1º Trimestre/2022
Texto Base: Salmos 119:1-8
“Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do SENHOR“ (Sl.119:1).
Salmos 119:
1.Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do SENHOR.
2.Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos e o buscam de todo o coração.
3.E não praticam iniquidade, mas andam em seus caminhos.
4.Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos.
5.Tomara que os meus caminhos sejam dirigidos de maneira a poder eu observar os teus estatutos.
6.Então, não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos.
7.Louvar-te-ei com retidão de coração, quando tiver aprendido os teus justos juízos.
8.Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente.
INTRODUÇÃO
A autoridade da Bíblia fundamenta-se em seu autor: Deus. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de autoridade absoluta, isto é, deve ser aceita pela Igreja como única regra de fé e de prática; ou seja, o crente se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que ela determina. No entanto, apesar disto, não têm sido poucas as tentativas, ao longo da história, e no meio do povo que se diz de Deus, para descaracterizar esta autoridade absoluta e prioritária que deve ter a Bíblia Sagrada na vida de um crente. Ao longo da história de Israel, todos quantos procuraram se rebelar contra a autoridade da Bíblia Sagrada foram apresentados como pessoas que se fizeram inimigas da vontade de Deus, demonstrando, claramente, que a desconsideração da autoridade das Escrituras Sagradas é atentado contra o próprio Deus.
I. A ORIGEM DA BÍBLIA E A REVELAÇÃO DIVINA
1. A origem da Bíblia
A Bíblia tem sua origem em Deus. Toda a autoridade das Escrituras Sagradas depende exclusivamente da sua origem divina. O apóstolo Paulo escreveu que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm.3:16a). Um dos princípios da Teologia é o fato de Deus ter nos confiado um manual que revela a sua vontade, a Bíblia. Daí advém o que chamamos de revelação, o ato de tornar conhecido o que antes não o era. A Bíblia nos foi entregue a fim de que reconheçamos a Deus como o ser Supremo por excelência e a seu Filho Unigênito como o nosso Senhor Salvador.
A Bíblia, portanto, não é fruto da lucubração humana, mas da revelação divina. Ela não provém da descoberta humana, mas do sopro divino. Isto não quer dizer, porém, que Deus anulou a personalidade, o estilo ou a preparação de seus escritores, uma vez que esses homens santos “falaram movidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:21). Significa que as Escrituras surgiram na mente de Deus e foram comunicadas pela Sua boca, pelo Seu sopro ou pelo Seu Espírito. As Escrituras são, pois, no verdadeiro sentido do termo, a Palavra de Deus, porque Deus as disse. É como os profetas costumavam anunciar: “a boca do SENHOR o disse” (Is.1:20; 40:5; 58:14; Mq.4:4). Portanto, por ter sua origem em Deus, a Bíblia é portadora de autoridade, e, por isso, constitui-se em única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter do cristão.
2. Revelação Geral
Revelação geral é a expressão da teologia cristã utilizada para designar a revelação de Deus a toda a humanidade através, especialmente, da obra da criação. A revelação de Deus se faz conhecer por meio da História, do Universo e da Natureza Humana.
a) Na História. Deus está no controle de tudo! Por definição, Ele é Soberano, Poderoso, Onisciente, Onipresente e Eterno. Ele é o Deus que criou os céus (universo) a Terra e tudo que nela existe. Ele é o Senhor que dirige a história da humanidade com o Seu braço forte e nada foge ao Seu controle, porque o nosso Deus tem o controle de tudo. Sua Soberania ultrapassa o nosso entendimento, mas a Palavra de Deus nos mostra que Ele é Soberano sobre tudo e sobre todos. Ele controla o curso dos acontecimentos, remove e estabelece governos e nada acontece fora de Sua vontade (Dn.2:21; 4:25; Rm.11:22).
b) No Universo. De acordo com Salmos 19:1-4, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo - “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo”. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso.
A revelação geral por meio do universo também é ensinada em Romanos 1:20: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. Portanto, assim como no Salmo 19, Romanos 1:20 ensina que o poder eterno e a natureza divina de Deus claramente se conhecem e são percebidos pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos.
c) No ser humano, criado à imagem e semelhança divina (Gn.1:26,27). Com relação à revelação geral, também, Deus se fez conhecer em toda parte pela natureza humana. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim está escrito: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn.1:26). Além de ter tido cuidado peculiar na sua criação, o homem ainda porta em si algo que os demais seres criados não têm, a saber, ser “a imagem e semelhança de Deus”. Em que sentido o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus? Obviamente Deus não nos criou exatamente como Ele, porque Deus não possui corpo físico. Em vez disso, somos reflexos da sua glória. Alguns pensam que nossa razão, criatividade, discurso ou autodeterminação são a imagem de Deus. Nunca seremos totalmente como Deus, pois Ele é o Criador supremo, porém temos a capacidade de refletir seu caráter através do amor, do perdão, da paciência, bondade e fidelidade.
Saber que formos criados à imagem de Deus e compartilhar muitas de suas características provê uma base sólida para a imagem própria. O autovalor do homem não está baseado em posses, conquistas, atrativos físicos ou aclamação pública. Ao contrário, está baseado no fato de ser criado à imagem de Deus. Porque fomos feitos à imagem dEle, podemos nos sentir bem a respeito de nós mesmos. Criticar ou depreciar o que somos é criticar o que Deus fez e as habilidades que Ele nos tem dado. Saber que você é uma pessoa de valor ajuda-o a amar a Deus, conhecê-lo pessoalmente e prestar uma valiosa contribuição às pessoas ao seu redor.
3. Revelação Especial
A Pessoa de Jesus Cristo é a forma suprema da revelação especial de Deus. Deus se tornou um ser humano (João 1:1,14). Hebreus 1:1-3 resume muito bem: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”. Deus se tornou um ser humano na pessoa de Jesus Cristo para se identificar conosco, para ser um exemplo para nós, para nos ensinar, para Se revelar a nós e, mais importante, para nos providenciar salvação eterna através da sua morte expiatória na cruz (Fp.2:6-8).
Também, as Escrituras Sagradas são uma forma de revelação especial. Deus de forma milagrosa guiou os autores das Escrituras a registrarem corretamente a Sua mensagem à humanidade, ao mesmo tempo usando os seus estilos e personalidades. A palavra de Deus é viva e ativa (Hb.4:12). A Palavra de Deus é inspirada, útil e suficiente (2Tim.3:16-17). Deus determinou que a verdade sobre Si mesmo seria registrada na forma escrita porque sabia da imperfeição e falta de confiabilidade da tradição oral. Ele também sabia que os sonhos e visões dos homens poderiam ser mal interpretados e as lembranças desses sonhos distorcidas. Deus decidiu revelar através da Bíblia tudo que a humanidade precisava saber sobre Ele, o que Ele quer e o que tem feito por nós. Ele também tem prometido sustentá-la e preservá-la por todos os tempos.
II. EVIDÊNCIAS DA AUTENTICIDADE DA BÍBLIA
1. Evidências internas
As evidências internas da Autenticidade da Bíblia decorrem das próprias Escrituras Sagradas.
a) Evidências da unidade e consistência da Bíblia. Segundo Norman L. Geisler, “a unidade da Bíblia é uma evidência mais formal de sua inspiração. Constituída de 66 livros, escrita num período de cerca de 1.500 anos, por aproximadamente 40 autores que se expressaram em várias línguas e com centenas de tópicos, é mais do que acidental ou casual o fato de que ela tem uma unidade fantástica de tema: Jesus Cristo. Um problema, o pecado, e uma solução, o Salvador, unem suas páginas de Gênesis a Apocalipse. Esse é um ponto especialmente válido porque ninguém, ou grupo algum de homens, é responsável pela Bíblia como a temos. Livros foram sendo acrescentados à medida que os profetas os escreviam. Em seguida, foram reunidos porque eram considerados inspirados. Só mais tarde, mediante uma reflexão feita pelos profetas (cf.1Pd.1:10,11) e gerações posteriores, é que se descobriu que a Bíblia é, na verdade, um Livro cujos “capítulos” foram escritos por homens que não tinham conhecimento explícito algum de sua estrutura geral. O papel de cada um pode ser comparado ao de diferentes homens que escreveram um capitulo de um romance do qual nenhum deles tivesse conhecimento do esboço geral. A unidade do Livro, fosse ela qual fosse, não dependia deles. Como uma sinfonia, cada parte da Bíblia contribui para uma unidade geral orquestrada por um Maestro”. Este Mestre tem nome: Espírito Santo.
b) Evidência da ação do Espirito Santo. A Palavra de Deus é confirmada aos filhos de Deus pelo Espírito Santo, que não apenas dá testemunho ao crente de que ele é filho de Deus (Rm.8:16), como também que a Bíblia é a Palavra de Deus (2Pd.1:20,21). O mesmo Espírito que comunicou a verdade de Deus também confirma ao crente que a Bíblia é a Palavra de Deus. Esse testemunho não ocorre no vácuo. O Espirito usa a Palavra objetiva para promover a segurança subjetiva. Contudo, pelo testemunho do Espirito de Deus acerca da verdade da Palavra de Deus, há certeza no que diz respeito à sua autoridade divina.
Outra evidência considerada interna é a capacidade da Bíblia de converter, pela ação do Espírito Santo, o descrente e edificar o crente na fé. Diz o autor de Hebreus: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes” (Hb.4:12). Multidões incontáveis já experimentaram esse poder dinâmico. Viciados em drogas têm sido curados e transformados; o ódio transformou-se em amor pela leitura da Bíblia; os crentes crescem ao estudá-la (1Pd.2:2); os angustiados recebem consolo; os pecadores são reprendidos; e os negligentes são exortados pelas Escrituras. A Palavra de Deus tem o poder dinâmico e transformador de Deus. Deus confirma a autoridade da Bíblia pelo poder que ela tem de evangelizar e edificar.
c) Profecias de Eventos Futuros. Uma das evidências mais fortes de que a Bíblia é a Palavra de Deus é a exatidão do cumprimento das profecias. Ao contrário de qualquer outro livro, a Bíblia oferece considerável quantidade de predições específicas, algumas delas feitas centenas de anos antes do seu cumprimento.
De acordo com Deuteronômio 18, um profeta era falso se dissesse predições que jamais se cumprissem. Nenhuma profecia incondicional da Bíblia sobre acontecimentos até o dia de hoje deixou de ser cumprida. Centenas de predições, algumas delas feitas centenas de anos antes, foram cumpridas de modo especifico. A data (Daniel 9), a cidade (Miqueias 5:2) e a natureza (Isaias 7:14) do nascimento de Cristo foram preditas no Antigo Testamento, assim como várias outras coisas sobre sua vida como, por exemplo, sua morte na cruz (Sl.22:16; João 19:36), o local da Sepultura (Is.53:9; Mt.27:57-60) e sua ressurreição (Sl.16:10; Mt.28:6). Muitas outras profecias se cumpriram, incluindo a destruição de Edom (Obadias 1), a maldição sobre Babilônia (Isaias 13), a destruição de Tiro (Ezequiel 26) e de Nínive (Naum 1-3), o retorno de Israel à sua terra prometida (Isaias 11:11). Israel viveu na diáspora por quase dois mil anos, reinos lutaram para exterminá-lo, mas Israel sobreviveu e retornou à sua terra conforme a promessa bíblica. Será que já se viu na terra coisa semelhante? Nem o seu idioma desapareceu, nem seus costumes, nem a sua fé religiosa; com todo esse tempo espalhado entre as nações conseguiram manter a integridade nacional. Não é isso um milagre? Não precisamos de mais provas, porque o que a Bíblia diz se cumpre. Nela está escrito que Israel voltaria à sua terra e Israel voltou. Será que há dúvidas?
Outros livros se dizem divinamente inspirados, como o Alcorão, o Livro de Mórmon e parte dos Vedas. Contudo, nenhum deles contém profecia preditiva. Em decorrência disso, a profecia cumprida é uma forte indicação da autoridade única e divina da Bíblia.
2. Evidências externas
Compreende-se como evidências externas aquelas em que os acontecimentos narrados nas Escrituras são também ratificados por outras fontes históricas. Boa parte da Bíblia é histórica e, como tal, é objeto de investigação histórica. A área mais significativa de confirmação nesse sentido vem do campo da arqueologia. As afirmações da Bíblia Sagrada são continuamente confirmadas pela arqueologia. Antigas e novas escavações, achados arqueológicos, escritos antigos, descobertas surpreendentes e avanços no conhecimento científico confirmam o que a Bíblia diz. O renomado arqueólogo William E. Albright afirmou: “Não há dúvida de que a arqueologia confirmou substancialmente a historicidade da tradição do Antigo Testamento”. Nelson Glueck acrescenta: “Pode-se afirmar categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica jamais contrariou uma referência bíblica. Inúmeras descobertas arqueológicas têm sido feitas que confirmam em linhas gerais muito claras ou em detalhes exatos as declarações históricas da Bíblia”.
A despeito de a fé ser a única forma pela qual possamos aceitar a autenticidade das Escrituras, o Senhor tem feito o homem descobrir e verificar vários fatos e episódios que são indicadores seguros e irrefutáveis de que a Bíblia Sagrada não é um livro comum, mas uma obra totalmente distinta de tudo quanto tem se produzido pela humanidade. Assim, por exemplo, em 1947, quando se descobriram os famosos manuscritos do Mar Morto, textos bíblicos quase quinhentos anos mais antigos que os manuscritos mais antigos até então conhecidos, se revelou como havia uma incrível e intensa semelhança entre os textos, inclusive com a superação de diversas “contradições” ou “suspeitas” que se levantaram com relação a textos da versão grega da Bíblia, que se mostrou perfeitamente consonante com estes textos encontrados nas cavernas próximas ao Mar Morto. Temos, então, aí, uma comprovação científica de que como o texto bíblico foi mantido praticamente intacto durante tanto tempo.
A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, ela é infalível em seus escritos, que se cumprem literalmente no mundo e só não observa isso quem não quer. Aquele que não crê na Bíblia não crê na existência de Deus, pois ela é a prova segura da existência do Criador Onipotente. Se Deus não existe a Bíblia não tem valor algum, logo Davi, Salomão, Poncio Pilatos, e mesmo o imperador romano Cezar, que dominava o mundo na época de Jesus, também não existiram, assim como Babilônia, Etiópia, reino da Pérsia e outros países cujos nomes estão inseridos na Bíblia seriam lendas. Como negar tudo isso? Isso seria negar também a existência dos árabes e judeus. Isso é possível? Não, não é!
Portanto, “tanto o registro da história das nações, as descobertas arqueológicas e os pressupostos da ciência apontam para a autenticidade da Palavra de Deus. E, a despeito de ser contestada por aqueles que se dizem ateus e incrédulos, a Bíblia permanece como o Livro mais traduzido e lido de toda a história”.
III. A MENSAGEM DA BÍBLIA
1. A supremacia da Bíblia
A Bíblia é o Livro dos livros - inspirada por Deus, escrita por homens santos, concebida n Céu, nascida na Terra, odiada pelo inferno, pregada pela Igreja, perseguida pelo mundo e crida pelos fiéis. A Palavra de Deus é infalível, inerrante e suficiente. É vencedora invicta em todas as batalhas. Tem saído ilesa do ataque implacável dos críticos e das fogueiras da intolerância. A Palavra de Deus é a bigorna que tem quebrado todos os martelos dos céticos. Homens perversos se esforçaram e se esforçam para destruí-la, queimá-la, escondê-la ou ataca-la, mas ela tem saído incólume de todas essas investidas. Ela é a divina semente. Por meio dela somos gerados de novo. Por meio dela cremos em Cristo. Por meio dela somos fortalecidos. A Palavra de Deus é água para os sedentos, pão para os famintos e luz para os errantes. Por meio dela somos santificados e através dela recebemos poder. Ela é a arma de combate e o escudo que nos protege. Ela é mais preciosa que o ouro e mais doce que o mel.
Portanto, nada pode ser colocado ao lado e, muito menos, acima da Bíblia Sagrada; ela é suprema. As heresias e falsas doutrinas sempre apresentam outros “escritos”, outras “revelações”, que buscam “complementar” as Escrituras, mas tudo deve ser sumariamente rejeitado, pois só à Sua Palavra o Senhor engrandeceu. Jesus foi bem incisivo ao afirmar que somente a Palavra de Deus permanece para sempre (Mt.24:35; Lc.21:33; Pd.1:23,25).
2. O poder da Palavra de Deus
O poder da Palavra de Deus é extraordinário; se assemelha ao fogo que consome e purifica, bem como um martelo que despedaça a penha (Jr.23:29). O seu poder também é capaz de derrubar fortalezas espirituais que fazem oposição ao conhecimento divino (2Co.10:4,5). O escritor de Hebreus escreveu sobre o poder da Palavra de Deus dizendo: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12). Ao aconselhar Timóteo, o apóstolo Paulo também fala do poder da Palavra de Deus ao dizer que ela é capaz de “torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2Tm.3:15). Jesus, quando foi tentado no deserto, derrotou Satanás usando o poder da Palavra (Mt.4:4,7,10).
Através da Palavra, Deus revela-se a si mesmo a nós e nos instrui em tudo o que é necessário para que possamos viver de acordo com a Sua santa vontade. É por meio da Palavra de Deus que obtemos conhecimento do próprio Deus de modo a sabermos quem Ele é, o que Ele faz e qual é a Sua vontade e propósito. Além disso, é através da Palavra de Deus escrita que conhecemos a Palavra Encarnada: Jesus Cristo, o Filho de Deus (João 1).
3. O propósito da Bíblia
Paulo, se referindo a Timóteo disse: “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:15-17). Com base nessa afirmação do apóstolo, o pr. Hernandes Dias Lopes destaca três faces do propósito da Bíblia:
a) A Bíblia conduz as pessoas à salvação – “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação...” (2Tm.3:15). A Bíblia é essencialmente um manual de salvação. Seu propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência que o homem pode descobrir por sua investigação experimental, mas ensinar fatos da salvação que nenhuma exploração humana pode descobrir e somente Deus pode revelar. A Bíblia Sagrada fala sobre a criação e a queda do homem. Ensinam sobre o juízo de Deus e também de seu amor redentor.
b) A Bíblia anuncia a salvação por intermédio de Cristo – “pela fé em Cristo Jesus” (2Tm.3:15b). A salvação é por meio de Cristo. No Antigo Testamento, as pessoas eram salvas pelo Cristo da promessa; no Novo Testamento, elas são salvas pelo Cristo da história. No Antigo Testamento, as pessoas olhavam para frente, para o Cristo que haveria de vir; no Novo Testamento, elas olham para trás, para o Cristo que já veio. No Antigo Testamento, as pessoas creram no Cristo da promessa; no Novo Testamento, as pessoas creram no Cristo da história. O Antigo Testamento anuncia a promessa e a preparação para a chegada de Cristo. Os Evangelhos expõem o nascimento, a vida, o ensino, os milagres, a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo. O livro de Atos relata a propagação do evangelho de Cristo desde Jerusalém até Roma. As epístolas apresentam a ilimitada glória da Pessoa e da obra de Cristo, aplicando-a à vida do cristão e da Igreja. O Apocalipse traz a consumada vitória de Cristo e da sua Igreja. Cristo é o centro da eternidade, da história e das Escrituras Sagradas; Ele é o Salvador do mundo, o único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4:12).
c) A Bíblia trata tanto da doutrina quanto da conduta – “...e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm.3:16b,17). Pressupõe-se o ensino ou doutrina (o que é certo); repreensão (o que não é certo); correção (como se tornar certo); educação na justiça (como permanecer certo). John N.D. Kelly explica essa passagem da seguinte forma:
“ A Escritura é pastoralmente útil para o ensino, isto é, como fonte positiva de doutrina cristã; para repreensão, isto é, para refutar o erro e para reprender o pecado; para a correção, isto é, para convencer os mal-orientados dos seus erros e colocá-los no caminho certo outra vez; e para a educação na justiça, isto é, para a educação construtiva na vida cristã”.
CONCLUSÃO
A autoridade da Bíblia se autojustifica porque é a Palavra de Deus. Afinal, Deus é a autoridade suprema (Hb.6:13). Portanto, não há nada maior do que Deus a quem se possa apelar em busca de autoridade. Por isso, a Palavra de Deus é sua própria autoridade. E, se a Bíblia é a Palavra de Deus, então o mesmo vale para a Bíblia, ela também fala com autoridade suprema.
Nos dias difíceis em que vivemos, precisamos tomar cuidado para que nada seja igualado à Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada deve ser a nossa única regra de fé e de prática. Até mesmo as manifestações espirituais devem ser julgadas à luz da Palavra de Deus (1Co.14:29,32, c/c João 7:24). Nestes dias, somente quem se agarrar à Palavra de Deus poderá resistir até o dia do arrebatamento da Igreja ou até quando formos levados ao estado eterno com Deus.
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC