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terça-feira, 3 de setembro de 2019

10ª lição do 2º trimestre DE 2019: A MORDOMIA DAS FINANÇAS

"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1Tm.6:10).
Eclesiastes 5
10.O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isso é vaidade.
11.Onde a fazenda se multiplica, aí se multiplicam também os que a comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que a verem com os seus olhos?
1Timóteo 6
6. Mas é grande ganho a piedade com contentamento.
7.Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele.
8.Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.
9.Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.
10.Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Mordomia das Finanças. Cada ser humano prestará contas de tudo o que recebeu nesta vida para administrar (Rm.14:12), inclusive na esfera financeira (Mt.25:19). Sabemos que muitas substâncias podem ser usadas como remédio, ou medicamento, para curar; estas mesmas substâncias podem, também, ser usadas como veneno, para matar. Tudo depende da vontade de quem manipula tais substâncias. O mesmo pode acontecer no exercício da Mordomia Cristã das Finanças. O dinheiro pode ser uma bênção; pode, também, ser uma maldição; pode ser um complemento de estabilidade na família e, ao mesmo tempo, uma catalisadora de confusões e contendas familiares. Por isso, é preciso ter disciplina, ordem e equilíbrio para lidar com o dinheiro. Saber usá-lo, de acordo com os princípios da Palavra de Deus, significa evitar muitos transtornos.

I. TUDO O QUE TEMOS VEM DE DEUS

Devemos ter a plena convicção de que o que temos vem diretamente de Deus, conforme Davi expressou: "...porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos" (1Cr.29:14).

1. Deus é dono de tudo

Devemos estar plenamente conscientes de que não somos donos de coisa alguma sobre esta terra, e deveríamos nos comportar desta maneira, ou seja, plenamente consciente de que somos apenas mordomos, despenseiros daquilo que Deus nos deu (1Co.4:1,2; Tt.1:7; 1Pd.4:10).
Em Mateus 19:21,22, temos o relato feito por Jesus sobre um jovem rico que não quis seguir a Jesus porque pensava que era dono das terras que ocupava. Perdeu a bênção e a salvação por não reconhecer que era apenas um mordomo. As terras que ele pensava que eram dele já passaram por muitas outras mãos, e continuam lá na Palestina, ocupadas por outros que também pensam ser donos delas.
Nada trouxemos ao mundo nem nada dele levaremos. Nenhuma das coisas que as pessoas cobiçam tem qualquer permanência. Quando uma pessoa morre, ela deixa tudo. O seu dinheiro não pode ser levado para a dimensão espiritual. Não tem carro de mudança transportando valores num enterro, nem gavetas em caixões, nem bolsos em mortalhas. Entre o nascimento e o falecimento, podemos juntar muito ou pouco, mas na hora final teremos de deixar tudo. Quando o primeiro bilionário do mundo, John Rockfeller, morreu, alguém perguntou ao seu contador: "Quanto o dr. John Rockfeller deixou?" Ele respondeu: "Ele deixou tudo, não levou um centavo".
Somos apenas mordomos daquilo que Deus nos deu provisoriamente para usar. Devemos ser fiéis nessa administração. Se formos fiéis no pouco, Deus nos confiará os verdadeiros tesouros. Nosso coração deve estar em Deus e não no dinheiro. Nossa confiança deve estar no provedor e não na provisão. Nosso deleite deve estar nas coisas lá do alto e não nas coisas que o dinheiro nos proporciona.

2. O trato com o dinheiro

O dinheiro é o deus mais adorado deste século. Ele deixou de ser apenas uma moeda para transformar-se num ídolo. Por ele, muitos se casam, divorciam-se, mentem, matam e morrem.
Aqueles que pensam que o dinheiro é um fim em si mesmo, que correm atrás dele delirantemente, descobrem frustrados, e tarde demais, que seu brilho é falso, que sua glória se desvanece, que seu prazer é transitório.
Aqueles que fazem do dinheiro a razão de sua vida caem em tentação, cilada e atormentam a sua alma com muitos flagelos.
A história do mundo mostra que a busca por dinheiro e riquezas materiais levou muitas pessoas a cometerem perversidades, violências e crimes inomináveis. Muitos cristãos que ficaram ricos esqueceram-se de sua ortodoxia e de sua ortopraxia cristã e se assemelharam aos ímpios, colocando como coluna principal de suas vidas o orgulho, tal qual ocorreu com o primeiro rei de Israel (1Sm.15:12). Saul era orgulhoso, arrogante; ele idolatrava o seu próprio nome; ele próprio era o deus a quem ele escolheu servir.
Os cristãos da igreja em Laodicéia, citada em Apocalipse 3:14-18, são um exemplo de cristãos que deixam que as riquezas ocupem o primeiro lugar em seus corações. A igreja era rica materialmente, mas desgraçada, miserável, pobre, cego e nu diante dos olhos do Senhor (Ap.3:17).
Entretanto, o dinheiro é necessário; é um meio e não um fim; é um instrumento por intermédio do qual podemos fazer o bem. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas entesourá-lo no coração. Por isso, devemos de forma correta lidar com o dinheiro. Está escrito: “...se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl.62:10b).

3. Cuidado com a falsa prosperidade

A teoria da prosperidade é uma das inovações mais influentes nos últimos tempos. Ela tem invadido as igrejas como uma erva daninha, com a devida anuência dos seus líderes. Segundo os pregadores dessa enganosa doutrina, todo crente tem que ser rico, não morar em casa alugada, ganhar bem, além de ter saúde plena, sem nunca adoecer. Caso não seja assim, é porque está em pecado ou não tem fé. Paulo contradiz isso em 1Tm.6:9,10:
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Dizem mais os defensores dessa falsa doutrina: cada crente é um deus, cada crente é uma encarnação de Deus como foi Jesus Cristo; assim sendo, dizem eles, cada crente tem autoridade suprema para decretar, determinar, exigir e reivindicar as promessas e bênçãos de Deus.
À luz da Bíblia, tal comportamento equivale a orgulho, presunção e soberba. Isso é doutrina de demônios. Paulo deixou Timóteo em Éfeso para advertir alguns que não ensinem outra doutrina (1Tm 1:3). Sem dúvida, essa advertência é para a igreja de hoje.
É importante destacarmos que o cristão tem todo o direito de ser próspero, materialmente falando, de acordo com a benção do Senhor sobre sua vida, em tudo aquilo que ele faz. Contudo, isso não quer dizer que todos os cristãos devam ser, necessariamente, ricos. As coisas espirituais, por serem de natureza eterna, ganham primazia sobre as materiais, que são apenas temporais.
Alguém poderá questionar: “Existe algo melhor, mais virtuoso, do que as riquezas materiais?”. Existe, sim! O bom nome. Foi o sábio Salomão quem disse: “Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro“ (Pv.22:1). Note que Salomão não apenas declara que o bom nome é melhor do que riquezas, mas que é melhor do que “muitas riquezas”.
  • É melhor ter uma boa reputação do que ser um ricaço.
  • É melhor ter o nome limpo na praça do que ter o bolso cheio de dinheiro sujo.
  • É melhor andar de cabeça erguida, com dignidade, do que viver em berço de ouro, porém maculado pela desonra.

4. Ser pobre não significa estar mal com Deus

Disse Pedro ao paralítico: “...Não tenho prata nem ouro...”(Atos 3:6). Estas palavras não foram proferidas por um crente fraco e sem fé; não foram proferidas por um homem fora da direção e da vontade de Deus; não foram proferidas por alguém com problemas espirituais; não foram proferidas por uma pessoa em desespero pela falta de dinheiro. Estas palavras foram proferidas por um homem de Deus, por um homem chamado por Jesus para ser Apóstolo, por um homem de fé e de oração - ele estava indo orar, no Templo (Atos 3:1). Pedro, contudo, não tinha finanças para administrar.
Pela Bíblia sabemos que um crente fiel pode ser pobre. Para a Bíblia pobreza não significa castigo. Deus fez o pobre e o rico (Pv.22:2). Pedro e João eram crentes, eram Apóstolos, eram fiéis, amavam a Jesus e estavam empenhados em fazer a sua Obra, porém, eram pobres, “não tinham prata e nem ouro”.
Pregadores da teologia da prosperidade desafiam pessoas a não aceitarem dificuldades financeiras e a determinar a prosperidade, exigindo as bênçãos materiais, principalmente as ligadas ao “ouro e a prata”. Acusam os crentes pobres de falta de fé, até de estarem em pecado, desviados.  Usam, com frequência, duas passagens bíblicas: Deuteronômio 28:1-14 e 2Crônicas 1:7-17 para fundamentar seus argumentos em favor da riqueza.
-O primeiro texto refere-se à Nação de Israel, com uma condição: obediência - “...quando obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para guardar e fazer”. Observe que a obediência vem antes da bênção e o servir a Deus antes de ser servido.
-O segundo texto refere-se uma promessa pessoal feita por Deus a Salomão - “Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: pede o que queres que eu te dê”. Deus, na sua Soberania, quis honrá-lo; deu o que ele pediu e deu, também, o que não pediu; ele não pediu riquezas, porém Deus quis lhe dar - “...e te darei riquezas, e fazendas, e honras, qual nenhum rei antes de ti teve, e depois de ti não haverá...”. Foi uma promessa pessoal feita a Salomão. Não consta que esta riqueza foi dada para todos os israelitas fiéis.
Salomão tinha centenas, milhares de súditos, entre eles muitos que eram sinceros, fiéis e tementes a Deus, porém, a riqueza foi dada somente ao rei Salomão. Seus ministros, seus funcionários administrativos, seus soldados, todos os serviçais do Palácio, contínuos, serventes, cozinheiros, copeiros, camareiras, zeladores, jardineiros, etc., etc., todos continuaram vivendo com o “salário” que ganhavam, embora sendo israelitas fiéis a seu Deus.
Na verdade, quem era pobre continuou sendo pobre; quem vivia de salário continuou vivendo de salário e dando graças a Deus pelo emprego, ou por sua fonte de manutenção. Não adiantava determinar a bênção da riqueza com base na promessa que Deus fez a Salomão.
Salomão recebeu uma promessa pessoal de Deus. Eu e você podemos receber uma promessa pessoal de Deus. Deus é soberano, e faz como quer fazer. Precisamos, portanto, ter cuidado para não sermos enganados pelas armadilhas da falaciosa "teologia da prosperidade".

II. COMO O CRISTÃO DEVE GANHAR DINHEIRO

1. Trabalhando honestamente

A ideia de auferir dinheiro por outros meios que não seja o trabalho honesto é completamente estranha às Escrituras Sagradas. A honestidade é um tesouro mais precioso do que os bens materiais. Transigir com a consciência e vender a alma ao diabo para ganhar dinheiro é consumada loucura, pois aquele que usa de expedientes escusos para enriquecer, subtraindo o que pertence ao próximo, em vez de ser estimado, passa a ser odiado na terra.
A riqueza é uma bênção quando vem como fruto do trabalho e da expressão da generosidade divina. Mas, perder o nome e a estima para ganhar dinheiro é tolice, pois o bom nome e a estima valem mais do que as muitas riquezas.
A ordem divina é: "no suor do teu rosto, comerás o teu pão" (Gn.3:19a). O apóstolo Paulo recomendou: "e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado" (1Ts.4:11).
Aonde o evangelho chega, as pessoas são libertas da indolência e da desonestidade e os grilhões da miséria são quebrados. Aqueles que viviam desonestamente, agora trabalham com integridade. Aqueles que roubavam, que praticavam atividades correlacionadas com drogas, prostituição e outra atividades ilícitas, agora trabalham de forma digna e honesta para suprir suas necessidades e ainda ajudam outras pessoas necessitadas.

2. Fugindo das práticas ilícitas

A vida cristã deve ser pautada pela licitude, pela lisura. O que somos, a forma como vivemos, o tratamento que dispensamos ao próximo e a nós mesmos, nada escapa às regras estabelecidas por Deus em sua Palavra para nosso bem-estar. Neste conjunto de normas, está incluída a forma como ganhamos e como gastamos dinheiro que auferimos. Devemos ganhá-lo com trabalho honesto e fugindo das práticas ilícitas, tais como o jogo do bicho, do bingo, rifa, loterias, e outras formas "fáceis" de se angariar riquezas. Somos filhos de Deus e dEle recebemos todas as boas dádivas, inclusive bens materiais.
É lícito desfrutarmos dos benefícios que o dinheiro traz, mas não é lícito nos apegarmos a ele transformando-o em objeto de cobiça e tentando consegui-lo a qualquer custo. Deus recomendou ao homem, no Éden, que buscasse sustento, sacrificando o suor de seu rosto, não a sua dignidade.
"O homem fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem castigo" (Pv.28:20).

3. Fugindo da avareza

Avareza é o amor ao dinheiro; é uma escravidão ao vil metal. Muitas pessoas, sem uma dimensão da eternidade, tem sua vista obscurecida pelas coisas temporais e passageiras e, portanto, acaba se deixando dominar pela avareza, pelo desejo de acumulação de riquezas, que é uma insensatez total, como deixou bem claro Jesus na parábola do rico insensato (Lc.12:13-21) - “porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”(Lc.12:15).
É bom enfatizar que Deus não condena a riqueza em si, mas a ambição, a cobiça e a avareza que ela desperta. Abraão e Jó eram homens ricos, porém, fiéis a Deus. Abraão era homem muito rico. Jó era riquíssimo, antes e depois de sua provação (Jó 1:3,10). Davi, Salomão e outros reis acumularam muitas riquezas, e nenhum deles foi condenado por isso. O que Deus condena é a ganância, a ambição desenfreada por riquezas (Pv.28:20).
Lamentavelmente, não são poucos os que acabam se perdendo na caminhada para o céu por causa do amor ao dinheiro. Diz a Bíblia:
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1Tm.6:9,10).
Riquezas e glórias vêm de Deus, contudo, o dinheiro não é um tesouro para ser usado de forma egoísta, apenas para o nosso deleite. Deus nos dá o dinheiro para O glorificarmos com ele, e fazemos isso, quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e de outras pessoas necessitadas, inclusive nossos inimigos (Mt.5:44).
A Bíblia revela que a avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt.19:22; Lc.18:23), de Judas Iscariotes (Lc.22:3-6; João 12:4-6), de Ananias e Safira (At.5:1-5,8-10), de Simão, o mago (At.8:18-23) e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta a Timóteo (1Tm.6:9,10). Deus assim nos exorta: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o vosso coração” (Sl.62:10).

III. COMO O CRISTÃO DEVE UTILIZAR O DINHEIRO

Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes ao dizer que “o problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas carregá-lo no coração”. Como o cristão deve administrar o seu dinheiro?

1. Planejar antes de gastar

No Exercício da Mordomia das Finanças, o Mordomo Fiel sabe muito bem administrar o seu dinheiro; ele planeja antes de gastar. Veja o que Jesus nos ensina sobre isso no texto de Lucas 14:28-30:
 “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar”.
Em matéria financeira, planejar é preciso. Gastar além do que se arrecada estrangula o orçamento; tem que haver um equilíbrio entre receita e despesa. Assim é no âmbito público, assim é no âmbito privado, assim deve ser no âmbito familiar, principalmente se a família for cristã.
O pai de família, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças, como discípulo de Cristo, precisa “assentar primeiro” (Lc.14:28), certamente de comum acordo com sua esposa e filhos que contribuem no orçamento familiar, antes de assumir novos encargos financeiros. É neste sentido o ensino de Jesus: “Para que não aconteça que depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este homem começou a edificar e não pode acabar”.
Esse homem trocou todos os móveis da casa, sem saber se podia pagar as prestações; esse homem trocou o carro usado por um carro novo, sem saber se podia pagar a diferença; esse homem usou o seu limite do cheque especial, sem saber se ia poder pagar o Banco; esse homem emitiu cheques pré-datados sem saber se podia fazer os respectivos depósitos; esse homem usou o cartão de crédito de forma impensada sem saber se ia poder cobrir seus débitos, etc, etc.
-No exercício da Mordomia Cristã das Finanças, o Mordomo Fiel sabe, pela Bíblia, que não pode mandar para Deus pagar as despesas feitas de forma impensada e irresponsável.
-No exercício da Mordomia Cristã das Finanças, o Mordomo Fiel sabe, pela Bíblia, que não pode confundir fé com imprudência. Assumir despesas sem previsão de receita pode ser imprudência, mas, não fé.
-No exercício da Mordomia Cristã das Finanças, o Mordomo Fiel sabe que gastar mais do que ganha, ou gastar por conta do que pensa que vai ganhar, contraria o ensino de Jesus. Ele falou da necessidade de planejamento quando discorreu sobre “assentar primeiro a fazer as contas dos gastos”. 
Manter um padrão de vida ilusório, pretender aparentar ser o que não é, ostentar um “status” fictício, pode dificultar o controle do orçamento e gerar irreparáveis dificuldades financeiras.

2. Não gastando mais do que ganha

O cristão, na administração de suas finanças, deve partir de um princípio fundamental, a saber, o de que não pode, em hipótese alguma, gastar mais do que ganha.
O consumismo é como uma doença que invadi nossas entranhas. O comércio esfomeado e guloso apela de forma eloquente aos nossos sentidos todos os dias. Na busca de uma felicidade ilusória, muitos se rendem aos encantos dessa propaganda sedutora. A cada dia as pessoas compram o que não precisam, com o dinheiro que não possuem, para impressionar pessoas que não conhecem.
Graças a uma eficaz publicidade e a pregação da busca de bens materiais a qualquer custo, as pessoas ingressam numa corrida pelo consumo sem medir as consequências. O resultado é o endividamento sem medida, a inserção nos diversos órgãos de restrição ao crédito (SPC, SERASA, etc.), o que faz com que as pessoas sejam aviltadas em sua dignidade e, não poucas vezes, levadas a situações angustiantes.
Lamentavelmente, muitos cristãos têm se deixado levar por esta "febre consumista", e já não são poucos os crentes que têm seus "nomes sujos" na praça e que são tratados como "caloteiros", envergonhando o Evangelho e dando motivo para que o nome do Senhor seja blasfemado. Tudo como consequência de uma má administração do seu dinheiro.
Na perspectiva cristã, o dinheiro, como valor material, não deve ser visto como senhor, mas apenas como um servo. Desta feita, não deixe o dinheiro dominar você, domine-o. Não deixe o dinheiro ser seu patrão, faça dele um servo.

3. Sendo fiel nas Finanças

Como bons administradores, devemos ser fiéis (1Co.4:2), e isto significa sermos cumpridores de nossas obrigações para com Deus, com a família e com a sociedade. A fidelidade que se exige do servo de Deus também alcança o aspecto financeiro e, num mundo materialista como o que vivemos, esta fidelidade é a que mais fará realçar o nome do Senhor entre os incrédulos.
Nunca nos esqueçamos de que as pessoas devem nos considerar despenseiros dos mistérios de Deus (1Co.4:1) e ver as nossas obras e, ao vê-las, glorificar o nome do nosso Senhor (Mt.5:16), e isto passa, também, pelo aspecto financeiro de nossas vidas.

Vejamos algumas atitudes que o cristão deve ter em relação ao seu dinheiro

a) Cumprir as suas obrigações. O cristão fiel é santo e diferente do mundo. Os ímpios, diz a Bíblia Sagrada, se caracterizam por serem infiéis nos contratos (Rm.1:31). Por isso, deve o cristão ser muito cauteloso ao contrair obrigações, fugindo do consumismo que tem dominado as consciências dos homens sem Deus. Devemos ter todo o cuidado na montagem do orçamento doméstico, para assumir apenas obrigações que possam ser fielmente cumpridas.
b) Suprir as necessidades de seu lar. Para a maioria das pessoas, as principais necessidades são: alimentação, habitação, despesas com tributos, tarifas públicas, transportes, saúde, educação e previdência social. Devemos fugir daquilo que não é necessário, do supérfluo e do dispensável. Na aquisição de bens, o cristão deve ser econômico, pesquisar e pechinchar preços, tendo, aqui, papel fundamental a mulher no lar (Pv.31:13,14,18). Neste ponto, vemos que o cristão deve ser previdente, e sempre, quando possível, ter uma poupança para os dias de adversidade (cf. 2Co.12:14).
c) Ser voluntário e estar disposto em ajudar os necessitados. O cristão deve ser generoso, usando parte de sua economia para ajudar, dentro da medida do possível, o necessitado. Jesus tinha uma caixa de assistência durante o Seu ministério. É de uma administração cautelosa que surgirão os recursos que poderão mitigar as dificuldades dos mais necessitados. Neste contexto, também, estão as ofertas alçadas que se devem dar nas igrejas, bem assim as contribuições específicas para determinadas obras na casa do Senhor e para a obra missionária. Seria muito bom que, na administração de seus bens, o cristão pudesse dedicar sempre uma parcela fixa de seu rendimento para esta parte. Lembremo-nos de que vivemos no país de maior desigualdade social do mundo e que, como cristãos, devemos demonstrar o amor de Deus que há em nossos corações. A verdadeira religião é amar a Deus e o próximo (Tg.1:27).
d) Contribuir financeiramente para obra do Senhor Jesus. Cada cristão servo de Deus, deve se conscientizar de sua terna responsabilidade em contribuir financeiramente para a Obra do Senhor. Contribuir financeiramente é uma maneira explícita de participar da Grande Comissão estabelecida pelo Senhor Jesus (Mt.28:19,20). É um reconhecimento de que somos Mordomos do Rei. Mordomo, como temos visto, é aquele que administra bens alheios. Quando reconhecemos que não somos donos daquilo que usamos e administramos, então temos o prazer de contribuir financeiramente com a Obra de Deus.

4. Na sociedade civil

4.1. Evite dívidas fora do seu alcance. Uma pessoa sábia é controlada em seus negócios e não cede à pressão nem à sedução do consumismo. Muitas vezes, dívidas descontroladas têm causado doenças psicossomáticas, desavenças no lar, perda de autoridade na família, mau testemunho perante os ímpios. Não se aventure em dívidas que crescem como cogumelo, pois sabe que o que contrai dívidas fora do seu alcance torna-se escravo dela, muitas vezes, perdendo até mesmo a dignidade no afã de saná-las.
4.2. Evite empréstimo para adquirir coisas supérfluas. “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv.22:7). A dependência financeira gera escravidão. A dívida é uma espécie de coleira que mantém prisioneiro o endividado. É por isso que os ricos mandam nos pobres, pois detêm o poder econômico. Quem toma emprestado fica refém de quem empresta. No tempo de Neemias, governador de Jerusalém, os ricos que emprestaram dinheiro aos pobres já haviam tomado suas terras, vinhas, casas e até mesmo escravizado seus filhos para quitar uma dívida impagável. O profeta Miqueias denuncia essa mesma forma de opressão, dizendo que em seu tempo muitos ricos estavam comendo a carne dos pobres. Portanto, jamais faça empréstimos para adquirir coisas supérfluas. É preferível manter-se dentro de um padrão mais modesto de vida, somente com as coisas necessárias, do que tornar-se um endividado por causa dos artigos que são dispensáveis. Pense nisso!
4.3. Tenha controle no orçamento. É muito importante fazer um controle no orçamento familiar, observando o quanto a pessoa ganha, gasta e, se possível, reservar para imprevistos. No exercício da Mordomia das Finanças, o cristão prudente sabendo com quanto poderá contar, saberá quanto pode gastar. Neste caso o que pode descontrolar as Finanças é o não poder fazer suas as palavras de Paulo - “...porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”(Fp.4:11). O crente em Jesus deve conter-se dentro dos limites de sua renda, seja ela grande ou pequena, para não ser vítima de um mal maior. Manter um padrão de vida ilusório, pretender aparentar ser o que não é, ostentar um “status” fictício pode dificultar o controle do orçamento e gerar irreparáveis dificuldades financeiras.
4.4. Não seja fiador de ninguém. Outro cuidado importante é não ficar por fiador. No Livro de Provérbios está escrito que o homem não deve ser fiador de pessoa alguma:
“Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro” (Pv.11:15).
O fiador é aquele que dá garantias de que o devedor irá cumprir sua palavra e pagar suas dívidas; caso contrário, ele mesmo arcará com esse ônus. O fiador empenha sua palavra, sua honra e seus bens, garantindo ao credor que o devedor saldará seus compromissos a tempo e a hora. O fiador fica, assim, obrigado, mediante a lei, a pagar em lugar do devedor caso este não cumpra seu compromisso. Todavia, Provérbios nos aconselha a não assumirmos responsabilidades pelas dívidas de outrem. Se alguém que realmente estiver precisando vier lhe pedir para ser fiador, avalie, antes de assumir, se você terá condições de pagar, caso o devedor principal deixe de fazê-lo. Esta é a única situação legitima de fiança. Se você também não puder pagar, então não se torne fiador.
Muitos tomam esta decisão baseados no temor das pessoas – “ele vai ficar chateado comigo!”; “se um dia eu precisar, não poderei contar com ele!”, etc. Este é um laço que, se você cair nele, corre o sério risco de ficar sem meios de prover a si e a sua família e até mesmo ficar no olho da rua.
“Aquele que fica por fiador do estranho tira a sua roupa e penhora-a por um estranho” (Pv.20:16).
 “Não estejas entre os que dão as mãos e entre os que ficam por fiadores de dívidas. Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama de debaixo de ti?” (Pv.22:26,27).
Portanto, tenha muito cuidado em tomar essa decisão. Ficar por fiador de um companheiro já não é coisa boa, conforme Provérbios 6:1; e ficar por fiador de um estranho, é pior ainda. Leia Provérbios 11:15; 17:18; 22:26; 27:13.
Isso não significa, porém, que devemos recusar-nos a ajudar alguém que esteja realmente sofrendo, sem meios para atender às necessidades básicas da vida (Ex.22:14; Lv.25:35; Mt.5:42). Quanto aos pobres, não devemos emprestar e sim dar-lhes (cf.Mt.14:21; Mc.10:21
4.5. Fuja dos agiotas. A agiotagem é uma prática criminosa. É uma forma injusta e iníqua de se aproveitar da miséria do pobre, emprestando-lhe dinheiro na hora do aperto, com altas taxas de juros, para depois mantê-lo como refém. Muitos ricos inescrupulosos e avarentos, movidos por uma ganância insaciável, aproveitam o sufoco do pobre para emprestar-lhe dinheiro em condições desfavoráveis, com muita usura, apenas para lhe tomar, com violência, seus poucos bens. Tenha cuidado com esses ratos de esgoto.
Na Antiga Aliança, Deus reprovou a usura entre o seu povo:
“Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como um usurário; não lhe imporás usura” (Êx.22:25).
“Não tomarás dele usura nem ganho; mas do teu Deus terás temor, para que teu irmão viva contigo” (Lv.25:36).
Quem cai na mão dessas pessoas, que cobram “usura” ou juros extorsivos, não tem quietude. Deus quer que todos os seus filhos tenham uma vida sossegada e abençoada.
4.6. Pague os seus impostos. Em Romanos 13:7, lemos: “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”. A sonegação de impostos acarreta prejuízo para toda a nação. O cristão não deve ser sonegador dos impostos que a ele compete pagar, pois isso não glorifica a Deus. Ainda que muitos aleguem que os governos não aplicam bem o dinheiro arrecadado, desviando-o para outras finalidades, o cristão precisa comportar-se como cidadão dos céus no trato com o dinheiro. É mandamento bíblico que paguemos os impostos (Mt.22:17-21).
“Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe eles: De César. Então, ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”.

CONCLUSÃO

O Cristão, rico ou pobre, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças, faz dos recursos que possui, adquiridos com honestidade, uma bênção para a Obra de Deus, para si mesmo, para sua família, bem como para a comunidade que o cerca. Devemos, portanto, fazer tudo ao nosso alcance para administrar bem os recursos que Deus nos deu. Amém?
Fonte: Luciano de Paula Lourenço

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