Texto Base: Êxodo 20:14; Deuteronômio
22:22-30
01/03/2015
“Eu, porém, vos digo que qualquer que
atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”
(Mt 5:28)
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do trimestre
trataremos nesta Aula do Sétimo Mandamento: "Não adulterarás". É
um mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem nenhuma concessão. Isto
vigora tanto para o homem como para a mulher (Lv 20:10). A finalidade precípua é
proteger o matrimônio, instituição sagrada instituída por Deus. É válido
ressaltar que a sexualidade, dentro dos padrões morais exarados nas Escrituras
Sagradas, é santa. Deus criou o homem como um ser sexuado - “macho e fêmea os
criou” (Gn.1:27). Deste modo, a atração sexual, a atividade sexual não é
algo pecaminoso nem estranho ao ser humano, mas, muito pelo contrário, é algo
que decorre da própria natureza humana. O que Deus proíbe é o sexo ilícito, que
tem sido um dos grandes problemas do ser humano ao longo da sua existência.
I. O SÉTIMO MANDAMENTO
1. Abrangência. O Sétimo
Mandamento envolve sexo e casamento num contexto social contaminado pelo
pecado. Em seu sentido mais amplo e específico ele
condena qualquer imoralidade sexual, seja a formicação, a prostituição, o
adultério, o incesto, o homossexualismo masculino, o lesbianismo ou a sodomia
(Lv 20:10-21).
Hoje, no âmbito de uma sociedade, cujos
padrões morais absolutos estão danificados, quebrar um voto matrimonial virou
algo normal e comum; não há mais vergonha para quebra do Sétimo Mandamento. No passado, o peso da vergonha humilhava todos aqueles que
quebravam os votos matrimoniais, mas em nossa sociedade este comportamento
mudou. Temos visto pessoas admitirem publicamente, em entrevistas na televisão,
os seus relacionamentos extraconjugais. É algo que parece moderno e
sofisticado. Apenas os "ultrapassados" ainda creem em fidelidade. A
pornografia envia uma mensagem nada sutil à nossa sociedade: enquanto tais
relacionamentos forem prazerosos, tenha quantos quiser, com quem desejar, mas
"não magoe ninguém". A maior parte das cenas de sexo nos filmes não
acontece entre pessoas casadas.
Um escritor de novelas afirmou
que seu alvo é fazer as pessoas rirem de felicidade com adultério,
homossexualismo e incesto pela televisão. "Se você levar as pessoas a
rirem dessas coisas, perderão a resistência a esse tipo de prática",
afirmou. Uma pesquisa recente, feita nos Estados Unidos, mostrou que no
universo de pessoas casadas metade teve um caso extraconjugal. Uma afronta direta
ao sétimo mandamento, que diz: "não adulterarás".
2.
Objetivo. O objetivo precípuo do Sétimo Mandamento é
a proteção e santificação do matrimônio instituído por Deus. Como bem diz o pr.
Esequias Soares, “o mandamento ‘não adulterarás’ veio para proteger o lar e
dessa forma estabelecer uma sociedade moral e espiritualmente sadia”. No plano
de Deus, a família é uma ordem da criação; foi instituída antes da queda (Gn
1:26-31; 2:18-25) e colocada sob a benção divina (Gn 1:28).
3. Contexto. Segundo
o pr. Esequias Soares, “a lei foi promulgada numa sociedade patriarcal que
permitia a poligamia. Nesse contexto social, o adultério na lei de Moisés
consistia no fato de um homem se deitar com uma mulher casada com outro homem,
independentemente de ser ele casado ou solteiro. Os infratores da lei deviam
ser mortos, tanto o homem quanto a mulher (Dt 22:22; Lv 20:10)”.
II. INFIDELIDADE
A infidelidade conjugal destrói casamentos e
famílias, trazendo grandes prejuízos sociais, econômicos, emocionais e espirituais.
O pior de tudo, afasta a pessoa de Deus. Segundo o sábio bíblico, “só mesmo
quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv 6:32). Contudo, ainda que
alguns tenham ciência das consequências devastadoras desse ato, pouco se faz
com o objetivo de evitá-lo, e não são poucos os que “flertam com o inimigo ao
lado”.
1.
Adultério. O
adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e quem não é seu cônjuge.
É grave pecado, que era duramente apenado na lei de Moisés (Lv 20:10; Dt 22:22).
Aquele que pratica adultério
quebra pelo menos cinco dos dez mandamentos. O primeiro diz: "não
terás outros deuses diante de mim" - quem adultera está dizendo que
existe um relacionamento mais importante do que o relacionamento com Deus. O segundo afirma: "não dirás falso testemunho contra o teu
próximo" - além de quebrar os votos matrimoniais, o adúltero geralmente
engana para encobrir o seu pecado. O
terceiro determina: "não
furtarás" - quando Davi pecou com Bate-Seba, o profeta Natã o acusou,
principalmente, de roubar a mulher do próximo. O quarto mandamento declara: "não cobiçará". - o adultério começa com a cobiça. O quinto
mandamento afirma com bastante clareza: "não adulterarás". Por isso, que o adultério é um pecado tão
sério.
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo
normal, natural e até esperado no casamento (recente pesquisa feita no Brasil
demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e
entendem ser isto natural e compreensível). Entretanto, o adultério é
abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no
sermão do monte (Mt 5:27-30).
Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv 6:32-35).
Com certeza, não há prática que cause tantos
males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de
destruir a família, célula-máter da sociedade, dá péssimo exemplo aos filhos
que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo,
a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas. O adultério é a
figura da infidelidade, da própria perdição na Bíblia, tamanho o mal que
representa. A Palavra afirma que é o próprio Deus quem julgará os adúlteros (Hb 13:4).
2.
Fornicação. A fornicação é a manutenção de relações
sexuais, com consentimento mútuo, entre pessoas não casadas. No Antigo Testamento, uma “moça virgem” que
estivesse noiva e praticasse a fornicação seria morta por apedrejamento (Dt
22:24). Deus não tolerava essa prática entre pessoas que estavam já comprometidas
ao casamento.
Ao contrário do que determina a Bíblia
Sagrada, o mundo tem defendido e até incentivado que as pessoas, numa idade cada
vez menor, venham a manter relações sexuais, deixando a virgindade, algo
considerado ultrapassado e até ridicularizado pela mídia e, por extensão, na
sociedade por ela influenciada. Entretanto, a Bíblia condena a fornicação do
início ao final. A Palavra é bem clara ao afirmar que os fornicários não
herdarão o reino de Deus (At 15:29; Ef 5:5; 1Tm 1:10; Hb 12:16; Ap 21:8).
As bases do casamento são lançadas no namoro
e alicerçadas no noivado. Se essas bases forem lançadas sobre a desobediência a
Deus, na prática da fornicação, estão correndo sério risco de não terem a
bênção de Deus. Não adiantará uma cerimônia pomposa, com dezenas de
testemunhas, vestido de noiva com véu e grinalda, com modelo personalizado, nem
uma recepção no melhor clube da cidade. Ter a bênção de Deus no casamento é
muito mais importante. Pense nisso!
3.
Diferença entre adultério e fornicação, com relação à penalidade.
Segundo Victor P. Hamilton, a punição do adultério, para ambos, era a morte (Dt
22:21,22). Para fornicação, não havia pena de morte. Em vez disso, o homem
devia pagar uma multa de cinquenta ciclos ao pai da mulher (Dt 22:29). Por essa
razão, o homem e a virgem desposada, se coabitarem, são apedrejados até a morte
(Dt 22:24), exceto quando se tratar de estupro no campo. A explicação para esta
diferença de penalidade é que as Escrituras atribuem maior seriedade e honra ao
relacionamento matrimonial. O casal se torna, em verdade, uma só carne. E não
se permite que nada abra uma brecha nessa união.
4.
Sexo antes do casamento. A atividade sexual não é
algo que deva ser desenvolvido sem qualquer critério ou a qualquer momento.
Sexo antes do casamento nunca teve aprovação divina. Infelizmente, a erotização
tem sido uma constante e tem atacado não mais os adolescentes, apenas, mas as
próprias crianças (como estão a mostrar, cada vez mais, os desenhos animados ou
a programação dos meios de comunicação voltada para o público infantil). Esta
tem sido uma das maiores armas de Satanás nos nossos dias e as consequências
têm sido nefastas, a ponto de a idade da primeira gravidez estar, no Brasil,
por volta dos 10(dez) anos de idade. Somente no casamento se pode praticar o
sexo, sendo totalmente contrária à Palavra de Deus qualquer outra conduta que
não esta. É com tristeza, aliás, que vemos, cada vez mais, uma tolerância de
muitos na igreja com relação a este princípio bíblico, permitindo-se o sexo
antes do casamento entre “pessoas já comprometidas”, como se isto fosse
possível.
5.
Consequências da infidelidade conjugal. Algumas consequências,
dentre muitas:
a) Perda da
comunhão familiar. A infidelidade conjugal não passa de um instrumento diabólico para
a destruição e desagregação da família. A Bíblia diz que o marido deve amar a
sua esposa da mesma forma que Cristo ama a Igreja. Quando
um cônjuge adultera causa terrível transtorno à sua família: Em primeiro lugar, atinge ao cônjuge; Em segundo lugar, aos demais membros da
família, principalmente aos filhos, que ficam confusos e perplexos por saber
que o pai ou a mãe foi infiel, traindo a confiança matrimonial e dos filhos. O
adultério mina o edifício da família em sua base, que é a confiança do esposo
na esposa, e dos filhos nos pais. Em quem confiar, se os líderes traem um ao
outro? O resultado dessa quebra de confiança é a tristeza, a decepção e a
revolta dos filhos. Muitos, não tendo estrutura espiritual e emocional,
enveredam por caminhos perigosos, envolvendo-se com drogas, bebida e
prostituição. Quem pratica a infidelidade conjugal está edificando sua casa
sobre a areia (Mt 7:26).
b) Perda da comunhão com Deus. O
adultério é pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do casamento, do lar
e da família. Ele divide a família, afasta o cônjuge da presença de Deus e
impede as bênçãos divinas. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na
alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato
de Davi (2Sm 11:27), perdoou-o por se arrepender profundamente do ato impensado
e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis e trágicas consequências.
Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita
apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram
amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois
ele pode levar você mais longe do que você quer ir.
c) Morte espiritual. O
adultério leva à morte espiritual, às vezes até à morte física. O mais perigoso
é a morte eterna, ou seja, o afastamento eterno de Deus; é a pior consequência
da infidelidade conjugal. Alguns minutos de prazer ilícito podem levar um homem,
ou uma mulher, para o inferno - “Não
erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros... herdarão o Reino
de Deus” (1Co 6:10).
III. VERSÃO POSITIVA DO SÉTIMO
MANDAMENTO
Hans
Ulrich Reifler, em seu livro “a ética dos Dez Mandamentos”
desenvolve a versão positiva do Sétimo Mandamento nos seguintes aspectos:
1.
A pureza. A
pureza sexual envolve ações, palavras e pensamentos. O salmista responde à
pergunta "de que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?"
(Sl 119:9) com as palavras: "Guardo
no coração as tuas palavras para não pecar contra ti" (Sl 119:11). E
Jesus Cristo ensinou que os limpos de coração são bem-aventurados porque verão
a Deus (Mt 5:8)
O que contamina as ações é aquilo que está
dentro do coração: "... do coração procedem maus desígnios" (Mt 15:19).
Tiago diz que nossas tentações têm origem na própria cobiça, que atrai e seduz
o homem. A cobiça, por sua vez, dá à luz o pecado, e o pecado gera a morte (Tg
3:14,15). A impureza sexual começa nos pensamentos, evolui nas palavras e
culmina em ações erradas (pecado), que geram a morte. Para reverter este ciclo,
é preciso vigiar para manter puros os pensamentos.
2.
A bênção do Matrimônio. O sexo praticado dentro do casamento
monogâmico é o modo de satisfazer aquilo que seria concupiscência e levaria à
promiscuidade se fosse perpetrado fora do casamento. Em 1Coríntios 7:2, o
apóstolo Paulo ensinou: "... por
causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa e cada uma o seu próprio
marido". Além dessa recomendação preventiva, Paulo diz também o
seguinte: "Caso, porém, não se
dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado"
(1Co 7:9). Finalmente, ele recomenda aos casais: "Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por
algum tempo, para vos dedicardes à oração e novamente vos ajuntardes, para que Satanás
não vos tente por causa da incontinência" (1Co 7:5). Nessas três referências,
vemos que o funcionamento prático do matrimônio é a prevenção contra a impureza
sexual.
O matrimônio é uma união permanente que só
pode ser anulada pela morte de um dos cônjuges (Rm 7:1ss.; 1Co 7:39; 1Tm 5:14).
"Portanto, o que Deus ajuntou não o
separe o homem" (Mt 19:6). É evidente que o caráter perpétuo do
casamento exclui qualquer forma de divórcio, que Jesus qualifica como pecado
(Mt 19:3-12) e que nunca corresponde à vontade divina para o homem (Mt 19:8). O
plano de Deus é sábio e perfeito. Quando o casamento foi instituído, não havia
espaço para a separação. O divórcio foi criado pelo homem por causa da dureza
de seu coração, e não por causa de Deus.
3. O
casamento é uma união de cama e mesa. O casamento não é
uma união teórica ou platônica. Um casamento sem relações sexuais é como um
carro sem lubrificante nem combustível: não vai muito longe, não vai para lugar
nenhum. A função do sexo no casamento é unificar dois seres de sexos opostos. A
Bíblia sustenta esta dimensão conjugal com a frase: "Os dois se tornarão
uma só carne" (Gn 2:24; Mt 19:5,12; 1Co 6:16; Ef 5:31). Se sob qualquer
pretexto, a relação sexual nunca chega a ser concretizada num casamento, este
pode ser anulado perante a lei, porque as relações sexuais estão implícitas num
casamento verdadeiro.
IV. ALGUNS PRINCÍPIOS DA SEXUALIDADE
CRISTÃ APROVADA POR DEUS
1.
Benevolência. O marido deve satisfazer sexualmente a
mulher, e a mulher satisfazer sexualmente o marido. A mulher não é objeto de
satisfação sexual do homem, como também o homem não o é da mulher. Tem de haver
satisfação mútua. O marido deve pagar à mulher a devida benevolência, e a mulher
ao marido (1Co 7:3). Os ingredientes indispensáveis para a benevolência são:
diálogo, honestidade, compreensão e carinho.
2.
Submissão. Paulo escreveu em 1Coríntios 7:4 que
nenhum dos cônjuges tem poder sobre o seu próprio corpo. Deus colocou limites
para frear a brutalidade do homem. Se não fosse isso, o homem trataria a mulher
de maneira violenta como sua propriedade. Quem tem a primazia na intimidade é a
mulher, e não o homem.
3.
Concordância. Paulo disse: “Não vos defraudeis um ao outro senão por consentimento mútuo, por algum
tempo, para vos aplicardes à oração” (1Co 7:5). A prática sexual é ativa e
deve ser feita no tempo e na medida certa. O sexo é o termômetro do
relacionamento conjugal.
Sem o prazer do sexo, sem a união física, o
casamento se torna platônico estéril e ilusório. A verdadeira alegria vem
somente com a união verdadeira, e a união verdadeira só existe onde há um
relacionamento único e permanente entre um homem e uma mulher, que se unem
pelos laços do amor.
CONCLUSÃO
O homem e a mulher deve
levar em consideração a seguinte exortação em 1Co 6:18-20: "Fugi da prostituição. Todo pecado que o
homem comete é fora do corpo, mas o que se prostitui peca contra o seu próprio
corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita
em vós, proveniente de Deus e que não sois de vos mesmos? Porque fostes
comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no nosso corpo, e no vosso
espírito, os quais pertencem a Deus". Portanto, a infidelidade
conjugal, geralmente tornada em adultério, é considerada o maior pecado contra
o corpo. Isto porque o corpo é "templo do Espírito Santo". Havendo o
verdadeiro amor, não haverá frieza sexual; haverá interesse, atração de um pelo
outro; haverá prazer no ato sexual. É necessário, pois evitar a infidelidade
sob qualquer forma ou pretexto. Pense nisso!
Fonte: ebdweb