Texto Base: Gênesis 2:18-24
"Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn.2:24).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da Família e a sua natureza, e aqui concluímos o trimestre letivo. A família é instituição criada por Deus. Antes de fundar a Igreja, Deus instituiu a família, por meio do casamento entre um homem e uma mulher (Gn.2:24). No salmo 128, encontramos o valor da família no plano de Deus: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao SENHOR!” (Sl.128:1,3,4). Estas são promessas de Deus para a família que nele crê, teme-o e lhe obedece. Deus disse a Abraão: “E abençoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.12:3). Deus deseja que, em cada lar, haja um ambiente espiritual que honre e glorifique o seu nome. O amor de Deus pela humanidade faz com que Ele veja todas as famílias da terra como alvo de sua bênção, pois todos os homens a Ele pertencem (Sl.24:1). Porém, só podem desfrutar do favor de Deus as famílias que se sujeitam a obedecer à sua Palavra. Nestes últimos dias da Igreja na Terra, o espírito do Anticristo tem dominado a mente do homem, a tal ponto de promover verdadeira subversão dos valores morais, que se fundamentam na Palavra de Deus. Uniões abomináveis de pessoas do mesmo sexo têm sido aprovadas por lei, como se fossem famílias, em aberta afronta à Lei de Deus. A Igreja precisa ardentemente preservar os valores morais constituídas por Deus para a família, pois são inegociáveis. Se os pilares morais que formam e sustentam a família forem destruídos, a sociedade se extinguirá, e, por conseguinte, a Igreja terá suas estruturas abaladas. A família é a base de nossa vivência, dela nascemos e dela dependemos na maior parte da existência. Isso é plano de Deus.
I. A ORIGEM
A origem da família remonta à criação do homem e da mulher como a base da formação familiar.
1. O Homem e a Mulher. O Espírito Santo, ao inspirar Moisés, quando este escrevia o Livro de Gênesis, foi criterioso ao declarar que Deus criou macho e fêmea – “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou “(Gn.1:27). Segundo o Pr. Esequias Soares, a palavra hebraica usada para "homem" neste texto é adam, que serve tanto para o nome do primeiro homem que Deus criou, como também para "homem" no sentido de representante do ser humano, semelhantemente à palavra grega anthropos. A expressão final, "macho e fêmea os criou", mostra que adam, nesse versículo, diz respeito ao ser humano. Isso revela a igualdade de ambos, macho e fêmea, homem e mulher, como portadores da imagem de Deus; a diferença está na sexualidade (1Pd.3:7).
Como se vê, em Gênesis 1:27, o “macho” é chamado de “Homem”; a “fêmea” é chamada de “Mulher”. O macho, o Homem, é chamado de um ser do sexo masculino; a fêmea, a Mulher, é chamada de um ser do sexo feminino. Para a Bíblia existem, apenas, dois tipos de sexo: ou a criatura é Homem, ou, então, é Mulher. Não existe a “coluna do meio”. Um homem e uma mulher, biblicamente, formam um casal. Ao reunir esse casal, Deus instituiu o que chamamos hoje de casamento; e, conforme afirma o apóstolo Paulo, o homem e mulher, são mutuamente dependentes (1Co.11:11).
Portanto, a primeira Família, formada pelo próprio Deus, teve como princípio a formação de um casal, ou seja, Deus uniu, com a sua bênção, um homem e uma mulher – “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a”(Gn.1:28). Estava, assim, realizado, pelo próprio Deus, o primeiro casamento, e determinado uma de suas principais funções: a perpetuação da raça humana através da geração de filhos. Portanto, segundo o plano de Deus, o modelo para formação de uma Família é a união de um casal, de um homem e de uma mulher, ou seja, de um macho e de uma fêmea - “Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”(Gn.2:24). Qualquer tentativa de formar uma Família contrariando este princípio estabelecido por Deus é contrária à Bíblia Sagrada. O Senhor Jesus Cristo fez questão de confirmar este princípio declarando: “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher. E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois mas uma só carne”(Mc.10:6-8). Portanto, pelo casamento entre um homem e uma mulher, forma-se uma Família. Essa Família poderá, ou não, ter filhos.
2. A formação da Mulher. Para ser companheira do homem, Deus criou uma mulher – “E disse o Senhor Deus: não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma de suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher; e trouxe-a a Adão”(Gn.2:18,22). Esta foi a decisão de Deus para suprir a carência afetiva e física do homem. Qualquer desvio deste princípio contraria a decisão de Deus, e constitui pecado. Observemos a simplicidade da declaração bíblica, ao dizer: “formou uma mulher”. Esta mulher foi formada como resultado da decisão de Deus de que não era bom que o homem estivesse só. Assim, biblicamente, para ser companheira do homem, Deus formou uma mulher.
II. A FAMÍLIA
A Família está inserida dentro de um contexto social, e, portanto, sujeita a mudanças. Porém, os princípios divinos para as Famílias são eternos e imutáveis (Mt.24:35).
1. Conceito de família entre os antigos hebreus. Entre os antigos hebreus o modelo familiar apresentava aspectos variáveis. Vejamos, sucintamente, alguns modelos que a Bíblia apresenta:
a) Família patriarcal. Neste modelo, a figura do pai (pater) tinha um papel bem definido, como sendo o líder do grupo familiar inconteste, em todos os sentidos. Na família patriarcal, quase sempre não era observado o princípio da monogamia, estabelecido por Deus no Éden, quando o homem deixaria pai e mãe e se uniria à sua mulher (Gn.2:24) para formar o lar e a família. Em grande parte, a família patriarcal era poligâmica. O Antigo Testamento demonstra que todos os primeiros patriarcas, Abraão, Isaque, Jacó e outros, eram polígamos. Lameque foi o primeiro a rejeitar o princípio do casamento monogâmico, ordenado por Deus (Gn.2:22-24) – “E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá” (Gn.4:19). A partir daí a depravação hereditária se alastrou progressivamente no lar e na Família. Deus tolerou a poligamia, mas nunca a aprovou, por ser prática estranha ao seu projeto para a constituição da família.
A família patriarcal era típica no contexto histórico e cultural do Antigo Testamento. Além do pai, da mãe e dos filhos, a família patriarcal incluía as concubinas, das quais nasciam filhos, que eram parte do grupo familiar, causando, por vezes, muitos transtornos, com nascimento de meios-irmãos, que competiam quanto aos direitos da prole, principalmente no que tangia às questões de herança. Neste modelo de família as esposas e os filhos não tinham liberdade de escolha, pois a palavra final era sempre do patriarca. O pai de família era o líder espiritual, responsável pela prática e o respeito dos ritos da religião que a família adotava. Abraão, Isaque e Jacó eram líderes de sua parentela. Eram verdadeiros sacerdotes em seus lares.
b) Família ampliada. Este modelo de Família no antigo Israel é aquele em cuja convivência há pessoas além dos cônjuges e filhos. Considerando que a base da economia do antigo Israel era a agricultura e o pastoreio, a família nuclear com poucos membros via-se em dificuldade por falta de mão-de-obra para o sustento da casa. Por isso, ela poderia se estender com parentes próximos - tios e primos - ou com duas ou mais gerações vivendo juntas (cf. Gn.24:67). Quando se tratava de famílias ricas, acrescentavam-se servos e estrangeiros, como no caso de Abraão (cf. Gn.14:14), ou como previsto na legislação mosaica (cf. Êx.23:12). Saul, por exemplo, aparece na Bíblia com a menção de seu pai, avô, bisavô, trisavô, e também da tribo (1Sm.9:1,2). No Novo Testamento, temos o exemplo de Pedro, que possivelmente tinha a sua sogra por perto.
c) Família nuclear. Também chamada de “família tradicional”, formada por pai, mãe e filhos, como núcleo familiar (Sl.128:1-4), em torno do qual se desenvolvem os descendentes, parentes e outros que a ela se agregam. É a família ideal, pois tem origem na mente de Deus (Gn2:24), o Criador, e atende a seus propósitos para o desenvolvimento, o bem-estar e estabilidade social. Exemplo de família nuclear na Bíblia: José, Maria, Jesus e seus irmãos.
2. O papel da mulher na sociedade israelita. Percebe-se pelo texto de Provérbios, capítulo 31, que o papel da mulher na sociedade israelita, nos tempos do Antigo Testamento, especialmente no antigo Oriente Médio, era muito bem definido. A vida cotidiana exigia da mulher uma atitude firme frente aos afazeres domésticos, como bem descreve o livro de Provérbios capítulo 31:10-28, que destaca algumas características louváveis de uma mulher virtuosa tais como: o marido confia nela (Pv.31:11); trabalha com a próprias mãos, tem iniciativa própria (Pv.31:13); acorda cedo, cuida das refeições da família e delega tarefas aos empregados da casa (Pv.31:15); é ativa nos negócios e no trabalho secular (Pv.31:16); é generosa (Pv.31:20); preocupa-se com aparência da família (Pv.31:21); ela é determinada e não vive ansiosa quanto ao futuro (Pv.31:25); ela é prudente no que fala (Pv.31:26); assume suas responsabilidades como dona de casa e não é preguiçosa (Pv.31:27); ela é amada, aceita, respeitada e valorizada pelo marido e pelos filhos (Pv.31:28). Estas são características exercidas por uma mulher casada na sociedade israelita no Antigo Testamento, um sonho de todo filho, e uma esperança para qualquer marido. Nos dias em que vivemos, não convém aos homens imaginar que conseguirão uma esposa com todos esses atributos, nem as mulheres tentar imitar esse modelo em todos os detalhes; apenas deve ver essa mulher como uma inspiração para você ser tudo o que puder ser. Talvez não possa ser como ela, mas pode aprender com seu trabalho, integridade e desenvoltura.
III. PRINCÍPIOS BÁSICOS
Deus estabeleceu a Família para companheirismo mútuo, felicidade e para uma convivência amorosa. Ela tem como fundamento basilar o casamento, que, conforme a declaração de Gênesis 2:24 – “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" -, apresenta três princípios básicos: monogamia (1Co.7:2), heterossexualidade (Gn.4:1,25) e indissolubilidade (Mt.19:6).
1. Casamento. É a mais fundamental de todas as relações sociais. Trata-se da união íntima e verdadeira entre duas pessoas de sexos opostos que manifestam publicamente o desejo de viverem juntas mediante um pacto solene e legal. Sendo uma instituição criada por Deus, o casamento tem o objetivo de ser a base da família e, consequentemente, de toda a sociedade. O padrão para o matrimonio bíblico é que seja realizado entre um homem e uma mulher. E dentro dessa única e correta perspectiva, há mandamentos diretos para ambos os cônjuges.
Como bem diz o pr. Elinaldo Renovato, em seu livro “A família Cristã e os ataques do inimigo”, o casamento cristão deve ser construído sobre as bases do amor a Deus e do amor conjugal verdadeiro. É a única forma de união consagrada por Deus para a constituição da família, objetivando o bem-estar do ser humano em todos os aspectos da vida. Por ser uma instituição criada por Deus, para atender seus propósitos quanto às finalidades divinas para a existência do homem na Terra, não é de admirar que o matrimônio tem sido atacado de maneira constante, sistemática e violenta. A exemplo do "ladrão", que só vem "a roubar, a matar e a destruir" (João 10:10), Satanás luta diutumamente para prejudicar o plano de Deus para a vivência do ser criado à sua imagem e semelhança. A História, e mais claramente a História Contemporânea, demonstra de forma inequívoca que o casamento é um dos alvos preferenciais das forças satânicas. Sob o pretexto de "evolução", "progresso" e "avanços sociais", novas formas de união tem sido inventadas e aceitas pela sociedade sem Deus. Mas os cristãos devem preservar e cultivar o matrimônio monogâmico (1Co.7:2) e heterossexual (Gn.4:1,25, como uma bênção de Deus para a humanidade.
2. Monogamia. Monogamia é o ideal divino. O Criador instituiu o matrimônio com a união de um homem e uma mulher (Gn.2:18-24; Mt.19:5; Mc.19:7) - “Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher”. Aqui, não é dito que o homem deve unir-se às suas mulheres. Deus não criou mais de uma mulher para Adão nem mais de um homem para Eva. Tanto a poligamia quanto a poliandria estão em desacordo com os princípios de Deus para o casamento (Dt.28:54,56; Sl.128:3; Pv.5:15-21; Ml.2:14).
A Monogamia não foi estabelecida apenas na criação, mas também foi reafirmada na entrega da lei moral. A lei de Deus ordena: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo...”(Ex.20:17). O uso do singular é enfático. Moisés não deu provisão à questão da poligamia.
Em o Novo Testamento a poligamia é condenada por Jesus e pelo apóstolo Paulo. Jesus, em Sua resposta aos fariseus, quando estes lhe interrogaram acerca do divórcio, foi clarividente que Deus criou o casamento monogâmico. Ele disse: “Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher...”(Mt.19:5). Ele não disse: “suas mulheres”, e sim, “sua mulher”. A resposta do Senhor remonta às origens do casamento e da própria criação (cf. Gn.2:24).
O apóstolo Paulo, também, proíbe a poligamia no casamento (1Co.7:2). Ele afirma: “Cada um [singular] tenha a sua própria esposa, e cada uma [singular] tenha o seu próprio marido” (1Co.7:2). Paulo coloca o aspecto singular de que a poligamia não é o padrão moral de Deus para o seu povo. Cada um deve ter a sua esposa, e cada uma o seu marido. Tanto a poligamia - um homem ter mais de uma mulher -, quanto a poliandria - uma mulher ter mais de um marido -, estão em desacordo com o ensino das Escrituras.
Ao mencionar as qualificações do presbítero, Paulo adverte: “É necessário, portanto, que o bispo seja (...) esposo de uma só mulher...” (1Tm.3:2). O diácono também deve ser “marido de uma só mulher” (1Tm 3:12). Portanto, a liderança eclesiástica deve ser o exemplo dos fiéis em tudo, e esse exemplo inclui o casamento bíblico (1Tm.4:12).
3. Heterossexualidade. O relacionamento sexual aprovado na Bíblia é o de um homem e de uma mulher dentro do matrimônio. Aliás, um dos propósitos divinos na criação do homem e da mulher é a procriação, visando a conservação dos seres humanos na terra – “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn.1:27,28). E não existe outra forma de procriação a não ser por meio de uma relação heterossexual. O homem se une sexualmente à sua esposa, como resultado do amor conjugal, não só para procriar, mas para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa (Pv.5:18).
Em 1Co.7:2 Paulo afirma: “Cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma tenha o seu próprio marido”. Quando Paulo diz que cada um tenha a sua esposa e cada uma tenha o seu marido, fica clara a ideia de uma relação heterossexual. Embora a união homossexual fosse algo comum no tempo de Paulo, ele define essa prática como uma paixão infame, um erro, uma disposição mental reprovável, uma abominação para Deus. A relação homossexual pode chegar a ser aprovada pelas leis dos homens, por causa da corrupção dos costumes, mas jamais será chancelada pelas leis de Deus. Uma decisão não é ética, apenas por ser legal. Ainda que a relação homossexual se torne legal pelas leis dos homens, jamais será aprovada por Deus, pois fere frontalmente a Sua Lei.
Portanto, Deus criou a Família com propósitos que exigem a heterossexualidade, entre as quais, a procriação e a complementaridade afetiva e emocional, que só é possível diante de uma união entre pessoas de sexos diferentes. Se não fosse a união heterossexual, promovida por Deus, desde o princípio, a raça humana não teria subsistida.
4. Indissolubilidade. O casamento não é apenas monossomático, monogâmico e heterossexual, mas também indissolúvel. No projeto de Deus, o casamento é indissolúvel; deve ser para toda a vida; é uma união permanente. O divórcio é um atentado contra a família. Quem mais sofre com ele são os filhos. As consequências amargas do divórcio atravessam gerações. Deus odeia o divórcio (Ml.2:16).
O casamento é indissolúvel porque foi Deus quem o instituiu e o ordenou. O próprio Jesus disse: “... o que Deus ajuntou não separe o homem”(Mt.19:7). Logo, nenhum ser humano tem competência nem autoridade para desfazer o que Deus faz. Mesmo que um juiz lavre uma certidão de divórcio e declare uma pessoa livre dos vínculos do casamento, aos olhos de Deus essa relação não é desfeita. O casamento só termina pela morte de um dos cônjuges (Rm.7:3), pela infidelidade conjugal (Mt.5:32; 19:9) ou pela deserção por parte do cônjuge descrente (1Co.7:15).
O divórcio é a quebra do nono mandamento da lei de Deus, ou seja, um falso testemunho, a quebra de um juramento feito na presença de Deus. Mesmo que um casal não tenha buscado a orientação de Deus para o casamento, uma vez firmada a aliança, Deus a ratifica. Ele é a testemunha da união entre um homem e uma mulher – “Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher do teu concerto” (Ml.2:14).
IV. O DESAFIO DA IGREJA
1. Institucionalização da iniquidade. Iniquidade é o ato de transgredir a lei ou os bons costumes; é ação que desagrada alguém ou a muitas pessoas; é ato malvado; é transgressão às leis. Deus instituiu a família a partir da união entre um homem e uma mulher (Gn.2:24; 1:27,28), mas o atual sistema de coisas quer institucionalizar a iniquidade ao considerar legitima a união de pessoas do mesmo sexo. Isto é uma verdadeira afronta a Deus, uma transgressão à Sua Lei (cf. Lv.18:22; 20:13). Aliás, afrontar a Deus é uma tendência humana desde o princípio da humanidade e vai continuar até o final dos tempos. Atualmente, estamos vendo isso com bastante clareza em todos os sistemas que o maligno tem dominado.
A união de pessoas do mesmo sexo é a própria negação do conceito bíblico de família, que diz que uma família se constitui quando um varão deixa seu pai e sua mãe e se une à sua mulher e se constituem em uma só carne, como se vê claramente em Gn.2:24. Não é possível que uma união de pessoas do mesmo sexo possa constituir uma família, pois Deus criou a família com propósitos que exigem a heterossexualidade, entre as quais, a procriação e a complementaridade afetiva e emocional, que só é possível diante de uma união entre pessoas de sexos diferentes. Sem dúvida, o ajuntamento homossexual é uma excentricidade e uma abominação aos olhos de Deus (ler Lv.18:22).
Deus condena a prática homossexual, e isto está bastante claro nas Sagradas Escrituras (cf. Dt.23:17; Lv.18:22). O avanço dessa prática é um dos sinais do fim dos tempos (Lc.17:28-30; Jd.7); é um grande desafio que a Igreja tem que enfrentar, haja vista que essa prática danosa tem de forma clara grassado os seus termos com a devida anuência de líderes de tendências liberais. A Bíblia condena de maneira direta tal estilo de vida (Rm.1.26,27; 1Co.6:10; 1Tm.1:9,10). Atente para a seguinte advertência do apóstolo Paulo:
“Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus” (1Co.6:10).
2. A inversão de valores. Neste tempo pós-moderno testemunhamos uma inversão de valores no campo da vida moral - chamamos luz de trevas e trevas de luz; chamamos o doce de amargo e o amargo de doce; temos visto nossa sociedade justificando o perverso e condenando o justo. O que se vê hoje é a tentativa de tornar o errado certo e o certo, errado (Is.5:20). O mundo atual está invertendo os valores em busca do hedonismo, ou seja, a procura indiscriminada do prazer, gozo sensual, deleite sexual (1João 2:16). O apóstolo Paulo denunciou este comportamento hedonista, dizendo que "mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!"(Rm.1:25 - ARA).
Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo, hodiernamente, defende a ideia do "relativismo moral”, ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro deste pensamento, entende-se que não pode ser imposto qualquer comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não entendem. Não se pode negar a liberdade de cada indivíduo de viver conforme a sua vontade, pois o livre-arbítrio foi dado ao ser humano pelo próprio Deus e, desta forma, é igualmente antibíblico agir de forma a negá-lo ou procurar massacrá-lo, mas não resta dúvida de que existe uma ordem universal instituída por Deus e que essa ordem deve ser observada pelo ser humano. O homem, na sua loucura, pode até colocar de ponta-cabeça os princípios que devem reger a família e a sociedade, mas não pode fugir das consequências inevitáveis de suas encolhas insensatas. Ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem em Sua Palavra.
“O cristão que tem a mente de Cristo conhece a sua vontade e seu propósito, por isso ele aprende a viver com uma consciência dos valores morais e espirituais estabelecidos por sua Palavra. Quando praticamos alguma ação, dizemos uma palavra, pensamos algo ou adotamos alguma atitude, devemos agir com uma mente espiritual. Devemos sempre comparar nossas ações à luz da justiça que a Bíblia apresenta. Nossas ações devem corresponder à uma consciência baseada na Palavra de Deus (2Tm.3:16,17)" (CABRAL, Elienai. A Síndrome do Canto do Galo: Consciência Cristã. Um desafio à ética dos tempos modernos, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.134).
CONCLUSÃO
Aprendemos que a família, biblicamente falando, deve nascer do casamento, que é o gesto de deixar pai e mãe e se unir a uma pessoa do sexo oposto para com ela formar um novo projeto de vida, e o fator principal que deve nortear este deixar e o subsequente unir não é outro senão o amor, o chamado “amor conjugal”, que nada mais é que o mesmo amor existente em Deus, mas aplicado para a formação de uma família. Uma família não pode ser construída nem sustentada, se não houver este esteio sustentador entre os cônjuges, e tem sido a ausência deste fator preponderante no relacionamento uma das principais causas das crises em muitas famílias. Lembre-se: a vontade de Deus, o amor e a fidelidade são as bases estruturais fundamentais do relacionamento entre os cônjuges, os quais devem estar presentes diariamente no relacionamento conjugal. Lembre-se disso!
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Luciano de Paula Lourenço