free counters

Seguidores

segunda-feira, 11 de julho de 2016

3º lição do 3º trimestre de 2016: IGREJA, AGÊNCIA EVANGELIZADORA


Texto Base: Atos
1:1-14

"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra." (At 1:8).

 

INTRODUÇÃO

A Igreja, como agência evangelizadora, preocupa-se com o bem-estar espiritual ensinando o caminho de Deus, evangelizando, pregando o Evangelho a toda a criatura e encaminhando-a para a comunhão com Deus. Ela cuida da alma e encaminha aqueles que carecem de conforto, orientação e afeto. Na área social, tem um exemplo digno de ser seguido nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos. O modelo que temos é o da Igreja Primitiva, a qual se estruturou de tal maneira que conseguiu conquistar a confiança e o respeito da sociedade (At 2:42,47; 4:32,35 e 5:13-14). Podemos classificar o perfil da igreja da época dos apóstolos, à luz dos primeiros capítulos do livro de Atos, em três áreas distintas, a saber: a marturia (o testemunho, a orientação espiritual, o evangelismo e a pregação e ensino da palavra); a koinonia (a formação da comunidade social) descrita em Atos 2:42,47; a diaconia (o serviço de atendimento social, descrito em Atos 6:1-10). Observando esse modelo a igreja estará cumprindo a sua missão integral. Assim sendo, crescerá de forma sadia. Nossos dias exigem um retorno imediato, ousado, enérgico e amoroso aos princípios que caracterizavam a igreja em seu princípio (Atos 2:42-47).

I. A FUNDAÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA

A fundação da Igreja foi pentecostal e evangelizadora. Passados dez dias, desde a ascensão do Senhor, os discípulos achavam-se reunidos, num só lugar, quando veio o Espírito Santo sobre eles. Revestidos de poder, passaram a falar noutras línguas, dando ocasião à primeira colheita de almas da Igreja (At 2:1-4,41).  Sem o poder do Espírito Santo, a evangelização jamais será eficiente (Lc 24:49).

1. A resposta escatológica (Atos 1:6,7). Pouco antes de sua ascensão, Jesus foi inquirido por seus seguidores quanto ao futuro de Israel: “Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (Ap 1:6). O Senhor, porém, conscientiza-os de que, naquele momento, a sua preocupação não deveria ater-se aos últimos dias, mas ao que estava prestes a acontecer: “E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (Ap 1:7).

A escatologia dos discípulos estava eivada de equívocos. Jesus os corrige, mostrando-lhes que essa tendência de marcação de datas para sua vinda é uma consumada tolice. O tempo da segunda vinda e da transição do reino da graça para o reino da glória é da exclusiva economia do Pai. Não nos é dado saber nem Kronos nem Kairós, nem tempos nem épocas. Nosso papel não é especular o futuro, mas agir no presente.

John Stott tem razão quando diz que o antídoto para a vã especulação espiritual é a teologia cristã da história. Primeiro, Jesus voltou ao Céu (Ascensão). Segundo, o Espírito Santo veio do Céu (Pentecostes). Terceiro, a igreja sai para o mundo para ser testemunha (Missão). Quarto, Jesus voltará (Parousia).

2. A resposta pentecostal. A respos­ta do Senhor aos seus discípulos não foi apenas escatológica, mas pentecostal: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1:8). Em vez de conhecer tempos ou épocas, eles seriam revestidos com o poder do Espírito Santo para serem testemunhas (At 2:33). Não lhes bastaria o poder do intelecto, da vontade ou da eloquência humana. Era preciso que o Espírito Santo agisse neles, dentro deles e através deles. O poder que a igreja recebe não é politico, intelectual ou ministerial, mas um poder espiritual, pessoal e moral. A fonte desse poder é o Espirito Santo, e esse poder é dado para que a igreja seja testemunha de Cristo até aos confins da Terra.

- “... e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra". Jesus direciona os olhos dos discípulos para a ação missionária e dá-lhes um esboço geral da obra que deveriam fazer. Os discípulos ainda nutriam uma expectativa de que o reino se limitasse ao governo físico, terreno e político de Israel sobre a terra. Porém, o reino de Deus não tem fronteiras geográficas nem políticas. Os discípulos deveriam ser testemunhas não apenas no território de Israel, mas até aos confins da terra. Não apenas aos judeus, mas também aos gentios. O reino de Deus abrange todos os povos, de todos os lugares, de todas as línguas e culturas. O reino de Deus alcança a todos, em todos os lugares, de todos os tempos, que foram lavados no sangue do Cordeiro (Ap 5:9). Todos os salvos em Cristo são testemunhas nesse Reino. Uma testemunha é alguém que relata o que viu e ouviu (At 4:19,20). É alguém que está pronto a dar sua própria vida para testificar o que viu e ouviu. Os discípulos eram testemunhas que haviam presenciado um fato glorioso, a ressurreição de Cristo, e essa noticia da exaltação de Jesus deveria ser anunciada até aos confins da Terra, ainda que, para isso, a morte fosse o preço a ser pago. Desta feita, o poder do Espírito Santo era-lhes imprescindível.

3. A fundação da Igreja. A Igreja de Jesus Cristo nasceu historicamente no dia de Pentecostes, conforme narrado pelo evangelista Lucas, em Atos capítulo 2. Nasceu sob o derramamento do Espírito Santo (At 2:1-13). Num pequeno cenáculo, pessoas foram cheias do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, a profetizar e a tomar uma consciência de coragem e ousadia para proclamar as maravilhas de Deus à humanidade (At 2:14-36). Jesus disse que eles receberiam o poder do Espírito sobre suas vidas (Atos 1:8), o que de fato aconteceu, quando na festa de Pentecostes foram cheios do Espírito (Atos 2:4).

A Igreja de Atos é uma igreja que vive na dimensão do Espírito Santo. Foi cheio do Espírito que Pedro falou diante do Sinédrio (Atos 4:8). Uma das características principais dos homens que seriam escolhidos para cuidar da obra social da Igreja era ser cheio do Espírito (Atos 6:5). Estevão estava cheio do Espírito quando viu Jesus sentado à direita de Deus (Atos 7:55). Ananias impôs as mãos sobre Saulo, de modo que ele fosse curado de sua cegueira e fosse cheio do Espírito (Atos 9:17). Enfim, esta ação do Espírito era e é imprescindível.

II. A MISSÃO PRIORITÁRIA DA IGREJA

Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At 1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).

1. Evangelização. Logo após receber o revestimento de poder, como Jesus tinha prometido (cf. Lc 24:49), os discípulos procuram cumprir a sua missão prioritária: a evangelização. A ordem de Jesus foi: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28:19,20).

A ordem do Senhor é que devemos ir ao encontro do mundo, ir ao encontro dos pecadores, levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co 4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.

A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo (vide Mc 5:1-20). É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais” (Jn.3:8), que, mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que estamos a fazer?

2. Missões em Atos. Missão estava no coração da igreja de Atos do Espírito Santo. Nada a fazia arrefecer desse mister. A despeito das perseguições, os novos discípulos testemunhavam todos os dias, não cessavam de ensinar e anunciar a Jesus Cristo: nas ruas, nas casas, nas vilas, cidades, ensinando e proclamando intensamente o evangelho. Todos, indistintamente, estavam empenhados em organizar novas igrejas, obedecendo a um plano de avanço missionário. E hoje, o que estamos fazendo em prol da evangelização local e universal?

O campo missionário é o mundo. Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt 13:38). Ele não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judéia, nem Roma, nem minha cidade e nem a tua. Infelizmente há ainda os que pensam que o “campo” é a sua cidade e por isso mostram-se não somente apáticos às missões, mas também posicionam-se contra elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, são acomodados. É dever de cada crente incentivar missões, orar pelos missionários e pelos que estão sendo enviados, e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários.

Os discípulos entenderam a ordem de Jesus e estenderam a obra missionária para além de suas cidades originais. De ação em ação, a Igreja de Cristo veio a alcançar, em apenas uma geração, os luga­res mais remotos daquela época – “que já chegou a vós, como também está em todo o mundo...” (Cl 1:6).

3. Promoção social. A Igreja Primitiva encarregava-se de promover os novos convertidos integralmente. Isto envolve doutrina e ação social (cf. At 6:1-7). Em virtude do rápido crescimento quantitativo da Igreja, os apóstolos não puderam conciliar as atividades de oração, pregação e ensino da Palavra de Deus com as atividades assistenciais. Cônscios da responsabilidade social que a igreja tem, os apóstolos, de forma resoluta, logo procuraram dar uma solução para este “importante negócio”(At 6:3): estabeleceram pessoas certas, cheias do Espírito Santo, para cuidar dos necessitados da igreja. A função de assistência social na Igreja é uma das suas pedras de toque e, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de demonstrarmos ao mundo a nossa diferença e o amor de Deus que está em nossos corações.

Por que ajudar aos necessitados é importante?

Em primeiro lugar, porque é um ato pelo qual demonstramos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao nosso redor. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-27), Jesus mostrou que próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades, o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm 12:13-21; Gl 4:31,32; Cl 3:12-14; 1Ts.4:9-12).

Em segundo lugar, porque é um mandamento divino. Este mandamento é dito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, ou seja, ele foi dado para Israel e para Igreja. Deus reconheceu a existência dos pobres no meio do seu povo e ordenou providência a respeito deles: “Pois nunca cessará o pobre do meio da terra”(Dt 15:11a). Esta é a frase que mais contraria a pregação contemporânea da teologia da prosperidade. Pretende-se exterminar a pobreza no meio da igreja. No entanto, o texto declara: "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra". E Jesus ratifica: "Porque os pobres sempre os tendes convosco"(João 12:8). Compete àqueles que têm recursos, minimizar a situação. Deus não prometeu riquezas para todos, porém, daqueles a quem ele deu e dá riqueza, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças Ele quer que os pobres não sejam esquecidos, tal como aconteceu na Igreja de Jerusalém - “Não havia entre eles necessitado algum...”(Atos 4: 34). Pobres, sim; necessitados, não. Esta é a regra a ser seguida pela Igreja, hoje.

Em terceiro lugar, porque é um ato de benignidade (Dt 15:10). Pobreza não é maldição, é consequência do sistema controlado por homens gananciosos. Os pobres estão no nosso meio para que tenhamos oportunidade de exercitar amor - “Livremente lhe darás, e não fique pesaroso o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão"(Dt 15:10). Não se arrependa de haver dado, nem sinta dor no coração. O Apóstolo João é enfático: quem vir a seu irmão padecer necessidade e não suprir essa necessidade não é cristão: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1João 3:17).

III. ANTIOQUIA, IGREJA MISSIONÁRIA

Uma das características da igreja de Antioquia: era aberta às pessoas. Os cinco líderes mencionados em Atos 13:1-4 (Barnabé, Simeão por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém e Saulo) simbolizam a diversidade étnica e cultural de Antioquia. Barnabé era um judeu natural da ilha de Chipre. Simeão era africano, uma vez que a palavra “Níger” significa “de aparência escura”. Alguns sugerem que esse Simeão é o mesmo homem de Cirene que levou a cruz de Cristo (Lc 23:26), agora é um dos principais responsáveis por levar diretamente a história da cruz a todo o mundo. Lúcio era de Cirene, ou seja, do norte da África. Manaém tinha conexões com a aristocracia e a corte, pois era irmão de leite de Herodes Antipas, o rei que mandou matar João Batista e escarneceu de Jesus em seu julgamento. Saulo era judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e também cidadão romano. Vale destacar que entre os cinco veteranos em Antioquia, com admirável modéstia, Saulo estava contente com a posição mais inferior.

Outra característica da igreja em Antioquia: priorizava a doutrinao ensino da Palavra de Deus (At.11:22-26). Barnabé, ao verificar que havia conversão autêntica de muitos irmãos naquela igreja, tratou de buscar a Paulo e, durante todo um ano, houve o ensino da Palavra àqueles crentes. O resultado daquele ano de ensino não poderia ser melhor: os convertidos passaram a ter uma vida muito semelhante a de Jesus; passaram a ser diferentes dos demais moradores de Antioquia; passaram a ser provas vivas da transformação que o Evangelho produz nas pessoas.

Após terem sido ensinados na Palavra e terem mudado de vida, os moradores de Antioquia passaram a notar a diferença e, cumprindo o que disse Jesus a respeito do efeito das boas obras dos Seus discípulos, passaram a chamar os discípulos de “cristãos”, isto é, “parecidos com Cristo”, “semelhantes a Cristo” (At 11:26). Eram os homens glorificando ao Pai que está nos céus (Mt 5:16). Era o resultado do ensino da Palavra.

Portanto, não basta que a Igreja pregue o Evangelho, ou seja, proclame a Palavra de Deus, mas é preciso, também, que a Igreja “ensine as nações”, “faça discípulos”, cuidado este que era patente nos tempos apostólicos, a ponto de os apóstolos terem chamado para si esta tarefa, considerando, inclusive, não ser razoável deixar de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra (At 6:2,4), sem falar dos conselhos que Paulo dá a Timóteo no sentido de jamais se descuidar com o ensino junto aos crentes (1Tm 4:12-16).

Muita meninice e práticas heréticas que vemos por aí se deve à ausência do ensino da Palavra de Deus. O crente permanece infantil quando tem uma compreensão inadequada das verdades bíblicas e pouca dedicação a elas (Ef 4:14,15). Por isso o ensino da Palavra de Deus é importante “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente”(Ef 4:14).

1. Uma igreja completa. Em An­tioquia, o ministério era completo. A igreja estudava a Palavra de Deus (Atos 13:1), buscava a face de Deus em oração (Atos 13:3) e obedecia a Deus (Atos 13:3). A igreja tinha profetas e mestres, ou seja, pregava e ensinava a Palavra de Deus (Atos 13:1), mas quem a dirigia na obra missionária era o Espírito Santo (Atos 13:2). O Espírito Santo era livre e soberano na condução dos destinos da igreja. A orientação do Espírito Santo é segundo a Palavra, e não à parte dela. O Espírito Santo se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra e a uma igreja que ora e jejua (Atos 13:2,3).

2. Uma igreja missionária. Antioquia era uma igreja missionária. Dentre os seus mem­bros, saíram os primeiros missionários transculturais do Cristianismo. Enquan­to a igreja e os seus obreiros oravam, jejuavam e serviam ao Senhor, disse o Espírito Santo: "Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13:2). Vê-se que o Espirito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. É a igreja que jejua e ora. É a igreja que impõe as mãos e despede. Mas é o Espírito Santo quem envia os missionários. Assim, os missionários exercem seu ministério pelo Espirito Santo. Foi o próprio Espirito Santo quem enviou os missionários para o campo de trabalho (Atos 13:3,4). “A partir daquele momento, a Igreja de Cristo, irradiando-se a partir do Oriente Médio, universaliza-se até chegar a você e a mim”.

Não podemos fazer a obra de Deus sem a direção do Espirito Santo. Ele nos foi dado para estar para sempre conosco. Ele nos guia a toda a verdade. Precisamos do Espirito Santo. Dependemos do Espirito Santo. A igreja não pode conseguir uma única conversão sem a obra do Espirito Santo. Os pregadores não terão virtude e poder para pregar sem a ação do Espirito Santo.

3. uma igreja que orava. A oração é fundamental para poder discernir a vontade de Deus. Sem oração a Igreja morre. As decisões da igreja de Antioquia eram envolvidas com muita oração. No culto da igreja de Antioquia o Espírito Santo chamou Saulo e Barnabé para fazer missões. Veja o que diz Lucas: “Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram” (Atos 13:3). Até a escolha de pastores nas igrejas era feita mediante a oração, não pela capacidade humana: “Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado” (Atos 14:23). Em qualquer circunstância devemos orar segundo a orientação do Espírito Santo. A oração não é meramente um exercício humano, e sim um trabalho conjunto entre nós e o Espírito Santo.

CONCLUSÃO

A missão da Igreja de Cristo é evangelizar. A Igreja não foi edificada por Cristo para construir escolas, fundar hospitais ou assumir cargos políticos, por mais dignas que sejam tais realizações, mas para cumprir com o mandato de “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). Quando os crentes prescindem da evangelização, não resta mais nada a igreja do que ser uma associação religiosa em busca de privilégios e reconhecimento social. Cada crente deve envolver-se com a evangelização dos pecadores. Cada cristão deve ser uma fiel testemunha de Cristo. Pense nisso!

Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço

segunda-feira, 4 de julho de 2016

2ª lição do 3º trimestre de 2016: DEUS, O PRIMEIRO EVANGELISTA


3º Trimestre/2016

Texto Base: Gênesis 12:1-8

"Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gen­tios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti"(Gl 3.8).

 

INTRODUÇÃO

A proclamação evangelística teve início na criação e estende-se até a consumação de todas as coisas. Deus se compraz em comunicar o evangelho da salvação, quer pessoalmente, quer por intermédio da sua criação, quer por intermédio de seus arautos. Até mesmo em seus juízos, entrevemos o inexplicável amor, que o constrangeu a entregar o Seu Filho Unigênito a morrer em nosso lugar. A maior mensagem do evangelho é o anúncio de que Jesus Cristo morreu, vicária e substitutivamente, em nosso lugar - “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós...” (Rm 8:32). O desejo do Pai é tão grande por incluir-nos em seus domínios eternos que imolou o Cordeiro antes da fundação do mundo. Em Apocalipse, o Espírito Santo revelou a João que o Senhor Jesus, para redimir-nos, não morreu apenas no tempo. Na presciência divina, o Cordeiro de Deus já estava morto antes mesmo dos eventos registrados em Gênesis (Ap 13:8). Nossa redenção, por esse motivo, transcende o tempo e os eventos da criação; é eterna (Hb 9:12). Portanto, quando ainda não havia pecado, ou pecadores, o amoroso Deus já tinha estabelecido as bases da nossa salvação. A morte do Cordeiro, na presciência de Deus, foi a primeira nota evangélica da história sagrada. Na sentença sobre o pecado, o Deus Pai anuncia a redenção do pecador (Gn 3:15). Antecipadamente, prega o evangelho do Unigênito à humanidade, representada, ali, no primeiro ser humano. Antes mesmo que houvesse tempo, proclamou a salvação eterna. Era como se Deus, num tabernáculo vazio, chamasse os pecadores, que ainda não existiam, ao arrependimento. Deus, portanto, foi o primeiro evangelista. A exemplo do Senhor dos Céus e da Terra, proclamemos com zelo o Evangelho de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.

I. A CHAMADA DE ABRAÃO

Os onze primeiros capítulos de Gênesis relatam a tentativa da parte de Deus em se revelar ao homem e trazê-lo à consciência das coisas, à verdade dos fatos. O ápice dessa auto-revelação divina se deu com Abraão, onde foi estabelecida a Aliança de Deus, que efetivou essa auto-revelação divina para o homem (Gn 12-50). É a partir de Abraão que começa de fato a história da salvação de Deus por intermédio do seu povo, Israel. Por isso, faz todo o sentido dizer que Deus foi o primeiro evangelista, pois a primeira iniciativa de se revelar ao homem foi exclusivamente dele. Após o Dilúvio e a geração de Noé, Abrão foi a primeira pessoa que entendeu e aceitou o propósito de Deus para efetivar a sua Aliança em toda a Terra. Deus chamou Abraão para uma missão especial, e ele obedeceu ao chamado. Abraão ouviu a voz de Deus e saiu, pela fé, da sua terra, do meio da usa parentela para uma terra que Deus haveria de lhe mostrar. O propósito de Deus era, a partir de Abraão e dos seus descendentes, preparar o mundo para a chegada do Messias. Deus amou a humanidade perdida e tal maneira que não mediu esforços para anunciar as Boas-Novas.

1. Abraão, o caldeu. Ao ser chamado por Deus a peregrinar numa terra desconhecida e mui distante, Abraão não passava de um gentio como eu e você. Era um caldeu entre os caldeus. Em torno do ano 2.100 a.C., o Senhor tirou Abrão de Ur dos Caldeus. Toda a sua família saiu com ele e se instalou em Harã (Gn 11:31;15:7). De tal forma converte-se Abraão ao Deus único e verdadeiro que, ante o seu chamamento, deixa uma cidade segura e confortável para andejar um chão ermo e cheio de sobressaltos. Suas experiências com o Senhor são profundas; faz-se amigo de Deus (Is 41:8; 2Cr 20:7; Tg 2:23). Depois de muito tempo habitando em Harã, Deus chamou Abrão e fez-lhe a seguinte promessa: “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção” (Gn 12:1-2). Não demora para que o seu nome seja mudado, indicando uma nova dimensão em sua vida espiritual. Dantes, era Abrão: grande pai. Mas, agora, é Abraão, que em hebraico significa pai de uma multidão não somente étnica, mas destacadamente espiritual (Gn 17:5). Logo, o patriarca hebreu torna-se o nosso pai na fé (Tg 2:21). O pr. Claudionor de Andrade pormenoriza essa chamada da seguinte forma:

a) uma chamada que transcende a nacionalidade. Deus intima Abraão a deixar a sua nacionalidade: “Sai-te da tua terra”. A fé no Deus único e verdadeiro não pode circunscrever-se a uma nacionalidade. Seu caráter reivindica que ela seja proclamada a todos, em todo o tempo e lugar, por todos os meios.

Ao contrário de Abraão, o povo de Israel, não conseguiu transcender a própria nacionalidade na divulgação da verdadeira fé. Restringiu a sua fé a um território, a uma cidade, a um santuário e a um objeto sagrado. Embora fundasse uma terra santa, não foi suficientemente zeloso para santificar os povos além de suas fronteiras. Ao eleger Jerusalém como a cidade santa por excelência, não saiu, a partir dela, a proclamar a Palavra de Deus até aos confins da terra como fez o profeta Jonas. Quanto ao Santo Templo, achava que Deus estava restrito àquela casa e que, de lá, jamais sairia. E, para completar o seu exclusivismo religioso, os israelitas fizeram da arca sagrada um totem. Supunham que, tendo-a por perto, nenhum mal viria a alcançá-los. Porém, o Senhor mostrou-lhes que aquele objeto tão belo e tão cobiçado viria a perder-se um dia (Jr 3:16). O Deus de Israel é também o Deus de todos os povos, porque sua é a terra e a sua plenitude. Até mesmo os apóstolos demoraram a entender o alcance universal do evangelho de Cristo. Fez-se necessária a convocação de um concílio, para que, iluminados pelo Espírito Santo, autorizassem Paulo e Barnabé a prosseguirem o seu ministério junto aos gentios.

b) uma chamada que transcende a etnia. Deus ordenou também a Abraão que deixasse a sua parentela, pois o chamava a ser o pai de todos os que creem. Então, como haveria ele de confinar-se à etnia hebreia, se o mais ilustre de seus descendentes, Jesus Cristo, haveria de morrer por todos os povos? Abraão obedeceu ao chamado de Deus, porém, os israelitas, ignorando a natureza de sua chamada universal, isolam-se nacionalmente. Porém, a grandeza de Israel não está em sua nacionalidade, nem em sua etnia; reside em sua herança espiritual.

Coisa parecida aconteceu com os apóstolos de Cristo. A fim de arrancar os apóstolos ao exclusivismo, o Senhor concede a Pedro a visão global do evangelho. No lençol descido do céu, Pedro contempla toda sorte de animais imundos e repulsivos. Em seguida, ouve do próprio Jesus: “Não faças tu comum ao que Deus purificou” (At 10:15). A partir daquele momento, a Igreja de Cristo, ainda majoritariamente judaica, internacionaliza-se até alcançar os povos mais inalcançáveis.

c) uma chamada que transcende a família. Abraão foi chamado a deixar a casa de seu pai, pois a família que dele sairia não se fundaria em laços de sangue, mas numa aliança espiritual. A fé no Deus único e verdadeiro seria capaz de unir, num mesmo corpo, em Jesus Cristo, todos os povos da Terra. Portanto, todos os que o aceitam são chamados para fora de sua nacionalidade, etnia e família, a fim de formar um só organismo espiritual. Assim é descrita a Igreja de Cristo pelo apóstolo Paulo: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:26-28).

2. Abraão, o evangelizado. Após a morte de Terá, pai de Abrão, o Senhor chama Abrão a uma nova realidade espiritual. E, nesse momento, proclama-lhe o Evangelho Eterno: "Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção" (Gn 12:1,2). O apóstolo Paulo enfatiza esta prerrogativa: "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti" (Gl 3:8). Deus individualiza a chamada de Abraão, a fim de universalizar a convocação de todas as nações a crer em Jesus Cristo.

3. O evangelista Abraão. Deus chamou Abraão não somente para ser pai de muitas nações, mas para ser, também, um profeta um mensageiro do grande amor de Deus entre os gentios (Gn 20:7). Abraão implantou a genuína fé no Deus Todo Poderoso naquela região pagã, levando os seus descendentes a adorar ao único e verdadeiro Deus. Abraão pregou não somente aos ouvidos, mas também aos olhos. A sua reputação testemunhava com muita expressão que só o Senhor é o verdadeiro Deus.

Quando obteve a vitória contra os reis invasores, Abraão deu uma grande lição resistindo à tentação do enriquecimento ilícito (Gn 14:22,23). Vem ao seu encontro nada mais, nada menos que o rei de Sodoma. Ele ofereceu a Abrão todas as riquezas sodomitas, mas ele recusa a sua oferta. Segundo o costume daquele tempo, o libertador guardava para si o despojo quando resgatava do inimigo; mas Abraão não quis que ninguém, exceto Deus, pudesse dizer que o havia enriquecido. Demonstrou que ele não dependia de um rei humano, mas do Rei do Céu a quem havia "levantado a sua mão" - "Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, que desde um fio até a correia de um sapato, não tomarei coisa alguma do que é teu, para que não digas: eu enriqueci a Abrão".

Esta atitude de Abrão é uma grande lição para nós. Isto é pregar aos olhos de quem nos rodeia. Temos tornado esta expressão do patriarca uma realidade, ou já temos sido enriquecidos pelas benesses e vantagens aparentes do mundo de pecado? Será que não temos tido dores e problemas em nossas vidas por causa do "enriquecimento" proveniente do inimigo? A Bíblia diz que só as bênçãos do Senhor é que enriquecem e não acrescentam dores (Pv 10:22). Por isso, recusemos todo e qualquer enriquecimento que não provenha de Deus!

II. A PALAVRA DE DEUS É EVANGÉLICA

O que vem à sua mente quando você ouve a expressão Palavra de Deus? Veja o que diz o livro de Jó, capítulo 38, no verso 7. Na Bíblia na linguagem de hoje este texto foi traduzido assim: "Na manhã da criação as estrelas cantavam em coro, e os servidores celestiais soltavam gritos de alegria. Certamente ecoou nos pensamentos e lábios dos seres criados: "Bendita Palavra de Deus".

Depois de criar todas as coisas por Sua palavra, Deus usaria esta mesma Palavra para se revelar ao homem. Tornar-se conhecido, ser íntimo do homem. No princípio Deus falava face a face com Adão. Você já imaginou o que a conversa de Deus com Adão produzia de bem-estar na existência do primeiro homem? Isto não é difícil de se imaginar, porque você, assim como eu, já deve ter tido determinadas conversas com amigos ou parentes, aquelas conversas gostosas que mais parecem uma fonte de vida e ânimo do que qualquer outra coisa. Assim deveria ser entre Adão e Deus. Era uma conversa, uma comunhão vivificante. Ouvir Deus falando, conversar e estar com Ele deveria ser a melhor parte do dia de Adão e Eva.

Infelizmente, o diabo veio com o pincel do pecado e borrou todo o quadro perfeito que Deus havia criado. Por causa disto, a palavra de Deus não pode mais chegar ao homem livremente. Houve uma barreira na comunicação entre Deus e o homem (Is 59:2). A partir de então Deus se comunicaria de forma especial, através de pessoas escolhidas, para serem porta-vozes de Deus, e eles são chamados de profetas. Quarenta profetas que ao longo de aproximadamente 1500 anos escreveram o que conhecemos como a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada.

O apóstolo Paulo afirmou em 2Tm 3:16 que "toda a Escritura é inspirada por Deus". A palavra traduzida por inspirada, vem do grego theopneustos que significa literalmente "proveniente do fôlego de Deus". Foi Deus quem inspirou os pensamentos dos profetas e eles com suas próprias palavras, estilos e expressões comunicaram as verdades divinas aos homens.Pedro diz que "homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2Pd 1:21). Os escritores bíblicos indicaram que o Espírito Santo foi a fonte de suas revelações. Davi declarou: "O Espírito do Senhor fala por mim, e a Sua palavra está na minha língua" (2Sm 23:2).Paulo escreveu: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns deixarão a fé" (1Tm 4:1).

A conclusão que se chega é que Deus é o autor da Bíblia e a Bíblia é a Palavra de Deus. Quando você entra em contato com a Bíblia é como se você tivesse ao seu lado um divino e amorável conselheiro para orientar e ajudar em todos os seus caminhos. Paulo ainda diz: "Pois tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança" (Rm 15:4).

Consolo, esperança, ensino e salvação são resultantes do contato com a palavra de Deus. Quando você olhar para a Bíblia Sagrada busque enxergar mais do que papel e tinta. Ela é a Palavra de Deus e pode criar em você um estado de harmonia interior, de paz, bondade, amor, fidelidade, humildade, domínio próprio.

1. A Lei de Moisés é evangélica. Ela é evangélica porque o Senhor Jesus, cabeça da Igreja (Ef 5:23), validou toda a Lei Mosaica, ao afirmar: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei” (Lc 16:17). Ele avançou mais um passo, dizendo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17). Jesus, ao nascer, também foi colocado sob a Lei: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4). Ele foi criado e educado segundo os preceitos da Lei, pois cumpria suas exigências. Todavia, foi essa mesma Lei que O condenou à morte. Quando tomou sobre Si todos os nossos pecados, teve de morrer por eles, pois a Lei assim o exige. Vemos que a Lei foi cumprida e vivida por Jesus, e através dEle ela alcançou seu objetivo. Por isso está escrito que “... o fim da Lei é Cristo” (Rm 10:4).

Quando sou confrontado com a Lei Mosaica, ela me apresenta uma exigência que devo cumprir. Deus diz em Sua Lei: “... eu sou santo...” e exige de nós: “... vós sereis santos...” (Lv 11:44-45). Assim, a Lei me coloca diante do problema do pecado, que não posso resolver sozinho. O apóstolo Paulo escreve: “... eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” (Rm 7:14). A Lei de Moisés expõe e revela nossa incapacidade de atender às exigências divinas, pois ela nos confronta com o padrão de Deus. Ela nos mostra a verdadeira maneira de adorá-lo, estabelece as diretrizes segundo as quais devemos viver e regulamenta nossas relações com nosso próximo. Pela Lei, reconhecemos quem é Deus e como nós devemos ser e nos portar. Mas existe uma coisa que a Lei não pode: ela não consegue nos salvar. Ela nos expõe diante de Deus e mostra que somos pecadores culpados. Essa é sua função.

A Lei de Moisés é evangélica, pois nela são feitos vários anúncios acerca da redenção da humanidade: No Gênesis, Deus destaca a redenção da humanidade (Gn 3:15; 12:1,2). Inicial­mente, o Senhor proclama aos nossos pais, ainda no Éden, a vinda da semente da mulher, que haveria de pisar a cabeça de Satanás. Mais tarde, ao convocar Abraão à verdadeira fé, promete-lhe que, através de sua geração, seriam abençoadas todas as nações da terra. No Êxodo, a Páscoa ilustra não ape­nas a liberdade de Israel, mas também a libertação de todos os que, em todos os lugares, recebem o Cordeiro de Deus como o seu Salvador (Êx 12:1-28; 1Co 5:7; 1Pd 1:19). Somente Jesus é capaz de tirar os pecados do mundo (João 1:29). No Deuteronômio, Moisés fala abertamente sobre o Messias que havia de vir: "O SENHOR, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Dt 18:15).

Faz parte da Lei de Moisés o Decálogo, ou os Dez Mandamentos, que é um fundamento sólido sobre o qual podemos construir nossa vida moral; é uma moldura que continua sendo preenchida pelo andar diário no Espírito. Diríamos que o Decálogo é a condensação de toda a Lei.

Repetidas vezes Deus promete sua bênção aos que guardam diligentemente Seus mandamentos: "Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais..." (Dt 4:1). Levítico 26:3-13 e Deuteronômio 5:33; 7:12-26; 28:1-14, também mostram as bênçãos decorrentes da obediência aos Dez Mandamentos. O profeta Isaías reconhece que, se tivesse dado ouvidos aos mandamentos do Senhor, o povo escolhido não teria passado pelo exílio, mas sim desfrutado da vida abundante. Então, a paz do Senhor seria como um rio e Sua justiça, como as ondas do mar (Is 48:18).

A obediência simples ao Decálogo transforma as atitudes do homem para com seu próximo: em vez de assassinar um inimigo pessoal, ele o abençoa; em vez de furtar, trabalha e ajuda o necessitado; em vez de dizer falso testemunho, pratica e diz a verdade; em vez de roubar a mulher do próximo vive na pureza sexual e apoia o matrimônio monogâmico; em vez de cobiçar, faz atos de misericórdia; em vez de guardar para si a fé e a experiência do senhorio de Cristo, o ser humano brilha como luz e penetra como sal neste mundo (Mt 5:14-16); não conserva este mundo na situação em que se encontra, mas transforma-o com o amor, a paz e a esperança de Deus; não se conforma com a injustiça, a miséria e a desonestidade generalizada; é um exemplo de devoção e fidelidade a Cristo em seu lar, no trato com seus vizinhos, no exercício de boas obras, na profissão e nos deveres e responsabilidades civis, para que o reino do Senhor venha e Sua vontade seja feita tanto nos céus como na terra.

2. Os profetas são evangélicos. Os profetas, inspirados pelo Espírito Santo profetizaram sobre a vinda de Cristo e o mistério do evangelho em relação aos gentios, porém, nem mesmo eles podiam entender sobre que estavam falando, embora soubessem estar falando de algo muito grande, muito profundo.

Deus não poderia revelar-lhes este Mistério, pois não estavam em condições de poder entender que Cristo não apenas viria para consumar a obra redentora, mas, que, após consumá-la ele iriahabitar no homem, e não apenas com o homem. Ainda mais confusos ficariam se soubessem que Cristo iria habitar também nos gentios, como afirmou Paulo: “...aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória”.

O Profeta Isaias falou deste Mistério: “... Eu te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios” (Is 42:6). “... Também te darei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até as extremidades da terra” (Is 49:6).

O Salmista Davi falou deste Mistério: “Todos os confins da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; todas as famílias das nações adorarão perante ele” (Salmos 22:27).

O Profeta Daniel falou deste Mistério - “Foi lhe dado o domínio, a honra e o reino; todos os povos, nações e línguas o adoraram...” (Dn 7:14).

O Profeta Oséias falou deste Mistério: “Semearei Israel para mim na terra e compadecer-me-ei da Desfavorecida; e a Não-Meu-Povo direi: Tu és o meu povo! Ele dirá: Tu és o meu Deus!” (Oséias 2:23).

O profeta Jeremias falou da Nova Aliança que o Senhor, por inter­médio do Israel messiânico, haveria de estabelecer com toda a humanidade (Jr 31:31-33).

Como afirmou Pedro (1Pd 1:10-15), o Salmista Davi, os Profetas Isaias, Daniel, Oséias e diversos outros profetizaram sobre o mistério do evangelho em relação aos gentios, porém, nenhum deles entendeu sobre suas mensagens proféticas.

“Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir”.

Os profetas não entenderam que os gentios viriam a fazer parte da família de Deus, e que o Senhor Jesus habitaria não apenas com eles, mas, também neles, conforme ele próprio declarou - “Jesus respondeu e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (João 14:23). Isto era uma verdade bíblica que não podia ser compreendida antes da “plenitude dos tempos”. Esta verdade referia-se ao “... mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesta aos seus santos” (Cl 1:26,27).

3. Enfim, toda a Bíblia Sagrada é evangélica. O Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), os Escritos (Josué a Cantares) e os Profetas (Isaías a Malaquias), que formam o cânon do Antigo Testamento, são a extensão da Aliança de Deus com Abraão. Esta é uma das razões pelas quais o Antigo Testamento é indissociável do Novo. Nesse sentido, além de Abraão e Moisés, a história de Israel, sua poesia e seus escritos proféticos são comprometidamente evangélicos. O povo de Israel foi formado por Deus para dar testemunho da grandeza e da beleza do seu Reino a fim de convencer as nações daquele tempo de que havia um único Deus, o criador dos céus e da terra: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

III. EXECUTANDO O TRABALHO DE DEUS

1. Israel e a evangelização mun­dial. Na dispensação da graça, Israel perdeu o posto de evangelista do mundo, efetivamente falando. A sua contribuição atual para a evangelização encontra-se no fato de que dele vêm as Escrituras Sagradas e o próprio Cristo (Rm 9:1-5). A atribuição de pregar o evangelho da graça foi dada à Igreja.

Todavia, Israel tem uma missão a cumprir, um serviço a ser feito neste mundo no âmbito evangelístico, que será realizado no período milenar do governo de Jesus Cristo. Nesse glorioso período, Israel pregará o evangelho do reino em todo o mundo – “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo... “(Mt 24:14). Haverá um conhecimento universal de Deus (Is 11:9; 54:13; Mt 24:14). Haverá abundância de salvação (Is 33:6). Os judeus serão os mensageiros do Rei (Mq 4:1-3). Eles realizarão um grande movimento missionário (Is 52:7) - “... a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar”(Is 11:9b). Com a difusão do conhecimento do Senhor, muitas pessoas se converterão. A evangelização será de fato uma das atividades primordiais dos seguidores de Cristo, como vaticinou o profeta Isaias: “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” (Is 52:7). Haverá um avivamento mundial – “Assim, virão muitos povos e poderosas nações buscar, em Jerusalém, o SENHOR dos Exércitos e suplicar a bênção do SENHOR. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco” (Zc 8:22,23).

2. A missão intransferível da Igre­ja. A Igreja é a porta-voz de Deus sobre a face da Terra. Ela tem o Espírito Santo (João 14:7), cuja função é guiar a Igreja em toda a verdade e dizer tudo o que tiver ouvido bem como anunciar o que há de vir, glorificando e anunciando tudo o que diz respeito a Cristo (João 16:13,14). Por isso, não pode haver qualquer outro “mensageiro” divino além da Igreja enquanto durar esta dispensação.

O apóstolo Paulo afirma que a Igreja é chamada de “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 2:15), porque deve sustentar e ser a legítima anunciadora da Palavra de Deus sobre a face da Terra. Num mundo onde a iniquidade aumenta a cada dia (Mt 24:12), num mundo onde há corrupção geral é cada vez maior do gênero humano (Rm 1:18-32), cabe à Igreja a difícil tarefa de anunciar a Verdade, de mostrar ao mundo a Palavra de Deus, resplandecendo como astro no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp 2:15).

CONCLUSÃO

Desde a queda do ser humano, Deus trabalha sem cessar para restaurá-lo ao status quo da criação, ou seja, ao estado de comunhão com Ele como era antes da criação. Jesus afirmou, certa vez, que o Pai trabalha até agora. Por essa razão, o Filho continuava o seu labor. Mas qual o trabalho do Pai? Não é criar, porque tudo quanto havia de ser criado já o foi. Todavia, a evangelização sempre haverá de ser um trabalho incompleto, por mais que nos esforcemos. Neste momento, Deus não mais anuncia pessoalmente o evangelho, como fez no Éden e ao patriarca Abraão. Entretanto, não cessa de abrir portas, abençoar missões e missionários. Por intermédio de mim e de você, Ele estende as fronteiras de seu Reino. Paulo dizia-se imitador de Deus, porque se sentia na obrigação de proclamar-lhe a Palavra a tempo e fora de tempo.

Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço

terça-feira, 28 de junho de 2016

1ª lição do 3º trimestre de 2016: O QUE É EVANGELIZAÇÃO


Texto Base: Marcos 16:9-20

 
"Portanto, ide, ensinai iodas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo; ensinando-as a guardar todas as coi­sas que eu vos tenho mandado [...]" (Mt 28:19,20).

 

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, trataremos do “desafio da evangelização” num mundo em tremenda decadência moral e aversão a tudo o que se prega sobre Deus. A evangelização não espera época específica para ser praticada, ela é ultracircunstancial. Diz o apóstolo Paulo: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo...” (2Tm 4:1,2).

A evangelização é a tarefa mais urgente da Igreja de Cristo. Além das criaturas humanas que estão bem longe de nossa pátria, aqui mesmo, bem pertinho de nós, há alguém suspirando pelo evangelho que salva, transforma e reconcilia o ser humano com o Deus Todo-Poderoso. Nenhum outro trabalho é tão primordial e urgente quanto a evangelização. Quando os cristãos têm consciência disso, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do Corpo de Cristo em particular. Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33). Se crermos, de fato, que Cristo morreu e ressuscitou para redimir-nos do inferno, não nos calaremos acerca de tão grande salvação (Hb 2:3). A evangelização compreende, também, o ensino, o batismo e a integração do novo convertido.

I. EVANGELISMO E EVANGELIZAÇÃO

“Evangelismo ou evangelização? Evangelização depende do evangelismo. Se este é a teoria, aquela é a prática”.

1. Evangelismo. É a doutrina cujo objetivo é fundamentar bi­blicamente o trabalho evangelístico da Igreja de Cristo (Mt 28:19,20; At 1:8). Segundo alguns estudiosos, o termo “evangelismo” tem sido usado na maioria das vezes de maneira incorreta e inadequada, até mesmo em meio acadêmico e em conferências missionárias, com o sentido igual ao do verbo “evangelizar” ou do substantivo deste. Contudo, a palavra “evangelismo’, é formada pelos termos gregos “euangelion”, que é “evangelho”, e “ismós”, que denota “sistema”. Desta maneira, quando falamos de “evangelismo”, literalmente não estamos nos referindo propriamente a ação de transmitir a Palavra, porém, a um “sistema baseado em princípios, métodos, estratégias e técnicas da ação de ‘evangelizar’”. Então, o “evangelismo” é um sistema disciplinar que organiza a operação da ação de evangelizar, suprindo-a de recursos. Como disse o pr. Claudionor de Andrade, o evangelismo fornece também as bases metodológicas, a fim de que os evangelizadores cumpram eficazmente a sua tarefa. Exorta Paulo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).

2. Evangelização. Evangelização é o anúncio do Evangelho, é o anúncio de que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu. Era esta a mensagem que era pregada pelos apóstolos, aqueles que receberam diretamente a “Grande Comissão” (At 2:22-36; 3:13-26; 5:40-42; 6:14; 8:5,35; 9:20; 10:37,38; 11:20; 13:26-41).

O assunto primordial da Igreja é a salvação do homem na pessoa de Jesus Cristo. É para isto que existe a Igreja. Não devemos nos perder em discussões inúteis e que não trazem proveito algum (1Tm 1:4-7; 6:3,5). O Senhor nos mandou pregar o Evangelho e não ficar discutindo filigranas, inúteis temas doutrinários-teológicos ou nos perdendo em interpretações de aspectos absolutamente secundários das Escrituras, quando não de questões relacionadas com a cultura e costumes. “Pregai o Evangelho”, diz o Senhor; esta é a função da Igreja, nada mais, nada menos que isto.

Concordo com o Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, quando diz que nos dias em que vivemos, até mesmo nos cultos das igrejas locais o Evangelho não tem mais sido pregado! Perdem-se horas em eventos, em ensaios, em apresentações, em efemérides sociais, em discussões relativas a usos e costumes, e se esquece de dizer que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu. Há, mesmo, milhares de cultos diariamente em que nem sequer é feito o convite ao pecador para aceitar a Cristo! Como estamos distantes do objetivo fixado pelo Senhor: a pregação do Evangelho.

Diz mais o Ev. Dr. Caramuru Afonso: “algumas igrejas procuram se cercar de métodos e de estratégias para aumentar a eficiência e a eficácia da evangelização. Nas últimas décadas, surgiram mais métodos de evangelização e técnicas de crescimento de igrejas do que em toda a história da Igreja. É o “crescimento por células”, “crescimento por grupos pequenos”, “evangelismo explosivo”, “crescimento por propósitos”, enfim, um sem-número de fórmulas e modelos que procuram recuperar o tempo perdido e fazer com que as igrejas retomem a evangelização como prioridade. Muitos destes métodos foram testados e, aqui ou ali, tiveram algum resultado (além de, vez por outra, enriquecer os seus idealizadores…), mas nada, absolutamente coisa alguma pode substituir o modelo bíblico, que é o do comprometimento de toda a igreja local, o amor real de cada crente pelas almas perdidas. Sem este compromisso, que não é gerado por método algum, mas tão somente pelo amor de Deus derramado pelo Espírito Santo em cada coração (Rm 5:5), pode fazer com que cada crente na sua igreja local se esforce para que as almas sejam salvas. Como diz o apóstolo Judas, somente se nos conservarmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna, teremos piedade de alguns, que estão duvidosos, como também nos empenharemos para salvar alguns arrebatando-os do fogo (Jd.21-23)”.

II. POR QUE TEMOS DE EVANGELIZAR

“A evangelização é um mandamento de Jesus. É também a maior expressão de amor, pois o mundo jaz no maligno e em breve Jesus voltará”.

 

1. É um mandamento de Jesus. Está expresso em Mateus 28:19,20: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. O verbo “ide”, tanto em Mateus como em Marcos, está no imperativo, ou seja, trata-se de uma ordem, não de uma recomendação ou de um conselho que venha da parte do Senhor.

A ordem do Senhor é que devemos ir por todo o mundo. Ir ao encontro dos pecadores, levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co 4:4). Portanto, a ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo. Deve-se pregar a toda a criatura, mesmo que seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra. Não cabe à Igreja julgar as pessoas e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra.

É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais” (Jonas 3:8), que, mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que estamos a fazer? Jesus valorizava a todos indistintamente, até mesmo aquele considerado a pior escória da sociedade, como era o endemoninhado gadareno (cf. Mc 5:1-20). Jesus, depois de um dia fatigante, atravessou o mar da galileia, enfrentou uma tempestade impiedosa para salvar um homem que todos tinham rejeitado e descartado, até mesmo pelos de sua família. Qual o valor de uma vida? Para Jesus tem um valor imenso. E nós, como avaliamos as pessoas?

2. É a maior expressão de amor da Igreja. A Igreja é chamada de “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 2:15), porque deve sustentar e ser a legítima anunciadora da Palavra de Deus sobre a face da Terra. Num mundo onde a iniquidade aumenta a cada dia (Mt 24:12), num mundo onde a corrupção geral do gênero humano é cada vez maior (Rm 1:18-32), cabe à Igreja a difícil tarefa de anunciar a Verdade, de mostrar ao mundo a Palavra de Deus, resplandecendo como astro no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp.2:15).

A igreja existe para evangelizar, assim como o hospital existe para cuidar de doente e a escola, para que professores ensinem os alunos. Sem a evangelização as igrejas não passarão de clubes sociais, e, diremos, de qualidade muito inferior a muitos outros que, pelo menos, têm alguma relevância social, o que, via de regra, não ocorre com as igrejas locais que se esqueceram da evangelização.

No princípio, a igreja desempenhava a grande comissão com muita dedicação e amor. Havia um espírito de união, unidade, comunhão, movido pelo amor divino. Diz o texto sagado: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2:42). Estes princípios eram tão intensos na vida daqueles irmãos que “... todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2:47). Urge voltamos a estes princípios que caracterizavam a igreja primitiva.

A ressurreição de Cristo - esta foi a primeira grande mensagem da Igreja. Todos em Jerusalém estavam cientes do que acontecera a Jesus de Nazaré: a sua crucificação, a sua morte e o seu sepultamento. O que eles desconheciam é que Ele se tinha levantado dentre os mortos e estava vivo. Era uma mensagem difícil de ser entregue. Como convencer alguém de que um morto estava vivo? Como persuadir à fé os judeus religiosos, os gregos racionalistas e os poderosos romanos? Quando Paulo, em pleno Areópago de Atenas, mencionou a ressurreição de Jesus, a reação dos atenienses foi esta: “E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez” (Atos 17:32). No entanto, Paulo não se deixou abater e afirmou com convicção: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé…” (1Co 15:17). E a verdade é que muitos, perante os sinais que evidenciavam que Cristo estava vivo no meio da Igreja, criam e a multidão dos crentes multiplicava-se, a ponto de conquistar todo o império no espaço de uma geração (Cl 1:6).

3. O mundo jaz no maligno. O mundo arma um cenário encantador para nos atrair. Contudo, o mundo jaz no maligno, como diz o apóstolo João (1João 5:19).

Nós vivemos em uma época caracterizada por imundície moral. O perigo da contaminação pelo mundo por meio de suas diversões, revistas, livros, internet, comunicação social e a vida do dia-a-dia, é algo que nós conhecemos muito bem. Quando o cristão e a igreja local apresentam-se como “luz do mundo” e “sal da terra”, tendo uma vida diferente dos demais homens e mulheres que os cercam, vivendo aquilo que pregam, “fazendo a diferença”, como se costuma dizer hoje em dia, estamos a proclamar a Palavra de Deus, a cumprir o encargo profético que nos foi dado pelo Senhor Jesus.

Como portadora da Verdade, a igreja deve se posicionar sempre que uma decisão, uma ideia, uma afirmação vier a contrariar as Escrituras. É dever indeclinável da Igreja alertar os descaminhos e os rumos contrários à Palavra de Deus que têm sido cada vez mais intensamente adotados pelo mundo. Esta atitude profética da Igreja encontra-se muito demonstrada nos profetas do Antigo Testamento que, não poucas vezes, tiveram de se indispor com a sociedade de seus dias, mui especialmente com os governantes e os integrantes das classes sociais integrantes da elite. Quando vemos as mensagens contundentes de Elias, Eliseu, Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel e de João Batista, entre outros, percebemos que o exercício do encargo profético é espinhoso, antipático e ensejador de perseguições, mas que não há outro caminho a seguir senão falar a verdade, custe o que custar. Aliás, estes profetas falaram sem ter noção exata do preço da salvação, ao contrário da Igreja, que sabe que custou o precioso sangue de Jesus (1Pd 1:18,19), o que tornará o custo da nossa denúncia sempre muito inferior ao preço do nosso resgate, como também em comparação com a glória que está reservada para os fiéis (Rm 8:18).

4. Porque Jesus em breve virá. A igreja deve realizar com presteza e urgência a pregação do evangelho da Salvação porque haverá um tempo, quando a noite chegar, que não será mais possível trabalhar. Foi o próprio Jesus quem advertiu: "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (João 9:4). O termo “noite” neste versículo refere-se à morte. Passamos uma só vez por este mundo; se não fizermos aqui o que devemos e podemos fazer para Deus e para o próximo, não teremos outra oportunidade. A evangelização é o trabalho mais sublime que a igreja deve fazer em prol das pessoas que ainda não aceitaram Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador. Além disso, Jesus em breve virá, no momento certo, que não sabemos nem temos condição de saber qual é (Mt 24:36), e se a igreja não for mais ousada em sua principal obrigação aqui na Terra, que é a pregação do Evangelho, então a maioria das pessoas do planeta irão para o inferno onde padecerão eternamente. Não podemos comparecer de mãos vazias perante o Senhor da Seara.

III. COMO EVANGELIZAR

“A missão de pregar a todos, em todos os lugares e em todo tempo in­clui a evangelização pessoal, coletiva, nacional e transcultural”.

1. Evangelização pessoal. Evangelização Pessoal é a obra de falar de Cristo aos perdidos individual­mente, é levá-los a Cristo, o Salvador (João 1:41,42; At 8:30). Jesus foi um exímio praticante deste modelo de evangelização. Certa feita, na calada da noite, recebeu Nicodemos, a quem falou do milagre do novo nascimento (João 3:1-16) e, no ardor do dia, mostrou à mulher samaritana a eficácia da água da vida (João 4:1-24).

Concordo com o pr. Antônio Gilberto quando diz que a importância da Evangelização Pes­soal vê-se no fato de que a evangelização dos pecadores foi o último assunto de Jesus aos discípulos antes de ascender ao céu. Nessa ocasião, Ele ordenou à Igreja o encargo da evangelização do mundo (Mc 16:15). O Evangelismo Pessoal vai além do pecador per­dido: ele alcança também o desviado e o crente necessitado de conforto, direção, ânimo e auxílio. Ele reaviva a fé e a esperança nas promessas das Santas Escrituras (GILBERTO, Antônio - Pratica do Evangelismo Pessoal. 1ed. Rio de Janeiro. CPAD, 1983, p. 10).

O destino de muitas pessoas será o inferno. O Novo Testamento revela o local dessas chamas eternas: o Lago de Fogo (Ap 19:20; Ap 20:10,14,15). Então, o que fazer quando você quiser dizer a alguém que ama como evitar o castigo eterno? Você evangeliza, anuncia a Boa-Nova, ou seja, dá a boa notícia, você apresenta o Evangelho.

Como deve ser feito a Evangelização Pessoal?

a)  Com profundo amor;

b)  Com paciência e persistência;

c)  Ouvindo a pessoa evangelizada;

d)  Usando linguagem que as pessoas compreendam;

e)  Fazendo perguntas sábias sobre a salvação;

f)   Não fugindo do assunto da salvação.

g)  Evitando assuntos polêmicos e discussões;

h)  Evitando ficar irritado;

i)   Mostrando o plano da salvação de modo simples;

j)   Procurando responder todas as perguntas com apoio bíblico.

2. Evangelização coletiva ou em massa. Este método implica em alcançar muitas pessoas ao mesmo tempo. Cristo e os Apóstolos sempre gostaram desse método – Ex.: Jesus e o sermão do monte; Paulo no Areópago, ensinando que filosofia não traz paz à alma e que só devemos adorar a um Deus. Exemplos mais usuais atualmente: Cruzadas, Culto nos templos, Cultos nas praças, dentre outros.

3. Evangelização urbana.  A vida urbana é uma realidade que desafia e exige da igreja uma pronta e veemente atitude para alcançá-la. Tem havido um enorme êxodo rural de pessoas em busca de melhores oportunidades, e isto tem inchado as grandes cidades de favelas e de marginalização, causando um desarranjo social incontrolável. A desorganização da vida urbana tem causado muitos problemas sociais, e a igreja deve estar preparada para responder a esses dilemas. Estratégias adequadas devem ser desenvolvidas para alcançar as pessoas. Os problemas típicos da vida urbana, tais quais a diversidade cultural, a marginalização social, o materialismo, a invasão das seitas e as tendências sociais, desafiam a igreja no sentido de, sem afetar a essência da mensagem do evangelho, demonstrar o poder da Palavra de Deus que transforma e dá esperança a todos (Rm 1:16).

“O Evangelho deve ser pregado aos pobres, aos ricos, aos setores médios, a nossas autoridades – a todos os setores de nossa sociedade urbana. Devemos evitar a tentação de limitar o Evangelho a nossos gostos, juízos e versículos favoritos. Façamos o esforço de anunciar a mensagem, fazendo discípulos e ensinando tudo o que Jesus nos ensinou. Não caiamos na tentação de pregar uma mensagem parcializada e barata, à moda das liquidações e ofertas do mercado, sem anunciar a renúncia e o sacrifício que implica o ser cristão. Não façamos do Evangelho uma mercadoria barata, que Jesus expulsará com açoites dos templos prostituídos de nossas vidas. Não esqueçamos de ensinar todo o conselho de Deus a todo o povo de Deus, para que este seja uma fiel testemunha do Evangelho ali onde o Senhor o tem enviado”(Tito Paredes - A DIMENSÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO).

4. Evangelização transcultural. O Evangelho da graça foi dado a todo o mundo e não é monopólio de um só povo ou cultura. Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus devemos crer necessariamente que missões transculturais é o programa de Deus, visto que de Gênesis ao Apocalipse ela nos revela o amor de Deus pelas nações da Terra (Gn 12:3b; Is 49:6; Ap 5:9) .

A evangelização transcultural começa na vida urbana com as diferentes culturas vividas pelos seus habitantes. Porém, ela avança quando requer dos missionários uma capacitação especial para alcançar as pessoas. É preciso que o missionário tenha uma visão nítida de que a mensagem do evangelho é global, pois o cristianismo deve alcançar cada tribo, e língua, e povo, e nação até as extremidades da terra – “... também te porei para luz das nações, para seres a minha salvação até a extremidade da terra”(Is 49:6); “porque assim nos ordenou o Senhor: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra”(At 13.47).

CONCLUSÃO

A melhor e mais impressionante forma de pregarmos o Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e irrepreensível diante de Deus e dos homens. É necessário que cada um de nós, com nossas vidas, pregue o Evangelho, que cada um de nós seja “… uma carta de Cristo e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração, conhecida e lida de todos os homens” (cf. 2Co 3:2,3). Assim, ao contrário do que muitos pensam, ou seja, de que evangelizar é entregar folhetos, bater de porta em porta, levar alguém até uma igreja ou subir em um púlpito ou pregar ao ar livre, evangelizar é tudo isto e muito mais: é viver de acordo com a Palavra de Deus, é desfrutar de uma comunhão sincera e perfeita com o Senhor, a ponto de sermos vasos de honra em todos os lugares em que estivermos ou vivermos (2Tm 2:20,21).

Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço