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segunda-feira, 4 de abril de 2016

2ª lição do 2º trimestre de 2016: A NECESSIDADE UNIVERSAL DA SALVAÇÃO EM CRISTO

Texto Base: Romanos 1:18-20,25-27; 2:1,17-21

 
Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer” (Rm 3:10).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, veremos que o pecado atingiu todo o ser humano, por isso, a necessidade de salvação, na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, é universal. Como o salário do pecado é a morte (Rm 6:23), assim que o homem desobedeceu a Deus, morreu espiritualmente, moralmente e fisicamente, ou seja, ficou sem comunhão com Deus, perdeu a sensibilidade de amar o próximo e foi sentenciado à degradação física; exatamente como Deus lhe havia falado (Gn 2:16,17). Estava, pois, arriscado a ficar eternamente separado de Deus, mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, não o permitiu: em primeiro lugar, prometendo restaurar a comunhão perdida (Gn 3:15); em segundo lugar, impedindo que esta situação de morte adentrasse, de imediato, para o âmbito da eternidade (como ocorrera com os anjos rebeldes), impedindo o acesso do homem à árvore da vida e o expulsando do jardim do Éden (Gn 3:3,24). Dentro desta situação de risco de vida, deste perigo de ficar eternamente separado do seu Criador, Deus inicia a execução do plano da “salvação”, isto é, do “livramento”, do “escape”, a fim de levar-nos para o reino do Filho do seu amor (Cl 1:13). A queda do homem, portanto, não trouxe apenas alguns arranhões à humanidade, mas ruína, destruição e morte. Então, o homem não precisa apenas de cosméticos para melhorar sua aparência; precisa, sim, de ressurreição para levantá-lo da morte.

I. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm 1:18-32)

O testo de Romanos 1:18-32 não é apenas uma radiografia da sociedade gentílica dos dias de Paulo e um sombrio quadro do mundo pagão, mas também um diagnóstico sombrio da condição do homem contemporâneo. A humanidade toda está moralmente arruinada.

1. A rejeição (Rm 1:21-23). “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”. O texto mostra que a rejeição do conhecimento de Deus foi consciente. Em princípio, o pecado humano é pecado por omissão. Um duplo "não" os acusa (eles não glorificaram a Deus nem lhe deram graças). Quando os homens rejeitam a verdade, abraçam a mentira em seu lugar. A ausência da verdade sempre assegura a presença do erro.

Na visão do Rev. Hernandes Dias Lopes, o homem rejeita conscientemente o conhecimento de Deus de duas formas:

a) Deixando de glorificá-lo por quem Ele é. O homem deveria olhar para a natureza e ver nela a glória de Deus. Deixar de reconhecer os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua divindade nas obras da criação é privar Deus da sua própria glória. Portanto, quando o ser humano, seja nos grandes centros urbanos, seja nas selvas mais remotas, dá glória aos seus ídolos, ele não faz isso de forma inocente. Trata-se de uma rebelião deliberada.

b) Deixando de agradecer-lhe pelo que fez. Glorificamos a Deus por quem ele é e damos graças a Deus por aquilo que ele faz. A criatura deixa de ser grata para ser ingrata. Deus criou a terra e a encheu de fartura. Deus deu ao homem vida, saúde, pão, as estações e tudo mais para o seu aprazimento. Contudo, a resposta do homem a todo esse bem é uma consciente e deliberada ingratidão.

Qual é a razão dessa rejeição consciente? Tudo começa na mente. Os homens se tornaram nulos em seus próprios raciocínios. O homem começou a pensar e tirou Deus como referência do seu pensamento. O homem começou a refletir e tirou Deus como fonte de todo o bem. O homem começou a criar as suas próprias hipóteses, e muitas filosofias foram inventadas. O homem tornou-se o centro e a medida de todas as coisas. Não havia mais espaço para Deus. O resultado é que, nesse vazio de Deus, o raciocínio do homem tornou-se nulo.

2. A revelação (Rm 1:18-20). “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.

A revelação natural é suficiente para tornar o homem indesculpável perante Deus. Desde o principio do mundo, dois atributos invisíveis de Deus podem ser reconhecidos claramente por todos: “seu eterno poder e sua [...] divindade” (Rm 1:20). O termo “divindade” sugere o caráter de Deus, e não sua essência; diz respeito aos atributos gloriosos, e não à sua divindade inerente, pois essa última já é pressuposta. O argumento é claro: a criação pressupõe um Criador; um projeto pressupõe um projetista. Ao olhar para o sol, a lua e as estrelas, qualquer um pode dizer que existe um Deus Todo-Poderoso. Qual a resposta à pergunta: “E quanto às pessoas que nunca ouviram o Evangelho?” A resposta é: “Tais homens são [...] indesculpáveis” (Rm 1:20). Deus se revelou a eles na criação, mas eles não responderam a essa revelação. Assim, as pessoas não são condenadas por rejeitar um Salvador do qual nunca ouviram falar, mas por não viver de acordo com o conhecimento de Deus ao qual elas têm acesso. Aqui, cai por terra a teoria do índio inocente, dos povos remotos que estão em estado de inocência. Todos os povos são indesculpáveis diante de Deus. Eles pecam contra Deus conscientemente.

3. A punição (Rm 1:22-32). Romanos 1:22-32 revela as consequências do pecado na vida do ser humano, que tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram, e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. Em três ocasiões, diz-se que “Deus entregou” os homens. Ele os “entregou [...] à imundícia (Rm 1:24), às paixões infames (Rm 1:26) e à uma disposição mental reprovável (Rm 1:28). Em outras palavras, a ira de Deus se voltou contra toda a personalidade do ser humano.

Em resposta à concupiscência perversa do coração dos homens, Deus os entregou à impureza sexual: adultério, relações ilícitas, lascívia, prostituição, etc. A vida de tais indivíduos se tornou uma sucessão de orgias nas quais desonram o seu corpo entre si. Esses homens foram abandonados por Deus porque abandonaram a verdade de Deus, colocando em seu lugar a mentira da idolatria. O ídolo é uma mentira, uma representação falsa de Deus. O idólatra adora a imagem de uma criatura; desse modo, insulta e desonra o Criador, o qual é eternamente digno de honra e glória, e não de afronta.

Enganam-se aqueles que pensam que o Deus do juízo está dormindo, inativo ou indiferente ao que acontece no mundo. O estado de degradação em que a sociedade se encontra já é uma retribuição divina, uma manifestação temporal do seu juízo. No dia do juízo final, a sentença eterna de Deus será apenas esta: "Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo..." (Ap 22:11). A penalidade eterna do homem será experimentar eternamente os resultados de seu abominável pecado.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o juízo mais severo de Deus é dar ao homem o que ele quer (Rm 1:24,26,28). Não há castigo maior para o homem do que Deus o entregar a si mesmo. Deus pergunta: "É isso que você quer? Seja feita a sua vontade". Esse é o maior juízo de Deus, entregar o homem a si mesmo, à sua própria vontade. Os homens que tanto amam o esgoto do pecado são enviados para lá; o que querem, eles terão.

Deus entrega esses "filhos da ira" (Ef 2:3) desprotegidamente a si próprios, a saber, às concupiscências de seu coração (Rm 1:24), às paixões infames (Rm 1:26), a uma disposição mental reprovável (Rm 1:28), ou seja, à maneira que eles próprios escolheram para viver. Em outras palavras, Deus os entregou à sensualidade (Rm 1:24,25), à perversão sexual (Rm 1:26,27), e à vida antissocial (Rm 1:28-32). Assim, os perdidos gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram; porém, essa liberdade é a mais perturbadora escravidão.

Segundo afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes, a graça restritiva de Deus age no mundo, apesar da rebeldia humana, e assim, impede que a sociedade chafurde no abismo do pecado e se transforme num inferno existencial. Os juízos dentro da História ainda não são juízos totais. São aplicados como que com freios acionados, mesclados a uma profusão de paciência e longanimidade (Rm 2:4). No entanto, quando o homem se mostra resistente à graça e obcecado por lambuzar-se no pecado, Deus então o entrega.

“A humanidade é como um caminhão que desce ladeira abaixo. Deus está com o pé no freio, e o homem, com o pé no acelerador. Deus quer evitar a tragédia, e o homem acelera rumo ao abismo, até o momento que Deus tira o pé do breque e esse caminhão avança desgovernado para uma terrível tragédia. O que acontece é que Deus tira a culpa. O homem consegue pecar e a consciência não o acusa mais. Aí ele se gloria no pecado e aplaude o vício. As pessoas mergulham no pântano mais asqueroso da imoralidade e se corrompem ao extremo sem nenhum constrangimento, isso é o juízo de Deus. Por que Deus não manda fogo e enxofre como fez com Sodoma e Gomorra? Pior é entregar o pecador ao fogo do seu coração, preparando-o para o fogo do juízo” (Hernandes Dias Lopes).

II. A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2:1-3:1-8)

1. Os judeus em relação aos gentios. Paulo defende a tese nos três primeiros capítulos de que tanto os gentios como os judeus são culpados diante de Deus em virtude da revelação que receberam. Os judeus receberam a revelação especial, as Escrituras; e os gentios, a revelação natural. Por não viverem de acordo com a revelação recebida, ambos são indesculpáveis perante Deus. Tanto os gentios como os judeus são culpados por não viverem em conformidade com o conhecimento recebido. Os dois grupos têm algum conhecimento de Deus como Criador (Rm 1:20) ou Juiz (Rm 1:32; 2:2), e ambos contradizem com o seu comportamento, o conhecimento que possuem. Qual é, então, a diferença entre eles? Os gentios são mais coerentes que os judeus moralistas. E que os gentios praticam coisas que sabem ser erradas e aprovam os outros que as praticam (Rm 1:32), e os judeus moralistas praticam coisas que sabem ser erradas, mas condenam os outros que agem da mesma forma. Assim, o segundo grupo é culpado do pecado da hipocrisia, pois condena o erro na vida dos outros enquanto eles próprios praticam os mesmos erros. Tanto os gentios como os judeus são absolutamente culpados diante de Deus. Ambos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Os gentios pecaram contra a revelação natural e os judeus contra a revelação especial. Ambos precisam de igual forma ser salvos e ambos só podem ser salvos pela fé em Cristo Jesus.

2. Os judeus em relação à Lei. Outro aspecto da argumentação do apóstolo Paulo em relação aos judeus encontra-se em Romanos 2:17-29. Paulo pergunta: Os judeus aos quais a lei foi dada também estão perdidos?”. A resposta, evidentemente, é afirmativa.

Por certo, muitos judeus consideravam-se imunes ao julgamento de Deus. A seu ver, Deus jamais condenaria um judeu ao inferno; os gentios, em contrapartida, eram tidos como o combustível das chamas infernais. Paulo termina com essa pretensão mostrando que, em determinadas circunstâncias, os gentios podem estar mais próximos de Deus que os judeus. Em primeiro lugar, o apóstolo recapitula o que um judeu prezava como privilégio em relação a Deus. Tal indivíduo possuía um sobrenome judeu e, portanto, era membro do povo escolhido de Deus na terra. Repousava na lei, que não foi criada para dar repouso, mas para despertar na consciência o senso de pecaminosidade (Rm 2:17). Gloriava-se em Deus, o único Deus verdadeiro que havia estabelecido um relacionamento singular de aliança com a nação de Israel. Conhecia a vontade de Deus, pois uma descrição geral dessa vontade é apresentada nas Escrituras. Aprovava as coisas excelentes, pois a lei o havia ensinado a avaliar os valores morais (Rm 2:18). Orgulhava-se de ser guia dos moral e espiritualmente cegos, luz dos que se encontram nas trevas da ignorância (Rm 2:19). Julgava-se qualificado para corrigir os ignorantes ou incultos e ensinar as crianças, pois a lei lhe fornecia um resumo da sabedoria e da verdade (Rm 2:20).

Todavia, essas coisas das quais o judeu se vangloriava, não haviam mudado sua vida. Consistiam apenas em orgulho de sua raça, de sua religião e em conhecimento, sem nenhuma transformação moral correspondente. Ensinava, a outros, lições que ele próprio não havia aprendido. Pregava que não se devia furtar, mas ele próprio não praticava isso (Rm 2:21). Sua proibição do adultério era um caso de “faça o que digo, mas não faça o que eu faço” (Rm 2:22). Gloriava-se em possuir a lei, mas, pela transgressão dos seus preceitos, desonrava o Deus que a havia estipulado. Havia uma contradição entre o conhecer a lei e o praticá-la. Apenas o conhecimento da letra da lei, sem a devida absorção de suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico (Rm 2:23).

A disparidade que os judeus legalistas demonstravam entre o discurso e a prática levava os gentios a blasfemarem o nome de Deus (Rm 2:24). Como é típico dos seres humanos, julgavam o Senhor de acordo com os que professavam ser seus seguidores. O mesmo acontecia no tempo de Isaias (Is 52:5) e continua acontecendo nos dias de hoje. Um dos maiores perigos que a igreja contemporânea enfrenta é o da inconsistência no testemunho. Um cristão de vida dupla é pior que um ateu. Um crente vivendo na prática do pecado é o maior agente do diabo na igreja. Cada um de nós deve perguntar: “Se a única imagem que outros têm de Jesus Cristo é o que encontram espelhando em nós, de que maneira o veem? ”.

3. Os judeus em relação à aliança (Rm 2:25-29; 3:1-8). A identidade dos judeus como povo escolhido é algo bem definido nas Escrituras Sagradas. Desde a sua criação como nação eleita, Israel foi identificado como povo de Deus (Ex 19:5). Os judeus estavam em posição vantajosa, porém eram culpados. A lei e a circuncisão não lhes serviam como garantia de sua identidade como povo de Deus. Aos olhos dos judeus, entretanto, isso parecia colocar em dúvida a aliança, as promessas e o próprio caráter de Deus. John Stott entende que os judeus devem ter reagido a Paulo com um misto de incredulidade e indignação, pois toda a tese paulina seria para eles uma ultrajante destruição daquilo que constitui as próprias bases do judaísmo, a saber, o caráter de Deus e a sua aliança.

Os judeus, inconformados com a teologia de Paulo que dinamitou os alicerces de sua pretensa segurança, investem contra o apóstolo com a seguinte pergunta: "Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?" (Rm 3:1). Paulo responde com firmeza: "Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus" (Rm 3:2). Paulo e os judeus estavam em pleno acordo com o fato de que Deus havia escolhido os judeus como povo especial e dado a eles a lei e a circuncisão. Agora, se a lei e a circuncisão não davam aos judeus nenhuma garantia em relação ao juízo divino, qual então era a vantagem de ser judeu? Muita, sob todos os aspectos! Um item, porém, sobrepuja a todos os outros, a saber: o fato de que aos judeus, e a nenhuma nação, foi atribuído o privilégio singular, a honra máxima, de serem eles os guardiões dos oráculos de Deus, de toda a revelação especial que consistia não só em mandamentos, mas também em predições e promessas. O problema é que os judeus pensavam que possuir os oráculos de Deus era privilégio, e não responsabilidade. Com certeza ser guardião dessa revelação especial de Deus é um privilégio imenso, mas também implica gigantesca responsabilidade.

Os judeus certamente poderiam argumentar com Paulo que eles eram diferentes e melhores que os gentios pagãos e não podiam ser postos no mesmo nível, uma vez que possuíam o selo de Deus, a circuncisão. Esse selo os tornava um povo especial e diferente no mundo. Segundo John Stott, os judeus tinham uma confiança quase supersticiosa no poder salvador de sua circuncisão. Epigramas rabínicos - por exemplo: "o homem circuncidado não vai para o inferno" e "a circuncisão livrará Israel do inferno" – eram evidentes expressões dessa crença. Para os judeus, os gentios eram "cães incircuncisos". O mais triste é que os judeus se fiavam na marca física, em vez de depositarem sua fé na realidade espiritual que esse sinal representava (Dt 10:16; Jr 9:26; Ez 44:9). O verdadeiro judeu era aquele que possuía uma experiência espiritual interior no coração, não apenas uma cirurgia física exterior.

Os judeus sentiam-se seguros acerca da sua salvação por causa da circuncisão. De igual forma, muitos cristãos, hoje, podem argumentar que são especiais porque possuem a Bíblia, frequentam uma igreja, foram batizados e participam da Santa Ceia. O verdadeiro cristão, porém, não é uma pessoa que meramente se submete a certos ritos, mas alguém que adotou esses ritos porquanto crê que foram estabelecidos pelo Senhor e deseja desta forma expressar-lhe amor e devotamente buscando o louvor que procede não dos homens, mas de Deus.

III. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm 3:9-20)

Não confundir necessidade de salvação universal com “universalismo”. Há uma tendência atual de afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça, salvará a todos os perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo rejeitaram) o sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal fato: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc 16:16); “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(Atos 16:31); “Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados”(At 2:38); “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(Atos 3:19). Desta feita, não faz qualquer sentido a posição dita “universalista”, segundo a qual toda a humanidade, mais cedo ou mais tarde, alcançará a salvação, mesmo na eternidade, visto que, como é desejo de Deus a salvação de todos os homens, não há como alguém ser eternamente condenado, pois isto implicaria em admitir que Deus não poderia salvar a todos ou não cumpriria os seus propósitos ou, ainda, que o sacrifício de Cristo fosse limitado em seus efeitos. Deus tem compromisso com a sua Palavra e, ao apresentar uma promessa condicional, tem de fazer prevalecer, pela sua fidelidade, o que prometeu.

1. A universalidade e o jugo do pecado. A argumentação de Paulo em Romanos 3:9-20 é: todos os homens são culpados diante de Deus, todos estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3:9). Paulo é enfático no seu diagnóstico acerca do estado deplorável em que se encontra o ser humano. O pecado atingiu todo o seu ser: corpo e alma. O pecado enfiou seus tentáculos em todas as áreas de sua vida: razão, emoção e volição. Todo o seu ser está rendido ao pecado e a serviço do pecado. O homem está chagado da cabeça aos pés.

Paulo já fundamentou sua tese provando que os gentios, mesmo não tendo a lei escrita, tinham a lei moral dentro deles e o céu estrelado acima deles, mostrando-lhes a majestade de Deus. Uma vez que não deram glórias nem graças a Deus, antes se enveredaram pelos atalhos da idolatria e da imoralidade, tornaram-se passíveis de morte (Rm 1:18-32). De forma semelhante, Paulo desbancou a tola pretensão dos críticos moralistas que julgavam e condenavam publicamente os gentios por seus grosseiros pecados, mas os cometiam, em segredo. Por serem hipócritas, pregando uma coisa e vivendo outra, também não escapariam do justo juízo de Deus (Rm 2:1-16). Com a mesma veemência, Paulo atacou a falsa confiança dos judeus que se julgavam melhores que os demais homens, refugiando-se na lei e na circuncisão, acreditando que Deus os trataria com favoritismo. Paulo põe o machado da verdade na raiz dessa tola pretensão, lançando assim os judeus na mesma vala comum dos demais homens, provando que eles eram tão culpados diante de Deus quanto os gentios pagãos e tão inescusáveis quanto os críticos moralistas (Rm 2:17-3:8).

Se é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Deus, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles. No entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5:9). John Stott é enfático quando escreve: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.

A universalidade da promessa da salvação não significa que todos serão salvos ao acaso. A condição humana para a salvação está bem explicitada em João 3:16, onde lemos, textualmente, que Deus amou o mundo de uma maneira extraordinária que deu Seu Filho Unigênito, “para todo aquele que nEle crê”. Crer em Deus, para a salvação, é mais do que partilhar um conjunto de doutrinas, é uma decisão contínua de negar a si mesmo e seguir os passos de Cristo (Mt 16:24). Essa fé é operada, no pecador, através do Espírito Santo, que o convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8), quando este ouve a Palavra de Deus (Rm 10:17).

2. Valores e comportamentos.  Na argumentação de Paulo em Romanos 3:10-18 podemos ver a depravação total da humanidade na distorção e perversão do seu relacionamento com Deus (Rm 3:10-12), consigo (Rm 3:13,14) e com o próximo (Rm 3:15-17). Vemos claramente uma inversão de valores, fruto de uma humanidade caída e distanciada de Deus.

10. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.

11. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.

12. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.

13. A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;

14. cuja boca está cheia de maldição e amargura.

15. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.

16. Em seus caminhos há destruição e miséria;

17. e não conheceram o caminho da paz.

18. Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Aqui, Paulo pinta um quadro sinistro: ninguém é justo; de fato, ninguém entende sua deplorável condição. E ninguém está tentando entender, nem mesmo procurando por Deus, a fonte de toda sabedoria e conhecimento. O pecado distorceu valores e comportamentos na sociedade. Paulo, assim, chega à conclusão que todos os homens, sem distinção de raça, cultura ou religião são culpados diante de Deus. O pecado atingiu a todos, sem exceção. Paulo registra: “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:10-12). É interessante observar o uso de "nem um", "não há'" e "todos”, asseverando assim a universalidade da culpa humana. Ninguém é justo ou bom (Rm 3:10-12), uma vez que todos pecam por palavras (Rm 3:13,14) e por obras (Rm 3:15), por causa de um estilo de vida que é mau e desastroso (Rm 3:16), e não bom (Rm 3:17), já que lhes falta o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria (Rm 3:18).

CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi visto até aqui, concluímos que a necessidade universal da salvação em Cristo Jesus é urgente e essencial. O homem está sob a ira de Deus, por isso precisa de salvação. Não precisamos de nenhum guia espiritual ou do exemplo inspirador de algum mártir. Precisamos de um Salvador real, porque estamos sob a ira real de Deus. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23).

O que deve o homem fazer para ser salvo? Em primeiro lugar, se expor à Palavra de Deus. Ouvir a Palavra com atenção, com reflexão, com reverência, com interesse, com sede de conhecer a Verdade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará… se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:32,36); “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17).  Em segundo lugar, arrepender-se de seus pecados, confessá-los e deixá-los: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28:13). Jesus iniciou o Seu ministério dizendo: “Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos céus”(Mt 3:2); “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (Atos 3:19).  Em terceiro lugar, aceitar o convite de Jesus e permitir que Ele more no seu coração: “Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3:20); “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10:9). Em quarto lugar, permanecer na fé, permanecer no caminho: “Mas aquele que persevera até o fim será salvo” (Mt 24:13); “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7).

“Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:22,23

Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço

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