Texto Base: João 14:15-18,26
"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Co.3:16).
Na continuidade do estudo da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, estudaremos nesta Aula a nossa crença no Espírito Santo, uma das Pessoas da Trindade, ou seja, uma das Pessoas que formam o Único e Soberano Deus. Ao estudarmos sobre este sublime assunto devemos ter plena reverência, santo temor e oração, tendo em mente que se trata de um assunto bastante difícil, haja vista que o Espírito Santo nada fala de si mesmo (João 16:3). O eterno Deus, o Pai, revela muito de si mesmo nas páginas Sagradas; de igual modo, o Filho; mas, o divino Espírito Santo, não. Daí tratar-se este assunto de um insondável mistério, do qual devemos nos acercar primeiramente pela fé em Cristo (Rm.3:27).
I. O ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Triunidade Divina. Ele aparece, literalmente, em toda a Bíblia desde o Gênesis, na criação (Gn.1:2), até o Apocalipse (22:17). Ele é Eterno, e se Eterno Ele é Deus. Sendo Deus, Ele sempre esteve presente em todas as ações divinas em relação ao ser humano, a começar da sua criação. Como vemos na declaração divina de Gn.1:27, ou seja, na criação do homem, toda a Trindade esteve envolvida - “Façamos o homem conforme à Nossa imagem, conforme à Nossa semelhança". Aqui, há o emprego do verbo no plural ao mostrar que o Deus que decidiu a criação do homem era um único Deus, mas dotado de uma pluralidade de Pessoas. O Espírito Santo é uma Pessoa; veja essa verdade como mais detalhe a seguir, no tópico IV desta Aula.
O Espírito Santo da atual dispensação é o mesmo que atuou no Antigo Testamento. Qual a diferença, então? No Antigo Testamento, se usufruía apenas individualmente (1Sm.10:6; 16:13); agora, temos o Espírito Santo (1Co.12:13; 1Co.7:40; Gl.3:5; 1João 4:13; 1Ts.4:8). No Antigo Testamento, o Espírito habitava no meio do povo (Ag.2:5), ou estava sobre alguém (Nm.11:17; Is.59:21); agora, está dentro de ou em nós (Ez.36:27; João 14:17). No Antigo Testamento, Ele usava indivíduos, como Saul, Davi, etc.; agora, ele usa um povo (1Co.6:19; Ef.2:22; Ap.3:6). No Antigo Testamento, era temporário (Nm.11:25); agora, em caráter permanente (João 16:7).
Há vários exemplos específicos da atividade do Espírito Santo concedendo poder aos primeiros cristãos para operar milagres à medida que eles proclamavam o evangelho. Veja o exemplo de Estevão em At 6:5,8; e de Paulo em Romanos 15:19 e 1Corintios 2:4. O Espírito Santo deu grande poder à pregação da igreja primitiva de modo que, quando os discípulos eram cheios do Espírito Santo, proclamavam a Palavra com grande coragem e poder (cf. At.4:8,31; 6:10; 1Ts.1:5; 1Pd.1:12). Em geral, podemos dizer que o Espírito Santo fala por meio da mensagem do evangelho à medida que ela é proclamada de maneira eficaz ao coração das pessoas. Assim como aconteceu no início da Igreja, o Espírito Santo continua a capacitar os seus servos na atualidade. Isso ocorrerá até o dia do arrebatamento da Igreja.
O Novo Testamento termina com um convite do Espírito Santo e da igreja, que juntos chamam as pessoas à salvação – “E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap.22:17).
II. A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO À LUZ DA BÍBLIA
1. A divindade declarada. O Espírito Santo é uma das Pessoas da Trindade, ou seja, é uma das Pessoas que formam o Único e Soberano Deus. Portanto, o Espírito Santo é Deus e, como tal, é uma Pessoa, jamais uma força ou influência. O texto mais explícito a respeito da divindade do Espírito Santo está em At.5:3,4, quando o texto sagrado nos conta a respeito do episódio que envolveu Ananias e Safira na igreja de Jerusalém. Indagado por Pedro a respeito do valor da venda da propriedade, Ananias mentiu, dizendo que o valor depositado ao pé dos apóstolos era o efetivo valor da venda. Diz o texto sagrado: "Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? [...] Não mentiste aos homens, mas a Deus". Diante desta mentira, Pedro diz que Ananias havia mentido ao Espírito Santo e, por isso, havia mentido não aos homens, mas a Deus. Temos, portanto, explicitamente reconhecida a divindade do Espírito Santo, uma prova que os apóstolos reconheciam o Espírito Santo como Deus, ou seja, que a doutrina da divindade do Espírito Santo é a genuína e autêntica doutrina da Igreja Primitiva. A propósito, se Ananias mentiu ao Espírito Santo, temos uma prova, dentre de tantas outras que veremos a seguir, de que o Espírito Santo não é uma força, pois não se pode mentir senão a uma Pessoa. Na verdade, neste episódio é declarada a divindade do Espírito Santo, ou seja, Deus e o Espírito Santo são uma mesma divindade. O apóstolo Paulo também emprega esse tipo de linguagem: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Co.3:16).
A Bíblia diz que quem desobedece ao Espírito Santo, peca (Mt.12:31,32; Mc.3:29; Lc.12:10; Hb.10:29) – “Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo” (Mc.3:29). Ora, se toda desobediência ou resistência ao Espírito Santo é chamada de pecado, temos que somente se pode pecar contra Deus. As Escrituras, ao considerarem que é pecador quem se levanta contra o Espírito Santo, chamando mesmo de “blasfêmia”, que é “enunciado ou palavra que insulta a divindade”, tem-se, claramente, que o texto sagrado considera o Espírito Santo como Deus.
Mas, além disto, temos o próprio testemunho de Jesus. Quando Jesus revelou que subiria para o Pai, disse aos discípulos que não os deixaria órfãos, pois pediria ao Pai um “outro” Consolador (João 14:16). Este texto, no original, significa “outro da mesma natureza”. Assim, quando o texto sagrado nos fala do “outro” Consolador, está a dizer que seria enviado alguém que tivesse a mesma natureza de Cristo, ou seja, a natureza divina. Tanto assim é que o Senhor disse que este “outro” Consolador ficaria com os discípulos “para sempre”, ou seja, tem-se aqui mais um indicativo da natureza divina deste Consolador, a saber, a “eternidade”. Como, então, diante de tantas evidências, não reconhecer que o Espírito Santo é Deus?
2. A divindade revelada. A Bíblia não se limita a mostrar que o Espírito Santo é uma Pessoa, mas também nos revela que é uma Pessoa Divina, ou seja, é uma das Pessoas que compõem este mistério que é a Santíssima Trindade, este Deus que é Triúno, ou seja, um Único Deus que está em três Pessoas. O relacionamento do Espirito Santo como o Pai e o Filho está claro nas instruções tripartidas do Novo Testamento (Mt.28:19;1Co.12:4-6;2Co.13:13; Ef.4:4-6; 1Pd.1:2). Nestas passagens há a expressa revelação da Trindade Divina e nos quais sempre o Espírito Santo está presente.
a) na fórmula do batismo (Mt.28:19) – “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Esta expressão demonstra que há uma igualdade entre estas três Pessoas, de forma que é, assim, expressamente reconhecida a Deidade do Espírito Santo, bem assim a própria unidade divina, já que se fala no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e não “nos nomes”, o que permitiria dizer que os cristãos seriam “triteístas”(isto é, que acreditariam em “três deuses”), como acusam, falsamente, tanto judeus quanto muçulmanos e que, como vemos, não é, em absoluto, o ensino do Senhor Jesus à Sua Igreja.
b) na bênção apostólica - “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” (2Co.13:13). Aqui, também, o apóstolo indica a igualdade que existe entre as três Pessoas divinas, a ponto de invocar-lhes por igual no instante da súplica da bênção. Embora distintas, porém, como vemos no texto da bênção, trata-se de uma única bênção, contribuindo cada Pessoa com uma determinada função, a demonstrar, uma vez mais, a triunidade divina. O Espírito Santo contribui com a comunhão, que é precisamente o Seu trabalho na presente dispensação: o de nos fazer um com o Pai e o Filho.
c) no texto de Ef.4:4-6 - “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”. Paulo, ao dissertar sobre o mistério da Igreja, que é o tema central da sua carta aos efésios, deixa bem claro que há um só Espírito, um só Senhor e um só Deus e Pai de todos, mostrando, assim, claramente que Deus é único, mas três são as Pessoas - o Pai, o Filho (o Senhor) e o Espírito Santo. A estes (“um só”), o apóstolo contrasta com os “todos”, que somos nós, a Igreja, que, apesar de sermos todos, formamos uma “unidade” em virtude da fé, da esperança da vocação e do batismo.
E mais: Em relação ao Pai, o Espírito Santo é chamado de "Espírito de Deus" (Gn.1:2) e de "o Espírito que provém de Deus" (1Co.2:12); concernente ao Filho, Ele é chamado por Jesus de "outro Consolador" (João 14:16). Aqui, o termo grego para "Consolador" é parácleto, que significa "ajudador, advogado", termo que é aplicado ao Senhor Jesus, conforme João 2:1. Também, Ele é chamado de "Espírito de Jesus" (At.16:7), "Espírito de Cristo" (Rm.8:9) e ainda "Espírito de seu Filho" (Gl.4:6) – “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai”.
3. Obras divinas. A divindade do Espírito Santo é vista não apenas na declaração direta das Escrituras, nem somente pelo relacionamento dEle com o Pai e o Filho, mas também nas obras de Deus. Ao Espírito são atribuídas obras que somente Deus pode realizar: a) Criou o Universo e os seres humanos (Gn.1:2; Jó 26:13; 33:4; Sl.104:30); b) Inspiração (2Pd.1:21); c) Gerou Jesus Cristo em Sua encarnação (Lc.1:35); d) Convence o homem do pecado, e da justiça, e do juízo (João 16:8); e) Regenera o homem (João 3:5,6; Tt.3:5); f) Intercede (Rm.8:26,27); g) Santifica (2Ts.2:13).
III. OS ATRIBUTOS DA DIVINDADE
As Escrituras Sagradas indicam a deidade do Espírito Santo mediante um conjunto de textos implícitos, ou seja, textos que ao conferirem certos atributos e qualidades ao Espírito Santo, dizem que Ele é Deus, vez que somente Deus pode ter as características indicadas nestes textos e atribuídas ao Espírito. Vejamos alguns atributos da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo.
1. Alguns atributos incomunicáveis. Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus. Apenas Ele tem essas qualidades e elas não foram transmitidas (comunicadas) a nenhum ser criado.
a) O Espírito Santo é Onisciente, ou seja, sabe todas as coisas. Ser onisciente significa ter pleno e total conhecimento de tudo que existe e acontece em toda a parte. Em 1Co.2:10,11 Paulo afirmou: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”. Aqui, o apóstolo Paulo ensina-nos que só quem sabe as coisas que Deus sabe é o Espírito Santo. Ora, Deus sabe todas as coisas e, portanto, o Espírito Santo, se sabe o que Deus sabe, também sabe todas as coisas. Se o Espírito sabe todas as coisas é Onisciente, e só Deus é Onisciente. O que o texto está a nos dizer é que o Espírito Santo é Deus.
b) O Espírito Santo é Onipresente. Assim como Deus Pai, o Espírito Santo possui o atributo da onipresença, que é a condição de encontrar-se simultaneamente em cada lugar e em todo o tempo, sem jamais deixar de estar presente em algum desses locais. O rei Davi, o escritor do Salmo 139, recebeu do Senhor uma grande inspiração e produziu esse belíssimo texto, do qual reproduzimos um trecho abaixo:
“Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Sl.139:7-10).
O salmista diz-nos que não há como fugir da presença do Espírito do Senhor, pois Ele está em todos os lugares, ou seja, Ele é Onipresente. Ora, só Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, pois isto é um atributo que lhe é exclusivo. Se o Espírito Santo está presente em todos os lugares, como diz o salmista, esta é uma outra maneira de as Escrituras nos revelarem que o Espírito Santo é Deus.
c) O Espírito Santo é Onipotente. O Espírito Santo é, conforme Deus Pai, também detentor de todo o poder. A onipotência constitui a capacidade que alguém tem de realizar tudo e não apresentar nenhuma espécie de impedimento, pois é Todo-Poderoso. No Evangelho de Lucas 1:35,37, o anjo do Senhor aparece falando para Maria:
“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus. Porque para Deus nada é impossível”.
Aqui é dito que o Espírito Santo faz coisas impossíveis ao homem, pois nada lhe é impossível, como também que Ele opera todas as coisas, conforme a Sua vontade (1Co.12:11). Portanto, não há limite para a operação do Espírito Santo, que pode fazer tudo o que quiser. Ora, isto nada mais é que onipotência, que é outro atributo exclusivo da divindade. Assim sendo, temos que o Espírito Santo é Deus.
d) O Espírito Santo é Eterno (Hb.9:14) - “quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”. Eterno é o Ser que não tem princípio nem fim. Todas as criaturas têm, pelo menos, um início (Gn.1:1). Só Deus é eterno, pois só Deus não tem princípio nem fim e, por isso, é o princípio e o fim (Ap.1:8; 22:13). Se é dito que o Espírito é eterno, temos que Ele é Deus. A propósito, a Bíblia assim O indica já no livro do Gênesis, quando é dito que Deus criou os céus e a terra no princípio, a revelar que as criaturas todas têm, pelo menos, um início, também afirma que o Espírito de Deus Se movia sobre a face das águas(Gn.1:2), ou seja, o Espírito não era algo que tenha tido um início, embora ali já estivesse, o que se constitui em mais uma demonstração da Sua eternidade e, por isso mesmo, da Sua deidade.
e) O Espírito Santo é Fonte de vida (Rm.8:2) – “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. O Espírito Santo é Fonte de vida, tanto que fez gerar o Filho no ventre de Maria (Lc.1:35), a demonstrar, portanto, que o Espírito Santo é Criador. A propósito, fez Jesus tornar à vida, ressuscitando-O dentre os mortos (Rm.8:11). Ele não só produz vida física, como também vida espiritual (2Co.3:6). Só Deus pode realizar estas coisas, pois só Ele é o Criador da vida. Assim, se o texto sagrado diz que o Espírito faz tais coisas, é porque está a dizer que Ele é Deus.
2. Alguns atributos comunicáveis. É nos atributos comunicáveis que o Espírito Santo se posiciona como Ser moral, consciente, inteligente e livre, como Ser pessoal no mais elevado sentido da palavra. Quem é salvo pela graça de Deus é participante da natureza divina quanto aos atributos comunicáveis da deidade (2Pd.1:4-9), e essa natureza clama por santidade (cf. Gl.5:22; Cl.3:1-17).
a) O Espírito Santo é Santo (Ef.1:13). O termo "santo" é aplicado ao Espírito como consequência direta de sua natureza e não como resultado de uma fonte externa. Ele é santo em si mesmo; assim, não precisa ser santificado, pois é Ele quem santifica (Rm.15:16; 1Co.6:11).
b) O Espírito Santo é Amor (Rm.5:5; 15:30). Ele derrama este amor nos nossos corações. Ora, se o Espírito tem amor e o amor que derrama em nós é o amor de Deus, tem-se, evidentemente, que o Espírito Santo é Deus, até porque Deus é amor (1João 4:8,16).
c) O Espírito Santo é a Verdade (1João 5:6) – “...E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade”. Este texto é explícito ao dizer que o Espírito Santo é a Verdade. O próprio Jesus disse que o Espírito Santo é o Espírito de verdade (João 16:13). Ora, só quem pode ser a verdade é o próprio Deus (Dt.32:4; Jr.10:10), e uma das demonstrações de deidade de Jesus é precisamente o fato de Ele ter Se identificado com a Verdade (João 14:6). Portanto, quando as Escrituras dizem, expressamente, que o Espírito Santo é a Verdade, estão a afirmar, mais uma vez, a divindade do Espírito Santo.
3. O Espírito Santo e a Trindade. O Espírito Santo é uma Pessoa distinta do Pai e do Filho. Devemos observar que o Novo Testamento ensina a unicidade da divindade (1Co.8:4; Tg.2:19) e, no entanto, revela a distinção de pessoas na divindade: o Pai é Deus (Mt.11:25; João 17:3; Rm.15:6; Ef.4:6); o Filho é Deus (João 1:1,18; 20:28; Rm.9:5; Hb.1:8; Cl.2:9; Fp.2:6; 2Pd.2:11); o Espírito Santo é Deus (At.5:3,4; 1Co.2:10,11; Ef.2:22). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são claramente distinguidos um dos outros na Bíblia (João 15:26; 16:13-15; Mt.3:16,17; 1Co.13:13), de tal forma que as três Pessoas não se confundem umas com as outras. São três benditas e santíssimas Pessoas que compõem apenas uma divindade. Portanto, na unidade da divindade há uma Trindade de Pessoas, da qual o Espírito Santo é o Executivo.
Conquanto estas evidências bíblicas sejam irrefutáveis, ainda insurge no meio dos crentes sutis ensinamentos que buscam confundir os incautos de que, embora o Espírito Santo seja uma Pessoa Divina, Ele se confunde ou com o Pai, ou com o Filho. Assim, o Espírito Santo seria ou o Pai ou o Filho, mas não uma “terceira” Pessoa. Tal ensinamento, tanto quanto os que negam a personalidade e/ou a divindade do Espírito Santo, não pode ser aceito pelos servos de Deus. O Espírito Santo, embora seja um com o Pai e com o Filho, é uma Pessoa distinta, que não Se confunde com nenhuma das outras duas.
O texto da Bíblia que é mais utilizado pelos falsos mestres para demonstrar suas teorias falsas é o de João 14:18, que diz: ”Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”. Dizem eles que, segundo este texto o Espírito Santo nada mais seria do que o próprio Jesus que teria retornado para conviver com a Igreja, ainda que de forma invisível e incorpórea. Afinal de contas, dizem estes falsos mestres, o Senhor disse que não nos deixaria órfãos, mas “voltaria para nós”. Entretanto, esta expressão nada tem a ver com uma volta da Pessoa de Cristo para o convívio da Igreja, como durante o ministério terreno, mas, sim, com o Seu retorno por intermédio do Espírito Santo. O Espírito tornaria Jesus presente, fazendo-nos lembrar dos Seus ensinos, do Seu exemplo, levando-nos à comunhão com o Pai e o Filho, por meio de uma vida de santificação, de oração e de meditação na Palavra do Senhor. Assim, por meio do Espírito, sentimos a presença de Jesus, enquanto não chega o dia do arrebatamento, quando aí, sim, passaremos a ter a presença pessoal do Filho, semelhante e até mais profunda que a que havia entre Jesus e Seus discípulos durante o Seu ministério terreno.
Os falsos mestres procuram forçar o texto supracitado para confundir Jesus com o Espírito Santo e dizer que o Espírito Santo, quando “desceu” no dia de Pentecostes, seria o próprio Jesus, só que em forma incorpórea. Mas, isto é facilmente refutado pelo Bíblia Sagrada:Primeiro, no batismo de Jesus (Mt.3:16,17). Neste acontecimento, temos as três Pessoas Divinas, a mostrar que são distintas e não Se confundem umas com as outras: O Filho, que feito carne (João 1:14), era batizado por João Batista; enquanto que o Pai, do céu, dava testemunho do Filho e; o Espírito Santo, em forma de pomba, descia sobre Cristo. Como dizer, então, que as Pessoas Se confundem?
Segundo, o Espírito Santo não foi recebido pelos discípulos no dia de Pentecostes, como argumentam estes falsos mestres, o que explicaria a “volta de Cristo” como Espírito Santo. Os discípulos receberam o Espírito Santo antes da ascensão de Cristo, quando ainda estavam no cenáculo, como nos dá conta o texto de João 20:22: ” E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Quando Jesus assoprou sobre os discípulos, disse que haviam recebido o Espírito Santo. No dia de Pentecostes, eles foram revestidos de poder (Lc.24:49), o que é outra coisa bem diferente, mostrando-nos a coexistência entre Jesus e o Espírito Santo. Aliás, esta coexistência foi uma característica durante todo o ministério terreno de Jesus. A partir do batismo, vemos Jesus sendo ungido pelo Espírito Santo, para cumprir a obra do Pai (At.10:38). Jesus orou ao Pai, alegrando-se no Espírito Santo (Lc.10:21), a provar que as Pessoas são distintas e não Se confundem.
Como dizer, ainda, que Jesus é o Espírito Santo, se o próprio Jesus disse que o Espírito não falaria de Si mesmo, mas, sim, de Jesus; que não glorificaria a Si mesmo, mas, sim, a Jesus (Jo.16:13,14)? Por fim, como dizer que Jesus é o Espírito Santo se o Espírito e a Igreja estão a pedir a volta de Jesus (Ap.22:17)?
Mas, ainda, alguém poderá argumentar: se o Espírito Santo não se confunde com o Filho, não poderia ser ele o Pai? A resposta também é negativa. Jesus disse que o Espírito Santo seria enviado pelo Pai (João 14:16); desta feita, se o Pai enviaria o Espírito Santo, então o Pai não se confunde com o Espírito. Além do mais, o Espírito clama ao Pai (Gl.4:6), de sorte que também não pode haver confusão entre estas duas Pessoas.
Temos, portanto, que o ensino bíblico, a revelação divina através das Escrituras Sagradas, mostra-nos, com clareza, que o Espírito Santo é uma Pessoa divina, Pessoa que não se confunde nem com o Pai nem com o Filho.
IV. PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
A personalidade do Espírito Santo está presente em toda a Bíblia de maneira abundante e inconfundível e tem sido crença da Igreja desde o princípio. A crença na personalidade do Espírito Santo é uma das características da fé cristã. Esta crença deriva do exame preciso e cuidadoso de passagens bíblicas, e contrasta com a noção explicada por muitas seitas. Algumas seitas apresentam o Espírito Santo como sendo uma influência impessoal, uma força ou uma energia. Entretanto, a Palavra de Deus nos revela que o Espírito Santo é uma Pessoa, pois menciona atitudes e ações do Espírito que somente uma pessoa pode ter. Ele possui uma mente, vontade e emoções, que são características de uma pessoa e não de uma influência ou força. Vejamos algumas provas bíblicas:
1. O Espírito Santo se entristece (Ef.4:30) - "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção". Somos admoestados a não entristecer o Espírito Santo, mostrando, portanto, que Ele possui as emoções de uma pessoa. Ele sofre quando pecamos e se entristece com as manifestações do nosso pecado.
2. O Espírito Santo tem ciúmes (Tg.4:4,5) - "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: é com ciúme que por nós anseia o Espírito, que Ele fez habitar em nós?". Quando traímos a Deus através dos nossos pecados - contradições, negações da fé, amasiamentos com o mundo -, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza), espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro) e político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito Santo não é simplesmente alguém que entra em nós e depois sai, Ele vem e fica. Além disso, Ele não está presente para energizar-nos a vida. Não. Ele é uma Pessoa com a qual mantemos relações pessoais.
3. O Espírito Santo pensa (Rm.8:27) - “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”. Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo examina os corações. Examinar é raciocinar, é calcular, é emitir juízos. Uma força jamais pode calcular, jamais pode examinar, só uma pessoa pode fazê-lo. Em 1Co.2:13 está escrito que o Espírito Santo compara, ou seja, faz juízos, julgamentos, o que é exclusivo de uma pessoa. Diz o texto: “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais”.
4. O Espírito Santo tem sentimentos (Rm.15:30) - "Rogo-vos irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito...". Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo temamor, ou seja, ama, tem sentimentos. Uma força não pode amar, somente uma pessoa. Mas, em outro trecho, a Bíblia recomenda que o Espírito pode se entristecer (Is.63:10; Ef.4:30). Uma força, um "fluir" nunca pode ficar triste, somente uma pessoa. Mas o Espírito Santo não só Se entristece, também, a Palavra de Deus diz que Ele tem alegria, que Ele se alegra, tanto que faz com que as pessoas sintam a Sua alegria, a começar pelo próprio Senhor Jesus (Lc.10:21) e, depois, dos discípulos (1Ts.1:6). Mas as Escrituras também nos revelam que o Espírito Santo tem ciúmes, ou seja, tem zelo pelos servos do Senhor, outro sentimento impossível para uma mera força – “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” (Tg.4:5).
5. O Espírito Santo determina (1Co.12:11) - ”Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”. Neste texto, é dito que o Espírito Santo reparte, como quer, os dons espirituais entre os crentes, ou seja, tem vontade, tem autodeterminação, algo que jamais uma força pode ter, mas tão somente uma pessoa. Em At.2:4, também é dito que os discípulos falavam línguas estranhas conforme a concessão que lhes dava o Espírito Santo, ou seja, quem determinava qual língua e quando deveria ser ela falada era o Espírito, algo que uma força jamais poderia realizar. Diferente não foi no chamado Concílio de Jerusalém, onde o Espírito Santo deu o Seu parecer a respeito da discussão a respeito da observância da lei de Moisés – “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias” (At.15:28).
6. O Espírito Santo convence (João 16:8) - ”E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”. Jesus disse que o Espírito convenceria o mundo do pecado, da morte e do juízo. Uma força não pode convencer, quando muito pode deter ou obrigar uma determinada atitude. Só uma pessoa pode convencer alguém, pode argumentar e obter a anuência, a adesão da vontade de outrem. O convencimento é fruto de uma argumentação, ou seja, de uma operação intelectual, de uma série de raciocínios, de ponderações, de julgamentos. Somente uma pessoa é capaz de fazê-lo e, quando Jesus nos indica que o Espírito Santo o faz, está a dizer-nos que se trata de uma Pessoa.
7. O Espírito Santo glorifica (João16:14) - ”Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”. Jesus disse que o Espírito Santo O glorificaria. Ora, uma força não pode dar glória a ninguém, porque glorificar, dar glória, envolve consciência, capacidade de perceber que alguém é divino e que, por isso, merece honra e glória. Somente seres dotados de consciência podem fazer isso. Deste modo, não há como deixar de reconhecer que o Espírito Santo é uma Pessoa.
8. O Espírito Santo fala (Atos 8:29) - "Então disse o Espírito a Filipe: aproxima-te desse carro e acompanha-o...". Aqui, percebemos que o Espírito Santo é um Ser que fala. Ora, uma força não pode falar, mas uma Pessoa, sim. Tanto é certo que o Espírito Santo fala que, em At.13:2, isto é explicitamente mencionado, como também em 1Tm.4:1 e Hb.3:7, bem assim em todas as cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia Menor (Ap.2:7,11,17,29; 3:6,13,22), como num instante em que se fazia a revelação a João das coisas que brevemente hão de acontecer (Ap.14:13).
9. O Espírito Santo ouve (João 16:13) – “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir”. Aqui mostra que o Espírito Santo é um ser, é uma Pessoa, pois tem capacidade de ouvir e não é um simples ouvir, mas um ouvir que retém e que discerne o que se ouve para depois o anunciar.
10. O Espírito Santo ensina (João 14:26) – “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Só uma Pessoa pode nos ensinar, somente uma Pessoa pode ser Mestre e o Espírito Santo tem como uma de suas principais funções a de ensinar os discípulos do Senhor Jesus enquanto aqui estiverem aguardando o seu Salvador.
11. O Espírito Santo lembra (João 14:26) - “...e vos fará lembrar...”. Quando Jesus diz que o Espírito Santo nos faria lembrar de tudo quanto o Senhor Jesus nos tem dito, está a nos revelar uma face maravilhosa deste Professor e Mestre que é o Espírito Santo. O Espírito Santo não só é um Mestre (algo que uma força não pode ser), como também é um Mestre dedicado, um Professor comprometido com os Seus alunos. Um bom professor é aquele que está preocupado em verificar se os seus alunos aprenderam e, por isso, sempre os faz lembrar daquilo que os ensinou. É exatamente este o papel do Espírito Santo. Quando Ele nos faz lembrar, não é porque seja uma força cega, um “remédio para a memória”, mas, bem ao contrário, é um Professor dedicado, que mostra ser uma Pessoa não só porque ensina, mas também porque ama e quer o melhor para os Seus alunos, quer que Seus alunos efetivamente aprendam o que lhes foi ensinado.
12. O Espírito Santo intercede (Rm.8:26) - ”E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”. Ao dizer que o Espírito Santo intercede, ajudando os crentes nas suas fraquezas, o texto sagrado mostra-nos que o Espírito Santo é uma Pessoa, pois só uma Pessoa pode orar.
Ante tantas evidências da Palavra de Deus, como não reconhecer que o Espírito Santo é uma Pessoa?
CONCLUSÃO
Diante do exposto, podemos dizer que o Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal; é uma Pessoa, assim como o Pai e o Filho o são. Ele é chamado Deus (At.5:3,4) e Senhor (2Co.3:18). Embora seja um com o Pai e com o Filho, o Espírito Santo é uma Pessoa distinta, que não se confunde com nenhuma das outras duas. Ressalte-se que não há hierarquia entre estas três Pessoas Divinas, porque o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus que subsiste em três Pessoas distintas.
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FONTE:Luciano de Paula Lourenço
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