PORQUE DEUS PERMITE A PERSEGUIÇÃO
Deus permite, algumas vezes, que a malvadez leve o homem muito longe em perseguir os cristãos, a fim de ficar manifestado o que está no seu coração, e por isso não é de estranhar que na alma do cristão que não tem apreciado esta verdade se levantem dúvidas e dificuldades, e que comece a queixar-se de o caminho ser custoso, e da mão do opressor ser pesada sobre ele. 8
O Senhor porém não nos deixa na Terra para nós nos queixarmos das dificuldades, nem para recuarmos diante da ira dos homens: temos de servir ao Mestre e resistir ao inimigo, porém é somente quando estamos fortalecidos no Senhor e na força do seu poder que podemos prestar esse serviço, ou resistir efetivamente a esse inimigo.
Esta história pretende indicar quão dignamente se fez isto nos tempos passados, porém se quisermos compreender a maneira como Deus tem tratado o seu povo, sempre nos devemos lembrar de que a milícia cristã é diferente de qualquer outra, e que uma parte da sua resistência é o sofrer.
As armas da nossa milícia não são carnais, mas sim espirituais, e o cristão que se serve de armas carnais mostra sem dúvida que não aprecia o caráter do verdadeiro crente. Não pode ter apreciado com inteligência espiritual o caminho do seu Senhor, ou compreendido o sentido das suas palavras: "O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo pelejariam os meus servos".
A igreja militante é uma igreja que sofre, mas se empregar as armas carnais, deixa na verdade de combater.
No ousado e santo Estêvão temos um exemplo do verdadeiro crente militante. Foi ele o primeiro mártir cristão. E que grande vitória ele ganhou para a causa de Cristo quando morreu pedindo ao Senhor pelos seus perseguidores! Davi, séculos antes da era cristã, disse: "O justo se alegrará quando vir a vingança : lavará os seus pés no sangue do ímpio", porém Estêvão, que viveu na época cristã, orou:"Senhor, não lhes imputes este pecado". Isto foi um exemplo da verdadeira milícia cristã.
A primeira onda da perseguição geral que veio sobre a igreja fez-se sentir no ano 64, no reinado do imperador Ne-ro, que tinha governado já com uma certa tolerância durante nove anos.
Neste tempo, o assassinato de sua mãe, e a sua indiferença brutal depois de ter praticado aquele crime tão monstruoso, mostrou claramente a sua natural disposição, e indicou ao povo aquilo que havia de esperar dele. Desgraçadamente, as tristes apreensões que muitos tinham a seu respeito tornaram-se em negra realidade.
FONTE: A História do Cristianismo - A. Knight & W. Anglin
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