Texto
Básico: Miquéias 1:1-5;6:6-8
INTRODUÇÃO
Miquéias,
embora tenha sido um camponês procedente de uma pequena cidade, ergueu a voz
para denunciar os pecados de Jerusalém, a imponente capital de Judá. Com coragem
invulgar denunciou os esquemas de corrupção no palácio, no poder judiciário e
nos corredores do Templo. Miquéias denunciou a aliança espúria e o amasio
vergonhoso entre os políticos inescrupulosos e os religiosos avarentos. A
religião e a política se uniram pelos mais sórdidos motivos para buscar os mais
perversos resultados. O propósito desse conluio maldito foi uma implacável
opressão aos pobres. Os camponeses perderam as terras, as casas, as famílias e
até a liberdade. Os ricos criaram mecanismos criminosos para roubarem os fracos,
os oprimidos e os pobres. Esses não tinham direito, nem vez, nem voz. Os
tribunais estavam ocupados por homens corruptos que, mancomunados com os ricos,
vendiam sentenças por dinheiro e prostituíam sua sacrossanta vocação. Miquéias,
porém, não se impressionou com a magnificência dos palácios da cidade nem com
suas torres imponentes. Ele não vendeu sua consciência como os sacerdotes
avarentos nem se corrompeu como os profetas da conveniência. Antes, desmascarou
a liderança corrupta, chamou o povo ao arrependimento e anunciou, em nome de
Deus, o juízo inevitável que viria sobre toda a
nação.
I. O
LIVRO DE MIQUÉIAS
1.
Contexto histórico. O
profeta Miquéias era originário de uma cidade chamada de Moresete-Gate
(Mq 1:14) no sul de Judá, área agrícola a 40 km ao sudoeste de Jerusalém. À
semelhança de Amós, era homem do campo, e provinha com certeza de família
humilde. Se Isaias, seu contemporâneo em Jerusalém, assistia ao rei e observava
o cenário internacional, Miquéias, um profeta do campo, condenava os governantes
corruptos, os falsos profetas, os sacerdotes ímpios, os mercadores desonestos e
os juízes venais, que havia em Judá. Pregava contra a injustiça, a opressão aos
camponeses e aldeões, a cobiça, a avareza, a imoralidade e a idolatria. E
advertiu sobre as severas consequências de o povo e os líderes persistirem em
seus maus caminhos. Predisse a queda de Israel e de sua capital, Samaria (Mq
1:6,7), bem como a de Judá, e de sua capital, Jerusalém (Mq 1:9-16;
3:9-12).
O
ministério de Miquéias foi exercido durante os reinados de Jotão (750-735 a.C),
Acaz (735-715 a.C) e Ezequias (715-686 a.C), período de expansão e domínio
assírio no antigo Oriente Próximo. O reino do Norte de Israel foi gradualmente
invadido pelos assírios, o que culminou com a queda da capital de Samaria em 722
a.C., em poder do rei assírio Salmaneser V (727-722 a.C.). Acaz, de Judá,
aliou-se à Assíria e modelou o culto em Jerusalém conforme as práticas assírias
(2Rs 16:7-18). Mais tarde, Ezequias, o filho de Acaz, revoltou-se e grande parte
de Judá foi invadida pelo rei Senaqueribe, da Assíria, mas Jerusalém foi
milagrosamente poupada (2Rs 18:17-19:37).
Durante
esse período, estabelece-se em Israel e em Judá um enorme contraste entre os
excessivamente ricos e os pobres oprimidos, devido à exploração da classe média
de Israel (Mq 2:7,9) por donos de terra extremamente gananciosos (Mq 2:1-5). Os
opressores eram apoiados por líderes corruptos políticos e religiosos de Israel
(cap 3). Em razão dessa má liderança, toda a nação tornou-se moralmente corrupta
e pronta para o julgamento (Mq 6:9-16; 7:1-7).
Deus
levantou a Assíria para ser o chicote da sua ira contra o seu povo iníquo (Is
10:5-11). Como Miquéias havia profetizado (Mq 1:2-7), Samaria caiu em poder dos
invasores assírios. Judá sentiu a força do julgamento divino quando Senaqueribe
marchou através da Sefelá (cadeia montanhosa situada a oeste de Judá) até
os portões de Jerusalém, como Miquéias também havia predito (Mq 1:8-16), mas seu
propósito foi frustrado por intervenção sobrenatural de Deus (2Rs
18.13-19.36).
Foi
nesse tempo de tensões e profundas mudanças no mapa político do mundo, nesse
tempo de muitas e frequentes guerras, que Miquéias foi levantado por Deus como
profeta em Israel, e, sobretudo, em Judá. Miquéias chegou a testemunhar a queda
de Samaria e o cerco de Jerusalém, fatos esses que ameaçavam de destruição o
povo do Senhor.
2.Estrutura
e mensagem.
a)
Estrutura. O
livro de Miquéias consiste numa mensagem de três partes principais. Cada uma das
partes marca o imperativo “Ouvi” (Mq 1:2;3:1;6:1).
·
Primeira
parte, referente aos capítulos 1-3, registra a denúncia que o Senhor faz dos
pecados de Israel e de Judá, e de seus respectivos líderes, e a iminente ruína
destas nações e suas respectivas capitais.
·
Segunda
parte, referente aos capítulos 4-5, oferece esperança e consolo ao remanescente
no tocante aos dias futuros, em que a Casa de Deus será estabelecida em paz e
retidão, e a idolatria e a opressão serão expurgadas da terra. Miquéias
finalmente olhou para o futuro e vislumbrou a vinda do Messias, o Príncipe da
Paz, aquele que implantaria seu reino não pela força da espada, mas pelo poder
da sua cruz. Miquéias viu pela fé a chegada gloriosa do Reino de Cristo e o
resplendor da igreja, a noiva do Cordeiro (cf Mq
5:2-15).
·
Terceira
parte, referente aos capítulos 6-7, descreve a queixa de Deus contra seu povo,
como se fora uma cena de tribunal. Deus apresenta a sua causa contra Israel. O
justo remanescente de Judá estava prestes a passar por dias sombrios em
consequência dos pecados da nação. No entanto, Miquéias proclama em alto e bom
som, em favor destes, palavras de fé e esperança. O profeta olha para o além do
triunfo temporário dos inimigos e vê o dia glorioso de sua restauração (Mq
7:8-13). “Levantar-me-ei” é uma afirmação de fé comparável à de Jó (ver Jó
19:25-27). Em seguida, há uma oração e promessa em favor dos filhos de Abraão
(Mq 7:14-20). Miquéias roga a Deus que cumpra as Palavras dos versículos 8-13. O
desejo de Miquéias era que Deus voltasse a cuidar de Israel, assim como o pastor
cuida de suas ovelhas. Miquéias encerra o livro, com um jogo de palavras baseado
no significado do seu próprio nome: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti?”
(Mq 7:18). Resposta: somente Ele é misericordioso, e pode dar o veredicto
final: “Perdoado” (Mq 7:18-20).
b)
Mensagem. O
profeta Miquéias pregou três grandes mensagens:
·
Uma
mensagem ameaçadora de juízo.
Miquéias ergueu sua voz contra os pecados da cidade de Jerusalém e Samaria,
anunciando o julgamento iminente por causa da violência, da injustiça social e
de uma religiosidade fingida. Ele denunciou com veemência a opressão dos pobres
pelos ricos. Ele desmascarou os profetas da conveniência e mostrou a desfaçatez
dos sacerdotes que se vendiam por dinheiro. Ele pôs o dedo na ferida e
diagnosticou os males crônicos que adoeciam a nação. Miquéias de forma
contundente mostrou que o pecado atrai o juízo de Deus e os pecadores não
ficarão impunes.
·
Uma
mensagem de apelo ao arrependimento.
Miquéias não apenas fez o doloroso diagnóstico, ele também ofereceu o remédio.
Ele não apenas denunciou o pecado, mas também chamou o povo ao arrependimento. A
saída para a nação não era fazer vista grossa ao pecado nem buscar alianças
políticas para se proteger, mas se voltar para Deus em sincero arrependimento. O
verdadeiro problema da igreja não é a presença ou ameaça do inimigo, mas a
ausência e o distanciamento de Deus. O profeta Miquéias chama o povo ao
arrependimento, mostrando-lhe que os desajustes sociais, a opressão política e a
decadência moral eram resultado de uma religião errada. A nação está socialmente
desarrumada porque sua relação com Deus está errada. Os males que assolam a
sociedade são consequências do afastamento de Deus.
·
Uma
mensagem de promessa de restauração.
Miquéias não apenas deu o diagnóstico e o remédio, mas também prometeu a cura
eficaz. Denunciar o pecado sem chamar o povo ao arrependimento produz desespero
e não esperança. Onde há arrependimento há também restauração. Miquéias não é um
profeta pessimista como pensam alguns estudiosos. Ele sempre oferece uma porta
de saída, ele sempre anuncia o escape da graça. A misericórdia de Deus prevalece
sobre sua ira. A graça de Deus é maior do que nosso
pecado.
II. A
OBEDIÊNCIA A DEUS
1. O
conceito bíblico de obediência. Como
eu disse acima, na estrutura do livro de Miquéias, cada uma das partes marca o
imperativo “Ouvi” (Mq 1:2;3:1,9;6:1,2,9). O verbo hebraico empregado aqui
é “shemá”. Mas este verbo não tem o sentido apenas de “ouvir, prestar
atenção”, significando apenas uma comunicação ou informação, não. A expressão
"ouvi" tem um sentido muito maior, mais imperioso: abarca a ideia tanto
de "escutar com atenção” quanto de "obedecer''; significa acatar ordens de
autoridade religiosa, civil ou familiar. Essa fraseologia é similar a de Isaias
(Mq 4:1-5; Is 2:2-4), e é vista também nos ensinos de Jesus (Mt 11:15; 13:3).
Portanto, a obediência deve ser precedida pela
compreensão e pelo amoroso acatamento da mensagem divina (Mt 7:24,26).
Somos
conhecidos como crentes pela obediência a Deus e à Sua Palavra.
Obedecer
de coração à Palavra de Deus é melhor do que qualquer forma exterior de
adoração, serviço a Deus, ou abnegação pessoal. O culto, a oração, o louvor, os
dons espirituais e o serviço a Deus não tem valor aos seus olhos, se não forem
acompanhados pela obediência explícita a Ele e aos seus padrões de
retidão.
A
obediência é o que Deus requer do ser humano, é a sua única exigência (Dt
10:12,13). É uma
das condições para termos nossas orações respondidas (1João 3:22). Obedecer
é melhor do que sacrificar e o atender é melhor do que a gordura de carneiros (I
Sm.15:22).
2. A
desobediência das nações -
“Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em tua plenitude, e seja o
Senhor JEOVÁ testemunha contra vós, o Senhor, desde o templo da sua
santidade” (Mq 1:2). Miquéias dirige-se a todas as pessoas da terra, pois
Deus é o Senhor de toda a Terra (Mq 4:2,3), e todas as nações devem prestar
contas a ele.
Deus
soberano, Adonai-Iavé, Criador e sustentador do universo, exige atenção e
obediência de todos, em todos os lugares, pois não é uma divindade tribal, mas o
Deus que está assentado num alto e sublime trono e governa sobre todas as
nações.
A
desobediência foi sempre a razão do fracasso de todos quantos decidiram servir a
Deus (Dt 8:20; Dn 9:11; At 7:39). O pecado é desobediência e a desobediência
gera a indignação e a ira divinas (Rm 2:8), a reprovação para toda a boa obra
(Tt 1:16). Aos desobedientes é negado o repouso divino (Hb 3:18), bem como
reservado um triste fim (1Pe 4:17).
3. A
ira de Deus sobre o pecado (Mq 1:3-5). A
idolatria, a imoralidade e a injustiça social foram uma tríade pecaminosa que
atraiu a justa ira de Deus. O cálice da ira de Deus foi se enchendo até que os
pecados do povo atraíram inevitavelmente o juízo
divino.
Em
Jerusalém, no
Templo do Senhor, o culto a Deus era realizado conforme as prescrições divinas.
Todavia, não tardou para que a idolatria de Samaria e a sedução dos deuses de
outros povos também penetrassem pelas portas dessa cidade. No reinado de Acaz,
ídolos abomináveis foram introduzidos dentro do templo do Senhor. A porta da
casa de Deus foi fechada. A impiedade tomou conta da cidade. Com a apostasia
veio, também, a opressão do inimigo. Com o abandono da lei de Deus, os ricos
passaram a explorar os pobres. Os juízes se corromperam para dar sentenças
injustas. Os profetas e sacerdotes abandonaram o ensino fiel da Palavra de Deus,
e a nação afundou num pântano nauseabundo de apostasia, corrupção e maldade. O
povo de Judá ia ao Templo, mas também fazia sacrifícios nos altos, redutos de
idolatria e imoralidade.
O
povo havia caído na rede mortal do sincretismo religioso. Foi
o próprio Deus quem estabeleceu preceitos para regulamentar o culto. Portanto, o
culto verdadeiro deve ser feito segundo as prescrições divinas, e não segundo o
enganoso coração humano. A igreja contemporânea, de maneira semelhante ao povo
de Israel à época de Miquéias, está introduzindo muitas práticas estranhas no
culto. Essas práticas, oriundas do misticismo pagão, embora agradem o povo, são
rejeitadas por Deus.
Veja
o texto de Miquéias 1:3:
“Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e descerá, e andará sobre as
alturas da terra”. Aqui, o texto sagrado denota que Deus é transcendente e
também imanente. Ele não apenas está no Céu, mas, também, desce para andar sobre
as alturas da Terra. Ele sonda os filhos dos homens. Ele diagnostica seus
pecados. O Deus do Templo, da liturgia, é também o Deus de fora do Templo e do
cotidiano. O Deus do Templo é também o Deus da criação. Miquéias levanta, então,
sua voz para dizer que nada passa despercebido aos olhos de Deus. Ele a tudo vê
e a todos sonda. Quando o profeta diz que Deus andará sobre as alturas da Terra,
usa o mesmo verbo empregado para "pisar uvas, isto é, espremê-las com os pés, e
representa o total esmagamento da desobediência
idólatra".
A ira
de Deus sobre o pecado é aterradora. Veja
o texto de Miquéias 1:4: “E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales
se fenderão, como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam em um
abismo”. Aqui, numa linguagem poética e dramática, Miquéias descreve a
aparição de Deus, como juiz, para a cena do julgamento. Sua manifestação é
majestosa e também aterradora. Diante dele os montes se derretem como cera
diante do fogo. Tudo o que anteriormente parecia sólido e permanente assume, de
repente, o aspecto de cera derretida. Os vales se fendem como as águas que se
precipitam num abismo. Sua presença é irresistível, sua sentença irreversível e
sua majestade incomparável. “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”
(Hb 10:31).
III.
O RITUAL RELIGIOSO
Diante
das profundas, irrefutáveis e eloquentes acusações ouvidas, o povo tenta buscar
o favor de Deus. No entanto, em vez de tomar o caminho do arrependimento, busca
o atalho da religião sem vida. O povo procura disfarçar sua injustiça clamorosa
com rituais religiosos vazios. Miquéias acusa que os cultos eram rotineiros, mas
não vinham do coração. Ele destaca três fatores
importantes:
1. Os
ritos sagrados sem santidade de vida são insuficientes (Mq
6:6) –
“Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus altíssimo?
virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?”. O povo,
convencido de sua culpa, pergunta se existe um meio de reaver o favor de Deus.
Equivocadamente, o povo busca esse favor no sistema sacrificial. A solução
procurada foi puramente formal. A religião meramente ritual não representa o
culto verdadeiro, não agrada a Deus.
Os
holocaustos eram sacrifícios legítimos e ordenados por Deus, mas precisavam ser
oferecidos com a motivação certa e com vida certa. O povo queria oferecer
holocaustos para ocultar seus pecados. O povo queria fazer a coisa certa, da
maneira errada e com as piores motivações.
Alguém
disse que “os sacrifícios eram facilmente usados como álibis da
desobediência. Eles perceberam que a fumaça que subia do altar podia servir para
ocultar os seus pecados. Apesar de autênticos atos cultuais, eles podem
transformar-se em meio para não se prestar ao Senhor um culto
verdadeiro”.
2. A
ostentação religiosa sem piedade é nula (Mq 6:7) –
“Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros. de dez mil ribeiros de
azeite?".
Se Deus não deseja determinado tipo de oferta (o holocausto), talvez a
quantidade de sacrifícios o agrade: milhares de carneiros, dez mil ribeiros de
azeite. O povo pensou que Deus estava interessado no tamanho da oferta. Eles
ofereceram tudo (até aquilo que Deus proibira), com exceção da única coisa que
ele pedia: o coração, com seu amor e sua obediência. Deus não se impressiona com
ostentação. Ele não quer desempenho. Ele quer coração quebrantado, verdade no
íntimo.
3. O
sacrifício humano sem quebrantamento é inútil (Mq 6:7b)
-
"Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo
pecado da minha alma?". O povo pensava que podia agradar a Deus, imitando os
povos pagãos e oferecendo no altar o próprio primogênito. Deus jamais aceita
sacrifícios humanos, que eram procedimentos pagãos(costumeiros em Canaã) e que
sempre desagradou ao Senhor (2Rs 23:10; Jr 32:35;At 7:43). A lei mosaica proibia
terminantemente o sacrifício humano (Lv 18:21;20:1-5). Deus quer a vida e a
obediência dos homens, não a sua morte.
IV. O
GRANDE MANDAMENTO
“...que
é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a
beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?”(Mq 6:8). Deus pede ao
seu povo que transforme a religiosidade de ritos em religiosidade de vida; que
transforme a liturgia ritualista em prática de justiça; que transforme o culto
em obediência. Deus quer que o povo tenha uma conduta ética e moral, não as
cerimônias religiosas. Deus exige do povo um triplo Mandamento: praticar a
justiça; amar a misericórdia; andar humildemente com Deus. Este triplo
mandamento não é mutuamente exclusivo, por isso não deve ser desmembrado. É
possível praticar a justiça severa e inflexível sem misericórdia; também pode
haver misericórdia sem justiça; não é raro o indivíduo professar que anda
humildemente com Deus, mas oferece à justiça e à misericórdia pouco espaço em
sua vida.
1. A
prática da justiça (Mq 6:8). Não
basta conhecer a justiça, é preciso praticá-la. Conhecê-la e violá-la é cometer
um crime doloso. A justiça não pode estar presente apenas nos códigos de leis e
na retórica dos tribunais, mas nas ações práticas do povo. Praticar a justiça no
contexto de Miqueias é não acumular terras; é não explorar as famílias; é não
distorcer a teologia, usando como legitimação ideológica; é não corromper os
julgamentos; é não falsificar a Palavra de Deus.
2. A
prática da misericórdia (Mq 6:8). A
misericórdia é um passo além da justiça. A misericórdia oferece mais do que a
justiça requer. A justiça concede o que o direito requer, a misericórdia concede
o que o amor exige. A misericórdia não deve ser apenas praticada, mas também
amada. Não basta fazer o que é certo, devemos fazê-lo com a motivação certa. A
obediência sem amor desemboca em legalismo. Amar a misericórdia é defender o
fraco, o pobre, o desprovido, o humilde, aquele que não tem vez nem voz numa
sociedade que privilegia os poderosos.
3. O
andar humildemente com Deus (Mq 6:8). A
palavra hebraica “tsana”, traduzida por "humildemente", traz a
ideia de uma aproximação modesta, com decoro. É curvar-se para andar com Deus.
Se as duas primeiras instruções falam da nossa relação com os homens, esta fala
da nossa relação com Deus.
-
Essas três instruções são uma síntese de toda a lei de Deus. Não podemos cumprir
as duas primeiras sem observar a terceira. Só podemos praticar a justiça e amar
a misericórdia se andarmos humildemente com Deus. Nenhum de nós é capaz de fazer
aquilo que Deus ordena sem antes nos achegarmos ao Senhor como pecadores
quebrantados que carecem da salvação.
CONCLUSÃO
Diante
do exposto concluímos que, o que agrada o coração de Deus é um servo obediente.
As bênçãos de Deus ao povo de Israel estavam condicionadas à obediência aos
mandamentos estabelecidos por Deus (cf Dt 28:1). A adoração aceitável implica em
uma existência vivida em obediência aos mandamentos de Deus, cujos aspectos são
morais e espirituais. Até o ritual e a forma divinamente ordenados, embora façam
parte da adoração, devem ser acompanhados pelo movimento sincero do coração em
direção a Deus. A adoração a Deus meramente ritualista é
fútil.
FONTE:EBDWEB
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