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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

1ª lição do 1º trimestre de 2022: A AUTORIDADE DA BÍBLIA



 1º Trimestre/2022

Texto Base: Salmos 119:1-8

“Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do SENHOR“ (Sl.119:1).

 

Salmos 119:

1.Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do SENHOR.

2.Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos e o buscam de todo o coração.

3.E não praticam iniquidade, mas andam em seus caminhos.

4.Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos.

5.Tomara que os meus caminhos sejam dirigidos de maneira a poder eu observar os teus estatutos.

6.Então, não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos.

7.Louvar-te-ei com retidão de coração, quando tiver aprendido os teus justos juízos.

8.Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente.

INTRODUÇÃO

A autoridade da Bíblia fundamenta-se em seu autor: Deus. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de autoridade absoluta, isto é, deve ser aceita pela Igreja como única regra de fé e de prática; ou seja, o crente se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que ela determina. No entanto, apesar disto, não têm sido poucas as tentativas, ao longo da história, e no meio do povo que se diz de Deus, para descaracterizar esta autoridade absoluta e prioritária que deve ter a Bíblia Sagrada na vida de um crente. Ao longo da história de Israel, todos quantos procuraram se rebelar contra a autoridade da Bíblia Sagrada foram apresentados como pessoas que se fizeram inimigas da vontade de Deus, demonstrando, claramente, que a desconsideração da autoridade das Escrituras Sagradas é atentado contra o próprio Deus.

I.  A ORIGEM DA BÍBLIA E A REVELAÇÃO DIVINA

1. A origem da Bíblia

A Bíblia tem sua origem em Deus. Toda a autoridade das Escrituras Sagradas depende exclusivamente da sua origem divina. O apóstolo Paulo escreveu que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm.3:16a). Um dos princípios da Teologia é o fato de Deus ter nos confiado um manual que revela a sua vontade, a Bíblia. Daí advém o que chamamos de revelação, o ato de tornar conhecido o que antes não o era. A Bíblia nos foi entregue a fim de que reconheçamos a Deus como o ser Supremo por excelência e a seu Filho Unigênito como o nosso Senhor Salvador.

A Bíblia, portanto, não é fruto da lucubração humana, mas da revelação divina. Ela não provém da descoberta humana, mas do sopro divino. Isto não quer dizer, porém, que Deus anulou a personalidade, o estilo ou a preparação de seus escritores, uma vez que esses homens santos “falaram movidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:21). Significa que as Escrituras surgiram na mente de Deus e foram comunicadas pela Sua boca, pelo Seu sopro ou pelo Seu Espírito. As Escrituras são, pois, no verdadeiro sentido do termo, a Palavra de Deus, porque Deus as disse. É como os profetas costumavam anunciar: “a boca do SENHOR o disse” (Is.1:20; 40:5; 58:14; Mq.4:4). Portanto, por ter sua origem em Deus, a Bíblia é portadora de autoridade, e, por isso, constitui-se em única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter do cristão.

2. Revelação Geral

Revelação geral é a expressão da teologia cristã utilizada para designar a revelação de Deus a toda a humanidade através, especialmente, da obra da criação. A revelação de Deus se faz conhecer por meio da História, do Universo e da Natureza Humana.

a) Na História. Deus está no controle de tudo! Por definição, Ele é Soberano, Poderoso, Onisciente, Onipresente e Eterno. Ele é o Deus que criou os céus (universo) a Terra e tudo que nela existe. Ele é o Senhor que dirige a história da humanidade com o Seu braço forte e nada foge ao Seu controle, porque o nosso Deus tem o controle de tudo. Sua Soberania ultrapassa o nosso entendimento, mas a Palavra de Deus nos mostra que Ele é Soberano sobre tudo e sobre todos. Ele controla o curso dos acontecimentos, remove e estabelece governos e nada acontece fora de Sua vontade (Dn.2:21; 4:25; Rm.11:22).

b) No Universo. De acordo com Salmos 19:1-4, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo - “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo”. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso.

A revelação geral por meio do universo também é ensinada em Romanos 1:20: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. Portanto, assim como no Salmo 19, Romanos 1:20 ensina que o poder eterno e a natureza divina de Deus claramente se conhecem e são percebidos pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos.

c) No ser humano, criado à imagem e semelhança divina (Gn.1:26,27). Com relação à revelação geral, também, Deus se fez conhecer em toda parte pela natureza humana. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim está escrito: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn.1:26). Além de ter tido cuidado peculiar na sua criação, o homem ainda porta em si algo que os demais seres criados não têm, a saber, ser “a imagem e semelhança de Deus”. Em que sentido o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus? Obviamente Deus não nos criou exatamente como Ele, porque Deus não possui corpo físico. Em vez disso, somos reflexos da sua glória. Alguns pensam que nossa razão, criatividade, discurso ou autodeterminação são a imagem de Deus. Nunca seremos totalmente como Deus, pois Ele é o Criador supremo, porém temos a capacidade de refletir seu caráter através do amor, do perdão, da paciência, bondade e fidelidade.

Saber que formos criados à imagem de Deus e compartilhar muitas de suas características provê uma base sólida para a imagem própria. O autovalor do homem não está baseado em posses, conquistas, atrativos físicos ou aclamação pública. Ao contrário, está baseado no fato de ser criado à imagem de Deus. Porque fomos feitos à imagem dEle, podemos nos sentir bem a respeito de nós mesmos. Criticar ou depreciar o que somos é criticar o que Deus fez e as habilidades que Ele nos tem dado. Saber que você é uma pessoa de valor ajuda-o a amar a Deus, conhecê-lo pessoalmente e prestar uma valiosa contribuição às pessoas ao seu redor.

3. Revelação Especial

A Pessoa de Jesus Cristo é a forma suprema da revelação especial de Deus. Deus se tornou um ser humano (João 1:1,14). Hebreus 1:1-3 resume muito bem: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”. Deus se tornou um ser humano na pessoa de Jesus Cristo para se identificar conosco, para ser um exemplo para nós, para nos ensinar, para Se revelar a nós e, mais importante, para nos providenciar salvação eterna através da sua morte expiatória na cruz (Fp.2:6-8).

Também, as Escrituras Sagradas são uma forma de revelação especial. Deus de forma milagrosa guiou os autores das Escrituras a registrarem corretamente a Sua mensagem à humanidade, ao mesmo tempo usando os seus estilos e personalidades. A palavra de Deus é viva e ativa (Hb.4:12). A Palavra de Deus é inspirada, útil e suficiente (2Tim.3:16-17). Deus determinou que a verdade sobre Si mesmo seria registrada na forma escrita porque sabia da imperfeição e falta de confiabilidade da tradição oral. Ele também sabia que os sonhos e visões dos homens poderiam ser mal interpretados e as lembranças desses sonhos distorcidas. Deus decidiu revelar através da Bíblia tudo que a humanidade precisava saber sobre Ele, o que Ele quer e o que tem feito por nós. Ele também tem prometido sustentá-la e preservá-la por todos os tempos.

II. EVIDÊNCIAS DA AUTENTICIDADE DA BÍBLIA

1. Evidências internas

As evidências internas da Autenticidade da Bíblia decorrem das próprias Escrituras Sagradas.

a) Evidências da unidade e consistência da Bíblia. Segundo Norman L. Geisler, “a unidade da Bíblia é uma evidência mais formal de sua inspiração. Constituída de 66 livros, escrita num período de cerca de 1.500 anos, por aproximadamente 40 autores que se expressaram em várias línguas e com centenas de tópicos, é mais do que acidental ou casual o fato de que ela tem uma unidade fantástica de tema: Jesus Cristo. Um problema, o pecado, e uma solução, o Salvador, unem suas páginas de Gênesis a Apocalipse. Esse é um ponto especialmente válido porque ninguém, ou grupo algum de homens, é responsável pela Bíblia como a temos. Livros foram sendo acrescentados à medida que os profetas os escreviam. Em seguida, foram reunidos porque eram considerados inspirados. Só mais tarde, mediante uma reflexão feita pelos profetas (cf.1Pd.1:10,11) e gerações posteriores, é que se descobriu que a Bíblia é, na verdade, um Livro cujos “capítulos” foram escritos por homens que não tinham conhecimento explícito algum de sua estrutura geral. O papel de cada um pode ser comparado ao de diferentes homens que escreveram um capitulo de um romance do qual nenhum deles tivesse conhecimento do esboço geral. A unidade do Livro, fosse ela qual fosse, não dependia deles. Como uma sinfonia, cada parte da Bíblia contribui para uma unidade geral orquestrada por um Maestro”. Este Mestre tem nome: Espírito Santo.

b) Evidência da ação do Espirito Santo. A Palavra de Deus é confirmada aos filhos de Deus pelo Espírito Santo, que não apenas dá testemunho ao crente de que ele é filho de Deus (Rm.8:16), como também que a Bíblia é a Palavra de Deus (2Pd.1:20,21). O mesmo Espírito que comunicou a verdade de Deus também confirma ao crente que a Bíblia é a Palavra de Deus. Esse testemunho não ocorre no vácuo. O Espirito usa a Palavra objetiva para promover a segurança subjetiva. Contudo, pelo testemunho do Espirito de Deus acerca da verdade da Palavra de Deus, há certeza no que diz respeito à sua autoridade divina.

Outra evidência considerada interna é a capacidade da Bíblia de converter, pela ação do Espírito Santo, o descrente e edificar o crente na fé. Diz o autor de Hebreus: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes” (Hb.4:12). Multidões incontáveis já experimentaram esse poder dinâmico. Viciados em drogas têm sido curados e transformados; o ódio transformou-se em amor pela leitura da Bíblia; os crentes crescem ao estudá-la (1Pd.2:2); os angustiados recebem consolo; os pecadores são reprendidos; e os negligentes são exortados pelas Escrituras. A Palavra de Deus tem o poder dinâmico e transformador de Deus. Deus confirma a autoridade da Bíblia pelo poder que ela tem de evangelizar e edificar.

c) Profecias de Eventos Futuros. Uma das evidências mais fortes de que a Bíblia é a Palavra de Deus é a exatidão do cumprimento das profecias. Ao contrário de qualquer outro livro, a Bíblia oferece considerável quantidade de predições específicas, algumas delas feitas centenas de anos antes do seu cumprimento.

De acordo com Deuteronômio 18, um profeta era falso se dissesse predições que jamais se cumprissem. Nenhuma profecia incondicional da Bíblia sobre acontecimentos até o dia de hoje deixou de ser cumprida. Centenas de predições, algumas delas feitas centenas de anos antes, foram cumpridas de modo especifico. A data (Daniel 9), a cidade (Miqueias 5:2) e a natureza (Isaias 7:14) do nascimento de Cristo foram preditas no Antigo Testamento, assim como várias outras coisas sobre sua vida como, por exemplo, sua morte na cruz (Sl.22:16; João 19:36), o local da Sepultura (Is.53:9; Mt.27:57-60) e sua ressurreição (Sl.16:10; Mt.28:6). Muitas outras profecias se cumpriram, incluindo a destruição de Edom (Obadias 1), a maldição sobre Babilônia (Isaias 13), a destruição de Tiro (Ezequiel 26) e de Nínive (Naum 1-3), o retorno de Israel à sua terra prometida (Isaias 11:11). Israel viveu na diáspora por quase dois mil anos, reinos lutaram para exterminá-lo, mas Israel sobreviveu e retornou à sua terra conforme a promessa bíblica. Será que já se viu na terra coisa semelhante? Nem o seu idioma desapareceu, nem seus costumes, nem a sua fé religiosa; com todo esse tempo espalhado entre as nações conseguiram manter a integridade nacional. Não é isso um milagre? Não precisamos de mais provas, porque o que a Bíblia diz se cumpre. Nela está escrito que Israel voltaria à sua terra e Israel voltou. Será que há dúvidas?

Outros livros se dizem divinamente inspirados, como o Alcorão, o Livro de Mórmon e parte dos Vedas. Contudo, nenhum deles contém profecia preditiva. Em decorrência disso, a profecia cumprida é uma forte indicação da autoridade única e divina da Bíblia.

2. Evidências externas

Compreende-se como evidências externas aquelas em que os acontecimentos narrados nas Escrituras são também ratificados por outras fontes históricas. Boa parte da Bíblia é histórica e, como tal, é objeto de investigação histórica. A área mais significativa de confirmação nesse sentido vem do campo da arqueologia. As afirmações da Bíblia Sagrada são continuamente confirmadas pela arqueologia. Antigas e novas escavações, achados arqueológicos, escritos antigos, descobertas surpreendentes e avanços no conhecimento científico confirmam o que a Bíblia diz. O renomado arqueólogo William E. Albright afirmou: “Não há dúvida de que a arqueologia confirmou substancialmente a historicidade da tradição do Antigo Testamento”. Nelson Glueck acrescenta: “Pode-se afirmar categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica jamais contrariou uma referência bíblica. Inúmeras descobertas arqueológicas têm sido feitas que confirmam em linhas gerais muito claras ou em detalhes exatos as declarações históricas da Bíblia”.

A despeito de a fé ser a única forma pela qual possamos aceitar a autenticidade das Escrituras, o Senhor tem feito o homem descobrir e verificar vários fatos e episódios que são indicadores seguros e irrefutáveis de que a Bíblia Sagrada não é um livro comum, mas uma obra totalmente distinta de tudo quanto tem se produzido pela humanidade. Assim, por exemplo, em 1947, quando se descobriram os famosos manuscritos do Mar Morto, textos bíblicos quase quinhentos anos mais antigos que os manuscritos mais antigos até então conhecidos, se revelou como havia uma incrível e intensa semelhança entre os textos, inclusive com a superação de diversas “contradições” ou “suspeitas” que se levantaram com relação a textos da versão grega da Bíblia, que se mostrou perfeitamente consonante com estes textos encontrados nas cavernas próximas ao Mar Morto. Temos, então, aí, uma comprovação científica de que como o texto bíblico foi mantido praticamente intacto durante tanto tempo.

A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, ela é infalível em seus escritos, que se cumprem literalmente no mundo e só não observa isso quem não quer. Aquele que não crê na Bíblia não crê na existência de Deus, pois ela é a prova segura da existência do Criador Onipotente. Se Deus não existe a Bíblia não tem valor algum, logo Davi, Salomão, Poncio Pilatos, e mesmo o imperador romano Cezar, que dominava o mundo na época de Jesus, também não existiram, assim como Babilônia, Etiópia, reino da Pérsia e outros países cujos nomes estão inseridos na Bíblia seriam lendas. Como negar tudo isso? Isso seria negar também a existência dos árabes e judeus. Isso é possível? Não, não é!

Portanto, “tanto o registro da história das nações, as descobertas arqueológicas e os pressupostos da ciência apontam para a autenticidade da Palavra de Deus. E, a despeito de ser contestada por aqueles que se dizem ateus e incrédulos, a Bíblia permanece como o Livro mais traduzido e lido de toda a história”.

III. A MENSAGEM DA BÍBLIA

1. A supremacia da Bíblia

A Bíblia é o Livro dos livros - inspirada por Deus, escrita por homens santos, concebida n Céu, nascida na Terra, odiada pelo inferno, pregada pela Igreja, perseguida pelo mundo e crida pelos fiéis. A Palavra de Deus é infalível, inerrante e suficiente. É vencedora invicta em todas as batalhas. Tem saído ilesa do ataque implacável dos críticos e das fogueiras da intolerância. A Palavra de Deus é a bigorna que tem quebrado todos os martelos dos céticos. Homens perversos se esforçaram e se esforçam para destruí-la, queimá-la, escondê-la ou ataca-la, mas ela tem saído incólume de todas essas investidas. Ela é a divina semente. Por meio dela somos gerados de novo. Por meio dela cremos em Cristo. Por meio dela somos fortalecidos. A Palavra de Deus é água para os sedentos, pão para os famintos e luz para os errantes. Por meio dela somos santificados e através dela recebemos poder. Ela é a arma de combate e o escudo que nos protege. Ela é mais preciosa que o ouro e mais doce que o mel.

Portanto, nada pode ser colocado ao lado e, muito menos, acima da Bíblia Sagrada; ela é suprema. As heresias e falsas doutrinas sempre apresentam outros “escritos”, outras “revelações”, que buscam “complementar” as Escrituras, mas tudo deve ser sumariamente rejeitado, pois só à Sua Palavra o Senhor engrandeceu. Jesus foi bem incisivo ao afirmar que somente a Palavra de Deus permanece para sempre (Mt.24:35; Lc.21:33; Pd.1:23,25).

2. O poder da Palavra de Deus

O poder da Palavra de Deus é extraordinário; se assemelha ao fogo que consome e purifica, bem como um martelo que despedaça a penha (Jr.23:29). O seu poder também é capaz de derrubar fortalezas espirituais que fazem oposição ao conhecimento divino (2Co.10:4,5). O escritor de Hebreus escreveu sobre o poder da Palavra de Deus dizendo: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12). Ao aconselhar Timóteo, o apóstolo Paulo também fala do poder da Palavra de Deus ao dizer que ela é capaz de “torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2Tm.3:15). Jesus, quando foi tentado no deserto, derrotou Satanás usando o poder da Palavra (Mt.4:4,7,10).

Através da Palavra, Deus revela-se a si mesmo a nós e nos instrui em tudo o que é necessário para que possamos viver de acordo com a Sua santa vontade. É por meio da Palavra de Deus que obtemos conhecimento do próprio Deus de modo a sabermos quem Ele é, o que Ele faz e qual é a Sua vontade e propósito. Além disso, é através da Palavra de Deus escrita que conhecemos a Palavra Encarnada: Jesus Cristo, o Filho de Deus (João 1).

3. O propósito da Bíblia

Paulo, se referindo a Timóteo disse: “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:15-17). Com base nessa afirmação do apóstolo, o pr. Hernandes Dias Lopes destaca três faces do propósito da Bíblia:

a) A Bíblia conduz as pessoas à salvação – “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação...” (2Tm.3:15). A Bíblia é essencialmente um manual de salvação. Seu propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência que o homem pode descobrir por sua investigação experimental, mas ensinar fatos da salvação que nenhuma exploração humana pode descobrir e somente Deus pode revelar. A Bíblia Sagrada fala sobre a criação e a queda do homem. Ensinam sobre o juízo de Deus e também de seu amor redentor.

b) A Bíblia anuncia a salvação por intermédio de Cristo – “pela fé em Cristo Jesus” (2Tm.3:15b). A salvação é por meio de Cristo. No Antigo Testamento, as pessoas eram salvas pelo Cristo da promessa; no Novo Testamento, elas são salvas pelo Cristo da história. No Antigo Testamento, as pessoas olhavam para frente, para o Cristo que haveria de vir; no Novo Testamento, elas olham para trás, para o Cristo que já veio. No Antigo Testamento, as pessoas creram no Cristo da promessa; no Novo Testamento, as pessoas creram no Cristo da história. O Antigo Testamento anuncia a promessa e a preparação para a chegada de Cristo. Os Evangelhos expõem o nascimento, a vida, o ensino, os milagres, a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo. O livro de Atos relata a propagação do evangelho de Cristo desde Jerusalém até Roma. As epístolas apresentam a ilimitada glória da Pessoa e da obra de Cristo, aplicando-a à vida do cristão e da Igreja. O Apocalipse traz a consumada vitória de Cristo e da sua Igreja. Cristo é o centro da eternidade, da história e das Escrituras Sagradas; Ele é o Salvador do mundo, o único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4:12).

c) A Bíblia trata tanto da doutrina quanto da conduta – “...e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm.3:16b,17). Pressupõe-se o ensino ou doutrina (o que é certo); repreensão (o que não é certo); correção (como se tornar certo); educação na justiça (como permanecer certo). John N.D. Kelly explica essa passagem da seguinte forma:

“ A Escritura é pastoralmente útil para o ensino, isto é, como fonte positiva de doutrina cristã; para repreensão, isto é, para refutar o erro e para reprender o pecado; para a correção, isto é, para convencer os mal-orientados dos seus erros e colocá-los no caminho certo outra vez; e para a educação na justiça, isto é, para a educação construtiva na vida cristã”.

CONCLUSÃO

A autoridade da Bíblia se autojustifica porque é a Palavra de Deus. Afinal, Deus é a autoridade suprema (Hb.6:13). Portanto, não há nada maior do que Deus a quem se possa apelar em busca de autoridade. Por isso, a Palavra de Deus é sua própria autoridade. E, se a Bíblia é a Palavra de Deus, então o mesmo vale para a Bíblia, ela também fala com autoridade suprema.

Nos dias difíceis em que vivemos, precisamos tomar cuidado para que nada seja igualado à Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada deve ser a nossa única regra de fé e de prática. Até mesmo as manifestações espirituais devem ser julgadas à luz da Palavra de Deus (1Co.14:29,32, c/c João 7:24). Nestes dias, somente quem se agarrar à Palavra de Deus poderá resistir até o dia do arrebatamento da Igreja ou até quando formos levados ao estado eterno com Deus.

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

13ª lição do 4º trimestre de 2021: A GLORIOSA ESPERANÇA DO APÓSTOLO



 Texto Base: 2Timóteo 4:6-8; 1Tessalonicenses 5:1-11


“Mas nos, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação” (1Ts.5:8).

V.P.: “A esperança gloriosa da volta de Jesus traz sobriedade para as nossas vidas, e disposição para exercer a fé e o amor em esperança”.

2Timóteo 4:

6.Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.

7.Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.

8.Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia, e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.

1Tessalonicenses 5:

1.Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva,

2.porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como ladrão de noite.

3.Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão.

4.Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão;

5.porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia, nós não somos da noite nem das trevas.

6- Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrias.

7.Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam. embebedam-se de noite.

8.Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação.

9.Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,

10.que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele.

11.Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.

INTRODUÇÃO

Nesta última Aula do 4º Trimestre de 2021, trataremos da “Gloriosa Esperança do Apóstolo” Paulo. A sua esperança era a mesma de todos os demais cristãos: a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é a mais sublime esperança da Igreja. O apóstolo Paulo cultivava diariamente essa esperança. Seu desejo era partir e estar com Cristo para sempre (Fp.1:23). Por isso, diariamente, ele se entregava totalmente a Ele. A graça de Deus nos libertou de nossas mazelas do passado, restaurou nossa vida no presente e nos mantém na ponta dos pés com uma gloriosa expectativa em relação ao futuro, quando o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo voltar em sua glória. Uma das bênçãos mais extraordinária é preservar essa esperança diante das experiências difíceis no mundo. É impossível que aqueles que mantêm essa gloriosa esperança da volta de Jesus se recusem a entregar-se completamente a Ele. Que a esperança do apóstolo Paulo seja a nossa também!

I. A CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE

1. Uma morte como oferta de sacrifício (2Tm.4:6)

“Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado”.

Em Roma, na segunda prisão, em determinado momento, Paulo percebeu o seu martírio iminente como uma oferta apresentada sobre o altar do sacrifício. Paulo sabia que ia morrer, mas não era Roma que tiraria a sua vida, era ele quem ia oferecê-la. E ele não ia oferecê-la a Roma, mas a Deus – “estou sendo já oferecido por libação”. Libação era uma oferta líquida e consistia em despejar vinho sobre um altar como um sacrifício a Deus (cf. Gn.35:14; Êx.29:41). Sua fragrância era considerada agradável a Deus. Paulo via a sua vida como uma oferta a Deus. Paulo entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da Igreja (Fp.2:17). Essa consciência clara de que haveria de padecer pelo nome de Jesus, não o permitia ter medo, ou frustração diante da morte. Para ele, “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1:21). Temos este mesmo sentimento? Concordo com o pr. Elienai Cabral quando afirma que “é preciso ter a consciência de que se não encontrarmos o Senhor por meio do Arrebatamento da Igreja, o encontraremos por meio da morte. Por intermédio do Espírito Santo, nos prepararemos para esse tempo em esperança (1Ts.5:13-18).

2. “Combati o bom combate” (2Tm.4:7)

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”

Antes de fechar as cortinas da sua vida, Paulo nos mostra com clareza a respeito do seu passado, presente e futuro. Ele olhou para o passado com gratidão. O que fora um propósito, ou seja, completar a carreira (Atos 20:24), agora era um retrospecto. Paulo está passando o bastão para o seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra como havia sido sua vida: um duro combate. Bem diz o pr. Hernandes Dias Lopes: “a vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido. Paulo lutou contra poderes sombrios da maldade, contra Satanás, contra os vícios judaicos e gentílicos, contra hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto, contra fanáticos e desleixados em Tessalônica, contra gnósticos e judaizantes em Éfeso e Colossos, e, não por último – no poder do Espirito Santo – lutou contra o velho ser humano dentro de si. Porém, acima de tudo e em todas as coisas, lutou em prol do Evangelho, a grande luta de sua vida, seu bom combate. O apóstolo poderia morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o que lhe importava (Atos 20:24). Mas ele também deixa claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e a morte é mais do que morrer”. Que combate estamos combatendo? Essa causa é a nobre causa do Evangelho? Que o autoexame de Paulo seja exemplo para nos auto examinarmos também!

3. Gratidão e esperança (2Tm.4:7,8)

“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm.4:8).

A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma agradável expectativa do futuro. Mesmo que o imperador o condenasse à morte e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz revogaria o veredito de Nero, considerando Paulo sem culpa e dando-lhe a coroa da justiça.

Nos jogos atléticos romanos, a coroa de louros era dada aos vencedores; símbolo de triunfo e honra, era o prêmio mais cobiçado na Roma antiga. Provavelmente era a isto que Paulo se referia quando falou de uma “coroa”. Mas a coroa de Paulo seria uma coroa de justiça. Embora Paulo não fosse receber uma recompensa humana, seria recompensado no Céu. Embora não pudesse evitar a morte física, sabia que estar com o Senhor era a coroação da sua trajetória. Disse ele: “termos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2Co.5:8); “partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fp.1:23). Devemos olhar para o futuro com a certeza do nosso galardão, e enxergar, pela fé, que o nosso trabalho não é vão no Senhor (1Co.15:58), pois há uma coroa de justiça guardada para cada crente fiel em Jesus. A despeito daquilo que venhamos a enfrentar – o desânimo, a perseguição ou morte – sabemos que a nossa recompensa está com Cristo no Céu. Creia nisso!

II. A DOUTRINA BÍBLICA DE PAULO SOBRE A VOLTA DO SENHOR

1. A volta do Senhor em 1Tessalonicenses

Paulo permaneceu pouco tempo em Tessalônica, o que foi insuficiente para que ele pudesse ensinar aos crentes daquela capital macedônica tudo o que era necessário sobre a volta do Senhor Jesus e a ressurreição dos mortos. Os judeus cristãos certamente tinham mais facilidades para crer na Ressurreição, embora não conhecessem a doutrina na sua amplitude, conforme declarou Marta: “…eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” (João 11:23-24). Porém, os gregos não tinham esta mesma facilidade.

Os cristãos tessalonicenses, de origem grega, eram recém-chegados do paganismo. Durante toda vida foram ensinados no que criam as crenças pagãs, e, segundo haviam aprendido, não haveria ressurreição do corpo. O pouco tempo que Paulo permaneceu naquela Igreja certamente não foi o suficiente para que pudesse ensinar-lhes sobre a doutrina da Ressurreição de uma forma mais detalhada. Eles haviam crido em Jesus, na sua morte e Ressurreição, bem como na sua Segunda Vinda para buscar a sua Igreja. Porém, ainda estavam cheios de dúvidas sobre a sua vinda e, especialmente, sobre a Ressurreição dos mortos.

-Dúvidas Sobre a Vinda de Jesus. Os crentes Tessalonicenses creram na mensagem de Paulo de que Jesus já havia vindo uma vez, quando como homem nasceu em Belém de Judá. Creram que Ele morreu e Ressuscitou. Creram, também, que Ele viria outra vez para buscar sua Igreja, da qual eles agora faziam parte. Porém, não compreenderam que sua Segunda Vinda aconteceria em duas etapas. Eles pensavam que a vinda de Jesus para buscar a sua Igreja, conhecida como o Arrebatamento da Igreja, iria acontecer naquela geração, ou seja, no tempo em que eles estavam ainda vivos. Creram de tal forma na iminência da Vinda de Jesus que alguns começaram, inclusive, abandonar suas próprias atividades materiais, andando de casa em casa “só contado as bênçãos”, e nada de quererem trabalhar. Mas Paulo os advertiu que eles não podiam, nem nós hoje podemos, descuidar dos compromissos e obrigações materiais, deixando de trabalhar, ou mesmo de estudar, para viver somente dando “glórias” e vivendo às custas dos que trabalham. Paulo classificou os que não queriam trabalhar, e ficavam andando de casa em casa, como vivendo “desordenadamente” (1Tes.3:10-11). Foram, portanto, ensinados de que deveriam esperar a Vinda de Jesus, porém, sem descuidar das obrigações e dos compromissos do dia a dia.

-Dúvidas sobre a Ressurreição. Eles acreditavam que o Senhor Jesus viria buscar a sua Igreja naqueles dias, ou seja, naquela geração. Como não tinham entendido bem a doutrina da Ressurreição, pensavam que aquelas pessoas que estavam morrendo sem alcançar a Vinda de Jesus estivessem perdidas. Assim, sempre que morria alguém da Igreja, ou algum parente que não era cristão, havia uma grande comoção, muita tristeza entre todos, nas famílias e na Igreja. Eles lamentavam que o “irmão”, ou o parente houvesse morrido antes da Vinda de Jesus, perdendo, pois, o Arrebatamento.

Após mostrar o motivo pelo qual o crente não deveria ficar sem esperança diante da morte dos irmãos em Cristo, Paulo explica como se dará o arrebatamento da Igreja, momento este que todos os crentes esperam e desejam. Os crentes de Tessalônica esperavam Jesus e ficaram perturbados com o fato de alguns dos seus estavam morrendo antes que Jesus voltasse, mas o apóstolo lhes ensinou que os crentes falecidos não estavam “perdendo a oportunidade” ou “perdendo a vez”, mas, muito pelo contrário, no dia do arrebatamento da Igreja, teriam a primazia, uma vez que ressuscitariam e receberiam, antes dos crentes que estivessem vivos, o corpo glorioso, o corpo transformado que terão os crentes para se encontrar com o Senhor nos ares (1Ts.4:15-17).

2. As duas fases da volta de Jesus

A Volta de Jesus é a mais sublime promessa que a Bíblia registra para o povo da Nova Aliança. É a maior esperança. É a força motriz de nossa fé. É a principal razão de sermos crentes em Jesus Cristo. A qualquer instante, num dia e numa hora em que ninguém sabe, apenas Deus, a trombeta soará, e a Igreja será levada para estar para sempre com Jesus. A volta de Jesus se dará em duas fases:

Na primeira fase:

Ele virá para buscar aqueles cujos nomes estiverem escritos no livro da vida. É nesse momento que se dará a formação da Universal Assembleia dos Santos – que será a reunião entre aqueles que foram mortos em Cristo - em todas as épocas -, e aqueles que estiverem vivos, cujos corpos serão transformados num abrir e fechar de olhos, conforme 1Ts.4:16,17. Ele os levará consigo para as Bodas do Cordeiro, conforme está escrito em Ap.19:7-9; 1Co.3:8-14. As Bodas do Cordeiro é a celebração no Céu da união espiritual entre Cristo e a Igreja; é quando se dará a glorificação dos santos e a entrega do galardão de cada um segundo a sua obra (Mt.5:12; 10:42; 22:1-22; 24:27-31; 25:1-13; Lc.12:36; João 4:36; 1Co.3:8,14; Col.3:24; 2João 1:8; Ap.2:11; 19:7-9; 20:6; 22:12).

Na segunda fase:

“Todo o olho verá” (Ap.1:7). Nesta fase, o nosso Senhor descerá em glória e, literalmente, será visto pelo mundo todo e, especialmente, pelos judeus (Zc.14:2,3). Nessa ocasião, Jesus Cristo livrará pessoalmente a nação de Israel dos exércitos confederados pelo Anticristo, desfazendo-os com o seu poder, e vencendo o Anticristo, o Falso Profeta e o Diabo, para implantar o reino milenial (Ap.19:11-16). Jesus retornará a Terra - em glória -, conforme está escrito em:

-Lucas 21:25-27 - “e haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo, porquanto os poderes do céu serão abalados. E, então, verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória”.

-Mateus 16:27 - “porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras”.

-Apocalipse 1:7 – “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!”.

Em sua primeira vinda – na sua encarnação, de acordo com Isaías 53:2,3 -, Jesus não tinha parecer nem formosura, era Homem de dores, experimentado nos trabalhos. Mas, quando João foi arrebatado em espírito no dia do Senhor e recebeu as revelações que relatou em Apocalipse, viu Jesus glorificado. Atente para o relato do apóstolo (Ap.1:12-16):

12. e virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;

13. e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro.

14. e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo;

15. e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas.

16. e ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.

Na sua parousia, ou seja, na sua forma visível em glória, Jesus virá acompanhado de seus anjos e seus santos, ou seja, a sua Igreja, para:

a) guerrear contra o Anticristo e o falso profeta, e derrotá-los. Nesse momento o mundo estará passando pelo Armagedom. Será um momento de angústia para Israel. De forma espetacular Jesus livrará Israel da destruição. É quando eles reconhecerão Jesus como o Messias tão esperado, o aceitarão e pranteá-lo-ão sobre Ele, conforme está escrito em Zacarias 12:10. O Anticristo e o falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre – o inferno propriamente dito; isto está escrito em Apocalipse 19:20: “e a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”.

b) julgar as nações, conforme está escrito em Mt.25:31-46. Esse julgamento acontecerá na terra sobre aqueles que sobreviveram o Armagedom. Serão julgados com base no tratamento dado a mensagem do Reino, aos seus mensageiros e ao modo como trataram a Israel. Esse julgamento terá como finalidade apartar os bodes das ovelhas, ou seja, decidir quem passará com Cristo o Reino milenial e quem não passará o Milênio, ficando a aguardar o julgamento final e definitivo diante do Grande Trono Branco.

3. Sobre a Grande Tribulação

A Grande Tribulação é o maior juízo que Deus lançará sobre a Terra por causa da iniquidade do ser humano. Deus é justo (Sl.145:17) e, portanto, em retribuição à rejeição da mais ampla oportunidade de salvação que já houve, mandará o maior juízo que já se abateu sobre a Terra. A Grande Tribulação terá a duração de sete anos, e todos aqueles que ficarem para trás no Dia do Arrebatamento sofrerão os piores sofrimentos e males já vividos pela humanidade, vez que Deus permitirá que o Diabo tenha ampla liberdade de atuação sobre a Terra. Será um tempo de angústias e aflições incomuns. Porém, quando isto ocorrer, a Igreja do Senhor Jesus – a Universal Assembleia dos Santos - não mais estará neste mundo. Será o juízo de Deus sobre todos aqueles que não se arrependeram de seus pecados. Que possamos estar preparados para o Dia do Arrebatamento, pois depois deste evento glorioso se dará a Grande Tribulação, o pior período da história da humanidade.

A Grande Tribulação terá dois períodos. Quando analisamos a profecia das setenta semanas de sete anos de Daniel, observamos que o profeta recebe uma mensagem que divide a Grande Tribulação em dois períodos distintos, cada um de três anos e meio (ou 42 meses, ou, ainda, 1.260 dias, períodos que são mencionados no livro do Apocalipse – respectivamente: Ap.11:2 e 13:5; Ap.11:3 e 12:6).

a) O Primeiro período. Descrito nos capítulos 6 a 9 do livro do Apocalipse é chamado por alguns de “Tribulação” ou “princípio das dores”. Neste período haverá uma sensação de paz e de segurança no mundo, ao mesmo tempo em que o Anticristo angariará o poderio sobre todo o mundo. Ele assumirá o poder com uma mensagem de paz (Ap.6:1,2) e sua mensagem encontrará guarida nos corações dos homens. Ao mesmo tempo, porém, o Anticristo estará agindo conforme seu caráter, porque violará o acordo com três das dez nações que lhe entregaram o poder e as dominará diretamente, retirando-lhes a independência (cf. Dn.7:8,20,24), ou seja, falando em paz, promoverá a guerra e, à medida em que proclama a paz, irá fazendo guerra aos seus inimigos, vencendo-os, pois, como a Bíblia afirma, nada mais lhe resistirá.

Ao trazer uma mensagem de paz e esperança aos homens, o Anticristo cuidará de mudar uma série de estruturas políticas, econômicas e sociais, modificações estas que revelarão excelentes intenções e uma coragem e ousadia nunca antes vistas na história da humanidade. Isto, certamente, trará algumas resistências, o que explica o seu gesto de abatimento de três das dez nações que o apoiaram. Esta demonstração de força, ademais, servirá para impor seu poderio sobre a sua base política, o que será suficiente para, então, iniciar seu intento de dominação mundial. Seu pacto com Israel, também, insere-se dentro desta ótica da paz mundial e, sem dúvida alguma, a solução para o conflito do Oriente Médio trará a ele credibilidade e respeito de todo o mundo. Por isso, Daniel afirma que o Anticristo “…por causa da tranquilidade destruirá muitos…” (Dn.8:25).

b) O Segundo período. É a “Grande Tribulação propriamente dita”, ou seja, o período em que os juízos de Deus, descritos nos capítulos 10 a 16 de Apocalipse, irão se manifestar com todo rigor. A Grande Tribulação terminará com a batalha do Armagedom (Ap.19). Antes disso, João mostra alguns episódios parentéticos, que ocorrerão nos capítulos 17 e 18. Nestes dois capítulos, o escritor sagrado nos revela a falsa igreja do Anticristo (a Babilônia religiosa) e a capital do reino do Anticristo (a Babilônia comercial).

O Segundo período da Grande Tribulação inicia-se com a quebra do pacto entre o Anticristo e Israel, com a profanação do templo reconstruído e a cessação dos sacrifícios (Dn.9:27). Jerusalém voltará a ficar sob o controle dos gentios (Ap.11:2), passando o templo a ser local de adoração da imagem do Anticristo (a “abominação da desolação” de Mt.24:15), bem como Jerusalém passará ser local de visitação pública dos corpos das duas testemunhas (Ap.11:8).

Nesse período tenebroso, o Anticristo consolidará a nova religião mundial, de adoração a sua pessoa, pois todo o mundo se convencerá dos seus poderes sobrenaturais, provavelmente em razão de uma suposta ressurreição, como será pregado por parte do falso profeta (Ap.13:8,12-15). Também, consolidará o seu poder político-econômico-militar, estabelecendo um governo mundial ditatorial (o “domínio” de Dn.7:25, o “rei” de Dn.8:25 e o “poder” de Ap.13:7b, o “oitavo rei” de Ap.17:11). Terá, então, todo o controle sobre as transações econômicas e exigirá que todos os homens ponham sobre si o seu sinal, mas quem o fizer estará irremediavelmente perdido na eternidade (Ap.13:8-11;14:11). Iniciará a implacável perseguição sobre Israel a fim de destruí-lo totalmente, o que somente não conseguirá porque o Senhor Jesus, pessoalmente, o impedirá.

Enquanto o Anticristo terá todos estes pontos de êxito e de vitória sobre os homens, Deus começará a mostrar a Sua soberania sobre todas as coisas, derramando sobre a Terra todos os juízos estabelecidos para o “Dia do Senhor”, o “Dia da vingança do nosso Deus”, “Tempo da angústia de Jacó”, “Dia de trevas”, “aquele Dia”, “o grande Dia”, “Dia de ira”, “ira futura”, entre outros. Durante os sete anos de Tribulação, Deus enviará três julgamentos à Terra: o Julgamento dos Selos (Ap.6); o Julgamento das Trombetas (Ap.8 e 9); o Julgamento das Taças (Ap.16).

A Igreja não passará pela Grande Tribulação. O objetivo principal da Grande Tribulação é restaurar a nação de Israel, que foi criada e formada por Deus, a partir da chamada de Abraão (Gn.12:2). Deus prometeu que Israel seria sua propriedade peculiar e uma nação santa, que duraria para sempre (Ex.19:5,6; 2Sm.7:10). E para que Deus trate com Israel é necessário que a Igreja seja tirada da Terra. Quando isto acontecer, se reiniciará a contagem da septuagésima semana de Daniel, que corresponde o período da Grande Tribulação, e se encerrará com a volta gloriosa do Senhor Jesus para livrar Israel e implantar o seu reino milenar (Mt.24:29,30; Ap.1:7,8).

III. DOS TEMPOS E DAS ESTAÇÕES ATÉ A VOLTA DO SENHOR

1. Uma atenção à expressão “dos tempos e das estações”

“Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva”; porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (1Ts.5:1,2).

Esta expressão – “dos tempos e das estações” – também foi usada pelo Senhor Jesus em seu último discurso aos seus discípulos, logo após a sua ressurreição (Atos 1:7) - “Não vos pertence saber os tempos e as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”. Ambos os registros trazem a noção da iminência da volta do Senhor. A referida expressão é usada na Bíblia para se referir a vários acontecimentos preditos por Deus ainda não cumpridos com respeito à nação de Israel. Uma vez que eram de origem judaica, os discípulos deviam ter entendido que, nesse caso, a expressão se referia aos dias críticos antes do estabelecimento do reinado milenar de Cristo na terra.

A razão por que Paulo não escreveu aos tessalonicenses acerca dos “tempos e estações” da segunda vinda de Cristo (1Ts.5:1) não era que ele julgasse essas informações irrelevantes ou desnecessárias, mas porque ele já havia ensinado a eles que este tema estava além da esfera de seu ensino. O papel da Igreja não é saber tempos ou épocas que o Pai reservou para a Sua exclusiva autoridade, mas estar engajada na obra e preparada para a vinda do Senhor. O dia desse acontecimento, portanto, não foi revelado aos anjos nem a nós; é da autoridade exclusiva do Deus Pai (Mt.24:36; Atos 1:7).

Não poucos estudiosos da Bíblia, no afã de mergulhar nas profecias bíblicas, chegam às raias do entusiasmo inconsequente, marcando data para a segunda vinda de Cristo e descrevendo minúcias desse esperançoso acontecimento escatológico. Mas, tanto Paulo quanto Jesus, nos ensinam que não nos compte saber os tempos e épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Portanto, qualquer especulação sobre a data da vinda de Cristo é perda de tempo e desobediência ao ensino bíblico. Devemos apenas viver em vigilância em todo tempo, não procurando adivinhar datas ou períodos, pois não sabemos o dia nem a hora que o nosso Senhor vai voltar.

Na Igreja existem muitos que deixam de fazer a obra do Senhor por causa da expectativa iminente da Segunda vinda de Cristo, mas também existem aqueles que vivem despreocupadamente sem dar crédito a ela; estes são zombadores e escarnecedores, que andam dizendo: “onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais morreram, todas as cousas permanecem como desde o princípio da criação” (2Pd.3:4).

No meio desses dois extremos, como a Igreja de Cristo deve se portar? Que atitude deve ter em relação à segunda vinda de Cristo? A Igreja deve aguardar a Segunda vinda de Cristo com uma atitude de expectativa, vigilância, coragem militante e confiança. A Igreja não deve se preocupar com as minúcias da data da segunda vinda de Cristo, mas, sim, estar preparada para a Sua volta. Vigilância e trabalho, e não especulação, é o que a Bíblia ensina quanto a este momentoso tema.

2. Uma dimensão do Espírito; uma dimensão do porvir

Jesus, em seu último encontro com os discípulos, no Monte das oliveiras, repete a promessa do Pai: a vinda do Consolador (João 14:16,26; 15:26). Jesus prometeu que seriam “batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:5). Os discípulos, refletindo sobre a vinda do Espírito Santo, lembraram-se das palavras do profeta Joel acerca do derramamento do Espírito associado ao reino glorioso do Messias (Jl.2:28). Concluíram que o Senhor instituiria seu reino em breve, pois ele havia dito que o Espírito seria enviado “depois destes dias”. Como sua pergunta revela, ainda esperavam que Cristo instituísse seu Reino terreno literal de imediato.

Jesus não os corrigiu por essa expectativa de seu reino literal na terra, pois sua esperança era e continua sendo justificada. Ele apenas lhes disse que não lhes competia conhecer o tempo da vinda de seu reino (Atos 1:7). A data havia sido estabelecida pela “exclusiva autoridade” do Pai, mas Ele tinha escolhido não Lhe revelar. Era uma informação que dizia respeito somente a Deus Pai.

Depois de refrear a curiosidade dos discípulos quanto à data futura desse reino, Jesus direcionou a atenção deles para uma questão mais imediata: a natureza e abrangência da missão da qual seriam incumbidos. Quanto à natureza dessa incumbência, os discípulos deviam ser testemunhas; quanto à abrangência, deviam ser testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra (Atos 1:8). Antes disso, porém, precisavam receber o poder do Espírito Santo. Esse poder é o elemento absolutamente indispensável do testemunho cristão. Uma pessoa pode ter muitos talentos, treinamento e experiência, mas, sem poder espiritual, será ineficaz. Em contrapartida, uma pessoa pode ter pouca instrução, ser pouco atraente e polida, mas, ao receber o poder do Espírito Santo, é capaz de fazer grandes coisas para Deus. Os discípulos temerosos precisavam de poder para testemunhar e de ousadia santa para pregar o evangelho. Esse poder lhes seria dado quando o Espírito Santo descesse sobre eles.

O Espírito Santo continua sendo o elemento principal da Igreja. Sem Ele, é difícil a Igreja pregar o evangelho com ousadia e eficácia; sem Ele, é difícil a Igreja preservar a esperança do porvir; sem Ele, é difícil o crente reter dentro de si a veracidade da iminência da volta do Senhor.

3. Espírito e Porvir: temas da nossa pregação

A mensagem pentecostal traz consigo o poder do Espírito e a bendita esperança no porvir. A vinda gloriosa de Cristo é mais do que uma bendita esperança, é uma esperança cheia de alegria (Rm.5:2; 12:12), uma esperança unificadora (Ef.4:4), uma viva esperança (1Pd.1:3), uma firme esperança (Hb.6:19) e uma esperança purificadora (1João 3:3). A dinâmica da vida do cristão é a expectativa da vinda gloriosa de Jesus Cristo. O cristão é uma pessoa que está sempre pronta para receber o Rei dos reis. Assim sendo, a promessa da bendita esperança deve estar em nossa pregação. Não deixemos de pregar: Jesus em breve voltará.

CONCLUSÃO

A gloriosa esperança de Paulo deve ser a nossa. O cristão olha para trás e glorifica a Deus porque a graça o libertou da impiedade e das paixões mundanas; ele olha para o presente e exalta a Deus porque tem uma correta relação consigo, com o próximo e com o próprio Deus; ele olha para o futuro e se santifica porque vive na expectativa da Vinda do grande Deus e Salvador Cristo Jesus. A Volta de Jesus é a mais sublime promessa que a Bíblia registra ao povo da Nova Aliança. É a mais gloriosa esperança. A qualquer instante, num dia e numa hora em que ninguém sabe, apenas Deus, a trombeta soará, e a Igreja será levada para estar para sempre com Jesus. Que vivamos no Espírito, aguardando esta gloriosa e bendita esperança!

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

2ª lição do 4º trimestre de 2021: AULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR



 4º Trimestre/2021


Texto Base: Atos 8:1-3; 22:4,5; 26:9-11

“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote” (At.9:1).

V.P.: “A Igreja é uma instituição divina que perdurará na Terra até o arrebatamento, pois do contrário, já teria acabado ao longo da história”.

 

Atos 8:

1.E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.

2.E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto.

3.E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.

Atos 22:

4.Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres,

5.como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados.

Atos 26:

9. Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus, o Nazareno, devia eu praticar muitos atos,

10.o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles.

11.E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de Paulo, antes da sua conversão. Ele tinha a fama de perseguidor da Igreja em seu princípio. Ele mesmo fez uma digressão para registrar seu passado inglório como implacável perseguidor da Igreja. Sendo um fariseu zeloso (Fp.3:5), tornou-se líder destacado do judaísmo (Gl.1:14). Levantou-se como ferrenho perseguidor da Igreja; como uma fera selvagem, respirava ameaças e morte contra a igreja (Atos 9:1); assolou e devastou a Igreja (At.8:3; Gl.1:13); exterminou discípulos de Cristo em Jerusalém (At.9:21).

Paulo perseguiu o “Caminho” até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres (Atos 22:4). Fez muitas coisas contra o nome de Cristo (At.26:9). Encerrou muitos dos santos em prisão e votava contra eles quando eram condenados à morte (At.26:10). Afligia os crentes nas sinagogas, forçando-os a blasfemar e, enfurecido, os perseguia até por cidades estranhas (At.26:11). Era como um touro indomável que não queria ser amansado (At.26:14). Teve de ser jogado ao chão e quebrantado para reconhecer que o Jesus que ele perseguia era o Messias que tanto o seu povo esperava. Sua conversão foi uma grande bênção para a Igreja. Somente em Jesus Cristo o ser humano pode receber a devida transformação de caráter. No mundo de hoje existe perseguição em todos os lugares e de todas as facetas; esperamos que o Senhor transforme os perseguidores da Igreja, que não são poucos, em fiéis seguidores de Cristo e defensores da flâmula do Evangelho.

I. SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL

1. Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1Tm.1:13)

“...dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade” (1Tm.1:13).

Neste texto Paulo usa três palavras para descrever a si mesmo no período que ele perseguia os cristãos:

ü  A primeira palavra: blasfemo. Ele falava mal dos cristãos e de seu Senhor, Jesus Cristo.

ü  A segunda palavra: perseguidor. Efe prendeu os cristãos, açoitou-os, forçou-os a blasfemar e deu voto para matá-los ao perceber que a religião do Caminho era uma ameaça ao judaísmo.

ü  A terceira palavra: insolente. Para levar a cabo seu plano opressor, ele sentia um prazer mórbido em afligir de forma violenta os cristãos.

Como blasfemo, afligiu os cristãos apenas com palavras insultuosas. Como perseguidor, infligiu sofrimento físico. Como insolente, atacou os cristãos com crueldade e abuso. Ele “respirava ameaças e morte” contra os discípulos de Jesus (At.9:1); não via nenhum problema em prender e arrastar presos para Jerusalém todos os que professavam o nome do Nazareno (At.9:2). Ele acreditava piamente que, com esse comportamento, estava agradando a Deus. Apoiado pela casta sacerdotal que odiava o nome de Jesus, Saulo usava dos meios legais para atacar os cristãos. Por causa de sua truculência, os seguidores de Jesus tiveram que fugir para outras cidades. Contudo, para com esse homem bárbaro a graça de Deus superabundou; ele foi plenamente alcançado pela misericórdia de nosso Senhor Jesus.

2. As ameaças de Saulo de Tarso

“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote” (Atos 9:1).

Antes de sua conversão a Cristo, tudo o que Paulo pensava, falava e fazia era dominado pelo seu desejo de aniquilar os seguidores de Jesus Cristo. Munido de cartas do sumo sacerdotes da época, rumou para Damasco, respirando ameaças e morte, com o objetivo de prender homens e mulheres seguidores de Cristo, levando-os manietados a Jerusalém. Damasco era residência de muitos judeus; a cidade era um centro comercial para onde convergiam caravanas de todas as direções do mundo antigo e onde a fé cristã começou a florescer. Paulo percebeu que, de Damasco, o evangelho de Cristo se espalharia por todo o mundo.

O sumo sacerdote era o cabeça do Sinédrio, o qual, como corpo judiciário, possuía jurisdição sobre os judeus residentes em Jerusalém, na Palestina e na dispersão. Assim, tinha o poder de expedir mandados para as sinagogas de Damasco, a fim de prender os cristãos judeus que ali residiam. Como a Igreja de Jerusalém foi duramente perseguida (Atos 8:3), muitos cristãos fugiram, mas não deixaram de pregar o evangelho (Atos 8:4). Alguns deles, escapando da implacável perseguição, foram para Damasco, onde havia muitas sinagogas. Paulo sabendo disto, e munido de cartas de autorização do sumo sacerdote, ou seja, de ordens de extradição, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que confessavam o nome de Cristo (Atos 9:1,2).

Paulo perseguia os discípulos de Cristo do mesmo modo que uma fera selvagem caça a sua presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9:21). Em suas próprias palavras, ele estava demasiadamente enfurecido. Era um monstro malfeitor, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos no princípio da Igreja.

3. Por que Saulo perseguia os cristãos?

Diante do Sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres” (Atos 22:4). Ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois de sua conversão, o povo de Damasco reafirmou como Paulo perseguiu implacavelmente os crentes: “...Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?” (Atos 9:21).

Por que, então, Saulo perseguia ferozmente os cristãos? Por causa de seu zelo destrutivo pela Lei mosaica (a Torah) e o suposto fato religioso de que Jesus era um impostor, um “blasfemo”. Logo, não aceitava que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser o Messias prometido por Deus. Não aceitava que os cristãos anunciassem a ressurreição daquele que havia sido pendurado numa cruz. Não aceitava que uma pessoa pregada na cruz, considerada maldita (Dt.21:23), pudesse ser o Salvador do mundo. Por isso, para Saulo, nosso Senhor não passava de um blasfemo. Mais tarde, por ocasião de sua conversão, ele descobriu que Cristo assumiu a maldição da Lei e, por isso, nos livrou dessa maldição (Gl.3:13). O zelo sem entendimento pode levar um homem a fazer loucuras.

Na verdade, o ódio de Paulo não era propriamente contra os cristãos, mas contra Cristo, pois ao perseguir a Igreja, ele estava perseguindo o próprio Cristo. Por isso, ao aparecer a ele no caminho para Damasco, Jesus pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues? “ (Atos 9:4). Ele, então, retruca: “Quem és tu, Senhor?” E obtém a resposta: “E sou Jesus, o Nazareno a quem tu persegues” (Atos 9:5). Paulo testemunhou ao rei Agripa sobre isso: “na verdade, a mim me parecia que muitas cousas deviam eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno” (Atos 26:9). Seu coração estava cheio de ódio e sua mente estava envenenada por preconceitos.

II. A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO

1. Contra os seguidores de Jesus

Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “...Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9:13,14).

Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para todos aqueles que confessavam o nome de Jesus. Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu os seguidores de Cristo até à morte (Atos 22:4). Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o Nazareno (Atos 26:9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. O fanatismo religioso sem fundamento, ilógico, fora da baliza bíblica, baseado apenas nos dogmas humanos, faz com que o fanático cometa loucuras.

A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os seguidores de Cristo (adaptado do livro Paulo, de Hernandes Dias Lopes). Cito apenas três métodos:

a) Paulo perseguia os seguidores de Cristo usando o recurso da Lei. Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos (Atos 26:10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da Lei religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos de Cristo as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o pobre e indefesos. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos.

b) Paulo perseguia os seguidores de Cristo em seus redutos religiosos. Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por cidades estranhas (Atos 26:1). Sua área de jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9:1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a Lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar Cristo e cultuá-lo. Porém, o lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a Deus. Ledo engano! Muitos fanáticos religiosos desta estirpe continuam existindo no mundo de hoje, aos montões.

c) Paulo empregava a tortura psicológica. A perseguição impetrada por Paulo não consistia apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha isso: “muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26:11). Ele era blasfemo (1Tm.1:13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26:10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artificio maligno e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.

2. Saulo de Tarso e Estevão

Estêvão é considerado o primeiro mártir do cristianismo, e Paulo teve uma participação crucial em sua morte. Ele teve plena culpa, pois era uma autoridade do Sinédrio e tinha o poder de impedir aquele massacre. Está escrito que quando Estêvão foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em sua morte, e fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos (Atos 8:1). Está escrito que Paulo guardava as vestes daqueles que apedrejavam Estêvão (Atos 22:20).

Mas, a perseguição e a morte de Estêvão foram como o vento que atiçou o fogo do Espírito; em vez de desanimar a Igreja, animou-a, promoveu-a. O martírio de Estêvão provocou a perseguição; a perseguição desembocou na dispersão (Atos 8:4); e a dispersão redundou na evangelização – “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a Palavra” (Atos 8:4).

Do ponto de vista humano, aquele foi um dia tenebroso para os crentes, mas do ponto de vista de Deus foi o começo de uma grande revolução espiritual, quando a Igreja alargou suas fronteiras em direção aos confins da terra. Com a morte de Estêvão um vento forte de perseguição soprou sobre a Igreja. Mas a perseguição é como o vento em relação à semente, apenas a espalha.

3. Uma intolerância religiosa e política contra a Igreja atual

Desde o seu nascedouro, a Igreja foi e está sendo perseguida. Satanás nunca a deixou quieta. Assim que uma pessoa aceita a Cristo e passa a pertencer à Igreja, começa a ter em seu encalço o adversário, que não descansa enquanto não conseguir tirar essa pessoa da Luz, trazendo-a de volta para as trevas. É uma luta incansável do adversário e, por isso, o Senhor nos manda ter bom ânimo, pois não podemos nos cansar. Enquanto a Igreja estiver aqui na Terra, passará por perseguições. O apóstolo Paulo ressaltou isso quando escreveu ao jovem Timóteo: “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm.3:12).

Estêvão, um dos primeiros mártires da Era Cristã, sentiu na pele o peso da perseguição (Atos 7:52), mas não apenas ele, a Igreja primitiva pagou um alto preço por seguir a Jesus (Hb.11:38; 1João 3:12); basta ler as histórias dos mártires do Coliseu para constatar. Paulo é um caso especial de alguém que perseguiu e depois passou a ser perseguido (At.9:1-9; Fp.3:6; 1Co.15.32; 2Co.11.23). No Apocalipse, a igreja de Esmirna, tipifica a Igreja perseguida e vitoriosa (Ap.2:9,13).

As perseguições contra a Igreja nunca cessaram; Satanás sempre “bateu” de frente com a Igreja, mas perdeu todas. O Senhor Jesus havia dito que “...as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(Mt.16:18). A opressão sofrida pela Igreja, ao longo do tempo, se deu de várias maneiras: por meios religiosos, teológicos, em cumprimento a determinações legais, políticos e/ou culturais.

Em muitos lugares esses elementos foram e são aplicados de modo integrado a fim de que os perseguidos não encontrem escapatória. Na Idade Média, vários foram os instrumentos destrutivos que os Papas usavam para intimidar os crentes fiéis, e uma delas, foi a satânica “santa inquisição”. Muitos cristãos foram queimados vivos nas fogueiras do ódio, mas Satanás fracassou outra vez. Os cristãos perseguidos por toda Europa, começaram a migrar para a América. Acabaram construindo nela a maior potência da Terra e, através dela, o Evangelho foi sendo alcançado por todo o mundo, tendo inclusive chegado ao Brasil. Deu tudo errado para Satanás. A Igreja tendo o Senhor Jesus como seu Comandante, venceu, e seguiu triunfante.

Como bem diz o pr. Elienai Cabral, “a igreja atual continua a despertar fúrias de certas autoridades políticas e religiosas que não aceitam a mensagem de liberdade e vida que o Evangelho proporciona. Nossos irmãos, que servem a Deus em países políticos e religiosamente fechados para o Evangelho, continuam a pagar, com a própria vida, a fidelidade à mensagem de Cristo”.

Além da perseguição tradicional aos cristãos, há a perseguição mais sofisticada, que se dá no campo cultural. Por exemplo, quando tentam reduzir a vivência da fé à vida privada dos cristãos, trata-se de uma perseguição cultural e ideológica. A perseguição cultural, também, manifesta-se por meio da literatura anticristã e através da indústria de entretenimento. Escritores e intelectuais seculares, a serviço do inferno, têm feito de tudo para profanar e perverter o evangelho de Cristo. Certo autor, de renome internacional, publicou alguns anos atrás um livro que relata uma falsa história sobre a vida sentimental de Jesus. Além da literatura, outras manifestações culturais têm sido usadas para desqualificar e desacreditar o Cristianismo. Peças teatrais, filmes como "a última tentação de Cristo", músicas, pinturas, e outras formas de expressão artística têm sido manipuladas pelo Diabo para afastar as pessoas do evangelho de Cristo.

Hoje, a perseguição é camuflada; Satanás, sutilmente, está usando pessoas de dentro da Igreja (falsos mestres e falsos pastores) para persegui-la, com disseminação de falsas teologias, falsas doutrinas, falsos ensinos. Peçamos a Deus o dom de discernimento, ele é indispensável nestes últimos dias da Igreja.

“A igreja permanece fiel ao seu caráter ao preservar sua distinguibilidade. Ela não faz nenhum favor à sociedade adaptando-se à cultura popular prevalecente, porque falha em sua tarefa justamente no ponto em que deixa de ser ela mesma. Quando a Igreja adota uma ética moral formada pela cultura popular prevalecente, está negando sua natureza. A igreja deve ser ela mesma pelo bem da humanidade. É o papel da Igreja servir e transformar a sociedade e suas instituições. Para realizar esta tarefa, a igreja deve ser a Igreja e não se assimilar com a cultura popular prevalecente” (JOHNS, C.B.;WHITE, V.W. A ética de ser: caráter, comunidade, práxis. In: PALMER, M.D. (ed.).

III. QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA

1. Como era a perseguição contra os primeiros discípulos?

A perseguição era violenta, selvagem, em excesso, sem medidas e contínua. A perseguição aos primeiros cristãos em Israel foi deflagrada pelos expoentes do judaísmo, dentre eles se destacava Saulo de Tarso. Este usou todas as suas forças e toda a sua influência nessa causa ensandecida. Como uma fera selvagem, que salta sobre a presa para devorá-la, esse fariseu fanático se lançou contra a Igreja de Deus, exterminando os discípulos de Jesus.

Paulo se revelou como antagonista implacável do evangelho porque ele se achava um judeu exemplar, um fariseu zeloso da Lei mosaica; ele entendia que praticar essas barbáries era defender a fé judaica, livrando os judeus dos “hereges”. Ele mesmo declarou aos destinatários da Epístola aos Gálatas, o seu passado de cruel perseguidor da Igreja: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl.1:13). Ele assim se expressou aos irmãos filipenses: “circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja” (Fp.3:5,6). “As perseguições desmedidas brotam do zelo desmedido pelas tradições paternas”.

Paulo disse que era o menor dos apóstolos, que não era mesmo digno de ser chamado apóstolo, pois perseguiu a Igreja de Deus (1Co.15:9). Ele devastou a Igreja (Gl.1:13), assolou a Igreja (Atos 8:3) e exterminou em Jerusalém aqueles que invocavam o nome de Jesus (Atos 9:21). Ele prendia os cristãos, mandava açoitá-los e não havia escrúpulos nem mesmo com as mulheres e crianças (Atos 9:21; 22:5). Ele não respeitava domicílio doméstico, pois entrava nas casas e arrastava homens e mulheres para lançá-los na prisão (Atos 8:3). Não poupava nem os lugares sagrados, pois entrava nas sinagogas para castigar os crentes, forçando-os a blasfemar.

Depois de lançar muitos dos santos nas prisões, contra eles dava o seu voto, quando os matavam (Atos 26:9-11). Paulo perseguiu os cristãos (Atos 26:11), a religião dos cristãos (Atos 22:4) e o Deus dos cristãos (Atos 26:9). O próprio Jesus havia alertado os discípulos que eles seriam perseguidos: “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (João 16:2).

2. Perseguição, tortura e método

Como já disse no item 1 do tópico II, Paulo castigava os cristãos não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha isso: “muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26:11). Ele era blasfemo (1Tm.1:13) e forçava os cristãos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam; outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26:10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artificio maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.

3. Perseguição aos pentecostais

A perseguição aos cristãos é um fenômeno que ocorreu em toda a história do Cristianismo, desde o seu nascimento, sob o judaísmo, passando pelos primeiros séculos, sob o Império Romano, e chegando até os nossos dias em que a perseguição é efetivada de forma cruel nos países mulçumanos e nos países de sistema de governo comunista. Atualmente, no mundo inteiro, principalmente nos países mulçumanos, na Índia, nos países sob capitalismo de Estado – como a China, a Coreia do Norte, Laos, Cuba, dentre outras – a perseguição aos cristãos, de várias denominações, está sendo brutalmente acontecida. Os órgãos que se dizem proteger os direitos humanos, fazem vistas grossas quando o assunto é perseguição aos cristãos, principalmente se os perseguidores forem os mulçumanos e o governo da China. Nos países muçulmanos, a lei islâmica proíbe a conversão de um muçulmano ao cristianismo. Os casos de maus tratos são bastante numerosos, pois, nesses países, pela lei, um muçulmano que se converte ao Cristianismo é passível de pena de morte, e, quando isto não acontece, há aprisionamentos, torturas e pesadas multas. A agressão não é somente física, também, principalmente, psicológica.

Muitos são os relatos das grandes dificuldades que nossos irmãos passam em países inimigos de Cristo por causa de sua fé. “Há países que, devido seus maiores envolvimentos com a economia global, não executam a matança em massas de cristãos, mas coloca a vida deles sob rígida vigilância. Entretanto, o que o regime considera ilegal, trata os cristãos supostamente fora da lei com prisão e brutalidade. Há outros regimes que nem aparência de civilidade há. Por isso, oremos pela igreja perseguida!”.

Aqui no Brasil, atualmente, temos uma aparente liberdade de culto e religião, amparado na Constituição. Mas, como bem diz o pr. Elienai Cabral, “no início do Movimento Pentecostal no Brasil, nossos pioneiros sofreram toda sorte de perseguição e violência. Muitos deles sofreram agressões físicas e psicológicas. Tudo isso porque pregavam uma doutrina que a religião oficial não aceitava. O que dizer de Daniel Berg e Gunnar Vingren, os primeiros pastores dos primórdios das Assembleias de Deus no Brasil? E tantos outros irmãos perseguidos nesses rincões brasileiros?”. Dentre os evangélicos, somos maioria no Brasil, mas ao olhar para o passado, devemos enxergar o presente e conscientizar-se de que a obra pentecostal custou um alto preço.

CONCLUSÃO

Desde o seu princípio, a Igreja é perseguida. Se ela não fosse uma instituição divina, edificada pelo próprio Cristo, ela não existiria mais. E enquanto ela estiver aqui na Terra, passará por perseguições; afinal, como bem ressaltou o apóstolo Paulo escrevendo ao jovem Timóteo, “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm.3:12). Mas não devemos temê-las, cientes de que as venceremos pela fé em Cristo (1João 5:4). Temos, também, a certeza dAquele que está conosco, de que as portas do inferno não resistirão a força de Sua Igreja (Mt.16:18).

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço