Texto Básico: Filipenses 4:5-9
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.
INTRODUÇÃO
Uma vida cristã equilibrada é comparada a uma árvore plantada junto ao ribeiro de água corrente e perene: dá o seu fruto na estação própria; suas folhas não caem; é frondosa e abrigadoiro. Odomínio próprio é a “seiva” dessa árvore; é uma das virtudes mais importante do caráter do genuíno cristão (Gl 5:22; Tito 1:8). O apóstolo Pedro coloca esta virtude como uma das que deve ser buscada pelo cristão, ao lado do conhecimento, da perseverança e da piedade (2Pe 1:6). Entretanto, o domínio próprio é uma expressão bastante problemática para nossa geração, acostumada à fantasia de que a felicidade decorre do desprezo à ideia de disciplina e autocontrole. Colocando esta escolha em outros termos, podemos dizer que, para boa parte das pessoas, se a escolha for entre felicidade e autocontrole, talvez ouçamos alguém dizer-se cansado de autocontrole e que agora pretende viver a vida com toda a sua adrenalina, ou seja, de maneira desequilibrada. Prevalece a ideia que autocontrole e bem-estar são incompatíveis. No entanto, a Bíblia nos adverte a não permitir que o pecado tenha domínio sobre nós (Rm 6:14), já que não estamos mais debaixo da lei, mas sob a graça, que nos deve levar a frutificar, a ter uma vida cristã equilibrada.
I. A EXCELÊNCIA DA MENTE CRISTÃ
Somos aquilo que registramos em nossa mente. Se arquivarmos em nossa mente coisas boas, de lá tiraremos tesouros preciosos, mas se tudo o que depositamos são coisas más, não poderemos tirar dela o que é proveitoso.
1. Nossos pensamentos. Nossos comportamentos são resultados de nossos pensamentos. Pensamentos no alto, vidas no alto. Pensamentos na terra, vida na terra. Mente suja, vida suja. Mente limpa, vida limpa. Pensamentos errados levam a comportamentos errados, e comportamentos errados levam a sentimento errado. Por isso, devemos levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo (2Co 10:5). As nossas maiores batalhas são travadas no campo da mente. Nessa trincheira, a guerra é ganha ou perdida. O homem é aquilo que ele pensa. Precisamos fechar os portais da nossa mente para o que é vil e abrir as suas janelas para o que é verdadeiro, justo, amável e de boa fama. Precisamos jogar para o sacrário da nossa mente o que é elevado e esvaziar todos os porões da nossa mente de tudo aquilo que é impróprio.
2. Pensando nas coisas eternas. O apóstolo propõe aos crentes de Filipos a pensar naquilo que é do alto, pois o que vem de Deus gera vida. O que vem de Deus é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama. Mas o que oriunda de um sistema filosófico mundano é irremediavelmente oposto: é falso, desonesto, injusto, impuro, odioso, de má fama. Que tipo de pensamento estamos cultivando em nossas mentes? Pensamento eterno ou efêmero? A Palavra de Deus exorta-nos a preenchermos a nossa mente com aquilo que gera vida e maturidade espiritual, pois temos a mente de Cristo (1Co 2:16). É válido ressaltar que o que preencher a nossa mente determinará a nossa a ação.
3. Agindo sabiamente. “Portar-me-ei com inteligência no caminho reto... Andarei em minha casa com um coração sincero” (Sl 101:2). No atual estado da sociedade, com a frouxidão moral - não só dos jovens, mas dos de idade e experiência -, grande é o risco de tornarmo-nos descuidosos. O Senhor Jesus nos enviou a realizar a Sua Obra (cf . Mt 28:19) neste mundo, que está dominado por ideologias contrárias ao Evangelho. Mas, para isso devemos agir com sabedoria e de forma equilibrada. Devemos atender o chamado do Mestre, não com medo, mas com coragem; não com ignorância, mas sabiamente; não como quem impõe uma verdade particular, mas como quem expõe e testemunha verdades eternas. À luz do exemplo de Jesus Cristo, sejamos sal da terra e luz do mundo tendo "luz na mente, mas fogo coração".
II. O QUE DEVE OCUPAR A MENTE DO CRISTÃO (Fp 4:8)
Paulo faz uma lista do que deve ocupar os nossos pensamentos. Diz ele: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.
Aqui, Paulo nos ensina como controlar nossa mente: não pensar em coisas más, e sim, nas coisas boas. No mundo de hoje há muitas atrações que podem distrair a nossa mente quanto às nossas responsabilidades para com Deus, e assim não pensamos, nem meditamos, nem nos concentramos nas coisas do Senhor: a sua Palavra, a vida devocional com Deus, os deveres cristãos, o trabalho do Senhor, a vinda de Cristo, etc. O que nós vemos e ouvimos atualmente na televisão, o que ouvimos no rádio, o que vimos na internet, aquilo a que nos expomos, causam impacto no nosso autocontrole mental. Precisamos da ajuda do Espírito Santo para manter nossos pensamentos naquilo que lhe agrada.
1. “Tudo o que é verdadeiro”. A verdade é uma característica de Deus. Jesus é a verdade. O evangelho é a verdade. O cristão é conclamado a falar e a viver a verdade. O Espírito Santo nos conduz em toda a verdade. Se nossa mente estiver cheia do que é verdadeiro – Jesus, a Palavra e o Espírito -, estaremos livres do engano, da falsidade e da mentira.
2. “Tudo o que é honesto”. Honestidade é o contrário da duplicidade de caráter que avilta a moral, sendo incompatível com a mente de Cristo. Os crentes devem ser dignos e sinceros tanto em suas palavras quanto em seu comportamento. O decoro nas conversações, nos costumes e na moral é muito importante. A mente que se concentra em assuntos desonestos corre o perigo de tornar-se desonesta.
3. “Tudo o que é justo”. Os crentes devem fixar seus pensamentos em coisas que são justas. São pensamentos e planos que atendam os padrões de justiça de Deus. Elas devem manter a verdade; elas devem ser íntegras.
Aquele que é justo pensa nas coisas justas. Justo se refere a quem é reto diante de Deus e dos homens. Ser justo e reto é viver conforme os preceitos divinos, é guardar os mandamentos do Senhor. A Bíblia diz que Noé era um homem justo e reto em suas gerações (Gn 6:9; Ez 14:14,20; Hb 11:7; 2Pe 2:5). Por ser justo, pôde pregar a justiça e se tornar herdeiro da justiça segundo a fé. Foi tomado pelo Senhor, inclusive, como modelo e padrão de justiça. Noé observava os preceitos de Deus, tanto que, após o dilúvio, o Senhor os renovou, em pacto, com o próprio Noé.
O cristão precisa ser justo (1João 2:29; 3:7), porque Jesus é justo (At 3:14; 7:52; Cl 4:11;1João 2:1). Como serei justo? Cumprindo a Palavra de Deus, pois ser justo e reto em nossa geração é andar conforme a regra, conforme as Escrituras Sagradas. O próprio Senhor disse que Seu juízo era justo porque Ele fazia a vontade do Pai (João 5:30). Justo é aquele que serve a Deus (Ml 3:128). Temos sido justos?
4. “Tudo o que é puro e amável”. Os crentes devem fixar seus pensamentos em coisas que são:
a) puro. Paulo provavelmente estava falando da pureza moral, algo que é frequentemente muito difícil de manter nos pensamentos. Puro é quilo que não tem mancha, não é poluído. O que é puro não está manchado pelo pecado. Pureza refere-se à santidade. São os puros de coração que verão a Deus (Mt 5:8). Pureza de pensamento e de propósito é condição preliminar indispensável para a pureza na palavra e na ação. A pureza de pensamento deve ser cultivada como indispensável à obra de influenciar os outros. A alma deve ser circundada de uma atmosfera pura, santa, uma atmosfera que tenda a vivificar a vida espiritual de quantos a respirem.
b) Amável. Coisa amável é coisa agradável, aquilo que suscita amor. É aquela coisa que proporciona prazer a todos, não causando dissabor a ninguém, à semelhança de uma fragrância preciosa. É pensamento de grande moral e beleza espiritual. Uma mente positiva e agradável gera uma pessoa positiva, vencedora, altruísta.
5. “Tudo o que é de boa fama”. Os crentes devem fixar seus pensamentos em coisas que são de “boa fama”. Coisas que falam bem do pensador – pensamentos que recomendam, dão confiança, permitem a aprovação ou o elogio, revelam o pensamento positivo e construtivo. Os pensamentos de um crente, se ouvidos por outros, devem ser admiráveis, não constrangedores. No mundo, há demasiadas palavras torpes, falsas e impuras. Nos lábios do cristão e em sua mente, devem existir somente palavras que são adequadas para ser ouvidas por Deus.
III. A CONQUISTA DE PAULO COMO MODELO (Fp4:9)
1. Paulo, uma vida a ser imitada. “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei”.
Mais uma vez, Paulo se apresenta como um padrão para os santos e os incita a praticar o que aprenderam e viram nele. O fato de isso vir após o que diz em Fp 4:8 é notável. Uma vida reta vem de uma mente pura. Se o pensar é puro, a vida também o será. No entanto, se a mente de alguém é uma fonte de corrupção, por certo o rio que sai dela há de ser imundo também. Vale lembrar que quem insiste em pensar no mal, um dia há de praticá-lo.
Os que fielmente seguem o exemplo do apóstolo tem a promessa de que o Deus de paz será com eles. Em Fp 4:7, a paz de Deus é a porção dos que oram; aqui, o Deus de paz é o Companheiro dos que vivem uma vida santa. A ideia principal aqui é que todo aquele cuja vida manifesta a verdade irá desfrutar a experiência de estar próximo de Deus.
2. Paulo, exemplo de ministro. “Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo que é a Igreja; da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus” (Cl 1:24,25).
Diríamos que nem todo que diz ser ministro pode, com sinceridade, fazer sua esta declaração de Paulo: “... eu estou feito ministro segundo a dispensação Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus”, ou, como diz a Bíblia, na Linguagem de Hoje: “E Deus me escolheu para ser servo da Igreja e me deu uma missão que devo cumprir em favor de vocês. Essa missão é anunciar, de modo completo, a mensagem dele”.
Aqui a expressão ministro foi substituída pelo vocábulo “servo”, isto porque “ministro”, no seu sentido original e bíblico, significa, exatamente, servo, ou servidor. Entre nós, o sentido da expressão “ministro”, evoluiu e passou a significar uma pessoa de alta posição. É claro que ser umservo escolhido por Deus para servir na Igreja é muito mais importante que ser ministro de Estado, escolhido por um homem, para administrar os negócios do mundo.
Ministro, na Igreja, não tem o mesmo sentido de ministro, no mundo. O Senhor Jesus disse: “... Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam... mas, entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”(Mc 10:42-45).
Todo crente que possui a devida compreensão do verdadeiro sentido da palavra “ministro” e que tem a consciência, tal como Paulo tinha, da sua verdadeira função na Igreja, certamente que não corre atrás deste cargo pensando poder, com ele, desfrutar as mordomias que a ele estão ligados no seu significado para com o mundo.
Ser ministro, segundo Paulo, significava regozijar-se, ou sentir alegria em ter que sofrer por causa dos problemas que afetavam a Obra de Deus, ou a vida dos irmãos, e de poder identificar-se com Cristo nas aflições, pela Igreja.
Escrevendo aos Coríntios, Paulo após falar de seus sofrimentos físicos, pelo fato de ser ministro (2Co 11:23-27), falou depois de seus sofrimentos e aflições interiores, ou da alma, dizendo: “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as Igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (2Co 11:28-30).
Paulo tinha consciência de que o exercício do ministério, ou o cargo de ministro, na Igreja, tinha o sentido de servir, tal como dissera Jesus: “O Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir”.
Paulo é, sem dúvida, um exemplo bíblico para todo ministro chamado por Deus, pois, Deus continua chamando ministros para servirem sua Igreja - “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4:11).
3. O Deus de paz. “... e o Deus de paz será convosco”(Fp 4:9). A conclusão do apóstolo Paulo é majestosa. Além de termos a paz de Deus para nos guardar (Fp 4:7), agora temos o Deus de paz (Fp 4:9) para nos guiar. Ou seja, não temos apenas uma harmonia bendita em lugar da ansiedade, mas temos também a companhia divina na caminhada. Portanto, se buscarmos tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama, teremos uma preciosa promessa: “o Deus de paz será convosco”. Hoje, muitas pessoas procuram ter paz com Deus sem ter um relacionamento com Deus, que é o autor da verdadeira paz. Porém, isso não é possível. Para experimentar a paz, precisamos primeiro conhecer o Deus da paz.
CONCLUSÃO
Quando temos um relacionamento profundo com Deus, quando O servimos não perdemos o equilíbrio. O que acontece muito com as pessoas quando tem desequilíbrio é porque não conhecem o Deus a que serve. A pessoa acredita que Deus abriu o mar vermelho, mas não tem fé para acreditar que Deus dará a providência, num débito de 500 reais ou no alimento que será posto à mesa. E muitas vezes, acredita que Deus tirou José da prisão e o elevou a uma alta posição, mas não crê que Deus o possa livrar da situação em que está vivendo.
Devemos ser amigos de Deus. Ter uma amizade profunda, conversar com Ele, falar e ouvir. Conheceremos Deus: orando (conversando com Deus), lendo a Bíblia e meditando na sua Palavra de dia e de noite. Quanto mais O buscarmos, mais conhecimento teremos dEle, e estaremos caminhando para o propósito que Ele tem estabelecido para nós: a estatura de varão perfeito, que se dará na glorificação de nosso corpo e alma. Nessa busca a Deus, encontraremos áreas que precisarão de mudança, de equilíbrio, e precisaremos renunciar, precisaremos de ajuda do Espírito Santo para mudar. Essa renuncia nos fará negarmos a nós mesmos, para seguirmos o padrão de Cristo; nos fará morrer para o Eu, para que Cristo viva em nós, dia-após-dia, renunciando o pecado, renunciando as atitudes erradas e escolhendo ter uma postura correta diante de Deus. Quando momentos que nos incitem a sermos desequilibrados vierem, nós manteremos a quietude, pois sabemos o Deus a quem servimos e nada nos abalará.
Fonte: ebdweb
Nenhum comentário:
Postar um comentário