Texto Básico: Provérbios 6:16-19; 15:1,2,23; 16:21,24
“Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos” (Pv 16:24)
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Das sete atitudes que Deus abomina, registradas em Provérbios 6:16-19, três têm a ver com o mau uso das palavras; talvez por isso o livro de Provérbios dê tanto destaque a este tema. É válido atentar para a advertência de Tiago 1:19: “Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar” (Tg 1:19). Quanto menos falar, menos risco em tropeçar. Alerta o sábio: “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Pv 10:19). Mas, é bom enfatizar que falar pouco não significa se omitir. Precisamos falar o necessário, na hora certa e de forma eficaz, sem “jogar conversa fora”.
I. O PODER DAS PALAVRAS
Quero alertar os professores, alunos e os demais leitores deste blog que o “poder das palavras” referido aqui nada tem a ver com o que a falaciosa teologia da “confissão positiva” diz sobre isso.A Confissão Positiva é uma heresia indissociável da falaciosa Teologia da Prosperidade, as duas andam juntas, isto porque o “poder das palavras”, aquilo que eu confesso com a minha boca é a base para recebermos os demais benefícios pregados pelos adeptos deste movimento: riqueza, saúde plena e ausência de sofrimento. O seu ensino herético resume-se na máxima já bastante conhecida no meio evangélico: “Há poder em suas palavras!”. O ensino consiste em dar um significado mágico as nossas palavras, de forma que, se eu digo (confesso) a coisa certa, tudo dará certo, porém, se eu digo algo negativo, isto me trará problemas. Portanto, os adeptos chegam a praticar um novo modelo de oração, onde não se pede, “determina-se”,“decreta-se”,“toma-se posse”, e condena-se a atitude de perseverar em oração por algo, como sendo falta de fé. Segundo os pregadores deste movimento, uma verdadeira atitude de fé está no ato de “decretar” e “crer” que aquilo acontecerá; segundo este movimento, isto é que é fé, a fé do tipo que Deus teve ao criar o mundo, quando ele disse “Haja!”; e o que ele disse (confissão positiva) aconteceu.
Isso é ridículo e abominável! A Bíblia não atribui nenhum poder “mágico” às nossas palavras. O poder pertence a Deus e não as nossas palavras (Sl 62:11). Isto vai totalmente de encontro ao que Jesus ensinou (Mt 6:10; 26:39,42) e os apóstolos também (At 18:21; 1Co 4:19; 16.7; Hb 6:3; Tg 4:13-16). Decretar ou determinar são prerrogativas de quem tem autoridade, de quem detém o poder (2Sm 15:15; Ed 6:13; Et 1.20; Ec 8:3,4). Na oração, nós somos os súditos e o rei é Jesus, o único que pode decretar alguma coisa (Sl 62:11; Mt 28:18). Este ensino do “poder das palavras” deriva-se de uma outra heresia do movimento, que é o ensino de que o homem é um semideus. O modelo de oração ensinado na Bíblia não decreta nem determina, antes, se submete humildemente à vontade soberana de Deus. Diz o apóstolo João: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1João 5:14).
1. Palavras que matam. “A morte e a vida estão no poder da língua” (Pv 18:21). Ninguém ignore o os efeitos das palavras. Elas nos animam ou nos deixam arrasados. Elas nos levam ao arrependimento ou ao pecado. Elas nos fazem aceitar o que é certo ou nos levam a admitir o que é errado. Tiago 3:6 diz que a língua “é um fogo”. As nossas palavras podem incendiar a nossa vida, destruir tudo o que construímos ao longo de nossa existência. Quantos ideais de vida e projetos não tem sido destruído por causa de palavras mal ditas! Quantos casamentos já não se acabaram por causa de palavras ofensivas! Quantos já nãos se desviaram e abandonaram a igreja por causa de palavras ditas precipitadamente por aqueles que deveriam amparar! O perdão é o remédio eficaz para palavras venenosas, que ferem e que matam.
2. Palavras que vivificam. “... a língua dos sábios é saúde” (Pv 12:18). A língua do sábio é medicina para os doentes, bálsamo para os aflitos, tônico para os cansados e fonte de vida para os que jazem prostrados. A língua dos sábios é o veículo que transporta a verdade e o canal que conduz a esperança. O sábio é aquele que fala a verdade em amor. Da boca do sábio não saem palavras torpes, apenas palavras para a edificação, conforme a necessidade, transmitindo graça aos que ouvem. Nossa língua transporta vida ou é instrumento de morte? Pense cada um consigo mesmo. (1)
II. CUIDADOS COM A LINGUA
1. Evitando a tagarelice (Pv 12:18). “Tagarelice é como pontas de espada”. Tagarelice é falar pelos cotovelos. É falar ao vento. É falar sem pesar nas consequências de sua fala. É ser irresponsável com a mordomia da comunicação. A língua do tagarela fere como pontas de espada. Destrói como veneno e devasta como fogo. A língua do tagarela transporta a morte, e não a vida, pois semeia inimizade entre os irmãos e provoca contendas entre as pessoas. A língua do tagarela é como um cavalo selvagem desenfreado e como um navio em alto-mar desgovernado. Ambos são agentes de morte, e não de vida. (2)
Deus advertiu ao povo de Israel: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo”(Lv 19:16). Ele também advertiu algumas tagarelas que se infiltraram na igreja de Éfeso: “Além do mais, aprendem também a viver ociosas andando de casa em casa; e não somente ociosas, mas ainda tagarelas e intrigantes, falando o que não devem” (1Tm 5:13). No Salmo 101:5, Deus diz: “Aquele que difama o seu próximo às escondidas, eu o destruirei”. Deus é de opinião que pessoas tagarelas não O reconhecem estando entregues aos seus pensamentos corrompidos. Ele equipara as pessoas difamadoras com aqueles que não merecem confiança.
Além disso, as fofocas não precisam ser obrigatoriamente mentirosas. Muitos pensam: “O assunto é verdade, por isso posso contá-lo a todos”. Mas isto não está certo! Dizer a verdade com falsos motivos pode ter efeito ainda mais funesto do que falar inverdade. (4)
2. Evitando a maledicência (Pv 6:16-19). “Estas seis coisas aborrece o SENHOR, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, e língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente, e coração que maquina pensamentos viciosos, e pés que se apressam a correr para o mal, e testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos”.
“contenda entre os irmãos” significa maledicência. Muitas contendas entre os crentes são idealizadas por Satanás. Ele é o maior semeador de contendas entre os irmãos, mas o que ele faz na maioria das vezes é "aproveitar a nossa lenha para fazer sua fogueira". O seu maior desejo é ver o povo de Deus lutando consigo mesmo, quando deveríamos, juntos, lutar contra as forças das trevas.
III. O BOM USO DA LINGUA
1. Quando a língua edifica o próximo. Palavras agradáveis e adequadas, no momento certo, proporcionam edificação espiritual e moral no próximo. Diz o sábio: “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” (Pv 16:24). Como servos de Deus, somos desafiados a usar nossas palavras como um meio para ajudar o nosso próximo, através de exortações e bons conselhos. O aconselhamento é um grande serviço que a igreja deve prestar em seu seio. A Igreja tem de se preocupar com a conduta dos homens que a integram e dos que vivem ao seu redor. Não se trata de impor atitudes aos outros, nem tampouco de conquistar o poder de fazer com que os outros ajam desta ou daquela maneira. Muito pelo contrário, trata-se de uma manifestação do amor divino que está no coração de cada membro em particular do corpo de Cristo. Trata-se de sentir compaixão pelos seres humanos e, por causa disto, dar opiniões, ensinos ou avisos a eles sobre o que deve ser feito no cotidiano, no viver debaixo do sol. O único e verdadeiro aconselhamento é aquele que é baseado na Verdade, ou seja, na Palavra de Deus. Se aconselhar é dar ou pedir conselhos e o conselho genuíno e autêntico é aquele que tenha, simultaneamente, base racional e espiritual, a Igreja é o único povo, na atual dispensação, que pode, validamente, aconselhar a humanidade, pois só ela tem condições de orientar os homens no caminho em que devem andar. Diz o sábio: “... com os que se aconselham se acha a sabedoria” (Pv 13:10).
2. Nossa língua adorando a Deus. Nossa maneira de falar nos identifica, revelando o nosso verdadeiro eu, pois a boca fala do que o coração está cheio (Mt 12:34). É do coração, ou seja, do intimo do ser humano que procedem os males. Certa vez, Pedro foi identificado como alguém que esteve com Jesus somente pelo seu linguajar (Mt 26:73). Sua fala evidencia que você é um cristão?
Lembre-se que no simples conversar com alguém, podemos estar adorando a Deus, podendo o interlocutor perceber a pureza de nosso coração através das palavras que proferimos. A língua do justo é manancial perene de sabedoria; por meio dela, os homens aprendem os caminhos da vida. Porém, a língua do perverso, que será desarraigada, maquina o mal, e toda a sua instrução produz incredulidade, rebeldia e desastre. Precisamos falar aquilo que glorifica a Deus, edifica as pessoas e promove o bem. “A boca do justo produz sabedoria em abundância, mas a língua da perversidade será desarraigada. Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos ímpios anda cheia de perversidades” (Pv 10:31,32). Guardemos, pois, a nossa língua. Sejamos vigilantes e temperantes no momento de proferir palavras. Lembre-se: Deus procura verdadeiros adoradores, e não somente adoração.
IV. CONSELHOS AO ALUNO E AO MESTRE
1. Fale o que é bom e oportuno. A palavra de Deus é categórica: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar...” (Tg 1:19). Muito transgride quem fala para depois pensar, fala sem refletir e fala mais do que o necessário. Diz o sábio:
· “Na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente” (Pv 10:19).
· “Até o tolo, quando se cala, é tido por sábio” (Pv 17:28).
2. Pense antes de falar. Há um ditado popular que diz: “Em boca fechada não entre mosquito”. Falar sem pensar é consumada tolice. Responder antes de ouvir é estultícia. Proferir palavras torpes e desandar a boca para espalhar impropérios e maldades é perversidade sem tamanho. Esse não pode ser o caminho do justo. Uma pessoa que teme a Deus reflete antes de falar, sabe o que falar e como falar. Sua língua não é fonte de maldades, mas canal de bênção para as pessoas. Diz o sábio:
· “O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos ímpios derrama em abundância coisas más” (Pv 15:28).
3. Fale com temperança. Quem sabe conversar com calma demonstra inteligência. Quem ouve e analisa antes de emitir sua opinião, pode falar com mais eficácia. Diz o sábio:
· “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1).
Observe uma coisa interessante, o sábio nos mostra aqui que não é a palavra branda que desvia o furor, mas a resposta branda. Isso é mais do que ação, é reação. Mesmo diante de uma ação provocante, a pessoa tem uma reação branda. É como colocar água na fervura e acalmar os ânimos. Em outras palavras, é ter uma reação transcendental. O oposto disso é a palavra dura e deselegante.
· “... a língua branda quebranta os ossos” (Pv 25:15).
4. A boca do justo é fonte de sabedoria. A boca do justo é uma fonte de vida; a do perverso, uma cova de morte. Quando o justo abre a boca, jorra a sabedoria como água fresca para o sedento; quando o perverso fala, sua língua é fogo que destrói e veneno que aniquila. A sabedoria do justo leva os homens a olharem para a vida com os olhos de Deus, a sentirem com o coração de Deus e a agirem para a glória de Deus. A maldade do perverso, ao contrário, afasta os homens de Deus e os seduz para um caminho de transgressão, cujo paralelo final é a morte.
A língua é como o leme de um navio: pode conduzi-lo em segurança para o seu destino, ou pode direcioná-lo para rochas submersas e provocar um grande naufrágio. Nossa língua deve ser um manancial de sabedoria, e não um instrumento de iniquidade; um bálsamo do céu para os aflitos, e não um chicote de tortura para os abatidos. (3). Diz o sábio:
· “A boca do justo produz sabedoria em abundância, mas a língua da perversidade será desarraigada. Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos ímpios anda cheia de perversidades” ( Pv 10:31,32).
CONCLUSÃO
Nos dias em que vivemos, em que vigora no mundo um "relativismo ético", em que, cada vez mais, as pessoas estão perdendo a noção de verdades absolutas, em que "tudo é relativo", é preciso lembrarmos que o falar do crente deve ser sim, sim, não, não, e o que sai disto é de procedência maligna(Mt 5:37). Quantos de nós são descuidados com o que falam e quantos acabam falando algo de suas cabeças como se fossem palavras vindas da parte do Senhor! Tais palavras estão todas colocadas diante de Deus e o Senhor requererá de seus pronunciadores uma atitude de arrependimento sem o que poderão até perder a salvação. Equivocam-se os faladores da atualidade que acham que suas palavras não são levadas em conta pelo Reto e Supremo Juiz. Não só nossas ações, mas também nossas palavras são levadas em conta diante de Deus. Tenhamos muito cuidado com o que falamos, pois tudo está sendo anotado perante o Senhor - “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo” (Mt.12:36). Que possamos dizer como Jó: “Nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano” (Jó 27:4). Que este seja o nosso compromisso de todos os membros da igreja, na presença de Deus!
Fonte: ebdweb