3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Esdras 4:7,9,11-13,15,16,21-24
26/07/2020
“Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar" (Ne.4:6).
Esdras 4.
7. E, nos dias de Artaxerxes, escreveu Bislão, Mitredate, Tabeel e os outros da sua companhia a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta estava escrita em caracteres aramaicos e na língua siríaca.
9. Então, escreveu Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, e os outros da sua companhia: dinaítas e afarsaquitas, tarpelitas, afarsitas, arquevitas, babilônios, susanquitas, deavitas, e lamitas
11.Este, pois, é o teor da carta que ao rei Artaxerxes lhe mandaram: Teus servos, os homens daquém do rio e em tal tempo.
12.Saiba o rei que os judeus que subiram de ti vieram a nós a Jerusalém, e edificam aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros, e reparando os seus fundamentos.
13.Agora, saiba o rei que, se aquela cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, eles não pagarão os direitos, os tributos e as rendas; e assim se danificará a fazenda dos reis.
15.para que se busque no livro das crônicas de teus pais, e, então, acharás no livro das crônicas e saberás que aquela foi uma cidade rebelde e danosa aos reis e províncias e que nela houve rebelião em tempos antigos; pelo que foi aquela cidade destruída.
16.Nós, pois, fazemos notório ao rei que, se aquela cidade se reedificar e os seus muros se restaurarem, desta maneira não terás porção alguma desta banda do rio.
21.Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens parem, afim de que não se edifique aquela cidade, até que se dê uma ordem por mim.
22.E guardai-vos de cometerdes erro nisso; por que cresceria o dano para prejuízo dos reis?
23.Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes se leu perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência.
24.Então, cessou a obra da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e cessou até ao ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos um momento especial na vida do povo de Deus após o exílio: a reedificação do Templo, um lugar de adoração e comunhão com o Todo-Poderoso. O Altar dos sacrifícios, centro do culto judaico, já tinha sido restaurado, havia sacrifício e expiação pelo pecado sendo oferecidos ao Senhor (Ed.3:2-4). Agora, o próximo passo era a restauração do Templo; eles tinham isso como prioridade. Então, eles lançaram os alicerces do Templo. Mas, logo que a construção começou, a oposição dos inimigos se levantou (Ed.4:4) - "Todavia, o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá e inquietava-os no edificar". Conscientizemo-nos de que a vida do povo de Deus é uma guerra contínua, é uma batalha sem trégua. É impossível fazer a Obra de Deus sem oposição.
I. OS ALICERCES DO TEMPLO SÃO LANÇADOS
O Templo constituía-se no próprio sinal da presença de Deus no meio do povo de Israel, tanto que o Templo de Salomão, ao ser inaugurado, teve a manifestação sobrenatural da presença da glória do Senhor (cfr. 2Cr.7:1), numa clara demonstração de que Deus Se agradara da edificação, que ela fora feita segundo a Sua vontade e que, a partir de então, o Templo seria uma das principais marcas da aliança entre Deus e Israel. O povo sabia desta realidade, por isso alegremente se empenhou em reconstruir este recinto sagrado.
Para isto, era necessário contratar pedreiros, carpinteiros, artesãos e outros profissionais; as pedras deveriam ser cortadas e a madeira obtida nas colinas do Líbano, a mesma fonte da qual Salomão obteve a matéria-prima para o primeiro Templo (2Cr.2:8,9). Parte do dinheiro necessário para isto conseguiu-se graças à concessão que lhes tinha feito Ciro, rei da Pérsia. Com a chegada dos materiais que foram cedidos pelo rei Ciro da Pérsia, Zorababel e o povo de Deus se dispuseram nessa grandiosa empreitada e lançaram os alicerces do Templo. Devido à santidade da tarefa, os Levitas foram designados para supervisionar os trabalhadores (Ed.3:8):
“E, no segundo ano da sua vinda à Casa de Deus, em Jerusalém, no segundo mês, começaram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Jozadaque, e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram do cativeiro a Jerusalém e constituíram levitas da idade de vinte anos e daí para cima, para que aviassem a obra da Casa do Senhor”.
1. O lançamento dos alicerces foi celebrado com uma solenidade
O lançamento dos alicerces do Templo começou catorze meses depois do retorno do exílio. Logo após o término dos alicerces, os sacerdotes e os levitas celebraram um culto de consagração. Jesua, ou Josué, era o sumo sacerdote (cf. Ed.2:2; 3:2; Zc.3:1-10). Os sacerdotes e os levitas, vestidos de acordo com o padrão estabelecido, tocaram suas trombetas e seus címbalos, e os corais entoaram o Salmo 136. E o povo jubilou com grande júbilo, louvando ao Senhor pelo que Ele tinha ajudado a realizar. Diz assim o texto sagrado:
“Quando, pois, os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, então, apresentaram-se os sacerdotes, já paramentados e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com saltérios, para louvarem ao Senhor, conforme a instituição de Davi, rei de Israel (Ed.3:10).
“E cantavam a revezes, louvando e celebrando ao Senhor, porque é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com grande júbilo, quando louvou o Senhor, pela fundação da Casa do Senhor” (Ed.3:11).
Note que lançar os alicerces foi a causa da celebração. Os jovens estavam excitados pela perspectiva do que se apresentava. Contudo, muito dos idosos presentes rememoraram a glória do Templo de Salomão e tiveram os corações desconsolados porque esse Templo era menor que a metade do tamanho do anterior (Ed.3:12):
“Porém muitos dos sacerdotes, e levitas, e chefes dos pais, já velhos, que viram a primeira casa sobre o seu fundamento, vendo perante os seus olhos esta casa, choraram em altas vozes; mas muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria”.
A lamentação dos saudosistas juntou-se às vozes de alegria dos demais, de modo que ficou difícil decernir entre uma e outra. Tão alto exclamavam que era possível ouvi-los de mui longe” Ed 3:13):
“De maneira que não discernia o povo as vozes de alegria das vozes do choro do povo; porque o povo jubilava com tão grande júbilo, que as vozes se ouviam de mui longe”.
Não devemos anelar sentimentalmente o passado. Cultivemos a atitude de olhar adiante, na expectativa do que Deus fará a seguir.
2. A reedificação do Santo Templo
O cativeiro da Babilônia, como profetizado por Jeremias, durou setenta anos (2Cr.36:21), tendo Ciro, o rei da Pérsia, de modo milagroso, permitido e até ordenado que o povo de Judá retornasse ao Território de Israel e edificasse novamente o Templo de Jerusalém (2Cr.36:23). Assim, a própria ordem de retorno tinha em si a ordem de edificação do Templo. Deus, assim, demonstrava que havia a necessidade de o povo não só reconstruir a nação no seu território prometido, mas também o lugar de adoração ao nome do Senhor, o que nos demonstra, claramente, que o Templo está indissoluvelmente relacionado com o destino de Israel e de sua aliança com Deus.
“A reedificação do templo foi resultado do despertamento que veio através de Ciro, rei da Pérsia (Ed.1:1,2). Convém lembrar que o despertamento pentecostal, que chegou ao Brasil em 1911, trouxe consigo uma verdadeira renovação da doutrina da Igreja de Deus, que pode ser simbolizada pelo templo de Deus (1Co.3:16). A Igreja de Deus é um mistério (Ef.5:32), que não pode ser compreendido pelo homem natural (1Co.2:14)” (Eurico Bergstén).
II. OS SAMARITANOS OPÕEM-SE À CONSTRUÇÃO DO TEMPLO
Zorobabel, juntamente com o povo, além de trabalhar arduamente na construção, tiveram que enfrentar inimigos externos e internos, homens maus que se infiltraram no meio dos trabalhadores, cujo único objetivo era atrapalhar e impedir a reconstrução. Sempre que desejamos empreender algo em favor do povo de Deus, os adversários se levantam, mas quando confiamos inteiramente no Todo-Poderoso, recebemos forças e coragem para lutar.
Talvez você esteja enfrentando algumas lutas, porém, não desanime, não olhe para os inimigos e não dê atenção às suas críticas; continue a olhar firmemente para Jesus, e seja um vencedor.
1. Entre os moradores da terra estavam os samaritanos
“Samaritano” referia-se a alguém que pertencia à seita religiosa que florescia na vizinhança das antigas Siquém e Samaria, e que sustentava certos conceitos nitidamente diferentes do judaísmo (veja João 4:9). O termo “samaritano” aparece pela primeira vez nas Escrituras depois da conquista do reino de Israel em 742 a.C. - reino do Norte, constituído de 12 tribos de Israel.
“Porque o rei da Assíria passou por toda a terra, subiu a Samaria e a sitiou por três anos. No ano nono de Oseias, o rei da Assíria tomou a Samaria e transportou a Israel para a Assíria; e os fez habitar em Hala, junto a Habor e ao rio Gozã, e nas cidades dos medos. Tal sucedeu porque os filhos de Israel pecaram contra o Senhor, seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram a outros deuses” (2Reis 17:5-7).
“[...] assim, foi Israel transportado da sua terra para a Assíria, onde permanece até ao dia de hoje. O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e habitaram nas suas cidades” (2Reis 17:23,24).
Assim surgiram os samaritanos. Portanto, sem dúvida, muitos samaritanos eram o resultado de casamentos mistos. Num período posterior, o nome tinha uma conotação mais religiosa do que étnico ou político.
Com o tempo, “samaritanos” passou a referir-se aos descendentes dos que foram deixados em Samaria e dos levados para lá pelos conquistadores assírios. Tudo indica que os assírios não retiraram dali todos os habitantes israelitas, porque o relato de 2Cr.34:6-9 (compare isso com 2Rs.23:19,20) dá a entender que, durante o reinado do rei Josias, ainda havia israelitas naquele território. Certamente, esses remanescentes israelitas, que foram deixados para trás, ensinaram o recém-chegado povo pagão a temerem ao Senhor; todavia, eles nunca deixaram os seus deuses. Assim, os samaritanos continuavam servindo a seus deuses, mas também prestavam culto ao Deus de Israel (2Rs.17:33) – “De maneira que temiam o Senhor e, ao mesmo tempo, serviam aos seus próprios deuses, segundo o costume das nações dentre as quais tinham sido transportados”.
Quando Nabucodonosor levou o reino de Judá cativo para Babilônia, os samaritanos passaram a morar na terra. Quando o povo voltou do exilio foi terrivelmente perseguido por eles, principalmente à época da reconstrução do Templo, tendo como liderança Zorobabel, e dos muros de Jerusalém, tendo como liderança Neemias.
2. Os samaritanos tentam frustrar a construção do Templo (Ed.4:4,5)
“Então, as gentes da terra desanimaram o povo de Judá, inquietando-o no edificar; alugaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano, todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até ao reinado de Dario, rei da Pérsia” (Ed.4:4,5).
Os samaritanos foram a grande pedra no sapato de Zorobabel, líder do povo de Deus à época. A princípio, eles chegaram-se a Zorobabel e fingiram estar interessados na reconstrução do Templo. Os samaritanos também se queixavam de que adoravam Jeová, porém, o Senhor representava apenas mais um entre os muitos deuses de seu sistema religioso idólatra. Zorobabel e os demais líderes recusaram a oferta de ajuda dos samaritanos.
Modificando a estratégia, os samaritanos passaram a desanimar “o povo de Judá, inquietando-o no edificar” (Ed.4:4). Além disso, contrataram conselheiros para comparecer à corte persa e fazer lobby contra o povo de Deus, afim de frustrarem o trabalho dos judeus (Ed.4:12,13). O plano diabólico funcionou; o rei que recebeu aquela carta não conhecia bem o assunto, e mandou sustar a obra (Ed 4:21).
“Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens parem, a fim de que não se edifique aquela cidade, até que se dê uma ordem por mim”.
Os inimigos de Judá conseguiram interromper a obra de reconstrução do templo até ao segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia (Ed.4:5). É bom ressaltar que esse Dario não é o mesmo de Daniel capítulo 6; trata-se de Dario, o Grande, que ascendeu ao poder em 522 a.C. O profeta Ageu começou a profetizar no segundo ano do reinado desse monarca; nesse período a reconstrução do Templo já estava paralisada havia quinze anos, e o Templo permanecia em ruinas (Ed.4:1-5). Os judeus tinham apenas lançado os alicerces e abandonado a obra devido à oposição dos de fora e a desmotivação dos de dentro. A mensagem de Ageu, porém, foi poderosa e eficaz, pois os líderes e o povo reagiram e reconstruíram o Templo em quatro anos, concluindo-o em 516 a.C. (Veremos isso com mais detalhes na próxima Aula).
3. Oposição persistente (Ed.4:1-23)
É bom esclarecer a seguinte sequência de fatos de Esdras 4:1-23. O autor usa vários documentos para descrever uma série de tentativas para anular os esforços de reconstrução dos judeus. Os versos 1-5 acontecem durante o reinado de Ciro (559-529 a.C.). O verso 6 menciona uma carta de acusação contra os judeus escrita durante o reinado de Assuero, ou Xerxes, (485-465 a.C.). Os versos 7-23 se referem a outra carta escrita nos dias de Artaxerxes I (464-424 a.C.), acusando os judeus de rebeldia por tentarem reconstruir a cidade e os muros de Jerusalém. Em vista disso, o rei ordenou a suspensão das obras. Então, o verso 24 nos retorna ao tempo de Dario I (522-486 a.C.) -“Então, cessou a obra da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e cessou até ao ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia”. Esta obra não foi novamente iniciado até 520 a.C., o segundo ano do reinado de Dario (Ed.5;1ss).
Portanto, a reconstrução do Templo foi concluída durante o reinado de Dario, que governou antes de Assuero (Ed.4:6) e Artaxerxes (Ed.4:7). Logo, as cartas mencionadas em Esdras 4:6-23 foram escritas depois da reconstrução do Templo e se referem às tentativas de reparar os muros de Jerusalém, não o Templo. O objetivo da passagem ao mencionar as cartas, ainda que fora da ordem cronológica, é fornecer exemplos de tentativas de obstruir o trabalho dos judeus que retornaram do exilio.
III. COMO SE EXPLICA A FALTA DE RESISTÊNCIA DOS JUDEUS?
1. Os judeus deveriam ter ido ao rei da Pérsia para assegurar a construção
“Muitos estudiosos pensam que a interrupção dos trabalhos de reconstrução do Templo é um simples exemplo de falta de fé por parte daqueles que estavam encarregados da obra. Eles tiveram a autorização de Ciro, a autoridade e a bênção de Deus no início do empreendimento. Eles, como Neemias, deveriam ter continuado firmes no trabalho apesar da oposição, e Deus certamente teria tornado possível a conclusão do trabalho, conforme havia planejado. Com base em Ageu 1:4, parece que durante esse período de estagnação os judeus se voltaram para a construção e a decoração de suas próprias casas" (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.494).
2. Os judeus deveriam ter recorrido a Deus
Os retrocessos e as paralizações são dolorosos e desanimadores para os obreiros de Deus. Estes exilados sofreram ambos (ver Ed.4:1-5 e 4:6-22). Os líderes deveriam ter feito de tudo para impedir que a obra de Deus sofresse paralização, haja vista que a obra estava dentro da vontade Deus; contudo, às vezes as circunstâncias realmente estão além do nosso controle. Se você for levado a parar, lembre-se de permanece firme no Senhor.
Esta oposição ferrenha ao povo de Deus que retornaram do cativeiro traz uma lição para nós, povo de Deus da Nova Aliança: não esperemos que seja fácil levar uma vida cristã comprometida; enfrentamos persistente oposição, mas também superaremos, se permanecermos fiéis. Pense nisso!
3. O motivo da falta de resistência dos judeus era de ordem espiritual:
Zacarias teve oito visões planejadas para incentivar o povo a reconstruir o Templo (Zacarias 1:7 – 6:8).
-Na quarta visão, Deus mostrou o sumo sacerdote Josué trajado de vestes sujas diante do Anjo do Senhor (Zc.3:1-3). O sumo sacerdote era a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória do povo a santidade de Deus. As vestes sujas desse líder, na visão do profeta Zacarias, representavam a sua iniquidade (Zc.3:3,4). Satanás, então, não perdeu a oportunidade para acusá-lo de ser incapaz de cumprir suas funções sacerdotais. A situação espiritual desse líder religioso tirou dele toda a autoridade espiritual diante do problema causado pelos inimigos, ele não tinha moral para buscar a ajuda necessária de Deus.
Ao povo da Nova Aliança é exigido santidade, quando nos apresentamos ao Senhor para prestar-lhe culto. Como nós somos templos do Espirito Santo (1Co.6:19), logo a santidade deve ser buscada constantemente. Está escrito: “Sede santos em toda a vossa maneira de viver”(1Pd.1:15).
-Na quinta visão, Deus descreveu um candelabro todo de ouro e duas oliveiras, uma de cada lado. Ao que tudo indica, o candelabro era formado por uma base na qual estava fixada uma haste projetada para cima, em cujo topo havia um vaso que servia para armazenar azeite. Dessa haste, partiam sete tubos projetados para cima, cada um com uma lâmpada pequena na ponta. Em cada haste do candelabro, havia uma oliveira, aparentemente suprindo azeite diretamente ao vaso do candelabro, de onde escorria pelos tubos e abastecia as sete lâmpadas.
O candelabro de ouro talvez seja um símbolo de Israel, como testemunha de Deus ao mundo. Somente por meio do azeite, isto é, por intermédio do Espirito do Senhor, o povo poderá cumprir sua missão de iluminar o mundo.
A interpretação imediata da visão se refere à reconstrução do Templo, que não devia ser por esforço humano, mas pelo poder do Espírito do Senhor. Todas as dificuldades seriam removidas para que Zorobabel pudesse terminar a reconstrução do Templo, da mesma forma que havia concluído as obras da fundação. Naquela época, Zorobabel encarava a tarefa extremamente difícil de terminar o Templo; enfrentou a oposição apelando para suas próprias forças. Quando as suas próprias forças se esgotaram, não teve mais condições de resistir, sentindo-se inteiramente desarmado diante do inimigo. Mas, a palavra do Senhor a Zorobabel foi: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc.4:6).
“Embora esta mensagem tenha sido entregue a Zorobabel, é perfeitamente aplicável a todos os crentes (cf. 2Tm.3:16). Nem o poderio militar, nem o político, nem as forças humanas poderão efetivar a obra de Deus. Só conseguiremos fazer a sua obra se formos capacitados pelo Espírito Santo. Jesus iniciou o seu ministério no poder do Espírito (Lc.4:1,18); e a Igreja foi revestida pelo poder do Espírito Santo no dia de Pentecostes para cumprir a grande comissão (Mt.28:19,20; At.1:18). Somente se o Espírito Santo governar e capacitar a nossa vida, é que poderemos cumprir a vontade de Deus" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD).
IV. A REAÇÃO DOS SAMARITANOS, QUANDO OS JUDEUS CESSARAM A OBRA
“Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes se leu perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência. Então, cessou a obra da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e cessou até ao ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia” (Ed.4:23,24).
Certamente, o impedimento da obra foi uma grande vitória dos inimigos do povo de Deus. E não é de se admirar que a reação deles foi de regozijo; mas a alegria dos inimigos de Deus é efêmera, tem um prazo curto. Lembre-se da alegria dos filisteus, quando prenderam Sansão – terminou em tragédia (Jz.16:25-31). Lembre-se da alegria dos sacerdotes, algozes de Cristo, que compraram Judas para trair Jesus – foi de curta duração. Com a ressurreição de Jesus, seus problemas se intensificaram sobremaneira (Mt.28:11-15).
Todavia, o que mais é destacado nas Escrituras foi a reação dos judeus, quando a obra cessou:
1. A tristeza dos judeus
Dois anos depois da chegada a Jerusalém para cumprir o decreto de Ciro (Esdras 1 e 2), os alicerces do Templo haviam sido assentados, entre louvores e lágrimas (Ed.3:8-13), e as expectativas da reconstrução pareciam brilhantes. Mas agora, em 520 a.C., as circunstâncias se revelaram sombriamente diversas. Os inimigos, os samaritanos, haviam-se colocado contra os judeus durante todo o reinado de Ciro; e, quando seu sucessor, Artaxerxes, subiu ao trono, eles conseguiram suspender completamente o projeto (Ed.4:21). Isto foi motivo de grande tristeza e desânimo do povo. A obra de Deus foi abandonada; foram quatorze anos de abandono. Os alicerces foram encobertos de entulho.
O grande objetivo do Diabo é parar toda forma e manifestação da obra de Deus. Para isso ele utiliza todos os meios possíveis. Precisamos orar, ter fé e não deixar que o desânimo venha debilitar as nossas forças. Estar atentos ao mundo espiritual é de fundamental importância para o nosso triunfo neste mundo.
Deus permitirá que nossa fé seja testada através de perdas temporárias no processo. É preciso ter maturidade espiritual para saber lidar com elas. Quando elas acontecerem na nossa vida, não nos desesperemos, aproveitemos o tempo para nos fortalecer, fechar as brechas e ouvir qual será próxima direção do Senhor.
2. O desânimo dos judeus
Os judeus repatriados pareciam ter aceitado os acontecimentos com resignação quase fatalista.
Deixaram-se dominar peto desânimo. A apatia tomou o lugar do entusiasmo, e o afã de ganhar dinheiro absorveu o seu interesse principal. O desânimo é uma das mais eficazes armas usadas por Satanás, contra os crentes. Lutemos contra o desânimo, em nome de Jesus!
Com a interrupção da obra os judeus se desanimaram e colocaram os seus interesses na frente dos interesses de Deus. Desistiriam de investir na Casa de Deus para investir em suas próprias casas. Deixaram de ajuntar tesouros no Céu para acumulá-los na terra. E deixaram de ser o prazer de Deus para ser o motivo do seu desgosto.
O pior pecado deles foi de acomodação. Eles adiaram o projeto de Deus para priorizar seus projetos. Abandonaram a Casa de Deus para investir tudo em suas próprias casas. Eles abandonaram a Casa de Deus e criaram uma falsa justificativa para abafar a voz da consciência. Julgaram que a oposição para fazer a obra era um sinal de que não era o tempo de fazer a obra de Deus - “...não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do Senhor descer ser edificada” (Ag.1:2). Fizeram uma leitura errada quando interpretaram que a presença de dificuldades devia levá-los a desistir da obra.
A paralisia espiritual tinha atracado o povo, e foi com o propósito de libertá-los dessa letargia que Ageu e Zacarias se levantaram com poderosas pregações de ânimos (Ed.5:1) – “E Ageu, profeta, e Zacarias, filho de Ido, profeta, profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram”. Deus usou esses servos para transmitir uma mensagem forte e contundente de exortação ao povo (Ageu 1:4-8):
4.É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta?
5.Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
6.Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário num saquitel furado.
7.Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
8.Subi o monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei e eu serei glorificado, diz o SENHOR.
Deus denuncia a procrastinação do povo judeu em fazer os melhores investimentos em suas próprias casas e os piores investimentos na Casa de Deus. Eles desistiram de investir na Casa de Deus, mas estavam fazendo investimento redobrados em suas próprias casas. Eles deixaram a Casa de Deus em ruínas, sem teto, para dar um toque de requinte, luxo e extravagância em suas casas. Os judeus tinham construído casas de fino e caro acabamento, até mesmo com paredes amadeiradas; essa prática era considera luxuosa até para um rei (cf.Jr.22:14).
Os investimentos que eles haviam cortado da Casa de Deus estavam sendo usado para o seu próprio deleite. Que valor eles estavam dando a Deus se deixavam seu Templo em ruinas? O conflito entre despesas com luxo em casa e o sustento condigno do trabalho do Senhor persiste até hoje entre nós, povo de Deus da Nova Aliança.
O povo tinha provas suficientes de que era da vontade de Deus que eles reconstruíssem o Templo. Deus já havia tocado o coração do rei Ciro para libertá-los e enviá-los a Jerusalém, provendo-lhes recursos com esse propósito (2Cr.36:22,23; Ed.1:1-4). Também os judeus conheciam a profecia de Isaias acerca de Ciro: “Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: será reedificada; e do templo: será fundado” (Is.44:28). A obra de Deus, então, não pode parar, mesmo que a oposição de fora e de dentro mostre suas artimanhas deletérias.
CONCLUSÃO
A vontade de Deus era a reconstrução do Templo, e isto Ele exigiu que o seu povo cumprisse a Sua ordem, e prometeu que a glória desta segunda casa seria maior do que a da primeira (Ag.2:9). Então, o povo atendeu a ordem do Senhor; é o que vamos estudar na próxima Aula.
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FONTE: Luciano de Paula Lourenço