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terça-feira, 20 de março de 2018

12ª lição do 1º trimestre de 2018: EXORTAÇÕES FINAIS NA GRANDE MARATONA DA FÉ



1º Trimestre/2018

Texto Base Hebreus 12:1-8; 13:15-18.

"Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta"(Hb.12:1).

 
INTRODUÇÃO

Com esta Aula concluímos o estudo da maravilhosa Epístola aos Hebreus, que trata acerca da superioridade de Cristo, do seu ministério e da Nova Aliança. Nesta última Aula estudaremos os dois últimos capítulos, os quais nos exortam a correr a “maratona” da fé sem recuar ou olhar para trás, pois em breve o nosso Senhor, o nosso Salvador, voltará. Nessa corrida exaustiva o crente corre em busca de um alvo: o “...prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:14), uma coroa incorruptível (1Co.9:25), a ressurreição dentre os mortos (Fp.3:11) e a glorificação (Fp.3:21). Para alcançar o prêmio final dessa maratona o crente se esforça, dedica-se e trabalha com todo o esmero. Como um atleta que se prepara à exaustão, o discípulo de Cristo deve deixar os entraves desta vida e manter o foco na Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Nesta “maratona”, o crente se acha qual um atleta, esforçando-se e correndo o máximo, totalmente concentrado no que faz, a fim de não ficar aquém do alvo que Cristo estabeleceu para a sua vida. A fé é o combustível que dinamiza a nossa atuação nesta grande “maratona” que nos está proposta (Hb.12:1).

I. A CORRIDA PROPOSTA

A salvação que alcançamos pela fé na obra redentora de Cristo, não é o fim, mas o início da maratona, pois a salvação é um processo. Uma vez salvo, temos o dever de desenvolver a nossa salvação até o ponto da maturidade plena no Senhor Jesus. Devemos nos conscientizar que a busca constante da maturidade espiritual é um desafio que está posto a todos nós que aspiramos à concretização do alvo que Jesus estabeleceu para todos nós, o Céu. O que era responsabilidade de Deus fazer, Ele efetivamente fez. Temos, então, de cumprir a nossa parte no processo, desenvolvendo-nos na fé, confiados no poder que Deus liberou-nos pela presença do Espírito Santo que em nós habita. Ainda não somos perfeitos na qualidade e proporção que o Senhor deseja, mas estamos a caminho, perseguindo a perfeição até que um dia cheguemos à estatura de varões perfeitos em Cristo, que se dará na glorificação.

1. O exemplo dos antigos. “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta” (Hb.12:1).

Os crentes destinatários da Epistola, por terem renunciado ao judaísmo por Cristo, estavam enfrentando oposição implacável. Havia o risco de eles interpretarem seu sofrimento como um sinal de desagrado de Deus. Eles podiam ficar desencorajados e desistir. Pior ainda, poderiam ser tentados a retornar ao Templo e às suas cerimônias. Eles não deveriam supor que o sofrimento deles era excepcional. Muitas das testemunhas descritas no capítulo 11 sofreram severamente como resultado da lealdade ao Senhor, e, ainda assim, resistiram.

Os crentes fiéis ao longo dos séculos (capitulo11) agora são como uma “grande nuvem de testemunhas” da vida de fé. Eles não são “testemunhas” como se fossem meros espectadores, olhando para nós lá do Céu e observando a vida dos crentes na terra; na verdade, eles nos dão testemunho pela vida de fé e perseverança que levaram, e estabeleceram um alto padrão para o imitarmos, que encoraja constantemente aqueles que vivem depois deles. A vida desses gigantes da fé, os seus exemplos e a sua fidelidade a Deus, sem ver as suas promessas, falam a todos os crentes sobre a recompensa de permanecer nesta prova de força e comprometimento, que é a “maratona” da vida cristã. Se eles mantiveram perseverança indeclinável com seus poucos privilégios, muito mais deveríamos nós, a quem foram destinadas as realidades superiores da Nova Aliança.

2. O exemplo de Jesus. O autor faz um apelo para que os crentes olhem “para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb.12:2).

Durante toda a maratona da fé, devemos desviar-nos de todos os outros objetos e fitar os olhos em Jesus, o corredor principal. Por quê? Porque Jesus, o nosso principal exemplo, concluiu a sua corrida de maneira perfeita. Por Ele estar na linha de chegada, os cristãos devem olhar para Ele, afastando os olhos de quaisquer distrações ou opções. É dele que a nossa fé depende, do principio ao fim (Ele é o autor e consumador da fé).

·         Jesus é o “Autor”, ou o pioneiro, da fé, no sentido de que nos proveu com o único exemplo perfeito de como é a vida de fé.

·         Jesus é também o “Consumador” da fé. Ele não apenas iniciou a corrida, mas a terminou com triunfo. Para Ele, o itinerário da corrida ia do Céu a Belém de Judá; depois, do Getsêmani ao Calvário e; do túmulo, de volta para o Céu. Em nenhum momento Ele vacilou ou voltou atrás. Ele manteve os olhos fixos na vinda gloriosa, quando todos os remidos serão reunidos com Ele eternamente. Suportou uma morte vergonhosa na cruz, mas Ele suportou todo este sofrimento pelo gozo que lhe estava proposto. Ele manteve seus olhos no objetivo do curso que lhe foi indicado, a realização do seu trabalho sacerdotal e o seu lugar à destra do trono de Deus no Céu.

Saber que uma grande recompensa estava por vir para o povo de Deus dava a Jesus grande alegria. Ele não olhou para os seus desconfortos terrenos, mas manteve seus olhos fixos nas realidades espirituais invisíveis. Como Cristo, nós devemos perseverar em tempos de sofrimento, olhando para Ele como o nosso exemplo e concentrando-nos no nosso destino celestial (ler Fp.3:20,21).

Quando os crentes destinatários eram tentados a se concentrar nas suas dificuldades, ao ponto de considerarem abandonar a sua fé, a Epistola aos Hebreus os incentivava a pensar “naquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo” (Hb.12:3). Cristo foi ridicularizado, açoitado, espancado, cuspido e crucificado. Ainda assim, Ele não se entregou à fadiga, ao desânimo, ou ao desespero.

3. O exemplo da Igreja. O sofrimento é uma realidade implacável que cerca o cristão na maratona da fé, e o autor não nega isso em relação a seus companheiros de caminhada. Por que a perseguição, as provações, as tentações, as doenças, as dores, os sofrimentos e os problemas atingem a vida do cristão? São sinais da ira e do desagrado de Deus? Eles acontecem por acaso? Como deveríamos reagir a eles? Hebreus 12:5,6 ensina que são partes do processo educativo de Deus para seus filhos. Embora eles não venham de Deus, Ele os permite e depois os revoga para sua glória, para o nosso bem e para a bênção dos outros. Diz assim os textos sagrados:

“E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho”.

Nada acontece por acaso a um cristão. Deus aproveita as circunstâncias adversas da vida para nos conformar à imagem de Cristo. O apóstolo Paulo nos consola dizendo que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm.8:28).

Assim os primeiros cristãos hebreus eram exortados a se lembrar de Provérbios 3:11,12, em que Deus se dirige a eles como filhos. Nesta passagem Ele os adverte a não desprezar a disciplina ou a não se desencorajarem com sua repreensão. Se eles se rebelam ou desistem, perdem o benefício dos procedimentos de Deus para com eles e deixam de aprender as lições divinas.

Quando enfrentamos dificuldades e desânimo, devemos nos conscientizar de que não estamos sozinhos; Jesus está conosco - “Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb.12:3). Muitos suportaram circunstâncias muito mais difíceis do que nós temos enfrentado. O sofrimento é pedagógico, ele nos educa para a maturidade cristã, desenvolvendo a nossa paciência e tornando doce a nossa vitória final.

II. CORREDORES BEM TREINADOS

Para vencermos a corrida que nos foi proposta pelo Senhor precisamos de treino. O corredor bem treinado tem melhor desempenho na corrida.

1. Respeitam limites. O autor lembra a seus leitores: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb.12:14).

Nesta maratona da fé não há concorrente, não há disputa à busca de um prêmio maior de quem chegar primeiro, não. O prêmio é para quem chegar ao último estágio da “maratona”, a glorificação. Portanto, o importante não é chegar primeiro, mas chegar incólume, espiritualmente falando. Esta maratona da fé é uma prova de resistência, não de competitividade. Por isso, o apóstolo exorta: "Segui a paz com todos..." (Hb.12:14). Os crentes devem ter relações tão pacificas quanto possível com as pessoas não-crentes, como também ter relações harmoniosas dentro da comunidade cristã. A comunhão cristã deve ser caracterizada pela paz e pela edificação reciproca.

Nesta prova de resistência, também, há um limite a ser respeitado no decorrer da prova: não há espaço para libertinagem; não se pode correr de qualquer maneira, fora dos termos estabelecidos pelo Comitê (Pai, Filho e Espírito Santo) da prova. Por isso, o autor da Epístola exorta: “Segui [...] a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. A santificação é um dos fatores que nos mantêm preparados e vigilantes para a volta de Cristo(Hb.12:14; 1Ts.5:23; Ap.19:7,8). A vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1Ts.4:3).

Santificação significa a devoção ou a consagração ao serviço de Deus. Na prática, a nossa santificação significa honrar a Deus na maneira como tratamos os outros – amigos, vizinhos, cônjuge, filhos, até mesmo inimigos – e na maneira como administramos os nossos negócios, as nossas finanças, etc. A santificação faz com que o comportamento, os pensamentos e as atitudes dos cristãos e dos não-crentes sejam diferentes. A nossa santificação, que nos foi possibilitada graças à morte e ressurreição de Cristo, nos permitirá ver o Senhor como Ele realmente é, quando estivermos com Ele para sempre.

Os cristãos devem estar “em boa forma espiritual” e devem ser capazes de correr a corrida desimpedidos. Portanto, devemos nos despojar de todo embaraço ou peso que possa nos tornar mais lentos nesta maratona da fé. Muitos “embaraços” ou “pesos” podem não ser necessariamente atos pecaminosos, mas podem ser coisas que nos retém, como o uso do tempo, algumas formas de diversão, determinados relacionamentos, bens materiais, amor ao conforto, etc. Porém, é especialmente importante que nos desembaracemos do pecado que tão de perto nos rodeia e que prejudica o nosso progresso. Pecados como a avareza, o orgulho, a arrogância, a luxúria, os mexericos, a desonestidade, o roubo..., podem fazer com que os crentes se desviem do seu curso espiritual. Portanto, os cristãos devem correr, com paciência, a carreira que está proposta por Deus. Precisamos nos proteger da noção de que a “maratona” é uma corrida de velocidade fácil, que tudo na vida cristã é cor-de-rosa. Temos de estar preparados para seguir em frente com perseverança diante das provações e tentações.

2. Mantêm a mente limpa. “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb.12:15).

Um corredor bem treinado mantém a sua mente limpa e renovada, não permitindo que as coisas do mundo ocupem espaço nela. O apóstolo Paulo, em Romanos 12:2, exorta: "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente" (Rm.12:2, NVI). A única maneira da nossa mente se manter limpa e renovada é quando deixamos a Palavra de Deus limpar as coisas que o mundo coloca nela. Se você perceber, o mundo é contumaz em transmitir as suas mensagens, pelos diversos meios que dispõe, a fim de que elas sejam inculcadas em nossas mentes. Mesmo que não concordemos, acabamos como que dessensibilizados para o pecado que o mundo está promovendo. Mas Paulo nos diz que não devemos deixar que sejamos moldados por esses padrões, mas devemos renovar a nossa mente. A nossa mente depois de "bombardeada" diariamente com os conceitos mundanos acaba "deformada", por isso devemos fazer o esforço para trazê-la à forma correta. A forma correta que a nossa mente deve ter: a mente de Cristo. Paulo diz em 1Coríntios 2:16: "Nós, porém, temos a mente de Cristo".

O apóstolo Paulo nos dá algumas dicas para renovar a nossa mente:

·     A primeira dica é entregar o domínio dos nossos pensamentos à Cristo - "levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2Co.10:5). Devemos reconhecer que, se Cristo é nosso Senhor, devemos a Ele a obediência em todos os aspectos de nossa vida, inclusive de nossos pensamentos. Devemos anular todo tipo de pensamento que coloca em dúvida a soberania e o amor de Deus através de Cristo, e submeter nossos pensamentos ao controle de Cristo.

·     A segunda dica é não deixar os pensamentos vazios, mas ativamente escolher o que pensar - "Finalmente irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas" (Fp.4:8 NVI). Martinho Lutero dizia que a mente vazia é a oficina do diabo. Não deixe sua mente divagar sem objetivo, traga-a à obediência de Cristo pensando no que é bom.

·     A terceira dica é meditar e memorizar a Palavra de Deus. O Salmo 1 fala que o segredo do homem que é bem-sucedido no que faz é que ele tem prazer na lei de Deus e medita nela dia e noite. A meditação bíblica, no entanto, não é uma atitude passiva de concentração, mas uma busca ativa de oportunidades de colocar em prática a palavra que está sendo meditada e memorizada. Esta é a grande diferença entre aqueles que conhecem muitas passagens bíblicas de cor e os que colocam em prática as poucas passagens que conseguem memorizar.

Nesta maratona da fé, vale a pena o esforço de manter a mente limpa e renovada. Ao nos apropriarmos da mente de Cristo através da renovação da nossa mente pela meditação e prática da Palavra de Deus poderemos experimentar, nas palavras do apóstolo Paulo, a "boa, agradável  e perfeita vontade de Deus para nós" (Rm.12:2).

3. Valorizam as coisas espirituais. “E ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que, com lágrimas, o buscou” (Hb.12:16,17).

Neste texto, o autor de Hebreus mostra que Esaú, filho de Isaque, desprezou deliberadamente as coisas de Deus. De acordo com o livro de Gênesis, Esaú era um indivíduo mais preocupado com as coisas terrenas do que com as celestiais (Gn.25:29-34; 27:33,38). O autor instrui os crentes a observar que ninguém seja profano como Esaú.

Esaú não seguiu os exemplos daqueles que têm os seus olhos fixos nas recompensas celestiais. No lugar de se importar com o seu direito de primogenitura, que tinha grande valor espiritual, ele, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura.

No Antigo Testamento, o direito de primogenitura era uma honra especial conferida ao filho homem primogênito. Ao negociar este direito, Esaú mostrou um completo desrespeito pelas bênçãos espirituais que teriam vindo através deste direito, se ele o tivesse conservado. Devido à sua atitude, querendo ele ainda depois herdar a bênção de seu pai, foi rejeitado; já era tarde demais. Aqueles que rejeitam o caminho de Deus não terão uma segunda chance quando chegar a oportunidade para que outros herdem a sua benção espiritual. Nenhuma quantidade de apelos diante do trono de Deus fará com que o Senhor mude de ideia sobre o destino daqueles que o rejeitarem enquanto viverem na terra.

O pecado de Esaú foi a sua impulsividade e o completo desrespeito pela sua herança espiritual. Assim como Esaú teve pouca consideração pelas coisas espirituais, a Igreja deve tomar cuidado com as pessoas que se unem a ela, mas não tem uma preocupação real com as coisas espirituais.

III. A CORRIDA FINAL, EXORTAÇÕES FINAIS

1. Valorizar a liderança. “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver” (Hb.13:7).

Aqui, o autor dar instruções a respeito da vida religiosa da igreja destinatária. Os seus pastores tinham dado exemplos que mereciam respeito e consideração. Os pastores mencionados aqui provavelmente eram os cristãos fundadores, os anciãos do grupo, que lhes falaram a Palavra de Deus pela primeira vez. Embora esses pastores já tivessem morrido, a sua influência continuava, como fica evidente pela existência das comunidades de crentes. Esses pastores tinham imitado o exemplo de uma grande nuvem de testemunhas crentes (Hb.12:1,2). Por terem confiado no Senhor e terem feito o bem, as suas vidas eram dignas de ser imitadas e valorizadas.

Onde não há respeito pela liderança, prevalece a anarquia. Os líderes não são intocáveis nem tampouco perfeitos, mas devem ser honrados pelo trabalho que realizam; a natureza da missão a eles confiada pertence a outra dimensão, a saber a dimensão espiritual – “... velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas...” (Hb.13:17).

O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes de Tessalônica, exorta-os da seguinte forma: “E rogamos-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós, e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra” (1Ts.5:13,13).

Se é verdade que devemos observar os demais homens e até imitá-los, como as personagens bíblicas e os nossos irmãos, entre os quais os pastores”(Hb.13:7), o certo é que os homens só nos servem de parâmetro enquanto forem ramos ligados à videira verdadeira. Paulo exorta os crentes a imitá-lo enquanto era imitador de Cristo, e os pastores devem ser imitados enquanto homens de fé em Deus. Jesus é o modelo imutável e único; é a videira verdadeira. Como a Verdade é única, em nenhum outro devemos nos espelhar.

2. Valorizar a doutrina. “Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram” (Hb.13:9).

Aqui, o autor adverte os crentes destinatários contra os falsos ensinamentos do legalismo. Os judaizantes insistiam em que a santidade estava vinculada às coisas externas, como, por exemplo, as cerimônias de adoração e de purificação dos alimentos. A verdade é que a santidade é produzida pela graça de Deus, e não pelos alimentos que come ou deixa de comer. Os alimentos cerimoniais podem cumprir um ritual, mas eles de nada aproveitam àqueles que deles participam. As transformações duradouras no comportamento começam quando o Espírito Santo passa a habitar em cada pessoa. Uma vez que a aprovação de Deus está garantida pela graça, não há nenhum valor em se observar essas leis cerimoniais da Antiga Aliança. As leis cerimonias podem influenciar o comportamento, mas não são capazes de modificar o coração.

A legislação a respeito dos alimentos puros e impuros era destinada a produzir ritual de purificação. Mas isso não é o mesmo que santidade interna. Um homem pode ser purificado pela cerimônia e ainda assim estar cheio de ódio e hipocrisia. Somente a graça de Deus pode inspirar os cristãos e dar poder a eles para viver uma vida santa. O amor pelo Salvador que morreu pelos nossos pecados nos motiva a “viver neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt.2:12). Afinal, as regras inumeráveis a respeito dos alimentos e bebidas não tinham beneficiado seus adeptos.

3. Valorizar a adoração. “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome. E não negligencieis a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz” (Hb.13:15,16).

A adoração a Deus é o gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como seu servo. A principal missão da igreja não é missões, mas adoração. Por isso, o crente deve valorizar sobremaneira a adoração.

De acordo com a Bíblia, a adoração está associada com a ideia de culto, reverência, veneração, por aquilo que Deus é: Santo, Justo, Amoroso, Soberano, Misericordioso...; quando lemos na Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e consideração nas reuniões coletivas de adoração. Quando Deus se manifestou a Moisés, imediatamente mandou que ele não se aproximasse da sarça ardente e, ainda, descalçasse seus pés, pois o lugar onde se encontrava era terra santa, em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria repetido em relação a Josué, sucessor de Moisés (Js.5:15). Isto prova que a adoração não se desprende da reverência. A reverência, o respeito, a consideração traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser humano, o que nos leva a respeitá-lo, ou seja, “olhá-lo com atenção”, “levá-lo em consideração”, “prestar-lhe atenção”, “dar-lhe ouvidos”.

Na Nova Aliança, todos os cristãos são santos sacerdotes e vão ao santuário de Deus para adorar (1Pd.2:5). Há pelo menos três sacríficos que um sacerdote cristão oferece:

·     Primeiro, o sacrifício da própria pessoa (Rm.12:1) – “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.

·     Segundo, “o sacrifício de louvor” (Hb.13:15). Ele é oferecido a Deus por meio do Senhor Jesus. Todo o nosso louvor e toda nossa oração passam por Jesus antes de alcançar Deus Pai. O sacrifício de louvor é o fruto de lábios que reconhecem o seu nome. A única adoração que Deus recebe é aquela que flui de lábios remidos. Oferecendo continuamente este sacrifício de louvor, nós confessamos o seu nome e, desta maneira, mostramos que somos leais a Ele. Como os cristãos de origem judaica, destinatários da Epístola, já não adoravam mais com outros judeus, devido à sua fé em Jesus Cristo, eles podiam considerar o seu louvor e os seus atos de serviço como os seus sacrifícios. Estes eram sacrifícios que eles podiam oferecer continuamente, em qualquer lugar e a qualquer momento.

·     Terceiro, o serviço a favor dos santos e a comunhão. Devemos usar os nossos recursos materiais para fazer o bem e ajudar os necessitados. Especialmente em tempos de perseguição, os cristãos dependem uns dos outros. Os crentes têm comunhão com os outros crentes quando tornam os seus recursos disponíveis para aqueles que estiverem passando por necessidades, não somente material, mas, principalmente, espiritual.

Muitos têm se iludido achando que Deus se agrada se cumprirmos tão somente os deveres litúrgicos, ou seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja.  A essência do culto está na adoração ao Senhor, e nunca é demais enfatizarmos essa verdade, pois adoração vazia significa culto frio e sem propósito. Quando adoramos ao Senhor, em espírito e em verdade (João 4:23,24), trazemos o Senhor até ao local de adoração de uma forma especial. O Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde estivessem dois ou três  reunidos em seu nome (Mt.18:20). Assim sendo, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz presente de uma forma toda especial, ou seja, como companheiro, como intercessor, como Salvador.

CONCLUSÃO

A maratona da fé é um processo longo e duradouro, que somente terminará na linha de chegada chamada glorificação. Não podemos jamais pensar em parar a nossa jornada, nem “estacionar” do ponto-de-vista espiritual, pois a nossa vida é uma carreira, que só terminará na linha de chegada estabelecida pelo Senhor da glória. “Parar”, “estacionar”, nada mais é que “regredir”, “recuar”, “retirar-se para uma vida inglória”, e a Bíblia é clara ao dizer que quem assim procede desagrada a Deus (Hb.10:38,39).

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço

terça-feira, 13 de março de 2018

11º lição do 2º trimestre de 2018: OS GIGANTES DA FÉ E O SEU LEGADO PARA A IGREJA


1º Trimestre/2018

Texto Base: Hebreus 11:1-8, 22-26,30-34

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem" (Hb.11:1).

 INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo da Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula a respeito dos heróis da fé - descritos no capítulo 11 - e o seu legado para a Igreja. Trataremos a respeito da jornada de fé desses homens e mulheres de Deus, e como isso deveria ser tomado como exemplo para os cristãos da Nova Aliança (cf.Hb.11:1-40). A fé demonstrada por esses gigantes da fé em diferentes momentos da história, e em diferentes situações, foi o que garantiu as suas inserções na galeria dos heróis bíblicos. Esses heróis e heroínas eram pessoas comuns, sujeitos às intempéries da vida, mas a fé deles em Deus fez com que superassem grandes obstáculos, fazendo com que o nome do Senhor fosse exaltado. Eles deixaram, sem dúvida alguma, um legado extraordinário, o qual deve ser considerado pela igreja durante a sua jornada rumo à Pátria celestial. É válido ressaltar que esses heróis da fé não tinham as Escrituras Sagradas como temos hoje, o que tornava o conhecimento deles a respeito de Deus limitado, se comparado a nós hoje. Essa mesma fé, que garantiu que eles sempre avançassem e nunca recuassem, é a que devemos imitar.

I. A FÉ QUE GERA CONFIANÇA EM DEUS

1. O sacrifício de Abel. “Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala” (Hb.11:4).

Caim e Abel foram os dos primeiros filhos e Adão e Eva (cf. Gn.4:2-5). Caim tornou-se lavrador e Abel tornou-se pastor de ovelhas. Ao fim de algum tempo, ambos resolveram oferecer um sacrifício a Deus. Caim levou alguns frutos do solo, mas Abel ofereceu o melhor dos seus carneiros. Deus se agradou da oferta de Abel, mas não a de Caim (Gn.4:4,5) - "Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim" (Hb.11:4).

Por que Deus rejeitou a oferta de Caim? A razão de Deus ter aceitado o sacrifício de Abel e rejeitado o de Caim não foi baseado no fato de que o sacrifício de Caim era sem sangue; muitas das oferendas exigidas no Antigo Testamento eram sem sangue, como as ofertas de manjares (cf. Lv.2:1-16). A diferença estava nos corações daqueles dois ofertantes. A Bíblia relata que o modo de vida de Caim não era agradável a Deus e, por isso, Deus não aceitou a sua oferta. Abel ofereceu com fé (Hb.11:4), ao passo que Caim, não. Aliás, a Bíblia afirma que Caim era do maligno (1João 3:12), ou seja, não tinha um coração temente e submisso a Deus e, por isso, não foi aceita a sua oferta. Esta diferença básica entre os dois ofertantes é indicada pelas palavras no texto sagrado: Deus “atentou para Abel e para sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn.4:4,5). Provérbios 21:27 diz: “O sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!”. Somente quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos homens agradam a Deus (cf.Is.1:11-17; Ml.1:6-14).

Na realidade, a chave para o fracasso de Caim se encontra nas cuidadosas descrições do texto sagrado, referentes ao tributo de Caim e Abel - “Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn.4:3). Aqui, não há indicação que este “fruto da terra” seja o primeiro e o melhor. Abel ofertou o melhor que tinha; ele “trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn.4:4); seu coração era sincero; seu culto era verdadeiro (Hb.11:4). Portanto, o pecado de Caim foi a superficialidade. Ele parecia religioso, porém seu coração não era totalmente dependente de Deus, não era sincero nem grato.

Hoje, o que oferecemos ao Senhor no culto? Nossas ofertas demonstram a atitude real de nossos corações? (Sl.51:17). Deus se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do que está no coração do homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem, ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que haverá aceitação por parte do Senhor (Gn.4:7).

2. O testemunho de Enoque. “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus” (Hb.11:5).

Enoque é a sétima personagem mencionada na descendência de Adão pela linhagem piedosa de Sete. Dentre todos os homens antediluvianos é o que mais se destaca, pois, ao contrário dos demais, não provou a morte, pois, diz a Bíblia, andou com Deus trezentos anos e Deus para Si o tomou (Gn.5:22). Com relação ao tempo de vida à época, ele morreu muito cedo - “Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos” (Gn.5:23). Quando ele tinha 65 anos nasceu seu filho Metusalém (Gn.5:21), que foi o homem mais longevo da terra – “novecentos e sessenta e nove anos; e morreu” (Gn.5:27). Entretanto, quando Matusalém morreu, sobreveio o dilúvio. “...É melhor viver menos tempo como Enoque, andar com Deus e ser levado por Ele, do que viver muitos anos como Metusalém e morrer na lama do dilúvio..." (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.3, p.24).

“Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara”. Veja que a credencial para que Enoque fosse trasladado para não ver a morte foi andar com Deus (Gn.5:22). Deus chamou Enoque para perto de si por causa do seu andar na fé. Sem fé ninguém agrada a Deus. Assim como Enoque foi trasladado para não ver a morte, a Igreja será arrebatada para viver eternamente com o Senhor (1Ts.4:13-18; 1Co.15:51-58). Somente os verdadeiros e sinceros servos do Senhor, que andam com Deus, têm a consciência do arrebatamento e, por causa disto, mantêm-se vigilantes, aguardando o Senhor a qualquer momento (Mt.24:43,44; Mc.13:29-37; Lc.21:34-36).

Enoque, apesar de andar com Deus, não abandonou a vida social nem familiar, pois é dito que teve filhos e filhas (Gn.5:23). Andava com Deus num ambiente de maldade e de infidelidade. Enoque tinha comunhão com Deus levando uma vida de fé e pureza, não separado dos seus, mas como chefe de uma família. Isto nos mostra que para servir a Deus não há necessidade de se isolar do mundo. Aliás, a santidade nada tem a ver com o isolamento físico, como bem nos mostrou Jesus (Lc.7:31-35). Para o homem andar com Deus, é preciso que esteja de acordo com a Sua Palavra (Am.3:3). A Igreja que será arrebatada é aquela que não se misturou com o mundo nem com o pecado, que preferiu seguir o seu Senhor (Ap.3:8-10; Ef.5:25-27).

Andar com Deus significa renunciar a si mesmo e aceitar viver única e exclusivamente para fazer a vontade divina (Mt.10:37-39; 16:24-27; Mc.8:34-38; Lc.9:23-26; Ef.5:15-17).

Andar com Deus significa renunciar ao pecado e à impiedade (Sl.1:1,2;Tt.2:11-14).

Andar com Deus significa tomar o caminho estreito e apertado, mas que conduz à salvação. Significa submeter-se ao Senhor Jesus (Mt.7:13,14; João 14:5,6; 15:14).

Para andar com Deus, portanto, devemos andar como Cristo andou, e assim seremos vitoriosos (1João2:6; 1Co.11:1; Ef.5:1; Fp.3:17; 1Pd.2:21).

A Igreja primitiva tinha tanta preocupação em andar com Deus que era conhecida como o Caminho (At.18:26; 19:9; 22:4; 24:14).

3. A confiança de Noé. “Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé” (Hb.11:7).

A Bíblia descreve Noé como sendo um homem reto e justo e que andava com Deus. Escolhido por Deus para preservar a humanidade e os animais do Dilúvio que havia de vir, Noé viveu numa época parecida com a nossa: violenta, má e corrupta. Os homens viviam alienados de Deus, sem padrões éticos e morais, sem amor, presunçosos, violentos... Sua maldade e degeneração eram tais que o Senhor decidiu destruir toda a humanidade (Gn.6.7,13).  Entretanto, Noé escolheu ser um homem temente a Deus, a tal ponto que achou graças aos seus olhos (Gn.6:8) em um mundo caído.

Diz o escritor aos hebreus que Noé construiu a arca pela fé, porque confiou no aviso divino da destruição. Foi a fé de Noé que o fez pregar durante cem anos, sem que ninguém tivesse crido. A fé de Noé deve ser imitada por nós. Noé creu em algo que nunca havia visto, a chuva; construiu algo que nunca imaginara fazer, a Arca; durante um ano cuidou de animais que jamais tinha sequer conhecido. Tudo fez por fé e, por isso, foi poupado da destruição, abençoado e se tornado uma bênção para toda a humanidade. De igual modo, todos aqueles que, nos dias anteriores à vinda de Cristo, nEle confiarem, também serão guardados da hora da tentação que há de vir sobre o mundo (Ap.3:10,11).

II. A FÉ QUE FAZ VER O INVISÍVEL

1. A obediência de Abraão. “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” (Hb.11:8).

Abraão provavelmente era um idólatra que vivia em Ur dos caldeus quando Deus lhe apareceu dizendo que se mudasse. Com a obediência da fé, ele deixou sua casa, sem saber o destino final. Sem dúvida, seus amigos o ridicularizaram por tal loucura, mas esta foi sua atitude, em obediência ao chamado de Deus. A caminhada da fé muitas vezes dá aos outros a impressão de imprudência e insensatez, mas o homem que conhece a Deus está contente em ser guiado com os olhos da fé, porque é com os olhos da fé que o crente enxerga o desconhecido e acredita no futuro prometido por Deus à sua amada Igreja.

A Epístola aos Hebreus explica que “pela fé Abraão obedeceu”, e descreve três atos resultantes da fé de Abraão: (a) ele mudou-se para uma nova terra (Hb.11:8); (b) ele foi pai na sua velhice (Hb.11:11); (c) ele estava disposto a obedecer à ordem de Deus de sacrificar o seu único filho (Hb.11:17). Abraão demonstrava a sua fé por meio dos seus atos. A sua fé o justificou diante de Deus.

A fé de Abraão é vista, em primeiro lugar, na sua obediência em sair de sua terra e ir para um lugar que havia de receber de Deus por herança. Abraão partiu com base na promessa de Deus, sem saber para onde ia (vide Gn.12:1-9). Abraão confiou nas promessas que Deus lhe fez, de bênçãos ainda maiores no futuro. A vida de Abraão era cheia de fé.

Os crentes podem se sentir encorajados com o exemplo de fé de Abraão. Deus pode nos pedir para abandonarmos um ambiente seguro e familiar para realizar a sua vontade; Ele pode nos pedir para realizarmos tarefas difíceis. Mas nós podemos ter a certeza de que o resultado será sempre para o nosso bem e nos levará para mais perto dele. Pense nisso!

2. A fidelidade de José. “Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos” (Hb.11:22).

A Escritura testemunha sobre a fidelidade de José. Ele foi fiel a Deus em todas as circunstâncias. Foi fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe aconteceria ao longo da vida: foi fiel a Deus na casa de seu pai, como filho; como escravo, em terra estranha; na casa do cárcere, como preso injustiçado e; no palácio de Faraó, como governador do Egito. Esta firmeza e constância é algo que devemos reproduzir no nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que nos chame para a sua glória. O Senhor é bem claro em sua carta à igreja de Esmirna: “…Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”(Ap.2:10).

Devido à fidelidade de José a Deus, ele foi promovido para um alto posto no Egito. O diácono Estevão, em seu grande discurso diante dos seus algozes, ratificou este fato - “E livrou-o de todas as suas tribulações e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa” (Atos 7:10). Mas, embora José pudesse ter usado a sua posição para construir um império pessoal, ele lembrou-se da promessa de Deus a Abraão. José creu na promessa de Deus de que os filhos de Israel iriam sair do Egito e retornar a Canaã. Ele tinha tanta certeza disso, que lhes recomendou, quando estava próximo da morte (Hb.11:22), que levassem os seus ossos consigo quando partissem, para que ele pudesse ser sepultado na Terra Prometida (Gn.50:24,25; Ex.13:19; Js.24:32). Mesmo no seu leito de morte, José perseverou na sua fé, esperando desejosamente as promessas que Deus tinha feito. É essa fé, que nos faz enxergar o desconhecido e acreditar no futuro.

3. A determinação de Moisés. “Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa” (Hb.11:24-26).

Moisés foi o grande líder do povo de Israel, escolhido pelo Senhor não só para libertar o seu povo da escravidão no Egito, mas para construir a nação israelita nos moldes desejados por Deus. Não é à toa que Moisés, até hoje, é tido e havido pelos israelitas como o mais importante integrante da nação de todos os tempos.

A grande fé de Moisés foi revelada por meio de sua difícil determinação. A Epístola aos Hebreus apresenta Moisés como um homem que soube fazer escolhas: escolheu deixar um nome de glória passageira – filho da filha de Faraó – e as benesses do título, para sofrer conduzindo um grupo de escravos recém libertos para uma terra prometida, que no momento estava plenamente ocupada por nações altamente experimentadas em guerras e sem um mínimo de temor a Deus. Caso optasse em permanecer no Egito, se tornaria certamente um grande rei com toda a formação que recebeu, e seria também mais um corpo mumificado a ser descoberto por arqueólogos. Para Deus não teria nenhum valor. Mas por abrir mão de seu título e da glória inerente a ele, Deus cuidou de Moises em toda a sua vida, inclusive do seu sepultamento (Dt.34:4-7). Moisés sabia que não poderia tomar parte em um modo de vida fácil e confortável enquanto seus companheiros hebreus estavam escravizados. Devido à sua fé, Moisés sabia que o conforto terreno não era o objetivo final de sua vida.

Moisés é um exemplo de que a fé exige que as pessoas deixem seus próprios desejos de lado por Cristo. Ele era motivado porque tinha em vista a recompensa que Deus lhe daria (Hb.11:26). Embora Moisés não conhecesse pessoalmente Jesus Cristo, ele sofreu para realizar a vontade de Deus e para proclamar o caminho da redenção de Deus para os hebreus. Em lugar de fazer do Egito e deste mundo o seu lar, Moisés deixou o Egito e foi adiante, “porque ficou firme, como vendo o invisível (Hb.11:27). Pela fé, ele estava certo daquilo que não podia ver (Hb.11:1). Que possamos seguir o exemplo de fé de Moisés na nossa jornada espiritual!

III. A FÉ QUE DÁ PODER PARA AVANÇAR

1. A ousadia de Josué. “Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias” (Hb.11:30).

Josué era conhecido pela profunda confiança em Deus, como um homem cheio do Espírito Santo (Nm.27:18). Na península do Sinai, foi Josué quem comandou as tropas de Israel na vitória sobre os amalequitas(Êx.17:8-13). Somente ele teve permissão de subir com Moisés ao monte santo, onde foram outorgadas as tábuas da lei (Êx.24:13,14). E foi ele quem ficou de vigia na provisória tenda de encontro, que Moisés levantou antes de erigir o tabernáculo (Êx.33:11). Certamente, dentre os nomes mais importantes da história de Israel, Josué destaca-se como um personagem que tem servido de modelo de liderança. Escolhido por Deus, ele foi um líder moldado por Moisés ao longo da peregrinação de Israel, especialmente a partir da saída dos israelitas da terra do Egito em sua peregrinação no deserto.

Foi líder guerreiro desde a juventude.  É chamado de moço (Êx.33:11) poucos meses após sair de Egito, provavelmente tendo mais ou menos trinta anos de idade. Perante os ataques dos amalequitas, Moisés lhe diz: “Escolhe alguns de nossos homens e lute contra os amalequitas. Amanhã tomarei posição no alto da colina, com a vara de Deus em minhas mãos”(Êx.17:9). Apesar de ser tão jovem, foi escolhido entre os 40.500 homens de guerra de sua tribo, Efraim (Nm.2:18,19), como o melhor para espiar a terra de Canaã (Nm.13:2,8). 

Josué foi o grande líder escolhido por Deus para suceder a Moisés na condução do povo à Terra Prometida. Após a travessia do Jordão, o primeiro desafio de Josué foi conquistar a fortificada Jericó. O ingresso na Terra Prometida não poderia ser feito enquanto Jericó permanecesse de pé. Essa não era uma tarefa fácil. Exigiria dos israelitas confiança e fé em Deus para derrotar uma cidade de grandes fortalezas e muros muito altos que escondiam tudo o que havia em seu interior (Js.6:1).

Jericó tinha uma característica importante: quando era ameaçada e o medo surgia, seus habitantes se recolhiam dentro dos seus muros, fechando-se. Conquistar aquela cidade era estratégico por duas razões: primeiro, porque nada do que nela havia agradava a Deus; segundo, porque aquela fortaleza deveria exercer certa influência de insegurança e medo no povo de Deus (parece-me que Josué olhava para ela com certo temor – Js.5:13,14). Conquistá-la e destruí-la liberaria o povo de Deus da contaminação de Jericó e da insegurança que ela trazia.

Deus fala a Josué dando as instruções de como deveria proceder à conquista: a cidade deveria ser cercada por seis dias; sete sacerdotes levariam sete buzinas; no sétimo dia rodeariam a cidade sete vezes e os sacerdotes tocariam as buzinas; quando o povo ouvisse as buzinas, gritaria e assim o muro cairia. Assim aconteceu. Os israelitas entraram na cidade e destruíram totalmente o que havia na cidade ao fio da espada, poupando somente Raabe e sua família. A cidade e tudo o que havia na cidade foi queimado.

A conquista de Jericó aconteceu quase 3.500 anos atrás, mas a conquista serve como um exemplo importante para nos instruir. Paulo disse que os exemplos do Antigo Testamento servem para nos instruir (1Co.10:6) e para demonstrar a fidelidade de Deus em cumprir as suas promessas (Rm.15:4).

Fé em Deus, obediência aos seus desígnios e ousadia são requisitos indispensáveis para aqueles que almejam superar todos os obstáculos da vida espiritual e destruir as fortalezas do inimigo – “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas”(2Co.10:4). Nossa luta é contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12). Por isso, as armas carnais e humanas, tais como, habilidade, riqueza, capacidade organizacional, eloquência, persuasão, influência e personalidade, são em si mesmas inadequadas para destruir as fortalezas de Satanás. As únicas armas adequadas para desmantelar os arraiais de Satanás, a injustiça e os falsos ensinos são as que Deus nos dá. Paulo alista algumas dessas armas: a dedicação à verdade, uma vida de retidão, a proclamação do evangelho, a fé, o amor, a certeza da salvação, a Palavra de Deus e a oração perseverante (Ef.6:11-19; 1Ts.5:8). Mediante o emprego dessas armas contra o inimigo, a igreja sairá vitoriosa.

2. A coragem de Raabe. “Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias” (Hb.11:31).

Na queda de Jericó, Raabe escapou com vida. Josué ordena o rasgaste de Raabe e sua família (Js.6:17,25). Raabe e sua casa foram poupadas porque ela teve fé em Deus e ajudou os espias israelitas (Hb.11:31). Tiago também faz menção à fé dessa mulher quando diz: “E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho?” (Tg.2:25). Embora fosse uma mulher pagã, com atitudes totalmente repreensíveis, Raabe reconheceu o poderio e a grandeza do Deus de Israel. Ela creu que o Senhor era poderoso para subjugar a cidade de Jericó, apesar de sua fortaleza e fama; por isso tornou-se o elo da vitória de Israel sobre o restante de Canaã.

Raabe tornou-se uma pessoa muito especial, porque, depois de ter constituído um piedoso lar com Salmom, e ter gerado a Boaz(Rt.4:21), bisavô de Davi, passou a integrar a genealogia de Davi e de Jesus(Mt.1:5,6). Isto ilustra o fato que Deus aceita qualquer pessoa “que em qualquer nação, o teme e faz o que é justo”(At.10:35). A fé de Raabe deve servir de inspiração e motivação para quem está na jornada rumo à Canaã celestial.

3. O heroísmo de Gideão. O autor fecha a sua lista dos heróis da fé citando vários personagens bíblicos. O autor apresentou uma lista imponente de homens e mulheres que demonstraram fé e perseverança no período do Antigo Testamento.

“E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos” (Hb.11:32-34).

Observe que o autor faz uma pergunta retórica: “e que mais direi?” (Hb.11:32). O que mais ele teria de apresentar para deixar claro o que pensa? Não lhe faltavam exemplos, mas tempo. Levaria muito tempo para entrar em detalhes, então ele se satisfaria em nomear alguns e dar uma breve lista de triunfos e provas de fé.

A lista é encabeçada por Gideão, um dos juízes durante o regime tribal israelita. Ele foi um dos juízes de Israel escolhido por Deus para livrar o povo de Israel dos seus inimigos. Gideão foi desafiado por Deus a buscar o livramento do seu povo por meio da fé. O exército comandado por ele foi reduzido de trinta e dois mil para trezentos. Primeiro foram mandados para casa os covardes e depois os que pensavam demais no próprio conforto. Com um time ferrenho de verdadeiros discípulos, Gideão derrotou os midianitas (cf. Juízes 6:11-8:35). Gideão venceu os midianitas pela fé; ele confiou na Palavra do Senhor que lhe daria a vitória. Deus não conta com número, Ele conta com quem tem fé. Nós também podemos obter a vitória pela fé em Cristo.

CONCLUSÃO

A lista dos gigantes da fé que estudamos não é exaustiva, e o próprio autor deixa essa impressão. Todavia, ela é suficiente para nos incentivar a seguir com fé o desconhecido futuro prometido, independentemente das circunstâncias. A nossa vida pode não incluir o tipo de acontecimentos dramáticos registrados no capítulo dos heróis da fé, que foi estudado, mas certamente inclui momentos em que a nossa fé é posta à prova. Devemos dá testemunho nesses momentos, publicamente e honestamente, e, desta forma, incentivar a fé de outras pessoas. A fé nos leva a suportar a perseguição (Hb.11:27) e nos leva a sofrer por amor a Deus (Hb.11:25,35-38). A única forma de não retroceder é caminhar com fé. A fé derruba o obstáculo, abate o inimigo e levanta o abatido. A fé deve ter como fundamento alguma revelação de Deus, alguma promessa de Deus. Não é um tatear no escuro. Ela exige a evidência mais segura no universo, que é encontrada na Palavra de Deus. Ela não está limitada a possibilidades; ela invade o reino da possibilidade. Alguém disse: “A fé começa onde terminam as possibilidades. Se é possível, não há nisso glória para Deus”.

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Luciano de Paula Lourenço