o mesmo fôlego” (Ec.3:19).
Portanto, homens e animais morrem quando a alma sai do corpo. Todavia, a alma do homem é espiritual e tem vida eterna. Juntamente com o espírito ela constitui a natureza espiritual do homem.

4. Significados da Alma

A palavra “alma", como a maioria das palavras, é "plurívoca", ou seja, tem muitos significados. Assim, não podemos deixar de observar que nem sempre a palavra “alma", quando se encontra na Bíblia Sagrada, quer dizer a mesma coisa, variando de passagem para passagem, até porque sabemos que o texto bíblico foi escrito, primeiramente, em três línguas (Antigo Testamento, em hebraico e alguns trechos em aramaico; Novo Testamento, em grego), por pessoas de diferentes classes sociais e em diversas circunstâncias e épocas, o que faz com que o significado de alguns termos tenham se alterado ao longo dos anos e tempos. Isto ainda acontece nos nossos dias, tanto que, naturalmente, quando falamos: “a propaganda é a alma do negócio", "não acredito em almas penadas" ou "a minha alma tem sede de Deus", evidentemente não estamos dando à palavra "alma" o mesmo significado.

Veja, a seguir, alguns significados que a Bíblia registra:

a) Alma com o sentido de respiração da vida. A palavra "alma" significa "respiração da vida", pois, como a vida física é indicada pela respiração, logo se criou a ideia de que a alma está relacionada com o ato de respirar. Por isso, usa-se a expressão "último suspiro" para indicar a morte. Portanto, a alma, que é a vida, foi associada ao ato de respirar, e a morte, à saída da alma. É o que vemos em passagens bíblicas como Gn.35:18 e 1Rs.17:21,22.
“E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome Benoni; mas seu pai o chamou Benjamim”(Gn.35:18).
“Então, se mediu sobre o menino três vezes, e clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que torne a alma deste menino a entrar nele. E o SENHOR ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (1Rs.17:21,22).
A alma não é respiração, mas só pode morar em um corpo que respira, por isso, às vezes é confundida com respiração. Deus, para levar alguém, só precisa retirar sua respiração.
“Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela” (Is.42:5).
“nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (Atos 17:25).
 “Se ele retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” (Jó 34:14,15).
b) Alma significando o sangue (Dt.12:23; Lv.17:14). A alma está intimamente ligada ao sangue, pois se o homem ficar sem sangue ele morre fisicamente e a alma sai do corpo. A alma não é o sangue, mas precisa do sangue para continuar morando no corpo; por isso, às vezes é confundida com o sangue.
 “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida” (Lv.17:11).
c) Alma significando a pessoa física ou corpo. A alma é a parte que pode decidir o futuro do homem: pode condená-lo ao inferno ou levá-lo à salvação eterna através do arrependimento e aceitação de Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor” (Atos 3:19).
“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo “Atos 2:37,38).
“E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” (Atos 16:14).
d) Alma significando o indivíduo. A palavra "alma", muitas vezes, significa "pessoas", "indivíduos" no sentido de que a parte que distingue cada pessoa de outra é a alma. É assim que vemos a aplicação da palavra em Rm.13:1.
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”.

5. A origem da alma

A questão da origem da alma tem gerado muitas discussões através dos séculos entre os teólogos, filósofos e religiosos. A narrativa bíblica que dá ensejo à criação, por Deus, da parte imaterial do homem, em Gn.2:7, tem trazido muitas discussões, até porque, na época em que houve a redação do texto por Moisés, os hebreus não tinham, ainda, uma noção clara a respeito do que era a parte imaterial do homem, algo que foi sendo gradativamente revelado durante a história de Israel.
Grande parte dos estudiosos entende que não se pode pensar que a criação do homem interior tenha sido feita da mesma forma que a criação do corpo. O corpo teria sido formado do pó da terra, mas o texto bíblico diz que Deus soprou nas narinas do homem, ou seja, transmitiu de Sua própria essência o "fôlego de vida", tornando o homem "alma vivente". Teria havido, assim, uma transmissão direta de algo próprio de Deus para o homem, este algo próprio de Deus é que teria constituído a parte imaterial do homem. 
Saber como este dom divino ao homem passou para os demais seres humanos é outra questão polêmica entre os estudiosos. Há pelo menos três teorias que tentam explicá-la: a teoria da preexistência, do criacionismo e da participação. Vamos, em poucas palavras, à luz do entendimento de Louis Berkhof, exarada em seu livro “Teologia Sistemática”, entender essas teorias.
a) Teoria da Preexistência. Segundo essa teoria, as almas existem em esferas diversas do mundo espiritual e entram no corpo gerado no processo chamado reencarnação. Segundo os defensores dessa doutrina, a alma peca na vida presente e, para redimir-se, precisa purificar-se, voltando a integrar-se num outro corpo humano durante inumeráveis existências sucessivas. É um dos fundamentos da doutrina espírita.
Esta teoria teve o apoio de filósofos, como Platão e Filo, e de teólogos ligados ao cristianismo, tais como Orígenes de Alexandria (185-253 d.C). Esses teóricos e teólogos influenciaram sobremaneira a codificação da doutrina espírita por Allan Kardec (1804-69). Entretanto, segundo o pr. Elinaldo Renovato, não há fundamento bíblico para sustentação dessa teoria, pelas seguintes razoes:
ü  O homem foi feito "alma vivente" somente após o sopro de Deus, no momento inicial da criação do primeiro ser humano na face da terra. Antes de Adão, não há qualquer indicação nas Escrituras da existência de almas, guardadas num "celeiro de almas", num lugar, ou nos planetas, como entendem os adeptos da doutrina espírita.
ü  Os maus atos e a depravação do homem são consequências primárias do pecado de Adão, que foram passadas a todos os homens (Rm.5:12), e consequências pessoais, individuais e responsáveis de cada pessoa que peca em sua existência atual, e não de pretensas existências anteriores ao seu nascimento.
ü  Deus fez o homem, incluindo sua parte imaterial (alma e espírito) - "E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom [...]" (Gn.1:31).
b) Teoria Criacionista. Sem nenhum respaldo bíblico, os seguidores desta teoria, baseada no pensamento filosófico grego, Deus "cria as almas diariamente". Eles entendem que "Deus sopra a alma nos meninos quarenta dias após a concepção, e nas meninas oitenta dias" (sic). Jerônimo (347-420 d.C.) e Pelágio da Bretanha (360-420 d.C.) também acatavam esse entendimento, bem como a igreja católica e os teólogos reformados, a exemplo de João Calvino (1509-64). Os textos bíblicos usados para justificar esta teoria são:
"[...] e o espírito volte a Deus, que o deu" (Ec.12:7).
"[...] palavra do SENHOR [...] e que forma o espírito do homem dentro dele" (Zc.12:1).
"[...] e as almas que eu fiz" (Is.57:16).
c) Teoria Participativa. Segundo os adeptos desta teoria, toda nova pessoa humana é fruto da ação imediata de Deus e da dos pais; Deus e os pais produzem o sujeito inteiro. Cada vez que um gameta masculino funde-se com um gameta feminino, seja no casamento ou fora dele, pela lei do Criador, forma-se um conjunto alma-espírito dentro do corpo do ser humano. Portanto, a alma humana é formada, segundo as leis da procriação deixada por Deus, numa cooperação entre os pais biológicos e "o Pai dos espíritos, Deus". Diz a Bíblia:
"[...] Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele" (Zc.12:1b).
Esta teoria é a mais aceitável, pois é uma visão que tem base na Bíblia e que está harmonizada com a Palavra de Deus. Todavia, a maneira como Deus atua na formação da alma é um mistério ao qual devemos curvar-nos por causa de nosso conhecimento limitado.

6. Conceituação de espírito

O espírito do ser humano é o elemento que faz a relação dele com Deus, é a sede da consciência, daquele instrumento que nos permite discernir o certo do errado; é o elo entre Deus e o homem, a instância em que tomamos consciência da existência e da soberania de Deus. Por intermédio do espírito, entramos em contato com Deus. Por isso, deve o nosso espírito ser quebrantado (Sl.51:17), voluntário (Sl.51:12) e reto (Sl.51:10). O apóstolo Paulo testemunha que servia a Deus em seu espírito (Rm.1:9).
Quando de nossa morte, entregamos a Deus o espírito (Lc.23:46; At.7:59). O espírito dos ímpios, Deus o lança no inferno (Lc.16.19-31; Sl.9:17; Mt.13:40-42; 25:41,46), pois não se pode separar a alma do espírito, pois ambos formam uma unidade indivisível.
Portanto, o espírito do ser humano é o elemento que o torna totalmente diferente dos demais seres criados na Terra e o faz manter um relacionamento com o seu Criador.

II. A MORDOMIA DA ALMA: "O HOMEM INTERIOR"

A Alma é a manifestação do ser humano, é a sua personalidade. Na Alma situam-se as seguintes faculdades: o Intelecto, a Vontade e o Sentimento. O tempo todo estamos trabalhando nessas três áreas. Meu intelecto está raciocinando, estou tendo algum tipo de sentimento e a minha vontade é o resultado do que estou fazendo, é o que escolhi fazer.
Imagine se todas as pessoas não se manifestassem, se fossem como um poste: não abrissem a boca, não tivessem sentimento, sem intelecto, nenhuma vontade; as pessoas seriam nada, seriam algo semelhante a um poste.
O que faz você ir a um determinado local ou lugar? O que faz você vestir uma roupa para ir ao trabalho? O que fez a sua vida estar no ponto em que está? O que faz você atrair ou não pessoas para que gostem de você? O que faz você ter problemas ou sucessos? Uma decisão na sua alma é o fator determinante.
A alma é a manifestação do homem neste planeta. A alma é o centro de comunicação com o os semelhantes. É nessa comunicação que vem amizade ou inimizade. A alma é a manifestação de como a pessoa é e não tem nada a ver com o corpo ou o espírito.
Administrar a alma, controlar suas faculdades é uma tarefa impossível de ser realizada pelo homem natural; porém, para o homem que passou pelo processo do Novo Nascimento esta tarefa se torna possível, porque o espírito da nova criatura (2Co.5:17) está em plena comunhão com o Espírito Santo, e assim, a alma fica subjugada ao espírito.
Vejamos, a seguir, uma breve análise sobre o exercício da mordomia dos principais elementos da alma do ser humano.

1. Mordomia do Intelecto

O Intelecto está relacionado com a nossa mente. É nele que se situa a nossa capacidade de pensar, de conhecer, de julgar entre o certo e o errado, de tomar decisões. Diríamos que o exercício da Mordomia do Intelecto, ou a administração da mente, subjugando-a para pensar e agir conforme a vontade do Senhor, é uma tarefa impossível de ser realizada pelo homem natural. Salomão afirmou que “a estultícia do homem perverterá o seu caminho...”. A Bíblia, na Linguagem de Hoje, diz: “A falta de juízo é o que faz a pessoa cair na desgraça; no entanto ela põe a culpa em Deus, o Senhor”(Pv.19:3). O homem natural, isto é, o não convertido, procura sempre transferir para Deus a responsabilidade pelos seus próprios erros.
Contudo, aquilo que é impossível ao homem natural, é possível ao homem espiritual. O homem nascido de novo, o homem guiado pelo Espírito de Deus adquire a capacidade de poder pensar da forma que Jesus pensava, visto que Paulo declarou que “... nós temos a mente de Cristo”(1Co.2:16).
Quando o homem, movido pelo Espírito Santo, consegue sintonizar sua mente com a própria mente de Cristo, como se fosse uma só, então torna-se possível o exercício da Mordomia do Intelecto, podendo viver em paz – “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti...” (Is.26:3).
Como mordomos de nossa Intelecto, devemos:
·         Ocupar a nossa mente com pensamentos bons e agradáveis a Deus. Isso só será alcançado se vivermos de acordo com os ensinamentos bíblicos – “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR, rocha minha e libertador meu!” (Sl.19:14). Lembre-se: “como o homem pensa em seu íntimo, assim ele é” (Pv.23:7).
A mordomia da alma deve zelar por tudo o que preenche o pensamento do crente, conforme ensina o apóstolo Paulo (Fp.4:8): “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.
·         Alimentar a nossa mente com a Palavra de Deus. Tudo que está narrado na Bíblia é para a plena edificação, exortação e consolação do provo de Deus. Nela estão expostos os pensamentos do próprio Deus, e assim, quando a lemos ou ouvimos sua mensagem, estamos abrindo a mente e permitindo que ela se encha com os melhores pensamentos, refletindo as melhores atitudes.
·         Viver em santidade. O “viver santo” é uma necessidade da alma, pois sem santidade ninguém verá a Deus (Hb.12:14).

2. Mordomia da Vontade

Vontade é a faculdade que o ser humano tem com relação ao querer, escolher, livremente praticar ou deixar de praticar certos atos. Somos dotados de vontade, pois podemos querer e desejar algo de nós mesmos. O homem não é um robô, um autômato, que é programado para executar as tarefas que lhe foram confiadas. Muito pelo contrário, Deus fez o homem com o poder de escolher, ou não, cumprir o propósito que Deus tem estabelecido para cada indivíduo.
O homem, por ser dotado de vontade, é responsável pelos seus atos. Somente a liberdade poderia gerar responsabilidade pelos atos praticados. Quando vemos que o homem prestará contas pelos atos que tiver cometido, consequência da sua condição de mordomo, isto somente faz sentido na medida em que o homem é dotado de livre-arbítrio, da capacidade de escolher fazer, ou não, aquilo que foi determinado por Deus. Caso o homem não pudesse escolher, jamais poderia ser obrigado a prestar contas, pois não poderia responder pelos atos cometidos, já que não teriam tido origem nele mesmo, mas em Deus.
O homem sem Deus muitas vezes não consegue exercer o domínio sobre a sua vontade, e se torna escravo dela. É então que entram em cena os vícios, os hábitos, as compulsões. O homem passa a ser dominado pela sua vontade. Muitos não conseguem compreender que o problema dos vícios não é gerado no corpo, mas é gerado na alma. Uns procuram tratar ou castigar o corpo, porém, sem resultados. O corpo, por si mesmo, não peca. Ele não pode pecar por não ter vida própria. O corpo é usado pelas faculdades da alma, entre elas, a vontade. Assim, quem peca é a alma, a qual usa o corpo, seus órgãos, seus sentidos, para conduzir o homem ao pecado.
Como Mordomo de nossa Vontade, devemos:
ü  Obedecer a Deus. Só obedecemos a Deus quando nossa vontade é submetida à vontade dEle, sendo também essa a melhor forma de agradá-lo - “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1Sm.15:22).
ü  Fazer escolhas corretas. Uma vontade bem administrada produzirá decisões corretas, mas, quando mal orientada, levará a decisões erradas – “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm.7:19).
Como administradores da nossa vontade, seremos avaliados pelas decisões que tomarmos. Daniel tomou uma decisão certa, ao não participar das iguarias da mesa do rei de Babilônia (Dn.1:8). Saul tomou uma decisão precipitada não obedecendo à Palavra de Deus, o que lhe custou a rejeição de Deus para não reinar mais sobre o povo de Israel (cf.1Sm.15:9-11).
ü  Fazer o bem. Nossas escolhas alegrarão o coração de Deus quando utilizamos nossa vontade, não apenas para termos intenções nobres, mas também para produzir boas obras. Paulo assim recomenda: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”(Gl.6:10). É preciso que as boas intenções sejam transformadas em ações. Assim recomenda Tiago: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” (Tg.1:22).

3. Mordomia do Sentimento

A faculdade do sentimento é também identificada como afeição ou emoção. Essa faculdade é de extrema importância na personalidade humana, pois diz respeito à capacidade de saber administrar e controlar a parte afetiva do nosso ser.
O ser humano é um ser dotado de sentimento, um ser sensível, um ser que sente emoções, paixões e dores, alegria, tristeza, gozo ou prazer. Infelizmente, o pecado deturpou os sentimentos do ser humano, escravizando-os e alternando os seus valores reais. Cristo veio para reorganizar nossos sentimentos e canalizá-los na direção correta. Como mordomos de Deus, temos o dever de estar atentos para que as nossas emoções sejam controladas e desenvolvidas conforme a vontade de Deus.
Quando reconhecemos o senhorio de Deus em nossas vidas, nossas paixões, nossos sentimentos passam a ser controlados pelo Senhor e, assim, não seremos por eles escravizados. Paulo bem demonstrou isto ao afirmar que, por se rebelarem contra Deus, os homens foram abandonados à própria sorte, sendo, então, facilmente aprisionados pelos mais perversos sentimentos (Rm.1:24,26,27).
A Mordomia da alma, no que diz respeito à administração dos sentimentos, é difícil, mas é necessária e possível, desde que nos submetamos à vontade de Deus e a submissão de seu Espírito. O Espírito Santo pode fortalecer nossos sentimentos nos abatimentos de nossa alma, como aconteceu com o Salmista: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?”... (Salmo 42:5). Aconteceu com o Salmista, também pode acontecer comigo e com você. Porém, em nossos abatimentos, podemos ter uma esperança – “Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação de sua presença” (Salmo 42:5).
Como Mordomos, devemos usar nossos sentimentos para:
ü  Adorar a Deus. A adoração a Deus é uma das maneiras de usarmos nossas faculdades da alma como Ele quer. Deus tem prazer em nos ver expressando, com sinceridade, reverência e amor, profunda adoração a Ele.
ü  Manifestar o Fruto do Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl.5:22). Somos responsáveis pelo “jardim” do nosso ser emocional, precisando arrancar as ervas daninhas, como: amargura, paixões ilícitas, ira e outros sentimentos que são igualmente condenados pelo Senhor (Gl.5:19-22; Ef.4:31).

III. A MORDOMIA DO ESPÍRITO

No exercício da Mordomia do espírito humano, o Mordomo Fiel precisa dedicar atenção especial no trato com o espírito desse novo homem.
Uma vida de oração, de consagração, de dedicação à Obra do Senhor, o contato permanente com a Palavra de Deus e o viver conforme essa Palavra, são alguns dos instrumentos que podem ser usados no exercício da mordomia do espírito humano, afim de que este possa manter o seu domínio sobre a alma, conservando-a subjugada e sem ação deliberada.
É deste homem espiritual, ou seja, do homem que vive sob o domínio do espírito, que Paulo afirmou: “Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instrui-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co.2:15,16).
O homem espiritual quando bem cuidado, bem nutrido espiritualmente, pode fazer suas as palavras ditas por Maria: “...A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc.1:46,47). 

As Faculdades do espírito humano

São duas as faculdades essenciais do espírito humano: a Fé e a Consciência. Dissemos que os animais possuem alma, porém, nenhum animal possui espírito. O espírito é o que torna o homem diferente e superior a todos os animais. Só o ser humano possui espírito, por isto só o homem possui Fé e Consciência.

1. A Fé

O ser humano é a única criatura capaz de crer em Deus e de aproximar-se dele. Exatamente porque ele é dotado de um espírito, e uma das faculdades desse espírito é a Fé – “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb.11:6).
O homem espiritual, aquele que conhece o Deus verdadeiro, pode aproximar-se dele “pela fé que uma vez foi entregue aos santos” (Judas 3). Porém, o homem natural, aquele que não conhece o Deus verdadeiro, é movido a criar, ou inventar, os seus deuses, porque o homem tem uma natureza religiosa. É a Fé, esta faculdade do espírito, que faz com que o homem tenha esta natureza religiosa. Movido por esta natureza o homem sente necessidade de crer em algo que seja superior a si. Daí a tendência milenar para a idolatria.

2. A Consciência

A Consciência reflete o pensar e o sentir de Deus dentro do ser humano. É a sua Lei Moral gravada no espírito. Ela age como juiz, e por ela o homem tem condições de saber quando está afinado com a vontade e o querer de Deus, bem como quando se encontra em contraste em relação ao mesmo.
Pela consciência o ser humano tem condições de decidir entre o bem e o mal, o certo e o errado. Quando Adão pecou não foi necessário Deus denunciar o seu pecado. Adão, pôr si só, com base na sua consciência, sabia que tinha pecado. Assim aconteceu também com Caim. Embora o “não matarás” não estivesse escrito em lugar nenhum, a consciência de Caim denunciava ter ele praticado um ato ofensivo a Deus.
A Lei Moral, refletindo a forma de pensar e de sentir de Deus, sempre esteve gravada na consciência do homem. De acordo com a ciência, o macaco mais desenvolvido possui 98% da sua herança genética igual à do homem. Isto significa que existe uma grande semelhança material entre o macaco e o homem. Porém, existe um abismo espiritual intransponível entre o macaco e o homem.
O macaco não tem espírito; não tendo espírito, ele não pode ter fé. Sem fé ele não tem, e nem pode ter, qualquer noção de Deus ou qualquer sentimento religioso. O macaco não tendo espírito, ele não pode ter consciência. Sem consciência ele não pode ter sentimento de culpa, não pode se arrepender e buscar o perdão. 
Isto só pode acontecer com o homem, porque só o homem possui consciência. Pelo espírito, o homem tem consciência de Deus e relaciona-se com Ele pela fé.
Assim, no exercício da Mordomia do espírito humano, o mordomo tem que dar ao espírito as condições para que ele possa manter um bom relacionamento com Deus. Nesse sentido, um dos cuidados que o mordomo precisa ter é o de conservar o espírito irrepreensível, conforme recomendou Paulo em 1Tessalonicenses 5:23, e em santidade, conforme a exigência de Deus – “... Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv.19:2).
Neste sentido, o mordomo precisa manter o canal de comunicação entre Deus e o espírito do homem, desobstruído, livre do pecado, visto que o pecado faz a separação entre Deus e o Homem (Is.59:2).

CONCLUSÃO

Alma e espírito, como vimos, formam a natureza espiritual do homem; o corpo, forma sua natureza material. Deus está interessado no homem, tal como Ele o criou. Ele criou um homem tricotômico, porém, indivisível. Assim, ele quer o corpo, a alma e o espírito; não aceita sociedade com Satanás e nem com o inferno. O homem, ou será de Deus, ou será do diabo; a decisão é do homem. Enganam-se os que pensam que Deus só se importa com o interior, ou que Deus quer o espírito não importando o que o homem faça com seu corpo.

Fonte: Luciano de Paula Lourenço

Nenhum comentário:

Postar um comentário