Texto Base: Romanos 5:12-19
“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5:12).
INTRODUÇÃO
Como começou a maldade e todo o sofrimento no mundo? A única resposta satisfatória da origem do mal encontra-se no capítulo 3 do Gênesis, que relata como o pecado entrou no mundo e como tem produzido consequências trágicas e universais. A queda de Adão e Eva é apresentada, literalmente, na Bíblia, de modo explícito. Não é um relato teórico ou figurativo, mas um relato histórico. O seu pecado foi uma transgressão deliberada ao limite que Deus lhe havia colocado.
O homem deliberadamente pecou contra o seu Criador, e ao pecar, tornou-se escravo do pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn 4:7), sem condição alguma de modificar esta situação. Entretanto, a história não terminou com esta tragédia. Bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, antes da fundação do mundo, dentro de sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef 1:4; Ap 13:8). Este plano foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que feriria a cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, comunhão entre Deus e o homem (Gn 3:15). O Plano divino para a salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. João 1:29; Cl 1:19-22; Gl 4:4,5). Só Jesus é quem pode dar a Salvação, pois “ em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céunenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”(Atos 4:12).
I. O PARAÍSO NO ÉDEN (Gn 2:8-25)
Quando Deus fez os Céus e a Terra, e quando Ele criou o sol, a lua, as estrelas, as plantas e as aves, os animais da terra e os animais das águas, nenhum lugar específico tinha sido separado para ser a morada do homem. Deus dá um intervalo antes de criar o homem e prepara para ele um jardim ou paraíso no Éden. Esse jardim é organizado de uma forma especial. Deus planta todos os tipos de árvores nesse jardim – árvores agradáveis à vista e de bons frutos. Duas dessas árvores são chamadas pelo nome: a árvore da vida, plantada no meio do jardim; e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:9). O jardim foi preparado de tal forma que um rio que tinha sua nascente no próprio jardim fluía através dele, e dividia-se em quatro braços, a saber, Pisom, Giom, Tigre e Eufrates (Gn 2:10-14).
1. Solicitude de Deus pelo homem. Na visão de Paul Hoff, podemos ver a solicitude de Deus pelo homem nos seguintes fatos:
a) colocou-o no jardim do Éden (ou paraíso na Terra), um ambiente agradável, protegido e bem regado (Gn 2:8-14). Ali, Deus deu a Adão trabalho para fazer, a fim de que não se entediasse. Há quem pense que o trabalho é parte da maldição, porém a Bíblia não ensina tal coisa; ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo infrutuoso e com fadiga (Gn 3:17).
b) Deus proveu a Adão de uma companheira idônea, instituindo assim o matrimônio (Gn 2:21,22). No capítulo 2 encontra-se, em forma embrionária, o ensino mais avançado dessa relação. O propósito primordial do matrimônio é proporcionar companheirismo e ajuda mútua: "Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea [semelhante ou adequada]” (Gn 2:18).
O matrimônio deve ser monógamo, pois Deus criou uma só mulher para o homem; deve serexclusivista, porque "deixará o varão o seu pai e a sua mãe"; deve ser uma união estreita eindissolúvel: "apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne".
Deus, em sua infinita sabedoria, instituiu o lar para formar um ambiente ideal em que os filhos possam ser criados cabalmente em todos os aspectos: física, social e espiritualmente. Ensina-se a igualdade e dependência mútua dos sexos - "Nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor" (1Co 11:11). Um não é completo sem o outro.
O comentarista Matthew Henry observa que a mulher não foi formada da cabeça do homem, para que não exerça domínio sobre ele; nem de seus pés, para que não seja pisada; mas de seu lado, para ser igual a ele, e de perto de seu coração, para ser amada por ele. A mulher deve ser uma companheira que compartilhe a responsabilidade de seu marido, reaja com compreensão e amor à natureza dele, e colabore com ele para levar a cabo os planos de Deus.
c) Deus concedeu a Adão ampla inteligência, pois ele podia dar nomes a todos os animais (Gn 2:19,20). Isto demonstra o fato de que tinha poderes de percepção para compreender suas características.
d) Deus mantinha comunhão com o homem (Gn 3:8). Desta feita, o homem podia cumprir seu mais elevado fim. Possivelmente, Deus tomava a forma de um anjo para andar no jardim com o primeiro casal. A essência da vida eterna consiste em conhecer pessoalmente a Deus (João 17:3), e o privilégio mais glorioso desse conhecimento é desfrutar da comunhão com Ele.
e) Deus pôs o casal à prova (Gn 2:16,17). Para os filhos de Deus as provas são oportunidades de demonstrar-lhe amor, obedecendo a Ele. Também constituem um meio de desenvolver seu caráter e santidade. Adão e Eva foram criados inocentes, porém a santidade é mais do que a inocência: é a pureza mantida na hora da tentação.
2. Cultivar e guardar o Jardim do Éden (Gn 2:15). Adão recebeu uma dupla tarefa para realizar: cultivar e guardar (preservar) o jardim do Éden. Isto é, ele tinha que cultivar a terra, e assim extrair dela todos os tesouros que Deus tinha reservado para o uso humano; e ele tinha que vigiar a terra, protegê-la contra todo o mal que pudesse ameaçá-la e preservá-la. Todavia, o homem só poderia cumprir essa missão se ele não quebrasse a conexão que o unia ao Céu, ou seja, somente se ele continuasse a obedecer a Deus.
Essa dupla tarefa, como podemos observar, é essencialmente uma só tarefa. Adão deveria dominar toda a terra, não de forma ociosa e passivamente (isto é: inerte, indiferente), mas através do trabalho de sua mente, de seu coração e de suas mãos. E para que isso fosse possível, ele deveria servir a Deus, que é o seu Criador e Legislador. Trabalho e descanso, domínio e serviço, vocação terrena e celestial, cultura e culto, são pares que caminham juntos desde o princípio. Eles pertencem e estão contidos na vocação do grande, santo e glorioso propósito do homem. Todo trabalho que o homem realiza para subjugar a Terra, seja através da agricultura, da pecuária, do comércio, da indústria, da ciência, ou de qualquer outra forma, é o cumprimento de um mandato divino. Mas para que o homem realmente cumpra esse mandato divino ele tem que depender e obedecer à Palavra de Deus.
II. A TENTAÇÃO NO PARAÍSO (Gn 3:1-6)
No Jardim do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal como forma de testar a obediência do homem. A única razão para não comerem daquele fruto era o fato de Deus assim haver ordenado. De muitas maneiras, tal fruto ainda se encontra em nosso meio nos dias de hoje.
1. O Agente ativo da tentação. Satanás é o agente ativo da tentação. Ele instigou o primeiro casal a desobedecer à ordem de Deus. Satanás utilizou uma das suas armas preferidas: a sutileza. Esta é a marca registrada do diabo (João 8:44). As Escrituras registram ser ele o mais sutil de todos os seres criados por Deus e não há coisa alguma sutil que não esteja, de modo direto ou indireto, relacionado a ele.
Observamos, no relato da queda do primeiro casal, que o diabo surge como uma serpente, ou seja, de forma quase imperceptível, quase sem ser notada, apresentando-se à mulher de repente, de surpresa, num momento em que a mulher não esperava, diríamos que num instante de distração. Ante à distração do primeiro casal, o diabo conseguiu entrar no Jardim para efetuar a sua tarefa destruidora. A distração, o “cochilo espiritual”, é fatal para a saúde espiritual da Igreja. O caminho da vigilância está relacionado com a meditação diuturna da Palavra de Deus. Quando meditamos nas Escrituras, quando as estudamos ininterruptamente, o adversário não encontra brecha para agir.
Observe os passos que levaram a raça humana a pecar:
a) Satanás instigou dúvida em relação à Palavra de Deus: “É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? ” (Gn 3:1b). Eva estava distraída e, por causa disto, o diabo pôde se aproximar e iniciar um diálogo com a mulher, lançando-a no campo da dúvida. Diante de tanta amabilidade, Eva aceitou o diálogo, porém, não mostrou firmeza, pois a sua resposta não correspondeu aquilo que, de fato, Deus havia dito. Nossas dúvidas e inseguranças na Palavra de Deus tornam Satanás mais ardiloso.
b) Eva demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Eva declarou (falando sobre a árvore do conhecimento do bem e do mal): “... do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem neletocareis, para que não morrais”.
Dá para perceber que a mulher demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Enquanto a ordem divina era para que não se comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf. Gn 2:16,17), a mulher respondeu à serpente que a ordem era a proibição de comer e tocar na árvore que estava no meio do jardim (Gn 3:3). Vemos aqui, portanto, que a mulher alterou em dois pontos a ordem divina, a saber: (a) árvore da ciência do bem e do mal por árvore que está no meio do jardim; (b) não comereis por não comereis nem tocareis.
c) Satanás contradita o próprio Deus. Face o desconhecimento da Palavra de Deus, agora Satanás estava em condições de contraditar o próprio Deus, pois, sentiu que já tinha o controle sobre a mulher. Mais uma vez, com muita sutileza, lançou dúvidas quanto à veracidade da Palavra do próprio Deus - “... certamente não morrereis”. Uma maneira muito sutil de afirmar que Deus havia mentido.
Satanás deturpou o mandamento do Senhor ao sugerir que Deus ocultava algo benéfico para Adão e Eva. Satanás se atreveu a negar as consequências da desobediência, como fazem até hoje seus seguidores, ao continuarem negando a existência do inferno e a punição eterna.
d) Satanás desperta na mulher a soberba e o desejo de ser como Deus. Não tendo havido nenhuma reação por ter ouvido que a Palavra do Criador não era verdadeira, então Satanás com maior sutileza deu sua cartada final, despertando, agora, a soberba e o desejo de ser como Deus: “Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn 3:5).
Satanás utilizou-se de um motivo sincero para testar Eva: “sereis como Deus”. Eva não estava errada em querer ser como Deus. Tornar-se mais parecido com Deus é o maior objetivo da humanidade. Deveríamos ser assim. Mas Satanás enganou Eva no que diz respeito ao modo de alcançar esse objetivo. Ele alegou que ela poderia parecer-se com Deus desafiando a autoridade dele, tomando o seu lugar e decidindo por si mesma o que era melhor para a sua vida. Na verdade, ele a instruiu a ser seu próprio deus. Entretanto, parecer-se com Deus não é o mesmo que querer ser Deus. Ao contrário, é refletir nas características de Deus e reconhecer a autoridade dele sobre a sua vida. Assim como Eva, possuímos um objetivo valioso, mas tentamos alcançá-lo de forma errada. Agimos como um candidato politico que usa de suborno para ser “eleito”; ao fazer isto, servir a comunidade já não é mais seu objetivo.
A exaltação própria conduz à rebelião contra Deus. Logo que começamos a retirar Deus de nossos planos, colocamo-nos acima dele. E é exatamente isto o que Satanás deseja (Bíblia de estudo Aplicação Pessoal).
O humanismo secular tem perpetuado a mentira de Satanás: “você será igual a Deus”.
e) A derrocada de Adão e Eva. O diabo mentiu, pôs em descrédito os ditos do Senhor e criou fantasias nas quais o primeiro casal acreditou e que foram a sua derrocada. Sem qualquer ameaça, sem nenhuma palavra forte, apenas na sutileza, Satanás já estava com a mulher na “palma de sua mão”. Eva se deixou enganar – pensou que seria como Deus. Olhou – “vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos”; Desejou – “... árvore desejável para dar entendimento...”; Tomou – “... tomou-lhe do fruto...”; Comeu - “... comeu...”; Morreu: morte espiritual instantânea e morte física gradativa. A punição por transgredir o mandamento era a morte - “... no dia em que dela comeres, certamente morrerás”(Gn 2:17).
Uma vez se desprendendo das Escrituras, os homens são iludidos com falsas promessas e fantasias (que as Escrituras denominam de “fábulas”, ou seja, “contos da carochinha” (1Tm 1:4; 4:7; 2Tm 4:4; 2Pe 1:16), falsidades que a seu tempo se revelarão e que, infelizmente, para muitos, significarão a morte eterna.
2. O agente passivo da tentação. “... e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3:6). Eva foi enganada (1Tm 2:14), mas Adão agiu intencionalmente, em rebelião deliberada contra Deus. Concordo com o pr. Claudionor quando diz que Eva pecou antes de Adão, e Satanás, por seu turno, pecara muito antes de Eva. Todavia, o pecado entrou no mundo não através da mulher, nem por intermédio do Diabo. O grande responsável pela introdução da apostasia no mundo foi Adão. É o que esclarece Paulo: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5.12).
Adão e Eva tiveram o que queriam: um conhecimento profundo do bem e do mal. Mas isto eles conseguiram cometendo pecado e os resultados foram, portanto, desastrosos. Algumas vezes, temos a ilusão de que “liberdade” é fazer o que queremos. Mas Deus diz que a verdadeira liberdade vem da obediência e da consciência do que não deve fazer. As restrições impostas por Ele são para o nosso bem, para ajudar-nos a evitar o mal. Temos a liberdade de andar em frente a um carro em alta velocidade, mas não precisamos ser atropelados para perceber quão tolo isto seria. Não dê ouvidos às tentações de Satanás. Você não precisa fazer o mal para adquirir mais experiências e aprender mais sobre a vida (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).
III. O JUÍZO DE DEUS (Gn 3:8-19)
Deus havia provido tudo para o bem do homem e havia proibido uma única coisa. Ao ceder à voz de Satanás, o homem escolhia agradar-se a si mesmo, desobedecendo deliberadamente a Deus. Era um ato de egoísmo e rebelião inescusável. Na realidade, era atribuir a si o lugar de Deus.
1. As consequências teológicas da queda são as seguintes:
a) Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: seus olhos "foram abertos". Adão e Eva chegaram a assemelhar-se a Deus, distinguindo entre o bem e o mal, porém, seu conhecimento se diferencia do conhecimento de Deus em que o conhecimento deles foi o da experiência pecaminosa e contaminada. Deus, ao contrário, conhece o mal como um médico conhece o câncer, porém, o homem caído conhece o mal como o paciente conhece sua enfermidade. A consciência deles despertou para um sentimento de culpa e vergonha.
b) Interrompeu-se a comunhão com Deus, e então fugiram de sua presença. O pecado sempre despoja a alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. Essa é a morte espiritual e cumpre, num sentido mais profundo, a advertência de que o homem morreria no dia em que comesse do fruto proibido (Gn 2:17).
c) A natureza humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar. Já não era inocente como uma criança, mas sua mente se havia sujado e ele sentia vergonha de seu corpo. Outra prova da sua natureza corrompida: ele lançou a culpa sobre sua mulher. Adão chegou a insinuar que Deus era o culpado: "A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" (Gn 3:12). Isto é uma demonstração clara da natureza decaída do homem.
2. Juízo de Deus. Deus castigou o pecado com dor, sujeição e sofrimento. Um Deus santo e justo não pode fazer vista grossa à rebelião de suas criaturas. Ele é o justo Juiz.
a) Sobre a serpente (Gn 3:14,15). ”Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida” (Gn 3:14). “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15).
O Senhor Deus amaldiçoou a serpente a viver de modo degradante e em desgraça e derrota. O fato de a serpente ter sido amaldiçoada junto com todos os animais domésticos e todos os animais selváticos sugere que o texto de Gn 3:14 está se referindo à espécie biológica dos répteis, e não a Satanás. Mesmo no Milênio quando a natureza dos animais for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is 65:25).
b) Sobre a mulher (Gn 3:16). “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”.
A mulher sofreria dores no parto e estaria sujeita a seu marido. Mas, estar sujeita a seu esposo é maldição? Não deve ter a família uma cabeça? Além do mais, não está aí uma figura da relação entre Cristo e a Igreja? (Ef 5:22,23). O mal consiste em que a natureza decaída do homem torna-o propenso a abusar de sua autoridade sobre a mulher; do mesmo modo que a autoridade do marido sobre a mulher pode trazer sofrimento, o desejo feminino a respeito de seu esposo pode ser motivo de angústia. O desejo da mulher não se limita à esfera física, mas abrange todas as suas aspirações de esposa, mãe e dona-de-casa. Se o casamento fracassa, a mulher fica desolada.
c) Sobre o homem (Gn 3:17-19). “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”.
O homem sentenciado a obter alimento de uma terra amaldiçoada com espinhos e cardos. Isto significa que ele teria de trabalhar o resto da vida em fadigas e com suor do rosto até retornar ao pó.
Devemos observar que o trabalho não é uma maldição. Em geral, o trabalho é uma bênção. A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao suor e ao cansaço que acompanham o trabalho.
Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm 8:22).
3. A promessa de um juízo redentivo (Gn 3:15). “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Esta é a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação. Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o casal, Deus, o justo Juiz, abriu um espaço para a redenção. Observe a bondade de Deus ao prometer a vinda do Messias antes mesmo de decretar a sentença de juízo condenatório ao homem e a mulher.
Este versículo é conhecido como protoevangelho, isto é, “o primeiro evangelho”. O texto anuncia a inimizade perpétua entre Satanás e a mulher (que representa toda a humanidade), e entre a descendência de Satanás (seus representantes) e o seu descendente (o descendente da mulher, o Messias). O descendente da mulher feriria a cabeça de Satanás. Essa ferida foi infligida no Calvário, quando o Salvador triunfou sobre Satanás. Este, por sua vez, feriria o calcanhar do Messias. Essa ferida se refere ao sofrimento (incluindo morte física), mas não à derrota final. Cristo sofreu na cruz e morreu, mas ressuscitou dentre os mortos, vitorioso sobre o pecado, o inferno e Satanás.
CONCLUSÃO
Embora a queda tenha acarretada tanta desgraça para o ser humano, nós aprendemos que há uma esperança para o pecador, em Cristo Jesus. Através de Cristo, Deus Pai provê-nos eterna e suficiente redenção, dispensando-nos um tratamento mui especial.
O homem enquanto vive neste mundo, antes da morte física, ele tem a escolha de aceitar ou não o amor de Cristo. Se ele o aceita, estará aceitando ir morar com Cristo, estar ao lado dEle para sempre (João 3:16-21; 14:1-3; 17:24). A alma daqueles que aceitam a Cristo estarão na luz para sempre; no momento da morte física vão para o paraíso (Lc 23:43), um lugar de gozo espiritual, um lugar de alegria. O Paraíso é um lugar de espera até o arrebatamento da Igreja, pois neste dia Jesus Cristo virá até as nuvens e todos os mortos que morreram em Cristo, ressurgirão num corpo incorruptível, um corpo glorioso (Fp 3:21, 1Co 15:12, 51,52), e daí para frente estarão para sempre junto do Senhor, seja no reinado de Cristo no milênio (Ap 3:21 e 20:4), e na eternidade futura na nova Jerusalém celestial (Ap 21).
Fonte: ebdweb