Igreja Evangélica Assembleia de Deus
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LIÇÃO 08 – JOÃO BATISTA - O ÚLTIMO PROFETA DO ANTIGO PACTO
INTRODUÇÃO
A vida e ministério do profeta João Batista são relatados em algumas passagens dos evangelhos. Quem trás um relato mais minucioso de seu nascimento e atuação é o evangelista Lucas. Aquele que foi o último profeta veterotestamentário estava previsto no AT para ser o precursor do Messias. Em João Batista, as profecias referentes a Ele são concretizadas e a mensagem sobre arrependimento como condição para entrar no reino dos céus é ouvida em Israel. Nesta lição estudaremos sua vida e seu ministério profético.
I – O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA
O nascimento de João Batista foi vaticinado pelas Escrituras Sagradas em (Is. 40.3-7). Seiscentos anos depois a profecia seria cumprida na família do sacerdote Zacarias (Lc.1:5;17; Mt. 11.14). Neste tempo, Herodes, “o “Grande”, como ficou conhecido, era o governador da Palestina e parte da Transjordânia como rei dos Judeus, de 37 a 4 a.C. Os pais de João eram da linhagem aarônica e pertenciam ao grupo sacerdotal de Abias. As divisões das famílias arônicas em 24 grupos foi realizada por Davi e os descendentes de Abias formavam o oitavo grupo (1Cr. 24.10). Estima-se que nesta época existiam 20 mil sacerdotes espalhados por todo Israel. A oportunidade de entrar no santuário era única para um sacerdote daquele tempo, de qualquer um desses 24 grupos, para ofertar o incenso no altar pela manhã. Deus conduziu a situação, e, nesse momento singular para Zacarias, anunciou o nascimento de João. “Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João” (Lc 1:13). O nome João significa “O Senhor é gracioso”, isto aponta para o tempo da Graça, que iniciaria na pessoa de Jesus Cristo.
II – CARACTERÍSTICAS DO PROFETA JOÃO BATISTA
Como qualquer homem, ele tinha características próprias que o tornava uma pessoa única no mundo; mas, outras foram especialmente concedidas por Deus, que o tornou o personagem que marcou a transição do Antigo para o Novo Testamento “A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele.” (Lc 16:16). João foi o arauto da vinda do Messias para Israel, e, por isso, o Senhor o dotou de características que o diferenciaram de todos os outros, ao ponto de Jesus dizer: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista…” (Mt 11:11).
2.1 Foi cheio do Espírito Santo desde o ventre materno. “Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe” (Lc 1:15). O texto em apreço, ao mencionar a proibição da “bebida forte”, mostra também o nazireado, um antigo voto de consagração total a Deus (Nm 6.1-8), observado por Sansão (Jz cap.13) e Samuel (1 Sm 1.11). Isso demonstra que João foi separado para realizar uma obra especialmente para Deus.
2.2 Chamado de Profeta do Altíssimo. “E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo..” (Lc 1:76). Durante cerca de 400 anos (período inter-bíblico) não houve voz profética em Israel; mas, quando João aparece no deserto da Judéia, pregando o arrependimento, o povo o considerou como profeta. (Mc. 11.32).
2.3 O Arauto da vinda do Messias. “Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” (Mc 1:3). O profeta Isaías teve a oportunidade de predizer sobre o Messias prometido (Is. 53); o salmista falou dele no Salmo 22; mas, somente João Batista teve o privilégio de preparar suas veredas e também de batizá-lo (Mc. 1.9).
O que torna João Batista singular na história bíblica, além dessas características especiais dada por Deus, é o seu caráter que se mostra comprometido com o Senhor e sua Justiça (Lc. 3.11-14) e o momento certo de sua aparição no cenário religioso judeu (Lc. 3.2) quanto na plenitude dos tempos (Gl. 4.4). Estas características foram o que lhes deram as credenciais necessárias para o desenvolvimento de seu ministério profético, isto numa época em que a religiosidade era fria (Mt. 5.20; 7.3; 23.27) e a esperança messiânica se resumia na vinda de um líder que iria libertar Israel do jugo romano.
III – O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE JOÃO BATISTA
O início do ministério profético de João se dá no quinto ano do reinado de Tibério César, imperador de Roma, e a Judeia estava sob o seu domínio. Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes (Lc. 3.1). Embora Roma, através do seu oficial romano tivesse substituído Anás, os judeus ainda consideravam sua autoridade sacerdotal (Jo 18.13; At. 4.6). É por isso que Lucas o inclui neste período. Os grupos religiosos da época eram os fariseus e os saduceus; a vida religiosa era marcada pela hipocrisia e pelo legalismo (Mt. 6.16). É neste momento que a palavra do Senhor veio a João, assim como veio aos profetas do A.T. (Is 38.4; Jr.1.2; Ez 1.3; Os.1.1; Jl. 1.1). O local onde João encontrava-se era o lado ocidental do rio Jordão – o deserto da Judéia. Lugar onde ficou durante muito tempo até se mostrar a Israel: “E o menino crescia, e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.” (Lc. 1.80). A Bíblia não registra os eventos que ocorreram na vida de João durante este período no deserto, mas acreditamos que foram significativos para o desenvolvimento de sua chamada profética. Merecem destaque duas características de seu ministério profético:
3.1 Pregação Messiânica. A proclamação do advento de Cristo era não somente o tema da sua mensagem, mas a verdadeira razão da existência de seu ministério: “No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo. 1.27).
3.2 Intolerância contra o pecado: João condenou a injustiça social (Lc. 3.12-13); o pecado de Herodes por causa de Herodias, mulher de Felipe, seu irmão (Mc. 6.17); e reprovou a hipocrisia dos fariseus, convocando-os a terem frutos dignos de arrependimento. (Mc. 3.7,8).
Com o encarceramento de João no ano 28 d.C. (Flávio Josefo, Historiador Judeu, afirma que a prisão ficava situada em Machareus, uma fortaleza de fronteira ao sul da Peréia e a leste do mar morto) e a posterior morte por decapitação, chegou ao fim o ministério daquele de quem o próprio Jesus disse: “Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho” (Mt. 11:10).
IV – A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA
“Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” ( Mt 3:3). A pregação de João Batista se constitui em três aspectos:
4.1 A vinda do Messias. Devido a dominação romana, os judeus esperavam um Messias guerreiro, que viesse libertar politicamente Israel. Mas, o Messias apresentado por João é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29); veio para libertar os homens do poder das trevas (Jo 8.36); e não exigia força bruta, mas arrependimento de coração (Mt 4.17; 9.13).
4.2 A necessidade do arrependimento. O termo grego, “metanóia”, empregado nessa passagem, tem um significado mais profundo do que simplesmente arrepender-se; João estava convocando o povo para uma mudança profunda de mente, onde criaria um verdadeiro desejo de parar de pecar e voltar-se completamente para Deus.
4.3 A chegada do Reino do Céus. O reino de Deus proclamado por João é o governo de Deus realizado pelo Messias prometido e pela presença do Espírito Santo. Este Reino tem um aspecto tanto presente quanto futuro. No sentido presente, Deus começa Seu reino na terra, nos corações e no meio de Seu povo (Jo 14.23; 20.22). Não é um domínio político e governamental “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui .” (Jo 18.36). É uma conquista de almas presas ao pecado, e o critério para entrar neste Reino é o verdadeiro arrependimento que conduz a uma nova vida. No sentido futuro, a manifestação da glória e do seu poder ocorrerá quando Jesus voltar para julgar o mundo (Lc. 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6) e triunfar sobre todo mal e oposição (1Co 15.24-28; Ap 20.7- 21.8).
CONCLUSÃO
A vida de João Batista se destaca não somente pelos eventos já estudados de sua história, tais como: seu nascimento anunciado pelos profetas, cheio do Espírito Santo no ventre materno, pregação messiânica e intolerância contra o pecado e a convocação ao arrependimento como condição essencial para entrar no Reino dos Céus; mas também pelo seu caráter comprometido com a justiça e a Santidade de Deus e o fiel cumprimento de sua missão como arauto do Messias.
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