INTRODUÇÃO
Na Palavra de Deus encontramos muitas preciosas e incondicionais promessas para toda a humanidade, como por exemplo, “sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite”, enquanto a Terra durar e sem cessar(Gn 8:22). Todavia, algumas bênçãos e promessas são especificas para Israel e outras são para a Igreja. Entendemos que não é fácil distinguir que tipo de bênçãos foi destinado apenas para Israel, e quais bênçãos podem ser estendidas para a Igreja, hoje composta majoritariamente por gentios (não judeus). É um tema que precisa ser abordado com cuidado, pois, em nossos dias, é comum que algumas pessoas desavisadas tomem um verso bíblico em particular, e de forma bem isolada, e entendam que o conteúdo dele é para si. Falta equilíbrio de muitos pregadores que sobem nos púlpitos e despejam nos auditórios o resultado de interpretações equivocadas, dando um sentido às Escrituras Sagradas que o próprio Deus não tinha intenção de transmitir. Hoje, a maior bênção que uma pessoa pode experimentar é quando ela, pela fé, entrega a sua vida a Jesus e recebe o perdão dos seus pecados por intermédio do sangue do Cordeiro Imaculado.
I. PROMESSAS DE BÊNÇÃOS MATERIAIS PARA ISRAEL - Dt 28:8,11,12
1. Condição “sine qua non”: a obediência. O Senhor fez promessas de bênçãos materiais aos israelitas, para que eles pudessem se manter como nação independente das demais e com condições de levá-las a servir a Deus. Porém, nem tudo o que foi prometido por Deus a Israel era unilateral. Na verdade, a maioria das promessas dependia de uma obediência a Deus e temor para com Sua Palavra. Sem esses elementos, muitas das bênçãos não seriam derramadas. Eram bênçãos condicionadas, ou seja, dependiam de atitudes humanas para receberem a retribuição divina.
Em havendo obediência ao Senhor, Deus prometia a Israel a manutenção de seu sustento, as condições para que pudesse, do fruto da terra, obter a sua sobrevivência, para que, tendo com que comer, beber e vestir, pudesse exercer o seu papel de “reino sacerdotal e povo santo”. Já no capítulo 11 do livro de Deuteronômio, vemos que o Senhor traz os benefícios da obediência, a começar pela chuva a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que pudessem ser recolhidos o grão, o mosto e o azeite (Dt 11:14). Deus prometia chuvas no tempo certo não com o objetivo de que Israel tivesse “fartura desmedida” como pagamento de sua obediência, mas lhes dar condição para que, tendo com que comer, beber e vestir, não depender das demais nações e, assim, em independência, poder cumprir o propósito estabelecido para que servisse a Deus e fosse um veículo de aproximação entre Deus e os demais povos. Também, o Senhor prometeu erva no campo para que o gado pudesse se alimentar (Dt 11:15) e, desta maneira, servir não só de alimento para o povo, mas também para que os sacrifícios exigidos pela lei pudessem ser feitos.
Ao mesmo tempo em que o Senhor prometia bênçãos materiais para Israel, não deixou de alertar os israelitas para que seus corações não se deixassem enganar pela prosperidade material e, com isso, se desviassem dos caminhos do Senhor, pois, se isto acontecesse, se o povo deixasse de servir a Deus por causa das bênçãos dadas por Deus, tais bênçãos desapareceriam, com o fechamento dos céus, a falta de água e o consequente perecimento por falta de condições de sobrevivência (Dt 11:16,17).
2. Objetivo das bênçãos materiais para Israel:
a) Cumprir o propósito de Deus, que era o de Israel ser uma referencia entre as nações para que elas se voltassem ao Senhor (Dt 28:1). A “exaltação sobre todas as nações da Terra” prometida pelo Senhor a Israel se obedecesse aos Seus mandamentos, não era o de fazer de Israel uma “potência política-econômica”, um “império”, mas, sim, de uma nação diferente das demais, com plenas condições de autossustento e que se distinguisse das outras pela sua maneira de viver, pela sua adoração a Deus.
É precisamente o que se requer da Igreja em nossos dias. Diante dos sistemas do mundo, ela deve ter uma maneira de viver distinta que faça com que os homens venham a nos perguntar a razão da esperança que há em nós (1Pe 3:15), algo que advém da nossa santidade, daquilo que somos, não daquilo que porventura tenhamos.
Os “teólogos da prosperidade”, entretanto, desvirtuam esta realidade bíblica, defendendo uma “exaltação” que é antibíblica e satânica. O salvo por Cristo Jesus não precisa ser um “milionário” para mostrar ao mundo que serve a Cristo, que é salvo e que vai para o Céu. Não é através de uma “ostentação de riqueza” que iremos mostrar que servimos a Deus. Pelo contrário, a “ostentação de riquezas” nada mais é que a “soberba da vida”, um dos elementos que caracteriza o mundo sem Deus e sem salvação (1Joao 2:16).
b) Dar condições para que o papel espiritual de Israel fosse cumprido. Os frutos materiais da obediência ao Senhor não visavam, em absoluto, uma vida regalada, uma vida voltada para os prazeres deste mundo, mas tão somente a criação de meios para que Israel se dedicasse a servir a Deus diante das demais nações.
A ganância desmedida estimulada pelos agentes da “teologia da prosperidade” não tem qualquer respaldo bíblico, nem mesmo no capítulo 28 do livro de Deuteronômio. Quem põe sua esperança e confiança no dinheiro, jamais se satisfará e tudo isto, diz Salomão, é vaidade (Ec 5:10). Fujamos, pois, desta pregação do deus Mamom, pois quem serve ao dinheiro, jamais servirá ao Senhor (Mt 6:24).
c) Criar condições para que Israel fosse “povo santo“(Dt 28:9). Através das bênçãos materiais (Dt 28:8,11,12), o Senhor tinha por propósito confirmar a Israel como “povo santo”, para mostrar às demais nações que era “o povo chamado pelo nome do Senhor” (Dt 28:10) e, por este motivo, os povos teriam temor de Israel, expressão que não significava apenas “medo”, mas, muito mais do que isto, respeito e consideração, atitudes que fariam com que os povos se interessassem em saber porque Israel era assim e, deste modo, pelo testemunho apresentado pelos israelitas, pudessem se aproximar do Senhor. Desta feita, os bens materiais jamais poderiam ser utilizados para a prática do pecado.
Os “teólogos da prosperidade” de nossos dias não explicam qual o objetivo com que Deus prometia abençoar Israel. Assim, sem tal explicação, acabam por incitar no povo incauto o desejo pela vaidade, o desejo pela acumulação de bens materiais, o desejo pelo enriquecimento, etc. Já perceberam que os “testemunhos” apresentados por este tipo de gente só traz pessoas que dizem ter hoje uma “vida regalada?”. Quantos já ouviram “testemunhos de prosperidade” em que a abundância supostamente recebida é utilizada para “confirmação da santidade”, para a glória do nome do Senhor? Acredito que ninguém!
d) Emprestar a quem precisa (Dt 28:12b). A abundância patrimonial prometida a Israel seria aproveitada para que houvesse “empréstimos a muitas gentes“, ou seja, o que sobrasse eventualmente do produzido, das riquezas auferidas, deveria ser “emprestada” a outros povos, empréstimos que não poderiam ser usurários, com propósito de exploração das outras nações, algo que era vedado pela lei, que mandava que o estrangeiro fosse bem tratado, visto que Israel havia sido povo estrangeiro no Egito (Ex 22:21; 23:9; Lv 19:33,34; Dt 10:19).
Portanto, o Senhor estava disposto, sim, a dar prosperidade material a Israel, mas como uma forma de permitir que os israelitas cumprissem o propósito maior de ser “reino sacerdotal e povo santo“(Ex 19:6), algo bem diferente do que se anda ensinando por aí pelos falsos pregadores da prosperidade.
De igual modo, a Igreja, para bem cumprir a sua missão de evangelizar o mundo, tem, também, da parte de Deus, promessas condicionadas à sua obediência, mas jamais para que tenha uma vida regalada aqui na Terra, e sim para que possa ser “luz do mundo” e “sal da terra”. Temos consciência disto?
II. AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE À IGREJA
1. AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL. Estas bênçãos encontram-se, sobretudo, elencadas em conjunto nos primeiros quatorze versículos do capítulo 28 do livro de Deuteronômio, um dos textos prediletos dos “teólogos da prosperidade” que, retirando o texto do contexto, tomam esta passagem como uma das “demonstrações” do que o Senhor tem prometido ao Seu povo neotestamentário a prosperidade material. Isto é falso e deve ser prontamente refutado pelos servos do Senhor.
a) “Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo” (Dt 28:3). A primeira bênção, condicionada à obediência, diz respeito ao próprio ser do israelita. Ele mesmo seria uma bênção, seja na cidade, seja no campo. Isto está diretamente ligada ao propósito estatuído por Deus àquela nação: a de que seria uma bênção (Gn 12:2).
Deus promete que Seu povo seja uma bênção, isto é, ele será um motivo para que todos que estejam com ele sejam abençoados. Ele é um canal de bênçãos, pois ele é “bendito”. Assim Jesus Se apresentou aos homens e assim foi aclamado quando adentrou em Jerusalém pela última vez em Seu ministério terreno - “… bendito o que vem em nome do Senhor…” (Mt 21:9; Mc 11:9). Jesus foi aclamado como “bendito”, porque provou sê-lo ao andar fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At 10:38). Nós, como Seus imitadores (1Co 11:1; 1Pe 2:21), também devemos nos comportar como Ele se comportou, andando a fazer bem e a curar a todos os oprimidos do diabo. Assim, provaremos que somos “benditos”, que somos “luz do mundo e sal da terra”.
Vemos, pois, que esta primeira bênção discrepa radicalmente do que é ensinado e estimulado pelos “teólogos da prosperidade”, que não falam de “pessoas abençoadas” que “façam bem e curem todos os oprimidos do diabo”, mas, sim, de pessoas que irão possuir muito para seu próprio deleite e regalo, sem se preocupar com o próximo e querendo sempre ganhar e ganhar cada vez mais. Tais “teólogos” estão a querer transformar os salvos em Cristo Jesus no rico da “história do rico e Lázaro” (Lc 16:19-31) e, que, como aquele rico, acabarão por passar para eternidade sem Deus e sem salvação, por ter amado as riquezas materiais em detrimento às riquezas espirituais (1Tm 6:9,10). Que Deus nos guarde!
b) “Bendito o fruto do ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e a criação das tuas vacas e das tuas ovelhas” (Dt 28:4). Aqui, o Senhor prometeu ao israelita fiel que abençoaria a sua descendência, algo necessário para a manutenção da existência da nação ao longo das gerações para que cumprisse o seu papel diante da humanidade, como também de todo o patrimônio, para que se tivesse o suficiente indispensável para a sobrevivência da nação.
Observemos que o Senhor não prometeu a multiplicação indiscriminada, a acumulação de riquezas em virtude da obediência a Deus. Prometeu que a descendência e o patrimônio seriam abençoados, ou seja, seriam tais que permitiriam a manutenção da existência da nação ao longo das gerações. Não temos aqui a promessa de um acúmulo desmedido, mas de que tudo contribuiria para o bem.
Não resta dúvida de que Deus quer abençoar a nossa família e o nosso patrimônio, mas o objetivo desta bênção é a da manutenção da nossa existência ao longo das gerações para que cumpramos o propósito divino de sermos “luz do mundo e sal da terra”. Não há aqui qualquer promessa divina para que tenhamos uma “vida regalada”, para que sejamos “milionários”. Tudo isto não passa de distorção das Escrituras por parte dos ardilosos agentes da “teologia da prosperidade”.
c) “Bendito o teu cesto e a amassadeira” (Dt 28:5). Deus prometia não só uma produção suficiente, mas que haveria condições para que aquela produção fosse aproveitada, devidamente armazenada e distribuída de maneira que todos pudessem ser satisfeitos em suas necessidades. Isto assume uma importância muito grande, pois sabemos que, na atualidade, muitos passam fome ao redor do mundo, mas não é por falta de produção. O Senhor dá o necessário para o sustento de toda a humanidade, algo que, inclusive, é potencializado pelo desenvolvimento tecnológico que tem aumentado a produtividade. Entretanto, toda esta produção não é distribuída corretamente, de sorte que muitos passam fome e muito alimento é desperdiçado no mundo.
d) “Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres” (Dt 28:6). A Nova Versão Internacional traduz esta benção como “a benção em tudo o que fizerem”. Trata-se da promessa de sucesso e de bom êxito em todas as ações que forem realizadas pelo povo.
O Senhor Jesus ensinou-nos que nada podemos fazer sem Ele (João 15:5). Assim, quando o Senhor prometeu a Israel que ele seria bem sucedido em tudo quanto fizesse, estava a prometer que estaria com o Seu povo em todos os momentos, em se mantendo a comunhão com Ele.
Israel, estando em comunhão com o Senhor, tudo faria para cumprir o seu papel diante das nações, ou seja, estaria a tomar atitudes sempre com o objetivo de glorificar e adorar ao Senhor, de fazer com que as nações se aproximassem de Deus. Eis a razão pela qual todas estas ações seriam bem sucedidas, porque seriam do agrado do Senhor e teriam por finalidade a glória do Seu nome.
e) Posição superior aos demais povos - “ser cabeça e não cauda” (Dt 28:13). Aqui não se trata de uma posição de ostentação para que houvesse a opressão dos demais povos, mas uma posição de destaque, de uma demonstração de grandeza espiritual, que levassem os povos a servir a Deus, a reconhecer que o Senhor estava com Israel e que era o único Senhor e Deus (Dt 6:4). Portanto, “ser cabeça e não cauda” nada tem a ver com ostentação, fama ou elevação de uma posição social invejável, como se diz por aí pelos “teólogos e pregadores da prosperidade”, mas de estar “espiritualmente por cima”, ou seja, de se manter em pé, em comunhão com o Senhor, cumprindo-se o que Deus quer de cada um de nós.
f) A bênção da saúde - “E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o Senhor que te sara” (Ex 15:26). Esta foi uma bênção dada pelo Senhor ao povo de Israel, sob condição de obediência, logo no início da jornada no deserto, em Mara. Ali, o Senhor disse a Israel que, se ele fosse obediente, não poria nenhuma das enfermidades que havia posto sobre o Egito, porquanto Ele era o “Senhor que sara” (Javé-Rafá).
A saúde aqui também está vinculada à missão que Israel deveria realizar para o Senhor diante das nações. Israel não seria atingido por juízo divino algum para que pudesse ser “reino sacerdotal e povo santo”, para que pudesse levar as nações à comunhão com o Senhor.
É bom ressaltar que esta benção não era de “imunidade contra as doenças”, de “saúde eterna”, até porque nas próprias promessas dadas a Israel, estava a da bênção do fruto do ventre, para continuidade da existência biológica do povo, prova de que as pessoas haveriam de morrer, haja vista que estamos no mundo e a morte física é um juízo estatuído por Deus a toda a humanidade por causa do pecado.
Com base nesta promessa dada pelo Senhor a Israel, há aqueles que também defendem uma “imunidade contra doenças” por parte de Deus a todos quantos forem fiéis ao Senhor. A doença, dizem os defensores da “teologia da confissão positiva”, seria um sinal de pecado. Isso é uma tremenda falsidade! Tanto assim é que um grande profeta levantado por Deus, Eliseu, morreu por causa de uma enfermidade (2Rs 13:14), doença esta que não era resultado de pecado algum, tanto que, mesmo depois de morto, ainda foi contabilizado um milagre a Eliseu, a ressurreição de um morto que tocou em seus ossos (2Rs 13:21).
2. O QUE CABE À IGREJA. No Novo Testamento, a primazia do povo de Deus não está voltada para os bens materiais, mas predominantemente aos espirituais. Portanto, as bênçãos do capitulo 28 de Deuteronômio, tão utilizadas pelos pregadores da “teologia da prosperidade” em nossos dias, foram direcionadas ao povo de Israel, como fica bem claro no intróito da relação, em Dt 28:1, e tinha uma finalidade especifica, a saber, a exaltação de Israel sobre todas as nações da Terra, como fruto da fidelidade à lei de Moisés, lei que, como bem sabemos, já não mais vigora na atual dispensação. Infelizmente, algumas heresias têm sido fomentadas nos arraiais evangélicos porque algumas dessas promessas são tomadas como se fossem também para a Igreja. Não há respaldo bíblico para se confirmar isso, sendo mais uma artimanha dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente a todos quantos não conhecem a doutrina(Ef 4:14).
Outrossim, as Bênçãos dadas individualmente aos vários personagens bíblicos, como Abraão, Isaque, Jacó, Noé, Salomão, Ana, Raabe, Ezequias (prorrogação de sua vida) e muitos outros, foram específicas e não podem ser tomadas como algo que deva acontecer da mesma forma hoje, ainda que o seu conteúdo espiritual permaneça válido. Foi o caso de Salomão (1Rs 3:11-13), que recebeu a prosperidade material não porque a tivesse pedido, mas, sim, porque quis, antes, sabedoria, a verdadeira prosperidade. Como isso agradou a Deus, Salomão recebeu, também, riquezas materiais (1Rs 3:5-10). Portanto, é um tremendo engano querer fazer as pessoas crerem que, assim como Salomão, de igual modo, Deus tem algum compromisso de enriquecer este ou aquele servo seu, pelo simples fato dele ser fiel ao Senhor.
No Novo Testamento, a prosperidade do povo de Deus é acumulada não na Terra, mas no Céu (Mt 6:19,20). Na carta aos Romanos 12:16, a Palavra do Senhor diz: “Não devemos ambicionar coisas altas, mas acomodar às humildes”. Aliás, no Novo Testamento não há sequer um versículo de promessa de abundância material para os que esperam pela vinda de Cristo. Se observarmos com cuidado o Novo Testamento, no tocante à vida na Igreja, com suas práticas e desafios, veremos que há mais referências para que tomemos cuidados com as riquezas do que o incentivo à busca delas. Como estes: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína” (1Tm 6:9); “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (1Tm 6:17); “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”(Mt 6:19); “…vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres…”(Mc 10:21).
Não negamos que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua Igreja: “Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma” (3João 1:2 ARA); a ideia de uma vida abençoada não se restringe ao Antigo Testamento. Todavia, é preciso observar que o enfoque do Novo Testamento não é prosperidade material; definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e não é este o propósito estabelecido para ela pelo Senhor. Quando mudamos a agenda divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos pela agenda de busca de prosperidade, estamos nos encaminhando, perigosamente, para a apostasia. Não é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da igreja apóstata dos últimos dias, antes do arrebatamento, seja “rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17), a mostrar que essa igreja tinha, em primeiro plano, a preocupação com as riquezas, com os bens materiais, comportamento que persiste nos nossos dias, onde, lamentavelmente, boa parte da igreja evangélica tem perdido a dimensão escatológica do Reino de Deus, ao privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o “ter” e não seu lado atemporal ou eterno - o “ser”(ler 1Ts 4:17; 1Co 16:22). O apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, afirmou: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20). É claro que o cristão não tem como evitar o lado “temporal” da vida, mas seu olhar deve fixar-se, prioritariamente, em sua redenção eterna.
CONCLUSÃO
Nós que amamos a vinda do Senhor, e temos como principal alvo a promessa da vida eterna(1João 2:25), devemos priorizar a comunhão com o Senhor e não a busca insana por riquezas materiais, pois “os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas que submergem os homens na perdição e ruína”(1Tm 6:9). “Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios” (Sl 37:16). “Quem não se contenta com o que possui, priorizando a busca de riquezas e o amor ao dinheiro, é capaz de fazer qualquer coisa para ganhar mais e mais dinheiro, até mesmo mercadejar a Palavra de Deus (2Co 2: 17, ARA). A avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5:5), e nenhum idólatra entrará no Reino de Deus (1Co 5:11; Ap 21:8)” (Pr. Ciro Sanches).
Fonte: ebdweb