Texto Base: Atos 8:26-35; Efésios 4:11
23/05/2021
"Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2Tm.4:5).
26.E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.
27.E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,
28.regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
29.E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.
30.E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que lês?
31.E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.
32.E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.
33.Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.
34.E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro?
35.Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.
Efésios 4:
11.E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do tema: “O Ministério de Evangelista”. Existe uma grande confusão feita em torno deste ofício no contexto das Assembleias de Deus no Brasil. Seria o "Evangelista" um oficial da Igreja, ou alguém dotado do "Dom Espiritual de Evangelista", independentemente de ser ou não um oficial (aquele que exerce um ofício eclesial)? A maioria dos estudiosos das Escrituras Sagradas considera que o Evangelista não é um cargo oficial da Igreja à luz da Bíblia. Muitos dizem que sim e citam Efésios 4:1. Mas, se o é, então, por qual razão "profetas" e "mestres" não o são? Se "Evangelista" é um cargo oficial à luz da Bíblia, por qual razão as Escrituras não prescrevem os pré-requisitos para o cargo (ou ofício), como nos casos de diáconos, presbíteros e bispos (1Tm.3:1-13; Tt.1:5-9)?
Estêvam Ângelo de Souza, em sua obra "Os Dons Ministeriais" (CPAD, 1993, p. 43), afirma que "devido a incorreta concepção do ministério de evangelista, vemos, às vezes, um 'Evangelista' ocupado com uma pequena igreja, completamente fora de sua função, ou mesmo, sem qualquer evidência deste dom ministerial. É evangelista simplesmente porque alguém o determinou ou porque lhe deram este nome. Isto nada tem a ver com o verdadeiro ministério de evangelista; isto não tem nenhum fundamento bíblico". Afirma ainda Estevam Ângelo: "Não temos informação de que Filipe fora ordenado como evangelista para Samaria", e que "[...] o poderoso dom de evangelista não é comum a todos os crentes; no entanto, a responsabilidade de pregar o Evangelho a toda a criatura é comum a todos os salvos, a quantos amam a Deus e a sua obra!" (Ibid., p. 48).
Nos dias dos Apóstolos, os Evangelistas eram missionários pátrios que efetuavam a missão evangelizadora da Igreja entre os judeus e depois aos gentios, em posição subordinada aos Apóstolos (Lc.10:1-17; Atos 8:4;11, 19). A missão primordial dos Evangelistas era a pregação das boas novas do Reino de Deus. Os Apóstolos e Profetas lançaram o fundamento da Igreja, e os Evangelistas edificaram sobre esse fundamento, ganhando os perdidos para Cristo. Cada membro da Igreja deve ser uma testemunha de Cristo (Atos 2:41-47; 8;4; 11:19-21), mas há pessoas a quem Jesus dá o Dom especial de ser um Evangelista, como ocorreu com o diácono Filipe.
No início da Igreja, o trabalho dos Evangelistas era uma obra itinerante de pregação orientada pelos Apóstolos, e parece ser justo chamá-los de a Organização Missionária da Igreja. O fato de não termos esse Dom não nos desobriga de evangelizar. Temos de Jesus a ordem para pregar o Evangelho, e em sua multiforme sabedoria Deus dispõe para a Igreja o poder necessário para proclamar o Evangelho com ousadia.
I. JESUS ENVIA OS SETENTA (Lc.10:1-20)
1.E, depois disso, designou o Senhor ainda outros setenta e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
2.E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.
3.Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.
4.E não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho.
5.E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa.
6.E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós.
7.E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa.
8.E, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante.
9.E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus.
10.Mas, em qualquer cidade em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei:
11.Até o pó que da vossa cidade se nos pegou sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto: já o Reino de Deus é chegado a vós.
12.E digo-vos que mais tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade.
13.Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco de pano grosseiro e cinza, se teriam arrependido.
14.Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no Dia do Juízo do que para vós.
15.E tu, Cafarnaum, serás levantada até ao céu? Até ao inferno serás abatida.
16.Quem vos ouve a vós a mim me ouve; e quem vos rejeita a vós a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
17.E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam.
18.E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
19.Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano algum.
20.Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus.
Este é o único relato nos evangelhos do Senhor enviando os setenta discípulos para pregar as boas novas. É bem semelhante à comissão dos Doze em Mateus 10. Todavia, ali os doze discípulos foram enviados às áreas do Norte, enquanto os setenta foram enviados ao Sul, ao caminho que o Senhor seguia a Jerusalém. Enquanto o ministério e o serviço dos Setenta foram somente temporários, as instruções do Senhor a esses homens sugerem muitos princípios de vida que se referem aos cristãos de todas as épocas.
1. São poucos os que anunciam
Quando Jesus enviou os trinta e cinco grupos de duas pessoas para alcançar as muitas cidades e aldeias que Ele ainda não tinha alcançado, Ele asseverou: “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos” (Lc.10:2). Para se ter uma Seara é necessário ter obreiros no campo. Assim, muitas pessoas precisam ouvir a mensagem, mas há poucos obreiros dispostos a reuni-los. Embora Jesus tivesse enviado os Doze, e agora os Setenta, Ele lhes disse: “rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara”. No serviço cristão, não há espaço para o ócio. Nenhum crente deve ficar sentado a olhar os outros trabalhar, porque a Seara é grande. Na Seara do Senhor a necessidade é sempre maior que a provisão de trabalhadores. Numa Organização, como é a Missionária, nem todos fazem a mesma coisa, mas todos trabalham, dentro de seu campo de atuação, visando um alvo comum. Se você não pode ir, você deve orar e contribuir financeiramente; se você não pode ir e nem contribuir, você deve orar pedindo ao Senhor para que outros possam ir e outros contribuam financeiramente. O importante é que todos participem!
2. Enviados para o meio de lobos
A Seara envolve um trabalho intenso e de inevitáveis perigos. Disse Jesus: “Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos” (Lc.10:3). Esses setenta discípulos estavam sendo enviados a um mundo que não era um lugar agradável, era um ambiente hostil. Jesus ordenou que eles fossem – “eu vos mando” -, explicando que eles iriam como “cordeiros ao meio de lobos”. O uso da palavra “cordeiros” se refere à sua vulnerabilidade, que poderia fazer com que eles dependessem mais de Deus. Aparentemente, eles estão sem defesa, como “cordeiros” no “meio de lobos”. Eles não podem esperar ser tratados bondosamente pelo mundo contrário à mensagem do Reino de Deus, mas, antes, ser perseguidos e até mortos.
A história da Igreja nos mostra que inúmeras pessoas pagaram com a vida por professar a fé em Cristo e pregar o Evangelho. Muitos evangelistas enfrentarão ainda muitas perseguições, sobretudo em países dominados por religiões anticristãs e fundamentalistas; nesses lugares, eles são comparados a cordeiros que se dirigem para o meio dos lobos. Nas últimas décadas, mais cristãos foram mortos no mundo que em qualquer outra época da história da Igreja, principalmente nos lugares onde há predominância da religião mulçumana, que prega morte aos cristãos e judeus. Enquanto muitos pregam que a glória é a insígnia de todo cristão, Paulo afirma que a marca distintiva do crente é a cruz – “E em nada vos espanteis... Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele...” (Fp.1:28,29). O sofrimento por causa do evangelho não é acidental, mas um alto privilégio. A cruz dignifica e enobrece.
Jesus fazendo menção a Paulo, logo após a sua conversão no caminho para Damasco, disse a Ananias: “pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9:16). O apóstolo Pedro disse aos cristãos destinatários de sua Epístola: “mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (1Pd.4:16). Portanto, no ministério de Evangelista ninguém espere amenidades.
3. Os sinais e as maravilhas confirmam a Palavra
Os setenta discípulos completaram a sua missão em várias cidades e aldeias (Lc.10:1) e retornaram com alegria, porque até os demônios se submeteram a eles – “Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam” (Lc.10:17). Evangelização com milagres, sinais e prodígios são características do ofício Evangelista. Assim como os Doze Apóstolos receberam "poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda enfermidade e todo o mal" (Mt.10:1), os setenta evangelistas também estavam investidos da mesma autoridade espiritual. Jesus quer que seus seguidores lutem contra as forças do mal, expulsando os espíritos malignos e curando os enfermos. Essa demonstração de autoridade divina no conflito espiritual é a continuação da manifestação do reino de Deus na Terra.
Os discípulos ficaram muito contentes pelos sinais e as maravilhas que eles operaram. Trouxeram um relatório positivo da missão e cheios de alegria porque os demônios lhes sujeitaram. Porém, Cristo os advertiu para não fazerem do poder sobre os demônios, ou do sucesso da missão, uma fonte fundamental da sua alegria; deviam alegrar-se, sim, por estar os seus nomes escritos nos céus (Lc.10:20). Isso é uma grande lição para todos nós hoje que exercemos algum ministério no reino de Deus!
II. A GRANDE COMISSÃO (Mt.28:19,20; Mc.16:15-20)
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt.28:19,20).
A Grande Comissão é, sem sombra de dúvidas, a suprema tarefa da Igreja. As palavras de Jesus Cristo, relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, apontam para alvo e objetivo que a Igreja deva alcançar. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais, devem ser encarados no contexto da Igreja Local como acessórios; entretanto, a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A Igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não fizer missões evangelísticas, não fez nada. Missões é urgente e essencial!
1. O alcance da Grande Comissão
Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do Reino de Deus (Atos 1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja:
“ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt.28:19,20).
Nota-se que Jesus ordenou que o Evangelho fosse pregado a “todas as nações” ou a “todo o mundo” (Mc.16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (2Co.9:16).
A ordem do Senhor de ir “por todo o mundo” lembra-nos de que a evangelização é feita sem qualquer discriminação, sem qualquer parcialidade ou preferência deste ou daquele lugar, desta ou daquela nacionalidade.
- Ir (proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda criatura).
- Ensinar (tanto aos novos convertidos como aos maturados na fé, tornando-os fiéis seguidores de Cristo).
- Batizar (integrar os novos convertidos na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento por intermédio da ação do Espírito Santo em sua vida, e desfrute sempre da comunhão dos santos).
Estes são os grandes imperativos da Grande Comissão, que alcançam todo o mundo, a toda a criatura humana, independentemente da nacionalidade, etnia, sexo ou condição socioeconômica do homem (Gl.3:28).
2. O mundo está dividido em dois grupos
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16).
Aqui, o Evangelho de Marcos destaca que há dois grupos de pessoas diante da mensagem de Jesus: os que creem e os que não creem. A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra.
Toda a humanidade é carente da graça de Deus e precisa decidir o seu futuro eterno crendo ou não no Evangelho. Não cabe à Igreja dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. O Senhor foi enfático em dizer que toda criatura deve ouvir a mensagem do Evangelho, seja esta pessoa quem for. Nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo daquele tempo; mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo; e nós, o que estamos a fazer?
3. A Grande Comissão hoje
Sem dúvida, nestes últimos dias da Igreja do Senhor na Terra, a Grande Comissão ordenada por Jesus Cristo ainda é uma tarefa inacabada. O imperativo de Jesus continua tão forte como no dia em que foi proferido pela primeira vez, logo após a sua ressurreição.
O santo Evangelho continua sendo apresentada ao ser humano; a mensagem de que “o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou”, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus, restaurando-lhe, assim, a dignidade originalmente concedida na criação, bem como lhe assegurando a vida eterna, continua em pleno vigor.
A Igreja hoje tem um enorme desafio a enfrentar ao alcance das almas perdidas, em face do isolamento social implementado pelos governos em todo mundo por causa do Covid-19. A fé de muitos está arrefecendo diante de tudo que está acontecendo. Em muitos lugares o número de cristãos está diminuindo, como está ocorrendo na Europa; neste continente, segundo informa o pr. Elinaldo Renovato de Lima, “cerca de 1.500 templos cristãos foram transformados em mesquitas, restaurantes, bibliotecas e casas de shows; recentemente, na Alemanha, cerca de 340 igrejas fecharam as portas; em Portugal, quase 300. A Holanda e a Inglaterra são países considerados ‘pós-cristãos’. Se a Igreja na Europa não experimentar um real e poderoso avivamento espiritual, em poucas décadas esse continente se tornará muçulmana ou o cristianismo não mais influenciará”.
Hoje, apesar dessa pandemia que alastra o mundo inteiro, há inúmeras meios de exercermos o ministério evangelístico: evangelização pessoal, evangelização por filmes, evangelização pelo rádio, pela televisão, pela internet, pela música, pelas mídias sociais usuais, etc. A Igreja fundada por Jesus Cristo é um organismo vivo, dinâmico e atuante neste mundo de miséria e pecado; nada a impede de cumprir a Grande Comissão.
III. O DOM MINISTERIAL DE EVANGELISTA
“... outros para evangelistas...”(Ef.4:11).
1. O conceito de Evangelista
Os textos bíblicos que mencionam o ministério e a pessoa do evangelista são:
ü "No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista (que era um dos sete, ficamos com ele" (Atos 21:8).
ü "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres" (Ef.4:11).
ü "Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério" (2Tm.4:5).
O termo "evangelista" deriva do verbo grego “euangelizo”, que significa transmitir boas novas (do evangelho). Como Dom, refere-se àquele que é chamado para pregar o Evangelho. Na Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD, 1995, p. 1815), lemos o seguinte:
"No Novo Testamento, evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, isto é, as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm.1:16).
O evangelista é essencial no propósito de Deus para a Igreja. A Igreja que deixa de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. A Igreja que reconhece o Dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (Atos 2:14-41)".
Carlos Alberto R. de Araújo, na obra: "A Igreja dos Apóstolos (CPAD, 2012, 206-208), afirma que o evangelista se enquadra na condição de um ministério itinerante, exercido para a proclamação do evangelho aos incrédulos, e que se enquadra entre os ministérios de liderança (Ef.4:11). Diferente dos Apóstolos que viajavam de cidade em cidade, os evangelistas exerciam um ministério local, contribuindo para a pregação do evangelho na região onde congregavam (Atos 20:1-3; 6,7,11,17; 21:8,9). Araújo, porém, não classifica os evangelistas como "oficiais" da Igreja.
No entendimento do Pr. Altair Germano, não há consenso ou firmeza em declarar que o "evangelista" era um "oficial" da Igreja. O cargo (oficial) não existe na grande maioria das denominações evangélicas e, quando existe, como no caso das Assembleias de Deus, uma grande confusão é feita em torno do mesmo. Por exemplo:
a) O evangelista, na grande maioria dos casos, é um cargo conferido a alguém desprovido das características bíblicas necessárias (amor pelas almas, habilidade para pregar o Evangelho; sinais sobrenaturais no seu ministério, poder em sua mensagem, etc.).
b) O cargo de evangelista ocupa uma posição hierárquica abaixo do pastor, o que não se sustenta exegeticamente. Esta hierarquia consiste numa "escadinha hierárquica" na seguinte ordem: auxiliar local, auxiliar oficial, diácono, presbítero, evangelista e pastor (e agora, em algumas convenções estaduais, "bispo" e "apóstolo"). Em razão disto, muitos evangelistas preferem (ou são chamados), pelas mais diversas razões, pelo título de "pastor". Muitos são os que em seus cartões, em cartazes de eventos e em outras ferramentas de identificação, divulgação ou publicidade, usam a designação de "pastor" em vez de "evangelista".
c) Muitos evangelistas dirigem Igrejas, função exclusiva do pastor, deixando dessa forma de fazer o que lhe compete, que é o de pregar o evangelho aos perdidos. Acabam sendo criticados, e por vezes até hostilizados pela própria Igreja e companheiros de ministério.
d) O cargo de evangelista é "dado" (também, pelas mais diversas razões) a quem não tem o Dom, enquanto muitos que tem o "dom espiritual de evangelista" nem oficiais da Igreja são, ou ocupam as funções de auxiliares, diáconos e presbíteros.
Segundo o Pr. Altair Germano, se o ofício de "evangelista" pudesse se fundamentar biblicamente, no mínimo, deveria ser praticado em nossas Igrejas de forma bíblica. Desta maneira, o comentário de Severino Pedro, no livro "A Igreja e as Sete Colunas da Sabedoria”, é bastante pertinente: ‘Nos dias atuais parece haver muitos avivalistas e poucos evangelistas. Existem Igrejas superlotadas de pregadores, mas vazias de ganhadores de almas. E, além disso, a verdadeira função do evangelista, é que ele deve ser visto mais fora da Igreja do que dentro dela [me refiro aqui Igreja local], isto é, que ele não seja somente visto numa função local; mas que sempre avance na direção das almas perdidas sem Cristo; fundando novas Igrejas e comunidades’.
2. O papel do Evangelista
Como Dom, o papel do Evangelista é pregar o Evangelho. Foi concedido por Deus para que, através da mensagem centralizada na cruz de Cristo, ganhasse pessoas para o Reino de Deus. Uma das maiores características de um evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas; não importa o número, se uma pessoa, se dezenas, centenas ou milhares, o que importa é pregar Jesus, o crucificado e ressurreto.
Diferentemente dos “apóstolos” que, em geral, viajavam para uma cidade, e permaneciam evangelizando ali a fim de organizarem uma nova Igreja Local (Atos 20:1-3, 6,7,11,17; 21:8,9), os “evangelistas” possivelmente auxiliavam na proclamação do Evangelho aos incrédulos junto às Igrejas já construídas, qual Filipe, o evangelista que residia na cidade de Cesaréia (Atos 21:8). Ou seja, os evangelistas proclamavam a Palavra na região onde estavam congregados. Paulo, cônscio da importância deste Dom, disse a Timóteo: “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm.4:5).
3. A finalidade do ministério do Evangelista
Como Dom, o Ministério do Evangelista tem como finalidade cumprir a Grande Comissão determinada por Jesus Cristo - ganhar almas para Cristo e instruí-las nas doutrinas fundamentais da vida espiritual (Hb.6:1,2), a fim de que, superada a fase inicial, possam prosseguir por conta própria na caminhada para o Céu.
O Evangelista é o anunciador das boas-novas da salvação; é aquele que está na linha de frente do “ide” de Jesus; ele tem habilidade especial para diagnosticar a condição do pecador, sondar sua consciência, encorajar a decisão por Cristo e ajudar o convertido a encontrar segurança na Palavra de Deus.
Portanto, o Ministério de Evangelista não é para exercer cargo na Igreja, e sim cumprir a Grande Comissão ordenada por Jesus. Segundo o Pr. Altair Germano, “o cargo de evangelista não se fundamenta com muita clareza à luz das Escrituras; se há alguma insistência com relação a este mister, isso se sustenta basicamente à luz da ‘tradição’ da Igreja, mas não das Escrituras Sagradas”.
CONCLUSÃO
Nestes últimos dias da Igreja na Terra, precisamos ver cada vez mais evangelistas escolhidos pelo Senhor, que sejam cheios do Espírito Santo, conheçam profundamente as Escrituras Sagradas, operem sinais e maravilhas, despertem a fé e contribuam sobremaneira para a preparação dos santos à obra de Deus. Que Deus nos conceda evangelistas como John Wesley, Jonathan Edwards e David Wilkerson, homens que impactaram o mundo com a proclamação do Evangelho e o testemunho de amor ao próximo.
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço