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terça-feira, 7 de julho de 2015

2ª lição do 3º trimesre de 2015: O EVANGELHO DA GRAÇA



INTRODUÇÃO

A graça de Deus traduz a bondade do Senhor e o seu desejo de favorecer o homem, de ser misericordioso com o ser humano, ainda que o homem não mereça esta benevolência divina, vez que pecou e se rebelou contra o seu Criador. Entretanto, apesar do pecado, Deus mostra seu amor em relação ao homem, por intermédio da sua graça. Assim, sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse retornar a conviver com o Senhor. Quando ainda éramos pecadores, enviou seu Filho para que morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. Em seguida, a todos quantos crerem na obra do Filho, Deus permite que venha a novamente ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. Como diz o apóstolo aos efésios, “...pela graça sois alvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”(Ef 1:8). É este favor imerecido que consiste na Graça de Deus.

I. AS FALSAS DOUTRINAS CORROMPEM O EVANGELHO DA GRAÇA

1. O evangelho da graça. É o evangelho libertador que Cristo trouxe ao mundo, por mercê de Deus, independentemente das obras humanas (Ef 2:8,9). Paulo se referiu a esse evangelho da graça de maneira muito eloquente em Atos 20:24 – “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. Nenhum título poderia expressar de maneira mais apropriada o evangelho que Paulo pregava do que “o evangelho da graça de Deus”. Esta é a mensagem que toca profundamente e trata do favor de Deus concedido aos pecadores culpados e ímpios que não mereciam outra coisa senão a eternidade no inferno. Este evangelho da graça conta como o Filho do amor de Deus se despiu da glória suprema do Céu para sofrer, derramar seu sangue e morrer no Calvário a fim de oferecer o perdão dos pecados e a vida eterna a todos os que creem nele. A grande paixão de Paulo era testemunhar este evangelho da graça de Deus. A pregação enchia o peito de entusiasmo deste bandeirante da fé cristã. Ele sabia que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Sabia que a mensagem do evangelho de Cristo é a única porta aberta por Deus para a salvação do pecador.

2. As falsas doutrinas (1Tm 1:3,4). Uma falsa doutrina pode ser a negação de uma verdade da fé cristã ou mesmo uma adição a ela. A igreja de Éfeso estava ameaçada por falsas doutrinas e corria sérios riscos em virtude da infiltração de perigosas heresias. A sã doutrina é absoluta e não admite que outro evangelho seja pregado. Nada é mais nocivo para a saúde espiritual da igreja do que as falsas doutrinas. Ninguém é mais perigoso para a igreja do que os falsos mestres. Por isso, Paulo foi enfático: “Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora”.

 “...para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina”. Que doutrina seria essa que se infiltrava por intermédio de certas pessoas? O texto deixa claro que havia um pano de fundo judaico, pois Paulo menciona “fábulas e genealogias sem fim” (1:4) e acrescenta que esses falsos mestres pretendiam passar por “mestres da lei” (1Tm 1:7). Mas há fortes indícios de que Paulo também se referisse a uma heresia de cunho gnóstico, pois o texto menciona a “vãs contendas” (1Tm 1:6) e “o abandono da fé e da boa consciência” (1Tm 1:19).

O gnosticismo era na verdade uma mistura de elementos do judaísmo com a filosofia grega. O resultado dessa mistura produziu uma das mais avassaladoras heresias que atingiu a igreja no século II. Tal heresia, pelo menos de forma embrionária, foi combatida vigorosamente na Epístola de Paulo aos Colossenses. O problema do gnosticismo não era apenas intelectual, mas também ético. O movimento desembocou em duas posturas perigosas: (a) o ascetismo: se a matéria é má, o corpo também o é. Logo, o corpo deve ser subjugado, desprezado e oprimido. Os gnósticos criaram então leis austeras proibindo alimentos e até mesmo o casamento (1Tm 4:3); (b) a licenciosidade: se o corpo é mau, diziam os gnósticos, o que fazemos com ele não importa; o que importa é o espírito. Assim, é permitido que o homem sacie todos os seus impulsos e apetites. Desta forma, o gnosticismo desembocou na imoralidade (2Tm 3:6; Tt 1:16).

3. O “fim do mandamento” – “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1Tm 1:5 - ARC).

Neste versículo, “mandamento” (ARC) não se refere à lei de Moisés nem aos Dez Mandamentos, mas à maneira de combater a falsa doutrina, referida nos versículos 3 e 4. Isso é claramente enfatizada na tradução Corrigida e Fiel: “Ora, o fim do mandamento é o amor...”. A tradução da Almeida Revista e Atualizada, também, nos dá uma visão bastante compreensível deste versículo: “Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1Tm 1:5 - ARA). Paulo diz que o alvo da missão que acaba de dar a Timóteo não é apenas produzir ortodoxia, mas “o amor que procede de um coração puro, e de uma boa consciência, e de fé não fingida” (Corrigida e Fiel –CF). Essas coisas sempre se evidenciam quando o evangelho da graça de Deus é pregado.

amor, sem dúvida, inclui o amor para com Deus, para com os cristãos e para com o mundo em geral. Deve brotar de um coração puro. Se a vida interior é impura, dificilmente o verdadeiro amor cristão fluirá dela. Esse amor pode também ser o fruto da boa consciência, que é a consciência totalmente livre da ofensa a Deus e ao homem. Finalmente, esse amor deve ser resultado da fé sem hipocrisia (fé sincera), que é a fé sem máscaras.

Os falsos ensinamentos nunca poderiam produzir essas coisas que Paulo enumera e, certamente, nunca seriam resultado de fábulas e genealogias intermináveis! É o ensinamento da graça de Deus que produz um “coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” e que, portanto, resulta no amor.

Observe a sequência de resultados neste texto: coração, consciência, fé e amor. Hendriksen diz “que, quando um pecador é levado a Cristo, o primeiro a ser regenerado é o coração. O resultado é que a consciência do homem começa a importuná-lo de tal modo que, dominado pela convicção, ele sente-se feliz em abraçar o Redentor por meio de uma fé viva e consciente. Daí ser plenamente natural a sequência: coração, consciência, fé. Além do mais, é claramente evidente por que o apóstolo declara que esses três – e nesta ordem – dão origem ao amor. Quando o Deus de amor implanta sua nova vida no coração do homem, este chega de forma natural a ter um coração amoroso. Uma consciência isenta de culpa e obediente aos mandamentos de Deus começará aprovar somente aqueles pensamentos, palavras e ações, que estejam em harmonia com o propósito único que resume a lei, a saber: o amor. Uma fé genuína, que abraça a Cristo e todos os seus benefícios, dará como resultado o amor genuíno para com o benfeitor e para com todos os que se acham incluídos em seu amor. Por isso, Paulo fala de “um amor (que procede) de um coração puro, uma sã consciência e uma fé sem hipocrisia”” (William Hendriksen.1 2 Timoteo e Tito. p.81).

4. A finalidade da Lei. “Sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina” (1Tm 1:9,10).

Uma das maiores finalidades da lei é levar os pecadores ao ponto em que eles se sintam completamente quebrantados sob o peso esmagador de seus pecados. A finalidade da lei é revelar o pecador, e não tirá-lo. Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, “a lei é como uma lanterna: mostra o obstáculo no caminho, mas não tira o obstáculo. É como uma tomografia computadorizada: mostra o tumor interno, mas não o remove. É como o prumo de um construtor civil: mostra a sinuosidade da parede, mas não a corrige. É como um espelho que revela a sujeira do nosso rosto, mas não a elimina” (Rm 3:20; Gl 3:24).

O homem justo não precisa da lei. Essa é a verdade do cristão. Quando ele é salvo pela graça de Deus, não precisa ser colocado sob a lei para viver uma vida santa. Não é o temor da punição que faz o cristão viver de maneira santificada, mas o amor pelo Salvador que morreu no Calvário.

O apóstolo Paulo descreve o tipo de pessoa para quem a lei foi concedida. Muitos comentaristas bíblicos ressaltam que há íntima ligação entre essa descrição e os Dez Mandamentos. Paulo traz aqui um catálogo com quinze pecados terríveis semelhantes aos mencionados em Romanos 1:24-32, Gálatas 5:19-21 e 2Timóteo 3:1-9. Essa lista é um desdobramento das proibições divinas contidas nas tábuas da lei. Os Dez Mandamentos estão divididos em duas seções: os quatro primeiros se referem ao dever do homem em relação a Deus (santidade), enquanto os outros seis dizem respeito ao seu dever em relação ao próximo (justiça).

II. A GRAÇA SUPERABUNDOU COM A FÉ E O AMOR

Paulo combate os falsos mestres que entravam sorrateiramente nas igrejas, ressaltando seu chamado para o apostolado. Os falsos mestres falavam de sua própria parte, mas Paulo ensinava da parte de Deus. Eles eram falsos obreiros; Paulo era o ministro autorizado de Deus. Destacamos aqui alguns pontos com relação ao chamado de Paulo:

1. Gratidão a Deus – “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1Tm 1:12- ARA). Paulo dá graças não por aquilo que ele fez para Jesus, mas por aquilo que Jesus fez por ele. Paulo menciona aqui três bênçãos e por elas dá graças: (a) o Senhor o fortaleceu; (b) o Senhor o considerou fiel; (c) o Senhor o designou para o ministério. Paulo reconhece que “[...] a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo” (1Tm 1:14).

2. O testemunho da conversão – “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus” (1Tm 1:13,14).

Paulo faz uma digressão para registrar seu passado inglório como implacável perseguidor da igreja. Aqui, Paulo usa três palavras para descrever a si mesmo nesse período de incredulidade. A primeira palavra é “blasfemo”. Ele falava mal dos cristãos e de seu Senhor, Jesus Cristo. A segunda palavra é “perseguidor”. Ele prendeu os cristãos, açoitou-os, forçou-os a blasfemar e deu voto para mata-los ao perceber que a religião do Caminho era uma ameaça ao judaísmo (cf. At 8:3; 9:1; 9:21; 22:4; 26:9,10,11,14). A terceira palavra é “insolente”. Para levar a cabo seu plano opressor, ele sentia um prazer mórbido em afligir de forma violenta os cristãos. Como blasfemo, afligiu os cristãos apenas com palavras insultuosas. Como perseguidor, infligiu sofrimento físico. Como insolente, atacou os cristãos com crueldade e abuso.

Para com esse homem bárbaro a graça de Deus superabundou (1Tm 1:14). Ele foi plenamente alcançado pela misericórdia. A graça transbordou sobre ele como um rio numa enchente: que não pode ser detido, que extravasa pelas margens e carrega tudo o que vê pela frente, que nada existe que lhe possa resistir. Mas o que o rio da graça trouxe consigo, entretanto, não foi uma devastação; foram bênçãos.

3. Humildade – “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1:15).

O Espírito Santo leva Paulo a uma posição em que ele admite ser o principal dos pecadores, ou como alguns traduzem: “o principal entre os pecadores”. Se ele não era o líder dos pecadores, certamente estava na primeira fila. Perceba que o título “principal entre os pecadores” não é dado a um homem imerso na idolatria ou na imoralidade, mas a um homem profundamente religioso, criado em um lar judeu ortodoxo. O pecado dele era doutrinal; não aceitou a palavra de Deus em relação à pessoa e à obra do Senhor Jesus Cristo. A rejeição do Filho de Deus é o maior dos pecados.

Deve-se notar também que ele diz: “dos quais eu sou o principal” – não “era”, mas sou. Os homens mais santificados são normalmente os mais conscientes dos próprios pecados. Em 1Corintios 15:9, Paulo se autodenomina “o menor dos apóstolos”. Em Efésios 3:8, ele se intitula “o mínimo de todos os santos”. Agora em 1Timóteo 1:15, ele se denomina “o principal” dos “pecadores”. Aqui temos uma síntese do progresso de Paulo na humildade cristã.

III. UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (1Tm 1:18-20)

Paulo tratou até aqui sobre os falsos mestres que pregavam um falso evangelho; falou sobre sua conversão e seu apostolado para proclamar o verdadeiro evangelho. Agora cabe a Timóteo realizar o ministério. Timóteo permaneceu em Éfeso para pastorear a igreja e combater os falsos mestres.

Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem”.

1. O bom combate. “Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate” (1:18). O devermencionado neste versículo é, sem dúvida, a missão que Paulo confiou a Timóteo nos versículos 3 e 4: repreender os falsos mestres.

A vida cristã é um combate, uma guerra sem trégua, uma luta sem pausa. Não podemos, porém, entrar nessa peleja trajando armas carnais. Precisamos usar armas poderosas em Deus para anular sofismas e destruir fortalezas. As armas de combate na luta contra a heresia são a fé e a boa consciência. Quem não sabe preservar o que lhe foi confiado também não é capaz de conquistar algo novo. Quem não preserva a boa consciência é como um capitão que solta o leme do navio, passando a vagar sem rumo pelas ondas até que o navio se despedace em rochedos.

2. O combate às falsas doutrinas exige cautela – “mantendo fé e boa consciência,porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé” (1:19).

Neste combate, Timóteo deveria conservar a fé e a boa consciência. Não é suficiente ser diligente na doutrina da fé cristã. Pode-se ser muito ortodoxo e ainda não ter boa consciência.

A fé e a boa consciência são como uma armadura para os cristãos. Elas nos impedem de ceder às tentações e de cair em caminhos espiritualmente e moralmente enfraquecedores. Rejeitar a fé e recusar-se a ouvir a própria consciência resultará em um naufrágio na fé. Esta ação deliberada reflete heresia, e não apenas um retrocesso. Conforme diz Calvino, a má consciência é a mãe de todas as heresias. Alguns contemporâneos de Paulo abriram mão da boa consciência e naufragaram na fé. Geralmente são comparados ao todo navegador que joga a bússola fora.

Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, “a consciência é a intuição moral do homem, seu ser moral no ato de julgar seu próprio estado, suas emoções e pensamentos, e também suas palavras e ações, sejam estas passadas, presentes ou futuras. Ela é positiva ou negativa: aprova e condena (Rm 2:14,15). A boa consciência é a voz interior do homem no ato de repetir a voz de Deus, seu juízo pessoal que apoia o juízo de Deus, seu espírito que dá testemunho juntamente com o Espírito de Deus. O aspecto positivo de uma boa consciência é a fé, porque uma boa consciência não somente aborrece o mal, mas também adota o que é certo. Por isso, essa fé é verdadeira e genuína” (Hernandes Dias Lopes. 1Timoteo. p.40/41).

3. A rejeição da fé e suas consequências – “E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem” (1Tm 1:20).

Quem rejeita a fé e a boa consciência cristã colhe os resultados de sua má escolha. O resultado é o “naufrágio na fé” (1Tm 1:19). Paulo toma como exemplo Himeneu e Alexandre. Aparentemente, estes dois homens tinham sido membros da igreja (porque Paulo os tinha expulsado da igreja). Não sabemos quem foi Alexandre – ele pode ter sido um colega de Himeneu, ou o latoeiro mencionado em 2Timóteo 4:14 que magoou Paulo. Mas ele não é o Alexandre mencionado na revolta em Éfeso (At 19:33). O erro de Himeneu está explicado em 2Timóteo 2:17,18. Ele enfraquecia a fé das pessoas, ensinando que a ressurreição dos mortos já tinha ocorrido. Estes dois apóstatas estavam à frente do movimento herético, surgido no seio da igreja de Éfeso, com o objetivo de promover dissensão e divisão naquela igreja. 

A expressão “entreguei a Satanás” significa que Paulo removeu estes dois homens da comunhão da igreja e os devolveu ao mundo – o domínio de Satanás. Paulo fez isto para que eles pudessem ver o seu erro e se arrependessem. O objetivo final desta punição era a correção, para que estes homens “aprendessem a não blasfemar” contra Deus.

Uma das marcas da igreja verdadeira é o uso correto da disciplina. O juízo precisa começar pela Casa de Deus. Se a igreja não julgar a si mesma, será condenada com o mundo. Mas, quando julga a si mesma, é disciplinada pelo Senhor.

A igreja em nossos dias mostra-se frequentemente frouxa quando se trata de disciplinar os cristãos que pecam deliberadamente. A desobediência deliberada deve receber uma resposta rápida e firme, para evitar que toda a congregação seja afetada. Mas a disciplina deve ser ministrada de uma maneira que vise trazer o transgressor de volta a Cristo e ao abraço amoroso da igreja.

A definição de disciplina inclui as seguintes palavras: fortalecimento, purificação, treinamento, correção e aperfeiçoamento. Condenação, retenção de perdão ou exílio permanente não devem fazer parte da disciplina de uma igreja. A pessoa disciplinada deve ser salva da perdição definitiva e reconduzida à vida cristã saudável.

CONCLUSÃO

“O cristianismo não nasceu em “berço esplêndido” de condições favoráveis à sua expansão pelo mundo. Pelo contrário. Nasceu debaixo de perseguição e confronto com heresias e ensinos desvirtuados. Na consolidação de igrejas abertas em suas viagens missionárias, Paulo teve que oferecer resistência e ação decidida contra os “lobos vorazes” que haveriam de surgir, até mesmo no seio das igrejas, como no caso da igreja de Éfeso. Com a graça de Deus e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo fez frente aos falsos mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em muitas igrejas. Na primeira epístola a Timóteo, Paulo designou o jovem obreiro para pastorear a igreja em Éfeso, para conter a maré de heresias diversas, dentre as quais o gnosticismo e o judaísmo. Nos dias atuais, há muitas heresias infiltrando-se nas igrejas, ou surgindo no seio delas. Os líderes do povo de Deus precisam agir com sabedoria, graça e firmeza contra essas ameaças reais” (Elinaldo Renovato de Lima. As ordenanças de cristo nas cartas pastorais. CPAD).

Fonte: ebdweb

segunda-feira, 25 de maio de 2015

9ª lição do 2º trimestre de 2015: AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS


Texto Base: Lucas 9:38-42,46-50

 
“E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam” (Lc 9:40).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos das limitações que os discípulos de Jesus apresentavam. Conquanto privilegiados eram em ter o maior Mestre da história da humanidade ao lado deles de forma tão intima e imediata, eles não eram perfeitos. Percebemos isso quando lemos as quatro narrativas do Evangelho de Jesus Cristo, o qual mostra que eles eram homens rodeados de imperfeições e limitações. Aprenderam, sim, com o Mestre dos mestres e nunca mais foram as mesmas pessoas, mas não deixaram de ser humanos com todas as suas limitações.

Às vezes se imagina que a fé cristã para ser genuinamente bíblica deve anular todas as fragilidades humanas, eliminar todos as suas limitações. Mas não é assim que a coisa acontece, nem tampouco é isso o que ensinam as Escrituras Sagradas. É verdade que Deus trabalha com homens, porém, homens imperfeitos, limitados e que constantemente estão dependendo dEle. Em nossa caminhada espiritual não dá para fingirmos superioridades espirituais ou coisas semelhantes. Somos humanos, isto é, somos limitados em nossas ações. Por isso, a partir da realidade da vida de alguns discípulos e da maneira como Jesus tratou com eles, algumas lições podem ser aprendidas por nós.

I. LIDANDO COM A DÚVIDA

1. A oração e a fé. No dia seguinte (Lc 9:37) à experiência gloriosa do cume do monte da transfiguração, Jesus se deparou com uma situação característica daqueles que querem fazer a obra de Deus de qualquer maneira: improficuidade. Lucas 9:37-43 mostra a incapacidade angustiante dos discípulos de tratar de um caso de possessão demoníaca. O contraste é marcante. De um lado, temos aqueles que se regozijavam na luz de Deus no cume da montanha, e, do outro lado, aqueles que estavam sendo derrotados pelos poderes das trevas na planície. Aqueles discípulos que há pouco tempo tinham recebido poder sobre os demônios (Lc 9:1), agora estão derrotados diante deles (Lc 9:40). Será que houve algum fracasso na vida espiritual deles?

O certo é que agora os discípulos de Jesus estavam no vale cara a cara com o diabo, sem capacidade espiritual, colhendo um grande fracasso. Diante da incapacidade espiritual dos discípulos, o pai do menino possesso, clamou a Jesus em alta voz, explicando sua necessidade. Aquele menino, filho único, de tempos em tempos era possesso por um demônio. E agora o pai completa o seu sofrimento dizendo que rogara aos discípulos que lidassem com o demônio, mas que, infelizmente, eles não puderam. Há algumas lições importantes que podemos extrair desse episódio: (1)

a) no vale há gente sofrendo o cativeiro do diabo sem encontrar na igreja solução para o seu problema (Lc 9:39).

Aqui está um pai desesperado (Mt 17:15,16). O diabo invadiu a sua casa e está arrebentando com a sua família. Está destruindo seu único filho. Aquele jovem estava possuído por uma casta de demônios, que tornavam a sua vida um verdadeiro inferno. No auge do seu desespero o pai do jovem correu para os discípulos de Jesus em busca de ajuda, mas eles estavam sem poder.

A Igreja tem oferecido resposta para uma sociedade desesperançada e aflita? Temos confrontado o poder do mal?  A Igreja hoje está cheia de conhecimento, mas conhecimento apenas não basta, é preciso revestimento de poder. O reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder.

b) no vale há gente desesperada precisando de ajuda, mas os discípulos estão perdendo tempo, envolvidos numa discussão infrutífera (Mc 9:14-18).

Os discípulos estavam envolvidos numa interminável discussão com os escribas, enquanto o diabo estava agindo livremente sem ser confrontado. Eles estavam perdendo tempo com os inimigos da obra de Deus em vez de fazer a obra.

A discussão, muitas vezes é saudável e necessária. Contudo, passar o tempo todo discutindo é uma estratégia do diabo para nos manter fora da linha de combate. Há crentes que passam a vida inteira participando de retiros e congressos, mas nunca entram em campo para agir. Sabem muito e fazem pouco. Discutem muito e trabalham pouco.

Os discípulos estavam discutindo com os opositores da obra de Deus (Mc 9:14). Discussão sem ação é paralisia espiritual. O inferno vibra quando a igreja se fecha dentro de quatro paredes, em torno dos seus empolgantes assuntos. O mundo perece enquanto a igreja está discutindo. Há muita discussão, mas pouco poder. Há multidões sedentas, mas pouca ação da igreja.

c) no vale os discípulos estão sem poder para confrontar os poderes das trevas (Lc 9:40; Mc 9:18; Mt 17:16). Por que os discípulos estão sem poder?

- Os discípulos não oraram (Mc 9:28,29). Não há poder espiritual sem oração. O poder não vem de dentro, mas do alto. Pouca oração, pouco poder. Nenhuma oração, nenhum poder.

- Os discípulos não jejuaram (Mc 9:28,29). O jejum nos esvazia de nós mesmos e nos reveste com o poder do alto. Quando jejuamos, estamos dizendo que dependemos totalmente dos recursos de Deus.

- Os discípulos tinham uma fé tímida (Mt 17:19,20). A fé não olha para a adversidade, mas para as infinitas possibilidades de Deus. Jesus disse para o pai do jovem: "Se tu podes crer; Tudo é possível ao que crê" (Mc 9:23). O poder de Jesus opera, muitas vezes, mediante a nossa fé.

2. A Palavra de Deus e a fé. “Se a falta de oração traz incredulidade, por outro lado, a falta de conhecimento da Palavra de Deus produz efeito semelhante. É isso o que mostra a história dos discípulos de Emaús” (Lc 24:13-35). Um desses discípulos chamava-se Cléopas, mas o outro ninguém sabe o seu nome. O Senhor Jesus, no mesmo dia que ressuscitou apareceu a esses dois discípulos quando se dirigiam para a aldeia de Emaús. Depois de dialogar com eles, Jesus percebeu o quanto eram incrédulos. Jesus passa a indicar que a raiz do problema é que eles não tinham absorvido aquilo que se ensina nas profecias bíblicas. Os profetas tinham falado com clareza suficiente, mas as mentes de Cléopas e do seu companheiro não tinham sido suficientemente alertas para captar aquilo que queriam dizer. Jesus reprovou a incredulidade dos dois discípulos e os chamou de néscios, isto é, desprovidos de conhecimento ou discernimento (Lc 24:25).

Jesus, então, dá a aqueles dois discípulos um estudo bíblico sistemático. Moisés e todos os profetas formaram o ponto de partida, mas Ele também passou para as coisas que se referiam a Ele em todas as Escrituras. Lucas não dá indicação alguma de quais passagens o Senhor escolheu, mas torna claro que a totalidade do Antigo Testamento era envolvida. Aqueles dois discípulos tinham ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava, e, portanto, tinham ideias erradas acerca da cruz.

As ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava, também, estavam impregnadas na mente dos onze apóstolos. A dúvida é um mal terrível que impregna a mente das pessoas, causando-lhes incredulidade, quando lhes falta o conhecimento da Palavra de Deus. Os apóstolos fugiram quando Jesus foi preso no Getsêmani (Mc 14:50); estiveram ausentes no Calvário (exceto João); não compareceram diante de Pilatos para reivindicar o seu corpo para o sepultamento; estiveram ausentes no seu sepultamento; não acreditaram na mensagem da sua ressurreição (Mc 16:11-14). Marcos nos informa que eles não deram credito ao testemunho de Maria Madalena (Mc 16:9-11) e não creram no testemunho dos dois discípulos que estavam de caminho para o campo (Mc 16:12,13). Jesus, então, aparece a eles quando estavam à mesa e censura-lhes a incredulidade e dureza de coração (Mc 16:14).

Muitos hoje estão como esses discípulos, não acreditam na ressurreição; não acreditam que Jesus virá outra vez; muitos, não acreditam mais em Deus, não acreditam que as Escrituras é a Palavra de Deus. Infelizmente, muitos têm se apostatado da fé. Isso é lamentável!

II. LIDANDO COM A PRIMAZIA E O EXCLUSIVISMO


1. Evitando a Primazia. Certa feita, enquanto Jesus se preparava para enfrentar o calvário, os discípulos estavam preocupados em saber quem era o maior (Lc 9:46-48). Isso revelava a ideia errada que eles tinham de Jesus. Para eles Jesus era um Messias-Rei dominador, um libertador de Israel, e eles, de algum modo, iriam participar de um poder dominante. E, na luta pelo poder, veio a competição pela supremacia. Quem manda mais? Certamente os discípulos foram tentados pelo orgulho espiritual. Certamente eles foram tentados a usufruir o poder que Jesus tinha lhes dado. Diante disso, Jesus entendeu que eles precisavam de um tratamento de choque.

Jesus lhes apresentou uma parábola viva. E usou para essa lição um elemento inesperado para eles. Jesus tomou uma criança e, certamente, a colocou no colo e lhes ensinou: “Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me recebe não recebe a mim, mas ao que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande” (Lc 9:48). A criança, além de ser o símbolo da despretensão, da fraqueza e da dependência, era o símbolo da pureza de fé, da humildade e principalmente da falta de hipocrisia, isto é, da sinceridade e da transparência. Naqueles dias, a criança não tinha qualquer valor na sociedade, assim como os escravos. E a lição ensinada acabava com qualquer pretensão: o menor é o maior. Quem acolhe os pequenos, humildes e sinceros acolhe Jesus e a Deus Pai que o enviou!

A ambição humana não vê outro sinal de grandeza senão coroas, status, riquezas e elevada posição na sociedade. Porém, o Filho de Deus declara que o caminho para a grandeza e o reconhecimento divino é devotar-se ao cuidado dos mais tenros e fracos da família de Deus.

2. Evitando o exclusivismo. Novamente Jesus corrige os seus discípulos, agora acerca da intolerância e do exclusivismo estreito (Lc 9:49,50; Mc 9:38-41). João proíbe um homem que expulsava demônios em nome de Cristo, pelo simples fato de não fazer parte do grupo apostólico, de não estar lutando alinhado com eles. Na teologia de João, somente o grupo deles estava com a verdade; os outros eram excluídos e desprezados. João pensava que apenas os discípulos tinham o monopólio do poder de Jesus. O homem estava fazendo uma coisa boa, expulsando demônios; da maneira certa, em nome de Jesus; com resultado positivo, socorrendo uma pessoa necessitada. Contudo, mesmo assim, João o proíbe.

De igual modo, hoje, muitos segmentos religiosos tem a pretensão de serem os únicos que servem a Deus. Pensam e chegam ao disparate de pregarem com altivez como se fossem os únicos seguidores fiéis de Jesus e batem no peito com arrogância, como se fossem os únicos salvos. Muitos, tolamente, creem que Deus é um patrimônio exclusivo da sua denominação. Agem com soberba e desprezam todos quantos não aderem à sua corrente sectária. Muitos chegam até mesmo a perseguir uns aos outros, e se engalfinham em vergonhosas brigas e contendas, como acontecia na igreja em Corintos (1Co 6:7). Esse espírito intolerante e exclusivista está em desacordo com o ensino de Jesus, o Senhor da Igreja. Na verdade, muitas pessoas que não faziam parte dos doze demonstraram, algumas vezes, uma fé mais robusta em Jesus do que eles (cf. Mc 7:28,29; 15:42-46; Mt 8:10).

Jesus, então, repreende os discípulos e acentua que quem não é contra Ele, é por Ele (Lc 9:50). A lição que Jesus ensina é clara: não podemos ter a pretensão de julgar os outros nem de considerar-nos os únicos seguidores de Cristo, pelo fato de essas pessoas não estarem em nossa companhia, em nossa denominação.

Obviamente, Jesus não está dizendo que os hereges, os heterodoxos e aqueles que acrescentam ou retiram parte das Escrituras devam ser considerados os seus legítimos seguidores. Jesus não está ensinando aqui o inclusivismo religioso nem dando um voto de aprovação a todas as religiões. Jesus não comunga com o erro doutrinário; antes, o reprovou severamente. Jesus não aprova o universalismo nem o ecumenismo. Não há unidade espiritual fora da verdade. Contudo, Jesus não aceita a intolerância religiosa. Não podemos proibir nem rejeitar os outros pelo simples fato de eles não pertencerem ao nosso grupo.

Certa vez, no Antigo Testamento, Josué pediu a Moisés para proibir Eldade e Medade que estavam profetizando no campo. Ele exclama: “Moisés, meu senhor, proíbe-lhos”. Mas Moisés lhe responde: ”Tens tu ciúmes por mimTomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito” (Nm 11:26-29). Moisés ensina aqui que devemos evitar o exclusivismo.

III. LIDANDO COM A AVAREZA (Lc 12:13-21).

Segundo o dicionário Aurélio, avareza é o “excessivo e sórdido apego ao dinheiro; esganação”. A avareza é um pecado perigoso, pois facilmente conduz a outros pecados, como a mentira e a desonestidade. Jesus disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12:15). O valor de uma pessoa não consiste no valor de seus bens. Esse ensinamento pode ser ridicularizado por alguns que amam o dinheiro. E infelizmente essa foi a reação de alguns líderes religiosos diante das Palavras de Jesus (Lc 16:14). Curiosamente, hoje, os “pregadores da riqueza” fazem o mesmo. Igualmente zombam dos verdadeiros servos de Deus, que combatem a exagerada “teologia da prosperidade” e pregam a verdade revelada na Palavra de Deus.

Certa feita, Jesus ainda estava no meio da multidão, ensinando o povo a ter cuidado com os religiosos, quando alguém levantou uma questão: alguém pediu que Jesus fosse o juiz num caso de divisão de herança - “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança” (Lc 12:13). Essa solicitação estava na contramão dos ensinos de Cristo e por isso recebeu a censura dEle: “Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” (Lc 12:14). Enquanto Jesus ensinava a se evitar uma atitude legalista e materialista, esse homem age de forma diametralmente oposta àquilo que fora ensinado. Ele estava preocupado com a herança.  Segundo a Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional, esse pedido feito a Jesus não era algo estranho:

A lei, em Dt 21:17 promulgou a regra genérica de que um filho mais velho receberia o dobro da porção de um filho mais jovem. As disputas sobre tais questões eram em geral dirimidas pelos rabinos. Esse pedido que o homem fez a Jesus era egoísta e materialista…Jesus então lhe responde com uma Parábola a respeito das consequências da ganância”.

Como bem sabemos, a divisão de uma herança é sempre um problema, pois nesse momento aparecem a usura e a avareza. Com certeza, muita gente pensa: “Ah! Tudo estaria resolvido se aparecesse agora alguma herança”. Será que esse não é o desejo de alguns de nós nesse momento? Mas aí é que está o engano. É um erro pensar assim, pois a partir desse momento é que começam os conflitos e as dificuldades entre os herdeiros. Jesus foi muito claro quando disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12:15).

Jesus, então, contou a seguinte parábola: “a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? ” (Lc 12:16-20).

Irmãos, a vida não nos pertence! Os bens não nos pertencem! Nem a vida nem os bens são nossas propriedades; são apenas um empréstimo! Desta feita, de que adiantam os bens acumulados? As riquezas não podem atender as maiores necessidades da vida e nem mesmo nos libertar da ansiedade. Elas não são garantia de vida, porque a vida é um presente de Deus, do qual temos que prestar conta a qualquer momento.

Observe que Jesus chama o homem da parábola de louco. Ele foi chamado de louco não porque estivesse cometendo algum crime, escândalo, roubo ou adultério, mas porque era avarento, voltado somente para sua riqueza. Ele pensava que a alma se alimenta de cereal. Ele foi considerado um pecador tão perigoso quanto aquele que mata, rouba e adultera. Em outras palavras, esse homem era materialista ou ateu, como tantos que existem hoje em nossa sociedade, vivendo como se Deus não existisse.

Portanto, devemos entender que o dinheiro ou os bens não oferecem qualquer segurança, porque de um momento para o outro seu possuidor pode ser surpreendido com o chamado de Deus. Onde você tem depositado sua confiança? Nas suas posses? Nos seus bens? Desejo que sua segurança esteja totalmente depositada em Jesus Cristo!

Ao aceitarmos Jesus, podemos não nos tornar milionários, mas aqueles que aceitam tomar a cruz e segui-lo, certamente encontrarão a verdadeira riqueza, a riqueza espiritual, as quais Deus nos dará na eternidade: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1Co 2.9).

IV. LIDANDO COM O RESSENTIMETNO (Lc 17:3,4)

“Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe”.

1. A necessidade de perdão. Na vida cristã não há somente o perigo de ofender outros. Há também o perigo de nutrir rancores, de se recusar a perdoar quando alguém que nos ofendeu pede perdão. É isso que o Senhor trata aqui em Lucas 17:3,4.

O perdão é uma necessidade vital para nossa alma, para nosso bem-estar. Mas o perdão não é fácil. É fácil pregar um sermão sobre o perdão até se deparar com alguém para perdoar. Mas Jesus Cristo nos informa e nos ensina que se eu não perdoar não posso orar; se eu não perdoar não posso adorar; se eu não perdoar não posso ofertar; se eu não posso perdoar eu não posso ser perdoado; se eu não perdoar, eu adoeço fisicamente, emocionalmente, espiritualmente; se eu não perdoar a minha alma, a minha vida será entregue aos verdugos da consciência e eu ficarei cativo e prisioneiro sem paz.

O perdão é uma terapia para a alma, um tônico para o coração, uma condição indispensável para a saúde emocional e física. Muitas enfermidades deixariam de existir se aprendêssemos a terapia do perdão. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. O perdão é o remédio necessário que tonifica o coração para caminharmos pela vida sem amargura. Sem perdão a vida torna-se um fardo insuportável e a alma fica prisioneira do ódio e da vingança. Sem perdão somos destruídos pelos nossos sentimentos.

Aliás, o perdão não é simplesmente uma questão de ação, mas de reação. Jesus ilustra isso no sermão do monte (Mt 5:39-41). Ele diz que quando uma pessoa nos ferir a face direita, devemos voltar-lhe a outra face. Quando a pessoa nos forçar a andar uma milha, devemos ir com ela duas milhas. Quando uma pessoa procurar nos tirar a capa, devemos dar-lhe também a túnica. O que, na verdade, Jesus estava ensinando? Ele não estava falando de ação, mas de reação.

O que representa essas três figuras alistadas por Jesus?  Primeiro, quando uma pessoa nos fere no rosto, ela agride a nossa honra. Segundo, quando uma pessoa nos força a fazer o que não desejamos, ela agride a nossa vontade. Terceiro, quando uma pessoa nos toma as vestes pessoais, ela agride o nosso bem mais íntimo e sagrado. Jesus, então, realça que mesmo que os pontos mais vitais da vida sejam atingidos - como a honra, a vontade e os bens inalienáveis -, devemos reagir transcendentalmente, ou seja, com perdão.

O perdão é a transcendência do amor, é vencer o mal com o bem. Perdoar é tratar o outro não como ele merece, mas segundo a misericórdia exige. O perdão não é a execução da justiça, mas o braço estendido da misericórdia. Perdoar é abrir mão dos seus direitos. Perdoar é colocar o outro na frente do eu. Perdoar é não se ressentir do mal, mas vencer o mal com o bem, abençoando o próprio malfeitor.

2. Perdão, uma vida de mão dupla. “... Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6:37). Aqui, Jesus mostra que o perdão é uma via de mão dupla.

Você já percebeu que na palavra perdoar tem a palavra doar? Quem perdoa está doando alguma coisa. De certa forma misteriosa, o perdão de Deus depende de nosso perdão. O que Jesus ensinou na oração do Pai Nosso? Duas vezes ele fala sobre o perdão. Em Mateus 6:12 Ele diz assim: “perdoa as nossas dividas, assim como nós perdoamos”. Depois no versículo 15 ele diz: “se, porém, não perdoardes aos homens vosso pai celestial também não vos perdoará”. Portanto, se eu não perdoar, eu também não recebo perdão de Deus. É uma via de não dupla.

Quer consubstanciar este texto? Então leia Mateus 18:23-35, que fala sobre “a parábola do credor incompassivo”. Sabe qual é a conclusão desta parábola? Se vós não perdoardes as ofensas dos vossos irmãos, vosso pai celestial também não vos perdoará - “Assim vos fará também meu pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mt 18:35). Então, de certa forma o perdão de Deus depende do nosso perdão. Se você quer perdão de Deus, aprenda a liberar perdão para aquele que tem apedrejado você.

Quanto eu perdoo eu me pareço com Deus. Em Mateus capitulo 5, a partir do versículo 44, você vai entender. Jesus disse: “eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do pai que está nos céus...”. Aqui eu tenho a real compreensão que quando eu perdoo eu me pareço com Deus. Todo filho recebe uma herança genética do pai. Você não se parece com Deus quando você ora. Mas, quando você perdoa você se parece com Deus. Portanto, para que você seja filho do vosso Pai que está no Céu, tem que saber perdoar.

CONCLUSÃO

“Ao estudarmos as limitações dos discípulos, alguns fatos ficam em evidência. Observamos que a incapacidade para enfrentar Satanás em Lucas 9:40 é justificada em Mateus 17:20 pela falta de fé; a incredulidade dos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24:13-35) é justificada pela falta de conhecimento das Escrituras (Lc 24:25-27); o desejo por grandeza e primazia (Lc 9:46-48) é uma consequência de terem se amoldado à cultura do mundo, e; a falta de perdão existe por não se reconhecer a natureza perdoadora do Pai celestial” (LBM. CPAD. p. 69).

Fonte: ebdweb