free counters

Seguidores

segunda-feira, 18 de abril de 2016

4º trimestre do 2º trimestre de 2016: OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO



Texto Base: Romanos 5:1-12

 
“Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, vamos estudar o capítulo 5 de Romanos, que trata dos frutos ou benefícios da justificação. Justificação é o grande tema da Epístola aos romanos; aliás, o grande tema do cristianismo, o núcleo, a essência do cristianismo. Sem a Justificação a Igreja cai. Em Rm 1:18-3:20, Paulo defende a tese da necessidade absoluta da justificação pela fé, uma vez que se julgado pelas obras o homem está irremediavelmente perdido, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Do capítulo 3:21 ao capítulo 4:25, Paulo vai argumenta como essa justificação aconteceu em Cristo Jesus: não foi pelas obras, foi pela graça; não foi por merecimento nosso, foi pelos méritos de Cristo; não é por aquilo que fazemos para Deus, mas por aquilo que Deus fez por nós. A justificação, portanto, é um ato exclusivo de Deus (Rm 3:21-31).

No capítulo 5, o apóstolo Paulo avança em sua argumentação em favor da justificação pela fé ao tratar acerca dos benefícios que ela traz para a vida do cristão. Paulo mostra os benefícios que emanam da justificação quanto ao passado, presente e futuro. Todos os que têm esta nova vida em Cristo estão livres da ira vindoura (capítulo 5), livres do pecado (capítulo 6), livres da lei (capítulo 7) e livres da morte eterna (capítulo 8). Para Paulo, a justificação não significa somente perdão e absolvição da culpa do pecado; também traz dentro de si a esperança da glória de Deus (Rm 5:2) e a promessa da salvação final (Rm 5:9,10). Temos mais que os benefícios atuais da justificação; nossa atenção é dirigida para seu resultado final. A ênfase do capítulo 5 é a glória futura, é a vida eterna com Deus, é a nossa glorificação, a nossa salvação final.

I. A BÊNÇÃO DA GRAÇA JUSTIFICADORA (Rm 5:1-5)

1. A bênção da Paz com Deus (Rm 5:1) – “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”. Observe que o texto fala de “Paz com Deus”, não “Paz de Deus” (Fp 4:7). A “Paz com Deus” é uma bênção ligada ao passado; trata-se de algo que já aconteceu, é a paz da reconciliação com Deus. É diferente da Paz de Deus que Paulo fala em Fp 4:7. Esta pode denotar a paz que Deus mesmo usufrui ou a paz que ele inspira no coração de seus filhos. Esta Paz é um sentimento, que pode estar com tanque cheio hoje e pode estar com o tanque vazio amanhã. Você pode estar com uma gostosa Paz de Deus hoje e amanhã você pode estar num vale de muito aperto, de muita angústia, precisando da Paz de Deus no seu coração. Mas, a Paz com Deus não sofre variação, porque a Paz com Deus não é um sentimento, é um estado, o estado objetivo de estar em paz em vez de estar em inimizade.

A “Paz com Deus”, portanto, não é uma mudança em nossos sentimentos, mas uma modificação no relacionamento de Deus conosco. Por intermédio do sacrifício de Cristo, a barreira que nos separava de Deus foi destruída. Não somos mais filhos da sua ira, mas filhos do seu amor. O pecado consumou uma ruptura, mas Jesus Cristo veio para restabelecer a comunicação suspensa. A Obra de Cristo removeu todas as causas de inimizade entre nossa alma e Deus. Por meio da graça, deixamos de ser inimigos de Deus e nos tornamos seus amigos.

Todas as religiões se esforçam para reconciliar o homem com Deus. Contudo, essa reconciliação, não é fruto do esforço que o homem faz, mas do sacrifício que Cristo fez. Pela morte de Cristo fomos reconciliados com Deus. Não somos mais réus nem inimigos de Deus. Agora temos Paz com Deus. Esta é uma grande bênção da graça justificadora.

2. A bênção do Acesso à Graça de Deus - “por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça...” (Rm 5:2 - ARA). O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentando sobre este benefício da justificação, diz: “Se a Paz com Deus é uma bênção passada, consumada no ato de nossa justificação, o acesso à graça da justificação é um privilégio presente e contínuo. Trata-se de uma condição permanente e inabalável, que se origina de uma ação realizada no passado. Os judeus eram separados da presença de Deus pelo véu do templo, e os gentios eram isolados pelo muro externo do templo. No entanto, quando Jesus morreu, rasgou o véu (Lc 23:45) e destruiu o muro (Ef 2:14). Em Cristo, judeus e gentios que creem têm Acesso a Deus”. Agora, somos tão queridos e próximos de Deus quanto o próprio Filho amado. O Pai estende seu cetro de ouro para nós e nos recebe como filhos, e não como forasteiros.

A palavra “acesso”, em Romanos 5:2, na língua grega, tinha três significados:

a) alguém entrando na presença da realeza, no palácio do Rei. Nós, agora, temos acesso à sala do trono. Você pode ser feio, você pode ser bonito; você pode ser velho, você pode ser jovem; você pode ser rico, você pode ser pobre; você pode ser doutor, você pode ser analfabeto. Não importa, você agora tem livre acesso ao trono do Rei. Você, agora, entra na presença do Rei não é pelos atributos secundários que você tem. Você, agora, entra na presença do Rei porque você é filho do Rei.

b) alguém entrando no templo para adorar. Deus não habita em casa humanas, feita por mãos humanas. Deus é Espirito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Não importa que você esteja na rua, não importa que você esteja no hospital, não importa que você esteja no seu escritório de trabalho ou no seu campo de atividade, não importa se é no templo. Não importa o lugar que você esteja. Você tem, em qualquer tempo, em qualquer lugar, livre acesso à presença de Deus como adorador.

c) significava ancorar no porto, seguro. Na vida, temos muitas tempestades, mas, com certeza, podemos fincar nossas âncoras e chegar no porto, seguro, porque temos livre acesso a esta graça na qual estamos firmes.

3. A bênção da firmeza (Rm 5:2) – “... temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes...”Esta firmeza é um complemento à fé salvadora. Ao ouvirmos pela palavra de Deus, recebemos a fé e cremos em Jesus Cristo, o que nos proporciona a justificação; depois, como resultado desta justificação, passamos a ter firmeza, ou seja, nossa fé cresce a cada dia, pois a fé é dinâmica, que deve ser acrescida continuadamente (Lc 17:5), razão pela qual Jesus a comparou ao grão de mostarda, que é a semente de maior índice relativo de crescimento entre os vegetais superiores (Mt 17:20; Lc.17:6).

4. A bênção de esperar em Deus (Rm 5:2b) – “... e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”. Quando somos justificados, passamos a ter uma nova perspectiva de vida; nossa razão de viver passa a ser a esperança da glória de Deus. O homem justificado sabe que seu destino é estar para sempre com o Senhor e passa a almejar este dia, quando o Senhor arrebatar a Igreja. Se a Paz com Deus é uma bênção passada, consumada no ato de nossa justificação, e o Acesso à graça de Deus é um privilégio presente e contínuo, a Expectativa da glória está atrelada ao futuro. A palavra traduzida por "gloriamos" significa um regozijo exultante, uma alegria triunfante, uma firme confiança em Deus, inspirada pela certeza de que "temos Paz com Deus”.

Como se não bastasse a quebra da barreira que nos separava de Deus, dando-nos acesso a uma condição indescritível de favor diante Deus, nos levando a uma condição de filhos de Deus, como herdeiros, como cidadãos do Céu, também nos regozijamos “na esperança da glória de Deus”. Ou seja, olhamos adiante com alegria, aguardando com expectativa o tempo em que não apenas contemplaremos o esplendor de Deus, mas também seremos manifestados com Ele em glória (João 17:22; Cl 3:4).

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, “compartilhar desse celeste esplendor, contemplar o Rei em sua formosura e ser como ele quando o virmos em sua majestade e glória, tudo isso é a inspiradora esperança daqueles que foram justificados pela fé. John Stott diz que a esperança cristã não é algo incerto como nossas esperanças comuns do dia-a-dia, mas uma expectativa jubilosa e confiante que se baseia nas promessas de Deus. O objeto de nossa esperança é a glória de Deus (Rm 5:2), ou seja, seu radiante esplendor, que um dia se manifestará em toda a sua plenitude. Então, a cortina se erguerá e a glória de Deus será inteiramente desvendada. Nesse dia, veremos o Senhor da glória face a face e receberemos um corpo de glória”. Sem dúvida, esta é a maior expectativa da Igreja.

5. A bênção de sofrer por Jesus (Rm 5:3,4) – “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança”.

Como efeito da esperança da glória de Deus, a justificação também produz um comportamento distinto com relação à tribulação, que passa a ser enfrentada pelo justificado sob uma nova perspectiva. A partir do instante em que surge a esperança da glória de Deus, o justificado sabe que as tribulações que passar nesta vida são um instrumento de aperfeiçoamento espiritual, tanto que ela gera paciência, a paciência, experiência; a experiência, esperança e a esperança não traz confusão (Rm 5:3-5).

Portanto, tanto as tribulações presentes como a glória vindoura são objetos de júbilo do cristão. Em outras palavras, regozijamo-nos não somente no alvo - a glória - mas também nos meios que conduzem a ela, isto é, nos sofrimentos. Não no desconforto presente, mas nos resultados futuros. Diz o apóstolo Tiago: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1:12). Observe a expressão: “Bem-aventurado [feliz] o homem que suporta, com perseverança, a provação...”. Passar por provações e ao mesmo tempo ser feliz parece ser paradoxal. Mas, é isso que a Bíblia recomenda: que nos alegremos em Deus porque a tribulação produz a paciência, e esta, a experiência que, finalmente, culmina na esperança (Rm 5:3-5).

Tiago novamente nos instrui: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações” (Tg 1:2). Observe que Tiago não diz “se passardes por várias provações”, mas “o passardes”. Devemos estar cientes de que, enquanto estivermos neste mundo, enfrentaremos muitas tribulações. A Bíblia diz que somos peregrinos neste mundo. Nossa pátria permanente não é aqui; nossa pátria está no Céu. Diz o apóstolo Paulo: “pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas“ (Fp 3:20,21).

Amados irmãos, a vida cristã não é um mar de rosas, não é uma redoma de vidro, não é uma estufa espiritual. Cristianismo não é uma sala vip, não é uma colônia de férias, antes, é um campo de batalha. Não temos imunidade das provações da vida. Jesus advertiu: "no mundo tereis tribulações... “ (João 16:33). O apóstolo Paulo disse: "... por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de deus" (At 14:22). Ainda, Paulo disse: "... todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2Tm 3:12). O grande patriarca Jó disse: "... o homem nasce para a tribulação, como as faíscas voam para cima" (Jó 5:7).

Muitos que se dizem cristãos têm se iludo com a filosofia enganosa do “não sofrimento” que a falaciosa teologia da prosperidade tem propagado. De forma irresponsável, falsos pregadores vociferam frases de efeitos como estas: “pare de sofrer”, “é tempo de vitória”, “você vai conquistar”. Nestas frases, está presente a ideia de que o cristão não sofre. Mas, quando chega o sofrimento, as pessoas que foram iludidas com estes clichês têm sua fé definhada e sua esperança apagada. Infelizmente, muitos desabam no esgoto da apostasia.

II. AS BÊNÇÃOS DO AMOR TRINITÁRIO (Rm 5:5-11).

5. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.

6. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.

7. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.

8. Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.

1. O Amor que o Pai outorga. “... porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração...” (Rm 5:5). Aqui, Paulo menciona uma espécie de inundação do amor de Deus. Somos banhados pelo próprio ser de Deus, uma vez que Deus é amor. Assim como o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja no Pentecostes, o amor de Deus é derramado no coração daqueles que são justificados. O amor de Deus revelado a nós é algo profuso, caudaloso e abundante. Não nos é dado por medida, mas copiosamente derramado em nós. Esse sublime amor de Deus por nós, pecadores, não foi despertado pela cruz de Cristo; ao contrário, foi o amor de Deus por nós que produziu a cruz. A cruz não é a causa do amor de Deus, mas seu resultado. Esse amor não é retido em Deus, mas derramado sobre nós.

2. O Amor que o Espírito distribui (Rm 5:5). “... porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. A esperança na salvação jamais será envergonhada. Não seremos decepcionados nem descobriremos que confiamos numa ilusão. Com temos certeza disso? O texto sagrado nos responde: “porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. O Espírito Santo que nos foi outorgado no momento em que cremos inunda nosso coração com essas expressões do amor eterno de Deus. Depois que recebemos o Espírito Santo, percebemos que Deus no ama. Não se trata de uma sensação vaga e mística de que “Alguém lá em cima” se preocupa com a humanidade, mas de uma convicção profunda de que um Deus pessoal nos ama de fato como indivíduos. Sob a vívida metáfora de uma chuvarada que cai sobre uma terra seca, o que o Espírito Santo faz é proporcionar-nos a consciência profunda e revigorante de que Deus nos ama.

3. O Amor que o Filho realiza (Rm 5:6) – “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios”. O Amor de Deus é provado. É procedente do Pai, operacionalizado pelo Espírito Santo e realizado pelo Filho. Você é tão especial para Deus, que ele amou você de tal maneira que deu tudo, deu a si mesmo, deu o seu único Filho (João 3:16). A prova mais eloquente desse amor é a cruz de Cristo. Pela cruz temos uma abertura ao coração de Deus e vemos que se trata de um amor que se dá e se sacrifica. Em Romanos 3:25,26, Paulo já havia provado que, na cruz, Deus revelou sua plena justiça; em Romanos 5:8, ele afirma que, na cruz, Deus revelou seu abundante amor. Portanto, a cruz de Cristo não foi um acidente, mas um apontamento de Deus desde a eternidade. Ele foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para ser o nosso substituto, representante e fiador. A cruz, sempre esteve encrustrada no coração de Deus, sempre esteve diante dos olhos de Cristo. Ele jamais recuou da cruz. Ele marchou para ela como um rei caminha para a sua coroação.

Portanto, o Amor de Deus não é apenas um sentimento, é uma ação. Não consiste apenas em palavras; é uma dádiva. Não é uma dádiva qualquer, mas uma dádiva de si mesmo. Deus deu seu Filho. Ele deu tudo, deu a si mesmo. Deus não amou aqueles que nutriam amor por ele, mas aqueles que lhe viraram as costas. Deus amou aqueles que eram inimigos. Cristo morreu no momento determinado por Deus e de acordo com seu eterno propósito (João 8:20; 12:27; 17:1; Gl 4:4; Hb 9:26).

III. AS BÊNÇÃOS DA NOVA CRIAÇÃO (Rm 5:12-21)

Em Romanos 5:12-21, Paulo faz uma analogia entre o Adão histórico e o Cristo histórico. As Escrituras chamam Cristo de “o segundo Adão” ou “o último Adão”. O primeiro Adão caiu num jardim; o segundo Adão triunfou num deserto. O primeiro Adão é da terra; o segundo Adão é do céu. O primeiro Adão introduziu no mundo o pecado e por ele a morte; o segundo Adão trouxe ao mundo a justiça e a imortalidade. O primeiro Adão foi expulso do paraíso; o segundo Adão nos levará de volta ao paraíso.

Tanto Adão como Cristo nos são apresentados como cabeças de uma raça. Adão era para Paulo um indivíduo histórico, o primeiro homem. Era mais ainda: era o que o seu nome significa em hebraico: “humanidade”. A humanidade inteira é vista como tendo originalmente pecado em Adão. Há, portanto, dois homens: Adão e Cristo, e todos os outros estão dependurados nos cinturões destes dois. Alguém disse que todas as pessoas estão em Adão (por nascimento) ou em Cristo (pelo novo nascimento e pela fé).

Paulo não pensa na humanidade como uma reunião de indivíduos ao acaso, mas como uma unidade orgânica, um único corpo sob uma única cabeça. Esta cabeça é Cristo ou Adão. Este, sobretudo, é antítipo de Cristo. Nele caímos e morremos; em Cristo nos levantamos e vivemos. Por meio do seu pecado entrou a morte no mundo; por meio da obediência de Cristo recebemos vida eterna. Adão é a cabeça federal da velha humanidade; Cristo é a cabeça da nova humanidade espiritual, que significa seu corpo, a Igreja. Pelo pecado de Adão os homens são condenados; pela justiça de Cristo os homens são justificados. Portanto, estamos em Adão ou em Cristo. Não há ponto neutro. Só há dois grupos: os que estão perdidos em Adão e os que estão salvos em Cristo.

1. O homem em Adão (Rm 5:12-14).”Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir”.

Na história humana o pecado foi introduzido pela queda de Adão. Sendo livre, Adão escolheu desobedecer. Conquanto tendo livre-arbítrio, tornou-se escravo do pecado e por meio do seu pecado precipitou toda a raça no estado de rebelião contra Deus. O pecado é uma conspiração contra Deus. É a transgressão da sua lei, um ato de rebeldia e desobediência a Deus.

Pelo menos em cinco ocasiões, nos versículos 15-19 do capítulo 5, a verdade de que, pelo pecado de um único homem, todos nós pecamos é repetida: "Pela ofensa de um só, morreram muitos" (5:15); "O julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação" (5:16); "Pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte" (5:17); "Por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação" (5:18) e "Pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores" (5:19).

Portanto, não apenas herdamos o pecado de Adão, mas somos como ele. O pecado tem sua origem em Adão porque estamos em Adão de modo especial, não apenas porque ele é a raiz que nos gerou, mas também porque é nosso representante e cabeça. Em Adão, todos pecaram; em Adão todos morreram. Segundo John Stott, a pena de morte cai hoje sobre todos os homens não apenas porque todos pecaram como Adão, mas porque todos pecaram em Adão. Porque todos pecaram em Adão e porque o salário do pecado é a morte, a morte passou a todos os homens, uma vez que todos pecaram. Ela atinge a todos sem distinção e sem exceção; seus dedos gélidos repousam sobre ricos e pobres, reis e vassalos, servos e chefes, doutores e analfabetos, pequenos e grandes, velhos e crianças, religiosos e ateus. Não podemos nos esconder da morte. Ela será o último inimigo a ser vencido (1Co 15:26).

Que tipo de morte entrou no mundo pelo pecado? A morte física, espiritual e eterna. A morte física é a separação entre a alma e o corpo (2Co 5:8); a morte espiritual é a separação entre o ser e Deus, devido a um ato de desobediência (Rm 7:9); a morte eterna ou a "segunda morte" é a separação irremediável e eterna entre o homem e Deus. Trata-se da ida da alma e do corpo para o inferno (Mt 10:28). Essas três modalidades de morte são consequência do pecado. O pecado é, portanto, o maior de todos os males. Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o pecado é pior que a pobreza, que o sofrimento, que a doença e até mesmo pior que a morte. Todos esses males não podem afastar o homem de Deus, mas o pecado o afasta de Deus no tempo e na eternidade. O pecado é maligníssimo.

2. O homem em Cristo (Rm 5:15-17). “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo”.

Nestes textos, o apóstolo Paulo faz um contraste entre Adão e Cristo. Na verdade, há cinco contrastes entre Adão e Cristo nos versículos 15-21 do capítulo 5. Primeiro, o contraste entre a transgressão de Adão e o dom gratuito de Cristo (5:15). Segundo, o contraste entre as consequências do pecado de Adão e as consequências da obediência de Cristo (5:16). Terceiro, o contraste entre os dois reinos (5:17). Quarto, o contraste entre o "ato único" de Adão e o de Cristo (5:18,19). Quinto, o contraste entre a lei e a graça (5:20,21).

- O contraste entre a transgressão de Adão e o dom gratuito de Cristo (Rm 5:15).Devido à transgressão do primeiro homem, morreram muitos. Trata-se, evidentemente, de uma referência aos descendentes de Adão. Nesse caso, a morte em questão pode ser tanto física quanto espiritual. Porém, o dom gratuito é mais abundante sobre muitos. Constitui a manifestação maravilhosa da graça de Deus concedida ricamente a uma raça de pecadores. É possibilitado pela graça de um só homem, Jesus Cristo. Foi uma demonstração maravilhosa de graça da sua parte morrer por suas criaturas rebeldes. Por meio de sua morte sacrificial, o dom da vida eterna é oferecido a muitos.

- O contraste entre as consequências do pecado de Adão e as consequências da obediência de Cristo (Rm 5:16). Uma só transgressão de Adão trouxe julgamento inevitável e condenação. Mas, o dom gratuito de Cristo, em contrapartida, tratou de maneira eficaz das muitas ofensas, e não apenas de uma, e resultou na absolvição. Paulo ressalta as diferenças entre o pecado de Adão e o dom de Cristo, entre a destruição terrível provocada por um pecado e a graça que transcorre de muitas transgressões e, por fim, entre o veredicto de condenação e o veredicto de justificação.

- O contraste entre os dois reinos (Rm 5:17). Pela transgressão de um só homem, reinou a morte, como um tirano cruel. Mas, pela abundância da graça e o dom da justiça, todos os cristãos reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo (Rm 5:17).

Que graça maravilhosa! Além de sermos livrados da tirania da morte, governamos como reis, desfrutando a vida presente e a vida eterna. Será que entendemos e apreciamos, de fato, o valor dessa dádiva? Vivemos, verdadeiramente, como parte da nobreza celestial, ou rastejamos no meio da escória deste mundo?

O “homem em Cristo”, símbolo da nova criação de Deus (2Co 5:17), é justificado, obediente, dominado pela graça e dominado pela nova vida com Deus.

CONCLUSÃO

Concluo esta Aula fazendo uma pergunta que, certamente, muitos gostariam de fazer: “Por que Deus permitiu que o pecado entrasse no mundo?”. Resposta: por meio do sacrifício de Cristo, Deus recebeu mais glória e o homem recebeu mais bênçãos que se o pecado não tivesse entrado no mundo. Nossa condição em Cristo é melhor que jamais poderia ter sido em Adão antes da queda. Se Adão não tivesse pecado, teríamos desfrutado uma vida contínua na Terra, habitando no Jardim do Éden. Porém, não teríamos nenhuma perspectiva de nos tornar filhos remidos de Deus, herdeiros de Deus, coerdeiros com Cristo e semelhantes a Ele para sempre. Essas bênçãos foram concedidas somente mediante a Obra redentora de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Fonte ebdweb - Luciano de Paula Lourenço

Nenhum comentário:

Postar um comentário