Texto Base: Apocalipse 21:1-5, 24-27
“Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pedro 3:13).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, estudaremos sobre “novos céus e nova terra”. Haja vista que no estudo anterior tratamos sobre o Juízo Final, todos hão de convir que o estudo do presente tema, obedecendo à sequência lógica dos eventos escatológicos, refere-se ao Estado Eterno. Depois de todos os acontecimentos que já estudamos até aqui, chegará de fato o fim de todas as coisas (1Pd 4:7; 2Pd 3:7,10), que ensejará um novo início, o começo do “Dia da eternidade” (Lc 20:35; 2Pd 3:13; Ap 21-22). Antes de começar o Estado Eterno, a Terra e os céus que agora existem serão destruídos para darem lugar a uma nova criação. O Universo dará lugar a um novo céu e uma nova Terra (Ap 21:1; 2Pd 3:13; Mt 5:5), na qual haverá uma “Santa Cidade” (Ap 21:2).
Não se deve confundir os “novos céus e nova terra” de 2Pedro 3:13 com os “novos céus e nova terra” de Isaias 65:17. Aquela passagem trata do Estado Eterno; esta passagem trata do Milênio, onde o pecado e a morte ainda estarão presentes (Is 65:20), e crianças ainda nascerão (Is 65:23); fatos estes que não existirão no Estado Eterno, onde só haverá perfeição. Apocalipse capítulos 21 e 22 descrevem literalmente as glórias do magnífico Estado Eterno.
I. TODAS AS COISAS SERÃO RENOVADAS
"Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe" (Ap 21:1); “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis” (Ap 21:5).
Uma nova reforma cósmica radical sempre esteve nos planos de Deus. Deus transformará o Céu e a Terra que hoje conhecemos, de tal forma, que corresponderá a uma nova criação. O apóstolo Pedro descreve isso com contundência: “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pd 3:12,13). O novo céu e a nova terra serão tão magníficos que tornarão os antigos céus e Terra insignificantes. No capítulo final da profecia de Isaias, o Senhor promete que este novo Céu e esta nova Terra perdurarão para sempre, juntamente com todos os santos de Deus - “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is 66:22). Observe que, em um novo universo, a Nova Jerusalém será o foco de todas as coisas (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD).
Segundo o pr. Antônio Gilberto, no Estado Eterno haverá:
1. Governo perfeito. O homem não tem sabido, nem podido governar bem a Terra. Todas as tentativas humanas nesse sentido fracassaram: dos gregos, através da cultura; dos romanos, através da força e da justiça; e dos governantes dos nossos tempos, através da ciência e da política. Mas Cristo exercerá um governo perfeito, no seu tempo. Nunca haverá desordem, insatisfação, injustiça.
2. Habitantes perfeitos - "Nunca mais haverá qualquer maldição" (Ap 22:3). Não haverá mais pecado, o que resultará em santidade perfeita. Foi o pecado que trouxe toda sorte de maldição(ler Gn 3:17; Gl 3:13).
3. Serviço perfeito - "Os seus servos o servirão" (Ap 22:3). O maior privilégio do homem é servir a Deus. O trabalho para Deus será então perfeito. Culto perfeito. Atividades perfeitas. Quantas maravilhas não aguardam os salvos!
4. Comunhão perfeita - “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles”(Ap 21:3). O novo céu e a nova Terra é a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens, que havia antes que o pecado causasse o atual estado de divisão que existe entre Deus e a humanidade. Como povo de Deus, desfrutaremos comunhão mais próxima com Ele do que jamais imaginamos. Deus mesmo estará com todos os seus santos num relacionamento mais íntimo e afetuoso. Somente na Nova Jerusalém, esta comunhão será restabelecida por completo, ocorrendo aquilo que é dito pelo apóstolo João, de vermos Deus como Ele é (1João 3:2).
5. Visão perfeita - "Contemplarão a sua face" (Ap 22:4). Somente com uma visão perfeita é possível contemplar a face de nosso Senhor. Nenhum homem neste mundo viu a face do Senhor. Nem mesmo Moisés que teve uma íntima comunhão com Deus. Para ele Deus disse: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êx 33:20). A esperança dos fiéis é de contemplar a face de Deus (Salmos 11:7; 17:15). Os vencedores terão este privilégio diante do trono de Deus e do Cordeiro - “Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face” (Ap 22:3,4).
6. Identificação perfeita - "E nas suas frontes está o nome dele" (Ap 22:4). Nome na Bíblia fala de caráter; daquilo que a pessoa de fato é. Haverá então uma perfeita identificação entre Deus e os seus remidos. No Antigo Testamento o sumo sacerdote levava gravadas numa lâmina de ouro puro, sobre a sua coroa sagrada, as palavras: "Santidade ao Senhor" (Êx 39:30). Mas no Estado Eterno, onde a santidade é perfeita, o próprio nome de Deus estará sobre a fronte dos seus filhos.
7. Conhecimento Perfeito. Hoje, conhecemos a Deus apenas em parte, mas no Novo Céu e na Nova Terra o nosso conhecimento será perfeito dentro do plano humano, em glória (cf 1Co 13:12).
8. Interação perfeita - "E reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap 22:5). No Estado Eterno, ou seja, no Novo Céu e na Nova Terra todos juntos, harmonicamente, e sempre, reinaremos. Isso jamais será conseguido aqui, mas no perfeito Estado Eterno, sim!
Quantas coisas preciosas tem o Senhor reservadas à Sua amada Igreja. Concordo com o grande mestre, o pr. Antônio Gilberto, quando diz: “Se pudéssemos todos apreciar de fato, pela visão do Espírito, o que é o Céu, a eterna bem-aventurança dos salvos, teríamos tanto desejo de ir para lá, e nos desprenderíamos tanto das coisas daqui, que o Diabo não teria um só torcedor; um só amigo seu na terra. Inúmeros crentes por não terem essa visão estão demasiadamente presos às coisas deste mundo, que jaz no Maligno (1João 5:19)”.
II. NOVOS CÉUS E NOVA TERRA
2Pedro 3:10-13:
10. Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão.
11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.
13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.
Pedro enfatiza que esta Terra não durará para sempre. Assim como Deus interveio no passado para julgar a Terra pela água, um Dia Ele também intervirá novamente, mas, nessa nova intervenção, o julgamento será pelo fogo, e tudo será destruído.
Pedro diz que “os céus passarão com grande estrondo”. Esta profecia é, sem dúvida, uma referência ao céu atmosfera e, talvez, ao céu estelar, mas não ao Terceiro Céu, o lugar onde Deus habita. Toda matéria será destruída em um acontecimento semelhante a um holocausto nuclear universal. A Terra e as obras que nela existem serão atingidas. Não apenas as obras da criação natural, mas toda a civilização será consumida. As grandes capitais do mundo com suas construções imponentes e todas as grandes conquistas da ciência estão condenadas à destruição. Haverá, sim, novos céus e nova Terra. Deus irá purificar os céus e a Terra com fogo; a seguir, Ele irá criá-los novamente (2Pd 3:13).
Em uma bela descrição dos Novos Céus e da Nova Terra, os crentes têm a segurança de que será um mundo em que habita a justiça (2Pd 3:13), porque o próprio Deus viverá entre o seu povo (Ap 21:1-4,22-27). De acordo com o apóstolo, a justiça habitará nos novos céus e nova Terra. Nesta dispensação, a graça reina pela justiça (Rm 5:21); no Milênio, a justiça reinará (Is 32:1); no Estado Eterno, a justiça habitará. Em seu reinado aqui na Terra, Cristo governará com cetro de ferro e imporá a justiça; nesse sentido, a justiça reinará. No Estado Eterno, porém, não haverá necessidade de cetro de ferro, a justiça estará em casa; nenhum pecado perturbará o cenário de paz e beleza.
Diante desses acontecimentos, o que devemos fazer? Pedro exorta-nos assim: “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade” (2Pd 3:11, ARA). Pedro, aqui, quer nos ensinar que todas as coisas das quais os seres humanos se vangloriam, as coisas para as quais eles vivem, são, na melhor das hipóteses, passageiras. O bom senso nos diz que devemos deixar de lado as futilidades e os passatempos deste mundo e vivamos em santidade e piedade. Trata-se simplesmente de viver em função da eternidade, e não do tempo; de enfatizar as coisas espirituais, e não as materiais; de escolher aquilo que é permanente, e não o que é efêmero.
Quero chamar a atenção do leitor para duas expressões do texto acima de Pedro: o “Dia do Senhor”, em 2Pedro 3:10; e o “Dia de Deus”, em 2Pedro 3:12. O que Pedro quer nos ensinar aqui?
- “Dia do Senhor”. Segundo William Macdonald, esta expressão refere-se a qualquer período em que Deus age em julgamento. Era usada no Antigo Testamento para descrever qualquer ocasião em que Deus castiga os perversos e triunfa sobre seus inimigos (Is 2:12; 13:6,9; Ez 13:5; 30:3; Jl 1:15; 2:1,11,31; 3:14; Am 5:18,20; Ob 15; Sf 1:7,14; Zc 14:1; Ml 4:5). No Novo Testamento, é um período com vários estágios:
· Refere-se à Grande Tribulação, um período de sete anos durante o qual Deus julgará o Israel incrédulo (1Ts 5:2; 2Ts 2:2). Veja com detalhe este assunto na Aula nº 08.
· Inclui a volta do Senhor à Terra para se vingar daqueles que não conhecem Deus e não obedecem ao evangelho do Senhor Jesus (2Ts 1:7-10). Veja com detalhe este assunto na Aula nº 09.
· É usado para o Milênio quando Cristo reinará sobre a Terra com cetro de ferro (At 2:20). Veja com detalhe este assunto na Aula nº 10.
· Refere-se à destruição final dos céus e da Terra com fogo. Esse é o significado em 2Pd 3:10-14.
- “Dia de Deus”. Segundo William Macdonald, esta expressão refere-se ao Estado Eterno. É subsequente à fase final do Dia do Senhor, quando os céus e a terra serão destruídos. O “Dia de Deus” é o Dia de seu triunfo total e final. Ao falar do “Dia de Deus”, Pedro não diz “no qual”, mas, sim, “por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão” (2Pd 3:12). O “Dia de Deus” não é a ocasião da destruição final. Esse Dia deve ser precedido do julgamento final. (William Macdonald. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. MC).
Prezados irmãos, devemos nos considerar estrangeiros e exilados nesta Terra. Esta não é a nossa pátria definitiva, mas território estrangeiro (Hb 11:9); o fim da nossa peregrinação será uma pátria infinitamente melhor (Fp 3:20; Hb 11:10; Hb 11:16): a “Nova Jerusalém”, a “Jerusalém celestial” (Hb 12:22; Ap 21:2).
III. NOVA JERUSALÉM
Além de um novo Céu e de uma nova Terra, há uma nova Cidade. A santa Cidade, a Nova Jerusalém, descerá do Céu, de Deus (Ap 3:12). Deus irá descer para estar com o seu povo glorificado. A Igreja em Filadélfia recebeu a promessa de que “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (Ap 3:12).
1. O que é a Nova Jerusalém. É o local que substituirá o Éden como morada de Deus com os homens. Ela é explicitamente mencionada e revelada no capítulo 21 do livro do Apocalipse, mas, antes da visão do apóstolo João, já havia referências a ela nas Escrituras Sagradas. O próprio Jesus já havia mencionado existir um lugar que seria por Ele preparado para que os seus servos nele habitassem para sempre com o Senhor (João 14:3). O objetivo de Deus é fazer com que tenhamos, novamente, um lugar onde possamos habitar com Deus e a Nova Jerusalém é esse local. Ela é a “Cidade santa” (Ap 21:2), um lugar preparado “como noiva adornada para o seu esposo” (Ap 21:2). Nesse lugar, “a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21:4). Lá poderemos beber “de graça da fonte da água da vida” (Ap 21:6). É uma cidade que “tem a glória de Deus” e cujo “fulgor” é “semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina” (Ap 21:11). Partes da Cidade são construídas com imensas joias preciosas de várias cores (Ap 21:18-21). Será livre de todo o mal, pois “nela, nunca penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro” (Ap 21:27). Nessa cidade os salvos terão posições de domínio sobre toda a criação de Deus, pois “reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22:5).
Concordo plenamente com Wayne Grudem, que mais importante de que toda a beleza material da cidade celestial, mais importante do que a comunhão que gozaremos eternamente com todo o povo de Deus de todas as nações e de todos os períodos da história, mais importante do que estar livre da dor e tristeza e sofrimento físico – muito mais importante do que qualquer uma dessas coisas será o fato de que estaremos na presença de Deus gozando de comunhão sem nenhuma barreira com Ele. “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povo de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 21:3,4).
No Antigo Testamento, quando a glória de Deus encheu o templo, os sacerdotes não conseguiram permanecer ali e ministrar (2Cr 5:14). No Novo Testamento, quando a glória de Deus cercou os pastores no campo fora da cidade de Belém, “ficaram tomados de grande temor” (Lc 2:9). Mas na Nova Jerusalém seremos capazes de suportar o poder e a santidade da presença da glória de Deus, pois viveremos continuamente na atmosfera da glória de Deus - “A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21:23).
Segundo Wayne Grudem, nessa Cidade viveremos na presença de Deus, pois “nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão” (Ap 22:3). De tempos em tempos experimentamos aqui na Terra a alegria da genuína adoração a Deus e percebemos que a nossa maior alegria consiste em viver dando glórias a Ele. Mas nessa Cidade essa alegria será multiplicada muitas vezes mais e conheceremos o cumprimento do objetivo para o qual fomos criados. Nossa maior alegria será ver o próprio Senhor e estar com ele para sempre. Quando João fala das bênçãos da Nova Jerusalém, o ponto culminante dessas bênçãos vem em uma pequena afirmação: “... contemplarão a sua face” (Ap 22:4). Quando olharmos para a face do Senhor e ele responder com um olhar de amor infinito, veremos nele o cumprimento de tudo o que sabemos ser bom, correto e desejável no universo. Na face de Deus veremos o cumprimento de todo o anseio que já tivemos de conhecer o amor, a alegria e a paz perfeitos, e de conhecer a verdade e a justiça, a santidade e a sabedoria, a bondade e o poder, a glória e a beleza. Ao fitarmos a face de nosso Senhor, saberemos de maneira mais plena do que em qualquer momento anterior, o que o salmista sentia ao dizer: “... na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16:11). Então será satisfeito o desejo de nosso coração que nos fez clamar no passado: “... uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo” (Sl 27:4). (Wayne Grudem. Teologia Sistemática. Vida Nova).
Portanto, a Nova Jerusalém apresenta-se como o ambiente, o lugar onde Deus morará com os homens. É a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens que havia antes da Queda. Será um lugar santo de comunhão e relacionamento com Deus (Ap 21:3). Só os que têm o nome escrito no Livro da Vida entrarão nessa gloriosa Cidade (Ap 21:27).
2. Características da Nova Jerusalém. O Apóstolo João disse: “... e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém...”. Isto quer nos dizer que João não teve dúvidas em identificar o que ele viu - ele disse ter visto uma cidade. Contudo, descrever como é essa Cidade, tornou-se um desafio para o apóstolo João. Certamente que, sob a orientação do Espírito Santo, ele usou símbolos, figuras, para falar da grandeza, da perfeição, da beleza da Formosa Jerusalém Celestial. A seguir, algumas características da Nova Jerusalém.
a) É um lugar real. A Formosa Jerusalém Celestial é uma cidade real, visível, palpável; uma Cidade que tem fundamentos e cujo Artífice e Construtor é o próprio Deus (Hb 11:10).
- Abraão pôde crer na existência desta cidade. Abraão viveu aqui na Terra, porém, não fixou nela as suas raízes. Ele tinha os pés na terra e o pensamento no Céu. Era diferente de muitos pregadores de hoje, os quais induzem o povo a pensar e a lutar pela conquista dos bens terrenos. Com relação a ele a Bíblia diz: “Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb 11:9,10). Hoje nós sabemos, pela revelação que foi dada ao apóstolo João que esta Cidade é a Formosa Jerusalém Celestial. Abraão creu na existência desta Cidade. Não sabemos como ele teve essa revelação, mas ele tinha convicção de que ela era real.
- Paulo também pôde crer como creu Abraão. Paulo cria, como creu Abraão, por isto dizia que “... a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20).
Abraão não fundou nenhuma cidade na Terra nem ergueu um Império para si ou para os seus. Paulo, também, não! Abraão e Paulo, dois homens chamados por Deus, viveram na esperança de um dia habitar na Jerusalém Celestial, a Cidade que tem fundamento e cujo Artífice e Construtor é Deus.
- Nós também podemos crer, como creram Paulo e Abraão. Nós somos crentes, porque cremos. Fomos chamados para crer. Não necessitamos de ver para crer, mas, cremos para ver. Por isto temos a viva esperança não apenas de ver, mas de morar, eternamente, na Formosa Jerusalém Celestial.
Lá, o nosso corpo será real. O Corpo de Jesus era real, era palpável, podia ser tocado pelas mãos dos homens. Para vir à Terra ele tomou um corpo igual ao nosso. Quando Ele ressuscitou, o seu corpo não era intangível, não era uma simples “fumaça”. Ele podia ser tocado pela mão de alguém - “E, falando ele dessas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés” (Lc 24:36-40). Mostrou-lhes as “mãos e os pés”, porque neles estavam, como ainda estão, as marcas dos cravos com os quais ele foi pregado na cruz. Quando Ele vier, no Dia da Revelação do Senhor, antes do Milênio e no final da Grande Tribulação, os judeus, ao vê-lo, perguntarão: “...que feridas são essas nas tuas mãos? Dirá ele: são as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Zc 13:6).
Sabemos, pela Bíblia, que quando Ele vier este nosso corpo corruptível e mortal será transformado - “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade”(1Co 15:53). Será, pois, nesse Dia, que o Senhor Jesus “...transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3:21).
Portanto, o nosso corpo com o qual seremos levados para a Nova Jerusalém, no Dia do Arrebatamento, será conforme o corpo de Jesus; então nós receberemos um corpo real, palpável. Não seremos, apenas, “uma fumaça”. Isto é uma maravilhosa Esperança!
b) Sua localização. A Formosa Jerusalém não é o Céu. Ela está no Céu, e que, de lá, descerá até próximo à Terra, quando o Senhor Jesus Cristo vier para implantar seu Reino, aqui na Terra, conforme o Apóstolo João escreveu - “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu”(Ap 21:9,10). A Formosa Jerusalém descerá do Céu e estará aqui durante o Milênio. Tal como o anjo mostrou a João, estará no Milênio colocada, fixamente, no vazio, entre o céu e a Terra, sobre a Jerusalém terrestre, pela mesma força que sustenta toneladas de águas presas pelas nuvens e que sustenta a Terra, suspensa sobre o nada, conforme escreveu Jó: “O norte estende sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada. Prende as águas em densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas”(Jó 26:7-8).
O Dr. Caramuru Afonso Francisco escrevendo sobre este assunto, numa de suas participações para EBD, disse: “É importante verificarmos que a Nova Jerusalém já está vindo para ocupar o seu devido lugar no novo universo que será formado. Esta cidade maravilhosa vem continuadamente vindo em direção à Terra. Chegará à área das regiões celestiais - hoje habitadas pelas hostes espirituais da maldade -, no instante do Arrebatamento da Igreja. Depois, já com a Igreja arrebatada em seu interior, continuará a descer e atingirá a atmosfera terrestre exato sete anos depois, quando, então, ocorrerá a batalha do Armagedom. Após essa batalha, receberá em seu interior, os que completarem a primeira ressurreição (as duas testemunhas, os 144 MIL e os mártires da Grande Tribulação). Em seguida, nos ares de nossa atmosfera, pairará durante todo o Milênio. Por fim, ao término do Milênio, ocupará o seu devido lugar, nos novos céus e nova terra, que substituirão os antigos céus e terra”.
Jesus afirmou que a Nova Jerusalém já existia ao tempo de Seu ministério terreno. Sua assertiva é bem clara: “na casa do meu Pai, há muitas moradas, se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”. A Cidade santa já existia e já tinha muitas moradas. Embora ela existisse, porém, o ser humano não poderia habitá-la, ou seja, o homem não estava preparado para poder ingressar nesta cidade, precisamente porque tinha suas vestes manchadas pelo pecado. Veja este paralelo: Os Estados Unidos existem; lá têm milhares de cidades, com casas, edifícios; mas não há lugar algum preparado para aquele estrangeiro que não tiver visto para ali entrar. No dia em que lhe for providenciado um visto, ele ali poderá entrar, ele ali terá lugar. Pois é exatamente o que ocorre com a Nova Jerusalém Celestial. Jesus afirmou que a cidade já existia, que tinha muitas moradas, mas o lugar ainda não estava preparado, porque não havia como o ser humano conseguir ali entrar. Era preciso que alguém morresse e pagasse o preço da desobediência e, assim, retirasse o obstáculo que impedia o acesso do ser humano à árvore da vida (Gn 3:24). Esse obstáculo foi retirado por Jesus, quando morreu por nós na cruz do Calvário e, assim, nos abriu um novo e vivo caminho que nos introduz à Jerusalém celestial (Hb 10:19-23). Isso é mui maravilhoso! Glorifique a Deus por isso!
c) A descrição da Nova Jerusalém. A descrição da Nova Jerusalém é sublime e nos enche de gozo e nos faz pensar, como o poeta sacro, que, “se é glorioso pensar nas grandezas dali, que não será desfrutá-las”. E é por isso que o apóstolo Paulo nos conclama a jamais desanimarmos nem desistirmos, por maiores que sejam as provas e as lutas, pois “… as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8:18). No entanto, não devemos nos esquecer que a Nova Jerusalém é de outra dimensão, da dimensão celestial; portanto, muito de sua descrição é figurativa, é alegórica, não pode ser compreendida literalmente, pois se trata de uma descrição feita por Deus aos homens para que pudéssemos compreender, na limitação da nossa mente, o que nos está reservado, pois é algo que está muito além de nossa parca imaginação –“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam” (1Co 2:9).
- Ela tem a glória de Deus (Ap 21:11). A glória de Deus é uma característica típica dos lugares santos, e, por isso, a Nova Jerusalém é o lugar santo por excelência e nela não haverá necessidade de templo, pois o seu Templo será o próprio Deus.
- Ela tem muro e doze portas. A Cidade tem doze portas, com os nomes das doze tribos de Israel e o muro da Cidade, doze fundamentos, com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Isto, naturalmente, é uma linguagem figurada para nos mostrar que o fundamento, a razão de ser da convivência eterna com Deus é a salvação na pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pode, também, significar que a Igreja que ali está, foi a Igreja que ensinou e que viveu de acordo com a doutrina dos apóstolos. Com relação ao “muro”, simboliza a segurança absoluta em que estarão os seus habitantes; simboliza que a Cidade é organizada.
- Ela tem uma riqueza incomparável. A Cidade é descrita como contendo pedras preciosas e ouro; os muros são feitos e ornados de pedras preciosas; as ruas, de ouro. Os remidos pisarão em ruas de ouro, ou seja, os valores materiais, aquilo que os homens tanto veneram e buscam em nossa vida secular, nada representam na vida celestial.
- Ela não necessita de sol nem de luz. Ela não necessitará de sol nem de luz, porque será iluminada pela glória divina; terá o Cordeiro como sua lâmpada (Ap 21:23).
- Ela apresenta o rio puro da água da vida. O rio é claro como cristal, o qual procede do trono de Deus e do Cordeiro e, no meio da praça, a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, cujas folhas são para a saúde das nações (Ap 22:1,2). Esta linguagem, que é figurada, fala-nos da eternidade de que desfrutarão os habitantes desta santa Cidade. No Éden, o homem possuía uma eternidade condicional, embora, enquanto obedecesse ao Senhor, jamais morreria. Aqui, porém, a situação é bem diferente: o homem tem a vida eterna, esta dádiva que é recebida por todos aqueles que creem em Jesus Cristo (João 3:16; 17:3;1João 2:25; 5:11,12).
· O texto de Ap 22:1,2 nos fala de eternidade, porque nos diz que, no meio da praça, há “a árvore da vida”. A vida na Nova Jerusalém é eterna, pois Deus se encarregará de regenerar constantemente o homem. É o Estado Eterno, ou seja, o tempo não mais existirá. Os séculos terão se consumado (Mt 28:20), mas o Senhor continuará conosco, providenciando e garantindo a perpetuidade da nossa existência ao Seu lado. A árvore da vida é o próprio Cristo, o Pão da Vida, “… o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra”(João 6:50).
· O texto também nos fala que, de mês em mês, a árvore da vida dá seu fruto e que seu fruto é restaurador, sarador, é para a saúde das nações. A periodicidade mencionada aqui no texto de Ap 22:2 é figurativa. Apenas retrata a constância com que se dará esta comunhão, pois, na Nova Jerusalém, não haverá mais tempo. Também é figurativa a afirmação concernente à saúde das nações, pois, na Nova Jerusalém, não haverá qualquer possibilidade de doença. O que o texto está a afirmar é que a restauração espiritual operada nos homens que perseveraram até o fim será eternamente sustentada e garantida pelo Senhor, a nossa árvore da vida.
- Nela há grande alegria, pureza e santidade (Ap 21:4,27). Lá só haverá alegria, infinitamente superior a tudo o que já sentimos nesta vida. Também nela não haverá pecado e nem pecadores – “E não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21:27).
- Nela serviremos ao Senhor continuamente (Ap 22:3). Alguns pensam que no Céu, na eternidade com Cristo, na Santa Cidade, não haverá trabalho. Esquecem-se de que Deus, sendo perfeito em tudo, trabalha (João 5:17; Is 64:4). Aqueles que tiverem sido servos do Senhor aqui hão de continuar a servi-lo ali: "os seus servos o servirão".
A Nova Jerusalém é, portanto, “o Tabernáculo de Deus” onde o Altíssimo “habitará” eternamente entre seu povo (Ap 21:3; 22:3,4). A despeito de quando esta gloriosa Cidade descerá do Céu, a promessa profética deste lar eterno para o povo de Deus leva os santos a orar: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).
CONCLUSÃO
A verdade acerca dos novos céus e da nova Terra deve intensificar nosso desejo de viver em santidade (2Pd 3:11). Devemos apegar-nos a essa verdade e permitir que ela nos sustente. Certos de que em breve estaremos diante de Deus, na Nova Jerusalém, devemos ansiar por ser santo e irrepreensível (2Pd 3:14), isto é, moralmente puros. Nossas vidas devem estar em contraste direto com as vidas ímpias e o ateísmo encontrado no mundo.
Fonte: ebdweb - Luciano de Paula Lourenço
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