Texto Base: João 19:23-30
"E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito" (João 19:30).
INTRODUÇÃO
O ser humano ao pecar tornou-se servo do pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma de modificar esta situação. Entretanto, a história não terminou com esta tragédia; bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, mesmo antes da fundação do mundo, dentro de sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef.1:4; Ap.13:8). Esse plano, já existente mesmo antes da criação do mundo, foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que golpearia a cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:15). O Plano salvífico de Deus foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (João 1:29; Gl.4:4,5); esse sacrifício nos garante a salvação eterna porque foi um sacrifício completo, perfeito e definitivo.
I. O SACRIFÍCIO DE JESUS CRISTO
1. O sacrifício completo. Nenhum outro sacrifício, tanto o de animais no Antigo Testamento quanto o de seres humanos na história das nações pagãs, com vistas a alcançar a salvação do homem, teve o êxito de apagar os pecados do passado, do presente e do futuro; somente o sacrifício de Cristo foi completo nesse sentido, a ponto de anular uma aliança antiga para inaugurar um novo tempo de relacionamento com Deus, estabelecendo uma aliança nova, superior e perfeita.
No Antigo Testamento, milhares de animais foram sacrificados a fim de apagar os pecados do ser humano, mas nenhum deles teve efeito permanente. O escritor aos Hebreus afirma este fato: ”Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam” (Hb.10:1). Porém, o sacrifício do Cordeiro de Deus foi perfeito, completo e único para o perdão dos nossos pecados. Ele foi completo e pode alcançar todos os que creem; teve o êxito de apagar os pecados do passado, do presente e do futuro - “...mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb.9:26). Pelo sacrifício de Cristo, estamos livres da condenação do pecado, na justificação; do poder do pecado, na santificação e; estaremos livres da presença do pecado, na glorificação.
O sacrifício do Cordeiro de Deus estabeleceu uma nova aliança com a humanidade caída, uma aliança baseada não mais em ritos sacrificais, mas na sua graça, amor e misericórdia. Temos, agora, o grande privilégio de podermos nos achegar a Deus diretamente, sem um intermediário, o sacerdote, e sem a necessidade de que um animal inocente seja morto. O sacrifício de Cristo anulou uma aliança antiga e inaugurou um novo tempo de relacionamento com Deus, estabelecendo uma aliança nova, superior e perfeita (Hb.8:6,7,13). Então, vivamos em comunhão com o Pai de modo que seu nome seja glorificado.
2. O sacrifício de Cristo: um ato de amor e misericórdia. A cruz de Cristo além de ser um fato planejado na eternidade, expressa pra você e pra mim o gesto do maior amor e misericórdia de Deus por nós. Ali na cruz aconteceu o maior de todos os sacrifícios, porque o Filho de Deus deixou a glória, deixou o Céu, deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, veio e se humilhou, se fez servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado, foi escarnecido, foi pregado na cruz. Ele nasceu pra morrer. Ele nasceu pra ser o nosso substituto, nosso representante, nosso fiador. Na verdade a cruz sempre esteve incrustada na mente de Deus, no coração de Deus. Jesus cristo jamais recuou diante dessa cruz, Ele caminhou resoluto pra ela como um rei caminha para sua coroação.
Deus deveria derramar sobre nós o cálice da Sua ira, mas Cristo o bebeu por nós. Assim, Jesus aplacou a ira do Pai, satisfazendo a Sua justiça (Is.53:10). A nossa dívida eterna com Deus não foi simplesmente esquecida; ela foi paga pelo Filho amado (Is.53:5,6; Cl.2:14).
Em vez de condenar a humanidade, Deus a amou e lhe providenciou propiciação pelos seus pecados (1João 4:9,10). Na cruz, Cristo pagou o preço pelos pecados de toda a humanidade - “Ele [Jesus Cristo] é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo” (1João 2:2). Assim, Deus demonstrou o seu amor por nós - “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5:8).
3. O sacrifício de Cristo foi um ato perfeito. A Bíblia diz que os sacrifícios levíticos eram incapazes para remover o pecado do ser humano. O Livro de Hebreus ilustra de duas maneiras esta verdade:
· Se o sacrifício pelo pecado aperfeiçoasse quem o oferecia em adoração, não haveria necessidade de repeti-lo (Hb.10.2).
· Se os israelitas tivessem sido verdadeiramente purificados do pecado através de sacrifícios de animais, “não mais teriam consciência [senso] de pecados” (Hb.10:2).
Na verdade, nenhum de seus sacrifícios podia torná-los perfeitos ou livrá-los da consciência do pecado (Hb.9:9), “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb.10:4). O sangue de animais não tinha o poder de efetuar a redenção; a imolação ritual não podia purificar a carne, isto é, realizar a purificação cerimonial (Hb.9:13).
Através de um nítido contraste, o Livro de Hebreus explica como Deus providenciou um sacrifício melhor para a redenção do homem. Deus Pai enviou Seu Filho Jesus para ser o sacrifício pelo pecado. Jesus tomou parte na obra da redenção e tornou-se o sacrifício da expiação, com profundo e total envolvimento. Obedecendo à vontade do Pai, Cristo entregou Seu corpo como uma oferta definitiva, permitindo que o pecado do homem fosse removido (Hb.10:5-10). Desta feita, Deus revogou o primeiro sacrifício, o sacrifício levítico, que dependia da morte de animais, para estabelecer o segundo sacrifício, que dependia da morte de Cristo, um sacrifício perfeito e completo.
Sendo Jesus divino e eterno (Is.9:6 Mt.1:23; João 1:1; 8:24, 58; 13:19; 20:28; Cl.1:15-17; 1Tm.1:12-17; Hb.1:8-12; 1João 5:20; Ap.21:6,7; etc.), Seu sacrifício foi pleno, perfeito e suficiente para pagar a nossa dívida eterna com Deus. Jesus cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz (Cl.2:14,15). Como Jesus nunca pecou (2Co.5:21; 1João 3:5; 1Pd.1:19; 3:18; 2:22; Hb.4:15; 7:26; 9:14), Ele não poderia morrer (Rm.6:23); foi pelos nossos pecados que Ele morreu - “Deus tornou pecado por nós aquele [Jesus] que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2Co.5:21). Como Ele não tinha pecado, a morte, que é o salário do pecado (Rm.6:23), não pôde detê-lo (At.2:24; Ap.1:18). Ele certamente ressuscitaria, como profetizado nos Salmos 16:10,11; 30:3. Por isso, o Seu sacrifício por nós foi perfeito. De fato, “Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm.4:25). Após ressuscitar, Jesus subiu ao céu e se apresentou ao Pai em nosso favor, para interceder por nós (Hb.9:24-26).
4. O sacrifício remidor. Na cruz do calvário, Jesus clamou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! Dito isto, expirou” (Lc.23:46). Não devemos entender esse brado como um grito de desespero, mas como uma voz de triunfo de quem estava consumando a obra da redenção ao custo incomensurável de sua morte. Jesus estava consumando sua obra, triunfando sobre o diabo e suas hostes e comprando-nos para Deus. A Bíblia diz que Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo (2Co.5:19), já que a humanidade foi criada para viver em comunhão com o Pai, em pleno relacionamento de dependência com o Criador (At.17:28).
Jesus não foi morto, Ele não morreu como um mártir; Ele se entregou como sacrifício remidor, como sacrifício pelos pecados da humanidade; Ele voluntariamente deu sua vida (João 10:11,15,17,18). O pecado, além de ser horrendo, faz separação entre o homem e Deus (Is.59:2); além disso, o pecado deteriora o ser humano, degenera o seu caráter, deforma nele a imagem divina. Mas, o sacrifício de Jesus Cristo trouxe de volta a integridade humana e restabelece plenamente o caráter de todos aqueles que aceitam o Seu sacrifício e o recebem como único e suficiente Senhor e Salvador (2Co.5:17-19; 2Pd.3:9).
II. A NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS PAI
A reconciliação é um dos aspectos da obra de Cristo como redenção; refere-se à restauração do pecador à comunhão com Deus. A reconciliação entra em vigor mediante o arrependimento e a fé pessoal em Cristo, do pecador (Mt.3:2; Rm.3:22).
1. O fim da inimizade. No principio, havia plena comunhão entre Deus e o ser humano. Era uma harmonia perfeita. Mas, a queda trouxe terrível inimizade entre o homem e Deus. A reconciliação com o Pai só foi possível porque o Filho nos resgatou, nos redimiu e libertou-nos do poder do pecado, promovendo, assim, a nossa união com Deus - “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co.5:18,19). Aqui, fica claro, que Deus removeu ativamente a causa do distanciamento entre ele e o ser humano ao tratar do pecado. Não é Deus quem precisa reconciliar-se com o ser humano, mas, sim, o ser humano é quem precisa reconciliar-se com Deus.
“Não lhes imputando os seus pecados” (2Co.5:19). Aqui, à primeira vista, podemos ter a impressão de que esse versículo ensina a salvação universal, ou seja, que todas as pessoas serão salvas mediante a Obra de Cristo. Esse conceito, porém, é inteiramente contrário ao restante das Escrituras. Deus proveu um recurso para que as transgressões dos homens não lhes sejam imputadas. Apesar de todos terem acesso a esse recurso, ele só é eficaz para quem está em Cristo. As transgressões daqueles que não receberam a salvação lhes são imputadas, contudo, no momento em que aceitam o Senhor Jesus como Salvador, tais indivíduos são considerados justos nele e seus pecados são cancelados.
Portanto, o sacrifício de Jesus Cristo eliminou de uma vez para sempre a causa da inimizade entre Deus e o ser humano, e nos abriu um novo e vivo caminho em direção ao Pai (Hb.10:20). Todavia, para que haja novamente uma plena comunhão com Deus é preciso que ocorra a regeneração e a justificação do pecador pela fé em Cristo (Rm.5:1,2), que se dará através de uma sincera conversão, por intermédio do Espírito Santo (João 16:8-11). Quando somos justificados, recebemos, em nossos corações, o amor de Deus que é derramado pelo Espírito Santo, um efeito imediato da nossa reconciliação com o Senhor.
2. A eliminação da causa da inimizade. O pecado é a causa da inimizade entre Deus e a humanidade (Is.59:1-3). Aliás, o pecado e a rebelião da raça humana trouxeram como resultado, hostilidade contra Deus e alienação dele (Ef.2:3;Cl.1:21). Essa rebelião provoca a ira de Deus e seu julgamento (Rm.1:18,24-32; 1Co.15:25,26; Ef.5:6). Mediante a morte expiatória de Cristo, Deus removeu a barreira do pecado e abriu um caminho para a volta do pecador a Deus (Rm.3:25; 5:10; Ef.2:15,16); pela morte do Senhor Jesus na cruz, Deus anulou, em sua graça, o distanciamento que o pecado havia causado entre ele e o homem, para que todas as coisas, por meio de Cristo, sejam apresentadas de modo agradável a Ele. Os cristãos já foram reconciliados mediante a morte de Cristo, a fim de serem apresentados santos, inculpáveis e irrepreensíveis (como novas criaturas). Quando Cristo estava na Terra, Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo, não lhe imputando suas transgressões; agora, porém, que o amor de Deus foi plenamente revelado na cruz, o testemunho foi levado ao mundo todo, rogando aos homens que se reconciliem com Deus; é o que o apóstolo Paulo diz: “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2Co.5:18). A igreja recebeu de Deus o ministério da reconciliação (2Co.5:18), para conclamar todas as pessoas a se reconciliarem com Ele (2Co.5:20).
3. A vivificação. Em Adão, no Éden, todos morreram e começaram a praticar o ato do pecado (só para lembrar: pecado é a prática má sob qualquer forma, intencional ou não; pecado são todos os pensamentos, palavras ou atos que não atingem o padrão perfeito de Deus). Espiritualmente, todos estavam mortos por causa dos seus delitos e pecados. Isso quer dizer que, em relação a Deus, todos estavam sem vida. Não tínhamos nenhum contato vital com Ele. Mas fomos vivificados em Cristo Jesus, quando o mesmo morreu na Cruz por nós. Cristo nos deu uma nova vida, nos vivificou; é o que o apóstolo Paulo afirma em 1Co.15:21,22: “Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”.
Na cruz, todas as nossas ofensas foram perdoadas e que nada ficou para ser pago ou resolvido entre nós e Deus (cf.Cl.2:14), de modo que o sacrifício de Cristo é suficiente, sendo mentira satânica qualquer ensinamento contrário. Não se faz preciso quebrar qualquer maldição hereditária depois que aceitamos a Cristo, pois, como diz o apóstolo Paulo, fomos vivificados juntamente com Ele e fomos perdoados de todas as ofensas, não restando coisa alguma, tudo foi cravado na cruz (Cl.2:14). Havendo o perdão dos pecados, somos vivificados e o nosso espírito passa a ter, novamente, ligação com o Espírito Santo e este derrama em nós o amor divino. Este amor produz, na vida do justificado, boas obras, o fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).
III. A REDENÇÃO ETERNA
A Redenção é o ato ou efeito de remir ou redimir; remir significa adquirir de novo; tirar do cativeiro, do poder alheio; resgatar; indenizar, compensar, reparar, ressarcir; livrar das penas do Inferno; salvar; fazer esquecer; expiar, pagar. O Novo Testamento demonstra claramente que Jesus Cristo proporcionou a nossa redenção mediante o seu sangue, pois era impossível que o sangue dos touros e dos bodes tirasse os pecados do ser humano (cf.Hb.10:4). Cristo nos comprou de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue – “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação” (Ap.5:9). Cristo se deu a si mesmo como preço de redenção por todos (1Tm.2:6).
1. O estado perdido do pecador. O pecado prejudicou a vida interior dos seres humanos. Sem Cristo, os seres humanos estão escravos do pecado (Rm.5:12; João 8:34); estão presos e impossibilitados de, por si mesmos, livrarem-se dele. Os seres humanos não podem resistir ao poder do pecado, porque, moral e espiritualmente, a natureza humana é fraca e, como resultado, onde quer que exista um ser humano existe pecado e maldade. O fenômeno é tão universal que “não há justo, nem um sequer” (Rm.3:10).
Os valores morais e espirituais que governavam sobre o Universo de Deus não mais governam o coração humano natural. Os seres humanos sabem que existe algo errado com eles e desejam algo melhor. Às vezes, tentam fazer o que é bom e correto só para descobrir que a mentalidade do homem pecador é a morte (Rm.6:23). Os seres humanos precisam de uma saída da situação terrível provocada pelo pecado, e só há uma saída: a redenção em Cristo Jesus.
Imediatamente depois da queda, Deus veio ao homem; o homem tinha cometido o terrível pecado da desobediência e estava coberto de vergonha e temor. Ele foge de seu Criador e se esconde por entre a densa folhagem do jardim. Mas Deus não se esquece dele; Deus não o abandona, mas tem misericórdia dele e vai ao seu encontro, fala com ele e chama-o de volta para ter comunhão com Ele (Gn.3:7-15). Na plenitude dos tempos, Deus, pela Sua graça, envia Seu Filho unigênito ao mundo (Gl.4:4), que agora nessa dispensação de toda a raça humana, reúne uma Igreja que ele elegeu para a vida eterna, e que a preserva para a herança celestial (Ef.1:10; 1Pd.1:5).
2. A redenção do pecador. A ideia principal de redenção é tornar livre uma pessoa ou algo (uma propriedade que passou a outro dono). Na Bíblia, a redenção é a libertação de um escravo do jugo ou o livramento do mal mediante um resgate (Mt.20:28). Aqui no Ceará há uma cidade chamada redenção, onde, segundo os historiadores, aconteceu a primeira libertação dos escravos. Portanto, redenção implica resgate de alguém ou coisa pertencente a outro dono. Jesus pagou o preço da nossa salvação e, por isso, nos comprou a liberdade. Este ato é conhecido por “redenção”, ou seja, “o ato de remir ou redimir”, o “resgate”, ou seja, “o ato de livrar (algo) de ônus por meio do pagamento”, o “ato de comprar para libertar”. Não haveria nada que pagasse o preço da desobediência de quem foi criado à imagem e semelhança de Deus, o ser humano. Só o Pai, mediante seu amor gracioso, poderia prover a remissão do pecador por intermédio de seu único Filho (Gl.3:13; 1Tm.2:5,6).
Para nos redimir, Jesus pagou um alto preço; Cristo nos comprou de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue (cf.Ap.5:9); o apóstolo Pedro afirma isto: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós”(1Pd.1:18-20).
A Bíblia declara que não poderíamos ser redimidos sem o sacrifício de Cristo (Hb.9:22; Lv.17:11). Como fomos comprados por Cristo, libertamo-nos do jugo do pecado e, por isso, não mais estamos sob condenação, alcançamos a justificação. Por isso, bem disse o poeta sacro: “… Jesus comprou-me da escravidão, a paz eu gozo por Seu perdão. (…) Jesus comprou-me, e eu fiquei pra sempre livre da dura lei!…” (primeira parte da 2ª e 3ª estrofes do hino 13 da Harpa Cristã).
3. Uma redenção plena. Na Cruz do Calvário, quando ele declarou “Está consumado”(João 19:30), o preço da redenção estava pago, a Justiça de Deus estava satisfeita. A punição exigida pela Justiça de Deus estava concretizada sobre Jesus. Agora, nele, o homem pode ser justificado; agora, nele, o redimido é beneficiado não somente no tempo presente, mas por toda a eternidade, e o principal benefício é a garantia de estar para sempre com o Senhor na pátria celestial (João 14:1-3; Ap.19:9; Lc.23:43).
A redenção foi plena porque na Cruz do Calvário, Jesus pagou a nossa dívida que era contra nós; assim afirma o apóstolo Paulo: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”(Cl.2:14). A quem foi pago esse resgate? Certamente não foi a Satanás, como pensam alguns teólogos. Não devemos nada a Satanás. O resgate (o preço ou a dívida) foi apresentado única e exclusivamente ao Deus justo, pois é a Ele que havemos ofendido com nossos pecados e delitos. Mas como não podíamos pagar semelhante resgate, Jesus apresentou-se para quitá-lo em nosso lugar. Ele pagou o preço que o caráter de Deus requeria. Podemos afirmar com segurança que Ele cancelou a nossa dívida; glória a Deus, a nossa dívida foi paga com expressivo preço! A dívida foi paga à Pessoa certa, pois que adiantaria a dívida ser paga a quem não devemos nada?. Quando da criação do homem, Satanás já era um inimigo vencido, colocado debaixo dos pés do Senhor nosso Deus. O vencido nada pode exigir do vencedor. Apenas obedecer. Satanás não pode exigir nada de Deus. Porém, não basta saber que Ele pagou nossa divida para com a Justiça de Deus, é necessário tomar posse do “recibo de quitação” da dívida; é a posse desse “recibo” que nos confere o direito de sermos justificados diante de Deus.
CONCLUSÃO
A Obra salvífica de Jesus Cristo evidencia a concretização do amor de Deus por toda humanidade. Se você ainda tem dúvida do amor de Deus, entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma mais eloquente e mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da cruz. O Filho de Deus deixou o Céu, deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se humilhou, se fez servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado, foi escarnecido, foi pregado na cruz. Ali aconteceu o maior de todos os sacrifícios: Jesus foi crucificado por nós (1Co.5:7). Glorifiquemos, pois, a Deus, pela Obra salvífica de Jesus Cristo, que é extensiva a todos os que se arrependerem e crerem no Unigênito de Deus.
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço
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