3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Esdras 2:59-62; 4:2,3; 6:2-4
“Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei” (2Co.6:17).
Esdras 2:
59.Também estes subiram de Tel-Melá e Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer, porém não puderam mostrar a casa de seus pais e sua linhagem, se de Israel eram.
60.Os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e cinquenta e dois.
61.E dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que tomou mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do seu nome.
62.Estes buscaram o seu registro entre os que estavam registrados nas genealogias, mas não se acharam nelas; pelo que por imundos foram rejeitados do sacerdócio.
Esdras 4:
2.Chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos mandou vir para aqui.
3.Porém Zorobabel, e Jesua, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós, sós, a edificaremos ao SENHOR, Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.
Esdras 6:
2.E em Acmetá, no palácio que está na província de Média, se achou um rolo, e nele estava escrito um memorial, que dizia assim:
3.No ano primeiro do rei Ciro, o rei Ciro deu esta ordem: Com respeito à Casa de Deus em Jerusalém, essa casa se edificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes; a sua altura, de sessenta côvados, e a sua largura, de sessenta côvados,
4.Com três carreiras de grandes pedras, e uma carreira de madeira nova; e a despesa se fará da casa do rei.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos dos judeus que retornaram do cativeiro. Em Esdras 2, o escritor registra o nome e o número das famílias que retornaram a Judá e Jerusalém após o decreto de Ciro. Sem dúvida alguma, retornar foi uma grande demonstração de fé e confiança em Deus, principalmente quando se sabia que a terra para onde iam estava em grande desolação e miséria, onde um dia foi visto a glória e a majestade do reino do povo de Deus. Mas, para voltar a Jerusalém não era de qualquer forma; uma das principais exigências era demonstrar a sua pureza étnica e afinidade aos princípios norteadores de sua fé original. Para onde estavam indo, viveriam conforme os ritos da lei que Deus tinha dado a Moisés. Como forma de honrar aqueles que se dispuseram a voltar, o Espirito Santo colocou no coração de Esdras a direção de documentar os seus nomes. Há uma verdade espiritual aqui para nós: o nome daqueles que confiam em Jesus Cristo e abandonam as práticas do pecado, tem um memorial gravado no livro da vida. Nossa confiança e perseverança não se perdem com o tempo, o Senhor Deus está atento ao nosso andar diante dEle e às nossas obras.
I. SOMENTE OS JUDEUS RETORNARIAM A JUDÁ
1. Registro dos judeus que retornaram do exílio (Ed.2:1-58)
Em primeiro lugar, somente os judeus que não se misturaram com o povo pagão da babilônia retornaram à terra de Judá. Os judeus mestiços, nascidos de casamentos mistos, durante o cativeiro em Babilônia, não fariam parte do grupo de judeus que retornariam a Judá. Somente aqueles que comprovassem a sua ascendência puramente judaica fariam parte daquele grupo. Deus não aceita mistura do seu povo com o povo do mundo. Não pode haver comunhão da luz com as trevas. Quando o povo de Israel foi libertado do Egito, uma grande quantidade de pessoas, que não eram da descendência de Abraão, acompanharam os israelitas no deserto em direção a Canaã. Essa multidão de gente causou um grande prejuízo espiritual ao povo de Deus. Foi exatamente essa gente que durante o trajeto pelo deserto foi fonte inspiradora de murmuração (cf.Nm.11:4). É um grande prejuízo espiritual algum líder querer facilitar a entrada de “mistura de gente”, dando maior ênfase à quantidade do que à qualidade. Jesus foi contundente: “Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7).
2. O número dos judeus que voltaram
Esdras 2:1-61 fornece uma lista dos exilados que voltaram para Judá sob a liderança de Zorobabel. Alguns são registrados de acordo com o grau de parentesco (Ed.2:3-19); outros, de acordo com a cidade de origem (Ed.2:20-35). O texto menciona em especial os sacerdotes (Ed.2:36-39), os levitas (Ed.2:40-42) e os servidores do Templo (Ed.2:43-54). Todos esses exerceriam um papel importante na reconstrução do Templo.
Alguns judeus afirmaram ser sacerdotes, porém, não puderam provar sua linhagem e foram impedidos de servir no Templo e de participar das refeições sagradas até que recebessem autorização de Deus por meio de consulta ao Urim e Tumim. O governador era Zorobabel (cf.Ed.2:59-63).
O capítulo sete de Neemias fornece uma lista semelhante a esta. Embora ocorram pequenas diferenças no arranjo ente elas, ambas apresentam um total de quarenta e dois mil trezentos e sessenta judeus que retornaram do exílio, além de sete mil trezentos e trinta e sete servos, além de muitos animais. Esdras acrescenta duzentos cantores, e Neemias inclui 245, de modo que o total de exilados que retornaram é de cinquenta mil, uma fração pequena do total de judeus levados cativos.
A viagem de retorno foi perigosíssima. Eles seguiram o curso do rio Eufrates, num percurso de 1.300km, através de imenso nevoeiros de areia e sujeitos a serem assaltados. Essa viagem durou cinco meses (Ed.7:8,9).
3. O significado da volta dos judeus
Essa volta representou a manutenção da fé judaica no Deus vivo, com seus princípios que governam o mundo até hoje. Não era apenas um bando de escravos que retornava, mas uma civilização com seus princípios doutrinárias. Esse acervo é o maior patrimônio da humanidade. São as riquezas espirituais e morais do povo eleito de Deus. A adoração era a razão de ser de Jerusalém.
Listas genealógicas extensas foram apresentadas por Esdras e Neemias (cf. Ed.2.1-70; 8:1-14; Ne.7:5-65), “cujo propósito era pelo menos duplo: (a) legitimar aqueles que voltaram, identificando-os com os ancestrais tribais, e (b) demonstrar por essa ligação que o exílio, embora traumático e terrivelmente destruidor, não cortara a linhagem da promessa que se originou em Abraão e continuaria para sempre. Havia nestas listas as linhagens dos sacerdotes, levitas e outros funcionários religiosos (Ed.2:36-54; 8:1-14; Ne.7:39-56), pois o reino teocrático, como reino de sacerdotes, era um povo de adoradores que expressava a vassalagem na forma relacionada ao culto (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD, 2009).
“As genealogias dão a entender que a mesma nação que fora desarraigada tão violentamente da terra da promessa voltaria. E ainda que não fossem as mesmas pessoas, eram os seus descendentes, castigados e de número muito reduzido. Neemias conhecia muito bem o penhor do Senhor dado a Moisés (Dt.30:2-4) que, mesmo que o desobediente fosse exilado nos confins da terra, Ele os ajuntaria e os traria de volta ao lugar habitado pelo seu nome (Ne.1:8-10). Neemias também sabia que seria quase como um novo começo, pois o povo restaurado seria apenas um remanescente (Ne.1:3). É de tal começo humilde que Esdras também sabia que a comunidade restaurada tinha de surgir novamente (Ed.9:15)” (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD).
II. OS JUDEUS NÃO ACEITARAM A AJUDA DOS SAMARITANOS
1. Quem eram os samaritanos?
Já comentei sobre isto no tópico II da Aula 04. Repriso aqui por tratar-se de um assunto proposto pelo comentarista da Lição neste tópico. Os samaritanos eram descendentes de colonizadores de outros países, trazidos para Israel quando a Assíria levou os habitantes do Reino do Norte para o cativeiro em 742 a.C. (cf. 2Reis 17:5-7,23,24).
“Porque o rei da Assíria passou por toda a terra, subiu a Samaria e a sitiou por três anos. No ano nono de Oseias, o rei da Assíria tomou a Samaria e transportou a Israel para a Assíria; e os fez habitar em Hala, junto a Habor e ao rio Gozã, e nas cidades dos medos. Tal sucedeu porque os filhos de Israel pecaram contra o Senhor, seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram a outros deuses” (2Reis 17:5-7).
“[...] assim, foi Israel transportado da sua terra para a Assíria, onde permanece até ao dia de hoje. O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e habitaram nas suas cidades” (2Reis 17:23,24).
Esses colonos pagãos se casaram com os judeus que permaneceram em Israel, e os descendentes dessa união se tornaram conhecidos como samaritanos; eram considerados impuros na opinião de judeus eticamente puros. Estes odiavam aqueles (os samaritanos), porque sentiam que seus compatriotas haviam traído seu povo e sua nação por meio de tais casamentos. Num período posterior, o nome samaritano teve uma conotação mais religiosa do que étnico ou político.
Os novos colonizadores enviados pelo rei da Assíria adoravam a Deus, porém sem deixar seus costumes pagãos. Certa feita, o rei da Assíria enviou-lhes sacerdote dos israelitas para ensinar ao povo da terra o temor de Deus. Assim, os samaritanos temiam o Senhor, mas também serviam a seus falsos deuses: “Assim, ao SENHOR temiam e também a seus deuses serviam, segundo o costume das nações dentre as quais tinham sido transportados” (2Rs.17:33).
Eles adoravam o Senhor apenas para abrandar Sua ira, em vez de agradar-lhe; assim tratavam-no como amuleto de sorte ou apenas como outro ídolo de sua coleção. Podemos identificar uma atitude semelhante em nossos dias. Muitas pessoas afirmam crer em Deus, embora se recusem a abandonar as atitudes que Ele reprova. O Senhor não deve ser acrescentado aos valores que já possuímos. Ele deve vir em primeiro lugar, e Sua Palavra deve moldar todas as nossas atitudes.
2. Os samaritanos ofereceram cooperação aos judeus
Quando os judeus começaram a construção do Templo, os samaritanos ofereceram-se para cooperar (Ed.4:1). Os judeus, porém, rejeitaram firmemente a proposta (Ed.4:1-3).
1.Ouvindo, pois, os adversários de Judá e Benjamim que os que tornaram do cativeiro edificavam o templo ao SENHOR, Deus de Israel,
2.chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos mandou vir para aqui.
3.Porém Zorobabel, e Jesua, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós, sós, a edificaremos ao SENHOR, Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.
Os inimigos do povo de Deus, em uma tentativa de infiltrar-se e desvirtuar o projeto de reconstrução, se ofereceram para ajudar. Queriam observar o que os judeus estavam fazendo. Esperavam impedir que Jerusalém se tornasse, novamente, uma cidade forte. Os judeus, porém, discerniram a artimanha deles. Tal associação com incrédulos teria levado o povo de Deus a transigir na fé.
Esses inimigos alegavam adorar ao mesmo Deus que Zorobabel e os demais judeus. De um certo modo, isto era verdade, eles adoravam a Deus, mas também adoravam a muitos falsos deuses (ver 2Rs.17:27-29,32-34,41). Aos olhos de Deus, isto não era verdadeira adoração, era pecado e rebelião. A verdadeira adoração envolve prestar culto exclusivamente a Deus (Ex.20:3-5). Para esses estrangeiros, Deus era apenas mais um “ídolo” acrescentado à sua coleção. Seu verdadeiro objetivo era desvirtuar o projeto do Templo.
Os crentes hoje devem se precaver contra aqueles que reivindicam ser cristãos, mas cujas ações revelam claramente que estão usando o cristianismo para servir aos seus próprios interesses. A Bíblia exorta que devemos nos afastar daqueles que têm uma vida irregular (2Pd.3:17;1Tm.6:20,21;2Ts.3:6,14) como também daqueles que causam divisões (Rm.16:17,18; 2Pd.2:10,13,18; Jd.12,18,19). Também, exorta que nós devemos nos afastar daqueles que não praticam a sã doutrina (1Tm.6:3-5: Tt.3:10; 2João 10,11).
3. Os samaritanos procuraram aparentar-se com os judeus (Ed.9:1,2)
1.Acabadas, pois, essas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus,
2.porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nesta transgressão.
Desde a época dos juízes, os homens israelitas haviam adotado a pratica de casar com mulheres pagãs e, como consequência, abraçaram suas práticas religiosas (Jz.3:5-7). O próprio rei Salomão foi culpado deste pecado (cf.1Rs.11:1-8). Embora esta prática fosse proibida pela lei de Deus (Ex.34:11-16; Dt.7:1-4), ela apareceu nos dias de Esdras e, novamente, apenas uma geração após ele, à época de Neemias (Ne.13:23-27). A oposição ao casamento misto não era um preconceito racial, porque judeus e não judeus dessa região tinham um mesmo antecedente semita. As razões eram estritamente espirituais. Um homem judeu que se casasse com uma mulher pagã teria a tendência de adotar as crenças e práticas religiosas dessa mulher. Se os israelitas fossem insensíveis o bastante para desobedecer a Deus em algo tão importante quanto o casamento, não seriam suficientemente fortes para se manterem firmes contra a idolatria de seu cônjuge. Até que os israelitas finalmente parassem com essa prática, a idolatria permaneceu como um problema constante.
Ao povo de Deus da Nova Aliança, as Escrituras Sagradas exortam: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2Co.6:14). Como o casamento envolve duas pessoas que se tornam uma, a fé dos cônjuges pode se tornar um problema já que certamente um deles terá que transigir em relação às suas próprias crenças, em benefício da unidade. Muitas pessoas não ligam para esse fato, e seguramente se lamentarão mais tarde. Não permita que a emoção ou a paixão lhe ceguem para a importância de se casar com alguém afinado espiritualmente com você. Exploraremos mais sobre este assunto na Lição 12.
III. DEUS EXIGE SANTIDADE DO SEU POVO
A Bíblia Sagrada deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo. É uma exigência atemporal, que se aplica ao povo de Deus do Antigo e do Novo Testamento.
“Porque eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo [...]. Porque eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo. Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo"(Lv.11:44,45; 19:2).
“porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:16).
Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santos sereis”, a Palavra de Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade, ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém será santo à força; isto não agrada a Deus. Todavia, Deus espera que seu povo esteja sempre em comunhão com Ele, vivendo separado do mal.
1. A santidade como marca
A santidade é o que identifica o povo de Deus. Por isso, a exigência permanente de Deus com relação à santidade do Seu povo, tanto na Antiga como na Nova Aliança. O texto Áureo de Levítico enfatiza esta realidade dogmática: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2). Observe que a marca, a santidade, não é somente para os líderes, mas a toda “a congregação dos filhos de Israel”, ou seja, a toda a Igreja do Senhor do Antigo Testamento. Deus diz: “santos sereis”.
Qual a razão da demanda do Senhor à congregação de Israel? A Bíblia responde: “Porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”. Sim, Deus é o Senhor. Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus servos sejam santos, porque Ele, o nosso Deus, é santo. Como ignorar as prerrogativas daquele que nos chamou à perfeição?
Todavia, santidade não significa levar-nos a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal" (João 17:15, ARA). Portanto, na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas, nesta sociedade, atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, mesmo se estivermos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.
Se o povo hebreu deveria sobressair-se pela santidade, o que não esperar da Igreja de Cristo? O apóstolo exorta-nos a andar continuamente em novidade de vida (Rm.6:4). Sem a santidade requerida por Deus nenhum de nós chegará ao Céu (Hb.12:14; Ap.21:8).
2. Deus garante, aos que vivem em santidade, plena vitória contra os ataques do inimigo
-Neemias só conseguiu proeza em seu projeto de reconstruir os muros de Jerusalém porque se dispôs a confiar em Deus e levar o povo à santidade diante de Deus. Só assim eles conseguiram concluir a construção do Templo e reconheceram que “Deus fizera esta Obra” (Ne.6:16).
-Quando Josué se preparou para passar o Jordão, disse ao povo: “Santificai-vos porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós” (Js.3:5). E assim aconteceu. Sem isto, certamente, o povo teria sido derrotado pelos inimigos cananeus, haja vista que belicamente eram muito mais fortes e experientes do que o povo de Israel.
-Josué, antes de iniciar a conquista de Canaã, recebeu a visita de um anjo. Josué então lhe perguntou: “Que diz meu Senhor ao seu servo?” E a resposta que recebeu foi: “Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo!” (Js.5:13-15). Isto significava uma exigência à santidade. Quando o povo de Israel não atentou para esta condição, foi derrotado pelo inimigo que, aparentemente, não era páreo para o povo de Israel; foi o que ocorreu diante do pequeno exército da cidade de Ai. Após a trágica derrota, Josué, com o rosto em terra, perguntou ao Senhor o porquê daquela derrota; o Senhor respondeu:
“Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Levanta-te, santifica o povo e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de vós, Israel; diante dos vossos inimigos não podereis suster-vos, até que tireis o anátema do meio de vós” (Js.7:10,11,13).
O pecado descoberto, foi desarraigado, e a vitória foi contundente.
“Então, disse o Senhor a Josué: Não temas e não te espantes; toma contigo toda a gente de guerra, e levanta-te, e sobe a Ai; olha que te tenho dado na tua mão o rei de Ai, e o seu povo, e a sua cidade, e a sua terra” (Js.8:1).
Deus exige santificação de seu povo para poder operar no meio dele. Pense nisso!
IV. DEVEMOS MANTER UMA VIDA SEPARADA DO MAL
1. Devemos manter uma vida separada do mal:
a) porque somos filhos de Deus
“Amados, agora somos filhos de Deus...”(1João 3:2).
Quando um filho ama seu pai ele se orgulha quando alguém diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o pai quando alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor essa mesma declaração aborrece tanto o filho como o pai.
b) porque queremos ser vitoriosos diante das ciladas do Diabo
Se os judeus tivessem caído na cilada dos samaritanos, certamente, a convivência com eles teria contaminado a vida espiritual do povo, haja vista que os samaritanos adoravam a falsos deuses; e isto teria afastado a presença de Deus no meio do Seu povo, uma vez que Deus não se une à idolatria. É preciso manter-se separado do mundo do pecado. Devemos andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo.
c) porque queremos fazer a vontade do Pai
“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Tes.4:3).
Todo bom filho sente prazer e se esforça para fazer a vontade de seu pai. Todo pai fica feliz quando seu filho procura ser-lhe agradável. A Bíblia diz que Deus quer que seus filhos sejam santos.
d) porque queremos ser morada de Deus e um Templo para o seu Espírito
“Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”(João 14:23); “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...”(1Co.6:9).
A Bíblia diz que Deus é Santo na sua essência, ou seja, é absolutamente santo. Nós, com todas nossas impurezas, não sentimos bem habitando ou convivendo num lugar sujo, imundo, quanto mais Deus. Daí, se eu quero que Ele habite em mim, então preciso não apenas estar limpo, preciso estar purificado.
e) porque queremos ser um vaso nas mãos de Deus
Manter uma vida separada do mal, ou seja, uma vida em santidade, significa ser separado para uso de Deus. Assim sendo, qualquer que desejar ser um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado para seu uso. Esta é a condição exigida pela Palavra de Deus, conforme escreveu Paulo: “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purifica destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”(2Tm.2:20,21).
f) porque somos peregrinos à caminho da Pátria Celestial
“...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pd.1:17).
Os que não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando no Céu. Pensam que é somente lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus sabemos que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através do deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”(Lv.19:2). Naquele deserto, Israel teria que andar com Deus e separar-se do mal. Porém, o profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder andar com Ele: sendo santo, separando-se do mal.
g) porque queremos morar no Céu
“Senhor, quem habitarás no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o seu coração;
(Salmo 15:1,2). O Senhor Deus diz mais: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Portanto, somente aqueles que se mantém separado do mal, ou seja, os santos, morarão no Céu. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a completar a nossa carreira espiritual.
2. Uma vida separada do mal e a vontade de Deus
Muitos, conformados com o mundo, estão a dizer que “Deus só quer o coração”. Muitos têm procurado se basear em “doutores conforme as suas próprias concupiscências” (cf. 2Tm.4:3), para justificar as suas condutas pecaminosas e a prática da iniquidade.
Os dias de hoje são difíceis e não são poucos os que têm se esforçado em encontrar guarida para as suas “inclinações da carne”, mas o Senhor, na Sua Palavra, é bem claro, é claríssimo: “os que estão na carne, não podem agradar a Deus” (Rm.8:8). Portanto, o santificar-se não é uma opção na vida do salvo, é uma exigência divina: “Santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv.20:7). A nossa santificação é da vontade de Deus - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts.4:3).
É bom ressaltar que ainda estamos neste mundo e, por causa disto, estamos sujeitos a pecar, mesmo sendo indesviáveis seguidores de Jesus Cristo. O apóstolo João aprofundou-se nesta questão e demonstrou que os homens não estão livres totalmente do pecado (1João 1:8-2:2), pois ainda não foram libertos do “corpo do pecado”. No entanto, o verdadeiro salvo não é uma pessoa que tenha um modo de vida voltado para as coisas pecaminosas, cujos propósitos e tendências sejam todas no sentido da separação de Deus mediante a prática da iniquidade.
O crescimento do crente "em santificação" ocorre à medida que o Espírito Santo o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, busca-o, em cooperação com Deus.
"Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver" (1Pd.1:15).
CONCLUSÃO
Como povo de Deus, devemos manter a nossa identidade como servos de Deus e preservar o nosso nome no Livro da Vida, afastando-nos de qualquer mundanismo que possa comprometer a nossa comunhão com o Salvador. Fazendo assim não seremos envergonhados no grande Dia do Cordeiro.
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FONTE: Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC