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segunda-feira, 29 de julho de 2019

5ª lição do 2º trimestre de 2019: A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL



Texto Base: Atos 9:31; 1Coríntios 1:1,2; Hebreus 10:24,25
04/08/2019
 “Escrevo-te estas coisas [...] para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" (1Tm.3:14,15).
Atos 9
31-Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo.
1Coríntios 1
1-Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) e o irmão Sóstenes,
2-à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.
Hebreus 10
24-E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras,
25-não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia.

INTRODUÇÃO

Continuando o nosso estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula a respeito da Mordomia da Igreja Local.
A “Igreja Local” nada mais é que um conjunto de pessoas que dizem crer em Jesus Cristo, que professam a sua doutrina e que se encontram numa determinada localidade. É uma reunião de pessoas que, chamadas por Deus, passam a obedecer às Escrituras e aos ensinos do Senhor Jesus, e, por isso mesmo, pregam a Cristo e ensinam a Palavra de Deus a todos quantos vivem naquele determinado lugar. A “igreja local”, portanto, é um grupo social, uma reunião de pessoas, uma partícula da “Universal Assembleia dos Santos”, do “Corpo de Cristo”.
A comunhão é a principal característica da Igreja local, é a sua marca perante a humanidade, é a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo.
Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja do primeiro século termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At.2:47). Portanto, o modelo bíblico para o cristão envolve, necessariamente, o pertencimento a uma igreja local.
Nesta Aula refletiremos sobre as nossas responsabilidades na igreja local, na qual desenvolvemos nossa comunhão com o Pai Celeste e com os irmãos em Cristo.

I. A MORDOMIA DOS BENS ESPIRITUAIS

A mordomia dos bens espirituais envolve a valorização da Palavra de Deus, a evangelização, o discipulado e o uso dos dons espirituais.

1. A mordomia e a valorização da Palavra de Deus

Todos os cristãos genuínos reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela mesma, diversas vezes, o afirma. “Assim diz o Senhor”, por exemplo, é uma expressão que aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento. E mais, o cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem sombra de dúvida, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos homens.
Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, mas todos têm fracassado em seu intento de calá-lo ou desacreditá-lo, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus.
Todos nós – membros, congregados, ministério eclesiástico – devemos, como mordomos das coisas sagradas, zelar pela Palavra de Deus, lendo-a, estudando-a em profundidade e realçando o seu inestimável e infinito valor.
Se a mordomia da Palavra for negligenciada, os prejuízos espirituais da congregação serão grandes e, quiçá, irremediáveis.
A Bíblia é um livro que não se destina a uma mera leitura; é um livro para se estudar, para que possa ser aplicado. Do contrário, é como engolir a comida sem mastigar, e depois colocá-la para fora novamente; não se ganha valor nutricional assim.
Estudar a Bíblia pode ser comparado a procurar por ouro. Se você fizer pouco esforço e simplesmente "procurar entre as pedras do rio" você apenas encontrará pó de ouro. Mas, quanto mais você se esforçar para "cavar o ouro", mais recompensa obterá por seus esforços.
Devemos ler e estudar a Bíblia porque é a palavra de Deus. Paulo escrevendo a Timóteo afirma que a Bíblia é "divinamente inspirada"(2Tm.3:16). Em outras palavras, é a Palavra de Deus a nós.
Muitas pessoas, cultas e simples, crentes e descrentes, fazem as seguintes perguntas: Qual o propósito da vida? De onde venho? Há vida após a morte? O que acontece após a morte? Como posso chegar ao céu? Por que o mundo está cheio do mal? Como posso ter um casamento bem-sucedido? Como posso ser um bom amigo? Como posso ser um bom pai ou uma boa mãe? Como posso mudar? O que realmente importa na vida? Como posso viver de modo a não olhar para trás e me arrepender? Como posso agradar a Deus? Como posso obter perdão? Como posso lidar com as circunstâncias injustas e acontecimentos ruins na vida de forma vitoriosa? Para todas essas perguntas a Bíblia tem a resposta.
A Bíblia Sagrada é a nossa regra de fé e prática, é o mapa do viajor, o cajado do peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o mapa do cristão; leia-a para ser sábio, creia nela para estar seguro e pra­tique o que nela está escrito, para ser santo; ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo, e consolo para animá-lo.

2. A mordomia na evangelização e no discipulado

Uma das melhores formas de se exercer a mordomia da Palavra de Deus é evangelizar todos os tipos de pessoas (Mc.16:15,16).
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co.12:27), missão esta que deve ser cumprida “a tempo e fora de tempo” (2Tm.4:2).
Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At.1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
Mas, além de evangelizar, a Igreja tem outra tarefa fundamental: a de aperfeiçoar os santos, a de promover o ensino da sã doutrina a tantos quantos chegam aos pés do Senhor. Ensinar é, também, um imperativo, uma ordem do Senhor (cf.Mt.28:19).
Sem essa importante atividade, não há aprofundamento da fé, perseverança, fidelidade e maturidade cristã da pessoa evangelizada.
Onde há eficácia no ministério do discipulado, a maior parte das pessoas que aceitam Cristo como Senhor e Salvador permanece em Cristo.

3. A mordomia no uso dos Dons espirituais

Os Dons espirituais foram confiados unicamente à Igreja de Jesus Cristo; é o que a Bíblia diz:
"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pd.4:10).
Os dons não são concedidos como presentes, mas como instrumentos de trabalho para serem usados na obra de Deus. Eles são dados “conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”, e são distribuídos pelo Espírito Santo “a cada um para o que for útil”(1Co 12:7).
Portanto, cada um recebe segundo a sua capacidade e habilidade no seu uso. O Senhor Deus conhece essa capacidade e habilidade de cada um. Um estetoscópio é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um médico, porém, não terá nenhuma serventia nas mãos de um pedreiro. Da mesma forma um prumo é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um pedreiro, porém, de nada servirá nas mãos de um médico. O Espírito Santo dá o instrumento à pessoa certa, àquela que tem condições de usá-lo.
Concordo com o Pr. Elinaldo Renovato quando diz que “certas práticas estranhas ao Movimento Pentecostal não devem ser estimuladas nem toleradas no culto público, tais como marchar, pular, rodopiar ao som de batidas, correr de um lado para outro, sapatear, fazer "aviõezinhos", etc. Segundo a Bíblia, isso é meninice, imaturidade e, muitas vezes, revela apenas carnalidade e infantilidade (1Co.3:1) ”.
Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na obra de Deus. Se você recebeu um dom é porque você pode e deve usá-lo em benefício da obra de Deus, nunca em benefício pessoal, porque você é um servo, um mordomo.

II. A MORDOMIA DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA

“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:17,18).
O binômio evangelização e ação social são duas atividades complementares da igreja. Infelizmente, muitos evangélicos fazem uma dicotomia entre esses elementos, considerando-os como mutuamente excludentes. Acham que a igreja deve preocupar-se apenas com atividades “espirituais” ou religiosas, como a evangelização, deixando a esfera social para outras instituições, principalmente o Estado.
Entendemos que a evangelização e a ação social são partes essenciais e complementares da missão da igreja no mundo. Cremos existirem abundantes argumentos bíblicos que apontam para o fato de que Deus quer dar plenitude de vida às suas criaturas, e essa plenitude inclui tanto o conhecimento de Deus e um relacionamento vital com ele, quanto o suprimento das necessidades humanas mais fundamentais no plano material.
Não só o desconhecimento de Deus, mas também a fome, a doença, a ignorância e a violência são fatores que atentam contra a dignidade humana. Portanto, a evangelização e a ação social devem caminhar lado a lado, como dois aspectos integrais da missão e do testemunho da igreja junto à sociedade.

1. A assistência social no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, uma das funções dos profetas era denunciar contra a nação quando os necessitados eram negligenciados, pois esse tipo de injustiça feria a santidade de Deus (Jr.34:8-11,16,17).
A injustiça social, o suborno que torcia a justiça para exercer poder contra os pobres, a exploração dos comerciantes sem escrúpulos, o desprezo aos menos favorecidos (órfãos e viúvas), a exploração dos latifundiários, uma vida luxuosa contrastando ostensivamente com a miséria dos indigentes, tudo era alvo da crítica profética (ler: Isaías 1:17,23; 3:14-15,18-23; 58:5-10; Miquéias 2:1; 6:8-11; 7:3; Amós 2:6-7; 4:1;5:12-15; 8:4-6).
a) O socorro aos pobres. Quando os israelitas estavam para entrar na Terra Prometida, Deus ordenou-lhes que ajudassem os pobres que viessem a conviver com eles (ler Dt.15:11). Esta era uma importante ação a ser observada no momento da posse da terra.
“Pois nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra”.
Quem são os pobres em sua comunidade? Como sua igreja pode ajudá-los? Deus observa nossa atitude e desejo de ajudar os pobres e necessitados, principalmente aqueles que se congregam com você.
Devemos usar nossos recursos materiais para ajudar os realmente necessitados. O espírito de cobiça e de egoísmo que não se preocupa com as necessidades dos outros, priva-nos da bênção de Deus (Dt.15:9,10).
“Guarda-te que não haja palavra de Belial no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão, e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao SENHOR, e que haja em ti pecado”.
“Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão”.
b) Práticas estabelecidas para socorrer os pobres, no Antigo Testamento.
ü  O ano do jubileu (Lv.25:10-17). Significava que ao fim de cada período de 50 anos a terra voltava aos donos originais sem qualquer pagamento. Ocorria que algumas pessoas, por circunstâncias variadas (doenças, morte da pessoa que sustentava a família, endividamento ou até pela falta de capacidade – física ou administrativa), eram obrigadas a vender sua terra.
A terra, portanto, não podia ser vendida definitivamente (Lv.25:23), pelo fato de Deus ser o proprietário absoluto de toda terra. No período anterior e posterior ao Jubileu a terra podia ser vendida ou comprada, porém, o que era comprado ou vendido, era o direito de usufruto e não a terra em si (Lv.25:16). A pessoa assim, adquiria o direito de plantar e colher, consciente de que no jubileu toda terra adquirida voltava, gratuitamente, aos donos originais ou seus descendentes.
ü  O Ano Sabático (Ex.23:10,11; Lv.25:1-7). Tinha dupla função: humanitária e ecológica. Ao final de cada período de 6 anos o proprietário deveria deixar a terra em repouso. O que estivesse plantado deveria ser deixado e os frutos não deveriam ser colhidos pelo dono. Eram deixados para que os pobres da terra tivessem como se alimentar.
Também, no ano sabático eram libertos todos os escravos. As situações de pobreza provocavam endividamentos e isto forçava muitos hebreus a se venderem ou a seus filhos como escravos (cf. Ne.5). No ano sabático todos deveriam ser libertos (Dt.15:12-18). É muito interessante notar que os escravos libertos não deveriam ser despedidos de mãos vazias (cf. Dt.15:13,14). Além disso, no ano sabático todas as dívidas deveriam ser canceladas (Dt.15:1-6).
Não era permitido a um hebreu escravizar outro hebreu nem tratá-lo com tirania (Lv.25:39,40,43), Mesmo assim, há registros de tal ocorrência no livro de Neemias (cap. 5).
ü  O Dízimo Trienal (Dt.14:28,29). De 3 em 3 anos o povo deveria tirar o dízimo de tudo quanto havia produzido em sua terra e colocá-lo à porta para que os levitas, os estrangeiros, o órfão e a viúva se alimentassem.
ü  A Lei da Rebusca (Lv.19:9,10). Obedecendo a essa lei, na época da colheita o agricultor não deveria colher todo o seu fruto, mas deveria deixar algum “para o pobre e para o estrangeiro” (cf. Rt.2:2,3,7). Pode-se ver aqui que, apesar de ser um direito dos pobres, dependia da boa vontade dos proprietários.
Todas essas recomendações demonstram o cuidado de Deus para proteger os mais pobres ou, mesmo evitar que as pessoas chegassem a situações de necessidades extremas. Assim, também, o povo de Deus da Nova Aliança precisa encaminhar projetos que amenize o sofrimento das pessoas mais carentes.

2. Assistência social no Novo Testamento

No Novo Testamento, um dos principais ministérios exercidos é o da Assistência Social. Se tomarmos o exemplo da Igreja Primitiva, veremos o quanto ela atentou às necessidades do seu tempo e realizou um trabalho social que beneficiou muitas pessoas (At.2:42; 4:32), e o apóstolo Paulo incentivou a coleta de recursos que amparassem as necessidades da Igreja em Jerusalém quando esta passava por um período de sérias provações (Rm.15:25-29).
Além de assistir os domésticos da fé, o serviço social nos move para fazer melhor as boas obras. Isso não significa que essas ações tenham o poder de nos salvar, e sim que, por sermos salvos, fazemos boas obras para agradar a Deus e partilhar o que temos com aqueles que pouco tem.
É função da igreja praticar a assistência social, algo que os apóstolos consideraram um“importante negócio” (Atos 6:3).
Por que ajudar aos necessitados é importante?
-Em primeiro lugar, porque é um ato pelo qual demonstramos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao nosso redor.
Na parábola do bom samaritano (Lc.10:25-27), Jesus mostrou que próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades, o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm.12:13-21; Cl.3:12-14; 1Ts.4:9-12).
-Em segundo lugar, porque é um mandamento divino. Este mandamento é dito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, ou seja, ele foi dado para Israel e para Igreja.
Deus reconheceu a existência dos pobres no meio do seu povo e ordenou providência a respeito deles - “Pois nunca cessará o pobre do meio da terra”(Dt.15:11a). Esta é a frase que mais contraria a pregação contemporânea da teologia da prosperidade.
Pretende-se exterminar a pobreza no meio da igreja, no entanto, o texto declara: "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra". E Jesus ratifica: "Porque os pobres sempre os tendes convosco"(João 12:8). O sábio Salomão enfatiza que o pobre foi feito por Deus – “O rico e o pobre se encontram; a um e a outro faz o SENHOR” (Pv.22:2).
Compete àqueles que tem recursos, minimizar a situação dos pobres. Deus não prometeu riquezas para todos, porém, daqueles a quem ele deu e dá riqueza, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças, Ele quer que os pobres não sejam esquecidos, tal como aconteceu na Igreja de Jerusalém.
Não havia entre eles necessitado algum...”(Atos 4: 34). Pobres, sim; necessitados, não. Esta é a regra a ser seguida pela Igreja, hoje.
-Em terceiro lugar, porque é um ato de benignidade – "Que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres"(Dt.15:10a).
Pobreza não é maldição, é consequência do sistema controlado por homens gananciosos. Os pobres estão no nosso meio para que tenhamos oportunidade de exercitar amor.
“Livremente lhe darás, e não fique pesaroso o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão"(Dt.15:10).
Não se arrependa de haver dado, nem sinta dor no coração. O apóstolo João é enfático: quem vir a seu irmão padecer necessidade e não suprir essa necessidade não é cristão.
“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1João 3:17).
2.1. O ministério diaconal. O ministério diaconal foi criado pela igreja primitiva com a finalidade precípua de cuidar dos necessitados da igreja e serviços materiais, a fim de que os apóstolos se dedicassem à oração e ao ministério da Palavra (At 6:4). Atualmente, o diaconato tem se desviado de seus propósitos bíblicos.
Hoje em dia, o diaconato nada mais é que um “passo inicial” do ministério; nada mais é que uma atividade ritual de norma interna, de recolhimento e contabilidade de contribuições e de serviço do pão e do vinho na ceia do Senhor, atividades que podem, sim, ser exercidas pelos diáconos, mas que não se constitui, em absoluto, no papel do diaconato.
Urge voltarmos ao modelo bíblico, com diáconos que administrem a ação social da Igreja, que cuidem da parte material e espiritual desta assistência, que é um “importante negócio”, que deve ser dirigido pelo Espírito Santo através de homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria.
A total ausência do diaconato neste assunto é uma demonstração clara e inequívoca de quanto temos negligenciado a missão social da Igreja.
2.2. A prática de Jesus. Jesus estabeleceu uma comunidade de discípulos cujo relacionamento se baseava no amor e na partilha.
a) Eram recolhidas ofertas/doações para os pobres. Essa comunidade dispunha de uma bolsa comum onde eram recolhidas ofertas/doações que eram administradas por Judas Iscariotes. Dessa bolsa, sob as ordens de Jesus eram feitas doações aos pobres (cf. João 12:6; 13:29). Algumas mulheres seguidoras do Mestre colocavam seus bens a serviço dessa causa (cf. Mc.15:40,41; Lc.8:1-3).
b) A proposta de Jesus ao jovem rico (Lc.19:16-22). Aqui Jesus propõe ao jovem uma alteração radical no seu estilo de vida que trazia implicações profundas na área financeira: repartir com os pobres.
c) A multiplicação dos pães e dos peixes (Mc.6:30-44). Ao multiplicar estes elementos Jesus se utiliza do pouco que alguém se dispôs a partilhar. Partilhar o que se tem mexe com o nosso egoísmo.  A grande lição que Jesus queria ensinar é que a disposição para repartir o que se tem promove o suprimento de todos.
“O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que se compadece do necessitado”(Pv.14:31).
“Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal”(Sl.41:1).

III. A MORDOMIA DOS CRENTES NA IGREJA LOCAL

1. Primeiro é preciso congregar

Somos parte da Universal Assembleia dos Santos. O Senhor faz-se presente de forma toda especial quando dois ou três estão reunidos em Seu nome (Mt.18:20), ou seja, para que Deus esteja no meio dos cristãos, e se apresente como Consolador, como Propiciador, faz-se mister que haja uma reunião, que haja uma Igreja Local. Tanto assim é que, no dia de Pentecostes, a Bíblia relata-nos que os salvos se agregaram (At.2:41), ou seja, passaram a viver reunidos, em grupo (At.2:44,46).
É importante verificarmos que este é o modelo bíblico, porque há muitos sendo iludidos, nos nossos dias, com o falso ensinamento do "self service", ou seja, que é possível servir a Deus isoladamente, quando muito em família, sem que se esteja filiado a qualquer Igreja Local.
Dizem estes falsos mestres que as igrejas locais são imperfeitas, estão repletas de injustiças, de hipocrisia e de falso moralismo, e que Deus não Se agrada disto, sendo, pois, melhor que cada um, na sua própria sinceridade de coração, sirva a Deus em casa, sozinho, sem se arriscar a ser conivente com coisas erradas que sempre ocorrem nas igrejas locais. Este pensamento, que, aparentemente, parece ser correto, é totalmente contrário à Palavra de Deus e jamais deve ser adotado por um verdadeiro e sincero cristão.
A Bíblia é enfática quando diz que não devemos deixar de nos congregar (Hb.10:25) - "não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns". Uma brasa sozinha tende a se apagar rapidamente, mas junta com outras brasas permanece acesa.
A Igreja é um corpo, um rebanho, uma família. Não podemos viver isolados. Não podemos ficar "desigrejados". Pertencemos uns aos outros e devemos congregar-nos para servir uns aos outros, exortar uns aos outros e ser bênção uns para os outros.
A comunhão entre os irmãos sempre foi considerada um dos principais meios pelos quais se manifesta a graça de Deus. O Novo Testamento não oferece apoio algum à ideia de cristãos isolados. A comunhão estreita e regular não é apenas uma ideia agradável, mas também uma absoluta necessidade para o encorajamento dos valores cristãos.
A Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35), preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10), recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7), saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16), servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13), suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13), perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13), sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21), ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25), não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9), consolarmo-nos uns aos outros (1Ts.4:18), exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (1Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras (Hb.10:24), confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16). É difícil realizar tudo isso sem congregar-nos.

2. Líderes cristãos como mordomos

Os pastores das igrejas locais não são apenas líderes, são, principalmente, despenseiros de Deus; cuidam do “rebanho” do Senhor; eles têm grande responsabilidade diante de Deus pelas almas que lhe são confiadas.
As pessoas compradas pelo sangue e o sacrifício de Jesus são os seus maiores bens. Por esta razão os Ministros de Jesus são alertados a não se apossarem do rebanho de Deus chamado de “herança” - “nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”(1Pd 5:3). O rebanho pertence a Jesus e não a um líder-pastor.
“Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co.4:2). Responsabilidade é a mãe da lealdade e honestidade. Exige-se do Ministro de Cristo que seja rigorosamente leal e honesto por uma razão especial: terá acesso irrestrito aos bens e valores de seu Senhor - a sua Igreja (as pessoas compradas pelo seu sangue) e a sua Palavra.
Essa responsabilidade de cuidar da propriedade de seu patrão, que é Jesus Cristo, não pode ser assumida sem que o despenseiro seja fiel. Ao bispo, Paulo enfatiza que sejam responsáveis e irreprováveis como despenseiros de Deus (Tt.1:7).
“Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus…”.
 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”(1Co.4:1). 

3. A mordomia dos membros e congregados

Numa Igreja Local, além dos líderes serem despenseiros, ou seja, de cuidar dos bens do seu Senhor, os membros e congregados, também, tem as suas responsabilidades como mordomos perante o Senhor, no seu Reino.
A cada um de nós foi dado responsabilidades, conforme a capacidade de cada um. Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, que tem de prestar um serviço, serviço que deve ser “assim”, ou seja, segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor. Ele disse: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim”(Mt.24:46).
 “Agora, pois, ó Israel, que é o que o SENHOR, teu Deus, pede de ti, senão que temas o SENHOR, teu Deus, e que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma”(Dt.10:12).
Estas palavras foram ditas ao povo de Israel e que se aplicam, literalmente, a todos nós que pertencemos à Igreja do Senhor.
A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual prestaremos contas quando chegarmos no Céu.
O Senhor concedeu a todos os que creem pelo menos o dom da salvação e da fala, e é com este talento que devemos negociar até que Ele volte.
Paulo revela-nos que “todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co.5:10). Em vista disso, urge que cada cristão cumpra bem a sua missão - louvando, adorando, testemunhando, evangelizando, ensinando, liderando departamentos e realizando outras atividades -, e quando Jesus voltar receberemos o galardão da felicidade eterna.

CONCLUSÃO

A Mordomia na Igreja Local abrange muitas tarefas. Precisamos saber a nossa vocação e perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. Cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na Igreja Local; aperfeiçoando os santos mediante o ensino da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na Igreja Local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
Fonte:Luciano de paula Lourenço

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