4º Trimestre/2018
Texto Base: Marcos 4:30-32; Mt.13:31-33; Lucas 13:18,19; Marcos 4:30-32.
"[...] Porque eis que o Reino de Deus está entre vós" (Lc.17:21).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo das Parábolas de Jesus, estudaremos nesta Aula a respeito da Parábola da Semente de Mostarda e da Parábola do Fermento. Nestas Parábolas, Jesus trata do crescimento do Reino de Deus, que deve ser analisado sob o aspecto espiritual, pois o Reino de Deus não é deste mundo (cf. João 18:36a). Estas Parábolas não foram interpretadas por Jesus, ao contrário da Parábola do Semeador, não se tendo, portanto, a tranquilidade do caso anterior, ou seja, da Parábola do Semeador, onde não cabe discussão, já que a interpretação foi feita pelo próprio Jesus. Não é, portanto, surpresa que encontremos ideias tão díspares entre os ensinadores dos referidos textos sagrados. Devemos, portanto, ser cautelosos na interpretação, lembrando que uma parábola não pode dar origem a qualquer doutrina, pois é uma explicação, uma ilustração de uma doutrina. O objetivo de Jesus, nestas duas Parábolas, é fazer uma ilustração do crescimento do Reino de Deus. Na narrativa de Mateus, Jesus já havia falado a respeito da boa terra, que era o que foi semeado pela Palavra de Deus, ouviu e compreendeu a Palavra, deu fruto e produziu (Mt.13:23); agora, vai dar uma ideia do que é o Reino de Deus e o seu crescimento; para tanto, usa das figuras da Semente de mostarda e do fermento.
I. INTERPRETAÇÃO DAS PARÁBOLAS SOBRE O REINO DE DEUS
1. A Parábola da Semente de mostarda (Lc.13:19). A Mostarda é uma das mais antigas hortaliças conhecidas, tendo sido utilizada, desde as mais remotas eras, para a produção de condimentos. É popularmente conhecida como tempero inseparável de hot-dogs. Sua história pode ser traçada até três mil anos atrás, quando era amplamente utilizada por egípcios, gregos, romanos e povos asiáticos.
Existe um consenso sobre a verdade central que o Senhor Jesus quis revelar ao propor a Parábola da Semente de mostarda. Ela diz respeito ao crescimento da Igreja que foi fundada no calvário, inaugurada no Pentecostes, e que, hoje, está em toda a Terra, mas que, em breve estará no Céu. Esta Parábola aponta para o crescimento externo e visível do Reino de Deus no mundo.
Não resta dúvida de que a ilustração feita por Jesus pegou a todos de surpresa. Ao falar no Reino dos céus (ou Reino de Deus, nos evangelhos segundo escreveram Marcos e Lucas), seria natural que os ouvintes do Mestre Jesus se voltassem aos tempos gloriosos do reinado de Salomão, ou, quem sabe, ao período de grandes vitórias militares de Davi. Até mesmo alguém poderia esperar que Jesus fosse comparar o Reino de Deus à glória de Roma, a senhora do mundo de então, ou aos esplendores passados dos impérios babilônio, persa ou grego; mas, ao trazer a figura do Reino de Deus, Jesus não usa de coisa alguma que fosse humana. Talvez se esperasse que a melhor imagem do Reino de Deus fosse o leão, animal majestoso que, até hoje, é denominado de “o rei dos animais”; aliás, não era o leão o símbolo da tribo de Judá, a tribo real, a descendência de Davi, de onde proviria o Messias (Gn.49:9)? E se fosse escolhida uma imagem no reino vegetal, não seria o Reino de Deus apropriadamente representado pela oliveira, ou pela figueira, ou pela videira, árvores excelentes, que tanto bem traziam ao ser humano e cujos frutos eram assaz benéficos e desejáveis? No entanto, Jesus preferiu apresentar como figura do Reino de Deus a Semente de mostarda. Jesus queria que os discípulos entendessem que mesmo uma semente tão pequena é capaz de produzir um grande resultado.
a) A Lição dos contrastes. Jesus comparou o Reino de Deus à Semente de mostarda, algo comum, algo insignificante, pois a Semente de mostarda é uma das menores sementes de hortaliças. É o mais eloquente exemplo de crescimento que existe, pois, sendo a sua semente uma das menores que existe, é a maior das hortaliças, alcançando, no seu ano de vida, um crescimento vertiginoso.
A comparação com a Semente de mostarda tem a ver, portanto, com o crescimento do Reino de Deus. A semente mostarda, embora seja insignificante em seu início, não tenha qualquer parecer ou formosura, uma vez plantada, tem um crescimento rápido e espantoso, crescimento este que, também, ao contrário das árvores perenes, que perduram por anos (algumas até por séculos, como é o caso das sequoias e dos carvalhos), rapidamente o seu fruto é colhido assim que estiver pronto para ser consumido. Assim, também, é o Reino de Deus, que não tem nenhum parecer ou formosura, a exemplo do seu introdutor, Jesus (Is.53:2), rapidamente será recolhido, logo que o seu fruto estiver pronto.
A Obra de Deus não vive de aparência. Os testemunhos, através dos séculos da história da igreja, sempre foram os mesmos: o trabalhar de Deus começou de modo insignificante, totalmente despercebido dos homens, mas teve sempre um crescimento vertiginoso, rápido e inimaginável. Quem poderia achar que uma pequena reunião, como a que foi realizada na famosa rua Azuza, nos Estados Unidos, iria redundar no movimento pentecostal que existe há pouco mais de cento e cinco anos e que está em todo o mundo? Quem poderia enxergar em dois simples estrangeiros, desembarcados em Belém do Pará, sem nenhuma aparência que chamasse atenção, poderiam iniciar um movimento tão maravilhoso como é o movimento pentecostal das Assembleias de Deus, que redundaria na maior igreja pentecostal no Brasil, e que existe há mais de 105 anos? Este é o trabalhar do Reino de Deus, e Jesus nos ensina que assim há de ser até o Dia em que se der o final da dispensação da graça.
b) O Campo de semeadura - “o Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo”(Mt.13:31). Aqui, o campo é o mundo, não o mundo no sentido espiritual, aquele que “está no maligno”, e sim no sentido físico, aquele que tem como sua base territorial a Terra. O dono do Campo é Aquele que disse: “...toda a terra é minha”(Sl.24:1). É, pois, na Terra o “campo” onde a Igreja, como representante do Reino de Deus, está sendo formada. Esta Igreja, que se iniciou como uma semente de mostarda, um Dia ela será uma “Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef.5:27). Assim, se lá no princípio, ela foi fundada sem qualquer “aparência exterior”, aqui ela é descrita por Paulo como sendo uma Igreja gloriosa; assim, se lá no princípio, estavam reunidos no Cenáculo apenas “quase cento e vinte pessoas”(Atos 1:15), no futuro, lá no Céu, o apóstolo João que havia dado o número dos anjos como sendo de “milhões de milhões e milhares de milhares”(Ap.5:11), não arriscou um número para calcular a multidão que compunha a Igreja, limitando-se a dizer: “Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, e povos, e línguas, estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos”(Ap.7:9). E pensar que tudo começou à semelhança de “uma semente de mostarda”.
c) A forma de crescimento. “..., mas, crescendo, é a maior das plantas”. Como a verdade central desta Parábola era a de ensinar sobre o rápido crescimento da Igreja, embora começando sem qualquer aparência exterior, é claro que o Senhor Jesus não iria usar a figura de uma árvore, como a figueira, ou a oliveira, ou qualquer outra que demorasse muitos anos para se desenvolver, e dar frutos. Jesus usou a figura da Semente de mostarda porque ela é uma das hortaliças, e as hortaliças crescem de uma maneira muito mais rápida que as árvores de outras espécies. Com efeito, a Igreja que começou com “o Semeador” que “saiu a semear”, que foi inaugurada no Pentecostes, quando ali no Cenáculo estavam reunidos “quase cento e vinte pessoas”(Atos 1:15), começou a crescer tal como cresce uma hortaliça, conforme podemos constatar pelo livro de Atos dos Apóstolos.
Logo no dia da inauguração, após a pregação de Pedro, “o Pé de Mostarda” teve um considerável crescimento: “...agregaram-se quase três mil almas”(Atos 2:41). A partir daí o “Pé de Mostarda” não parou mais de crescer. Em Atos 4:4 lemos que “muitos dos que ouviram a Palavra creram, e chegou o número desses homens a “quase cinco mil”. O número, agora já não dava para contar, falava-se em multidão – “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”(Atos 5:14). Depois passou a falar-se em multiplicação: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos e grande parte dos Sacerdotes obedecia a fé “(Atos 6:7). Em seu crescimento, “o Pé de Mostarda” começou a estender “seus ramos” para fora de Jerusalém – formaram-se as Igrejas Locais; como projeção dos “Ramos”, “...as igrejas em toda a Judéia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas, e se multiplicavam”(Atos 9:31). A Igreja cresceu tal como cresce uma hortaliça, no caso, a mostarda. Pouco mais de trinta anos depois de sua fundação, a Igreja já havia alcançado todo o Império Romano, o que significa dizer que a Igreja havia chegado “...aos confins da terra”(Atos 1:8), conforme declaração de Paulo, quando falou do “evangelho que já chegou a vós, como também está em todo o mundo”(Cl.1:5,6). Continuando a crescer... chegou até nós!
d) As ameaças ao crescimento: os ninhos das aves - “de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos” (Mt.13:32). O crescimento do Reino de Deus sempre tem gerado o surgimento de “ninhos de aves dos céus” no meio do povo de Deus, com grandes malefícios para a Obra de Deus. Observando as Igrejas Locais no Brasil, não podemos deixar de ver a repetição do que aconteceu nos dias de Constantino. Hoje, o povo de Deus no Brasil já não é mais tão perseguido como antigamente; a arma do inimigo não tem sido mais o uso de fogueiras de Bíblias ou as pedras que, décadas atrás, eram atiradas nos pequenos salõezinhos ou nos humildes templos dos nossos irmãos. Hoje, o adversário não mais precisa fazer uso destes expedientes, porque já tem grandes “ninhos” na mostarda adulta, “ninhos” como os interesses político-partidários de alguns, o mercantilismo de outros, a vida fácil e luxuosa de muitos. Para muitos, as igrejas locais passaram a ser meio de vida, fonte de sobrevivência, causa de lucro, currais eleitorais, assim como fora predito nas Santas Escrituras (2Pd.2:1-3). O resultado deste estado de coisas é o prejuízo para a Obra de Deus, a perda de esplendor da “Mostarda” adulta, que, com tantas aves, já não poderá mais se mostrar claramente para aqueles que têm de iluminar e de salgar.
e) As Aves do céu. “...de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos”(Mt.13:32). Jesus informa que, por causa da aparência do Reino de Deus, que é a mostarda adulta, o arbusto maior, a maior das hortaliças, aquela que teve o maior crescimento relativo, a ela vem as “aves dos céus”, buscando ali abrigar-se ou aninhar-se (Mt.13:32; Mc.4:32; Lc.13:19). Grande discussão tem surgido com relação à identificação destas “aves do céu” que “se aninham” nos “ramos” do “pé de mostarda”.
· Alguns entendem que essas “aves” representam “Satanás e seus demônios”, o que nos causa estranheza. Porém, elas não fazem seus ninhos entre os ramos, mas, nos ramos. Assim, temos dificuldade para aceitar Satanás e seus demônios “aninhados” na Igreja, que é a Noiva do Cordeiro. Portanto, não há respaldo para aceitar esta interpretação.
· Outros afirmam que essas “aves do céu” representam os pecadores, os incrédulos na pessoa de políticos e outros oportunistas que procuram se infiltrar na Igreja, com aparência de crente, para dela tirar algum tipo de vantagens pessoais e materiais. Porém, a maioria dos estudiosos discorda, também, que essas “aves do céu” sejam esses “oportunistas”, embora acreditemos que eles, de fato, estejam infiltrados no meio do povo de Deus, mas, na condição de “joio”, conforme o Senhor Jesus se referiu na Parábola do trigo e do joio.
· Outros identificam “as aves do céu” como sendo os gentios, que desde o centurião Cornélio, sua família e seus amigos, continuam encontrando nos “ramos do pé de Mostarda”, um lugar seguro onde podem descansar, após aceitarem o convite de Jesus (Mt.11:28). Os que assim pensam, entendem que, em outras passagens bíblicas em que árvores foram consideradas como reinos, as aves sempre foram identificadas com os povos da Terra. No sonho de Nabucodonosor, o rei foi comparado a uma árvore, e as aves dos céus e os animais do campo que estavam sob esta árvore foram interpretados por Daniel como sendo os povos que estavam sob o domínio babilônico (Dn.4:22). Em Ez.31, a Assíria é comparada a um cedro e as aves do campo que se aninhavam nele aos povos que estavam sob seu domínio (Ez.31:6,12). Por isso, entendem estes que, com relação “às aves do céu” da Parábola, mui provavelmente, isso significa, do ponto de vista simbólico, que os gentios serão recolhidos dentro do reino. Esta é uma interpretação particularmente valiosa aos segmentos que creem que o mundo todo se converterá e só então virá o fim, como é o caso dos amilenistas e dos pós-milenistas na escatologia. É claro que isto vai de encontro aos ensinos das Escrituras Sagradas; um estudo superficial das Escrituras refuta esse falso entendimento.
· Para nós, entendemos que as “aves do céu”, que são abutres ou aves de rapina, simbolizam o mal e retratam o fato de que a grande Babilônia, representando a igreja apóstata, tornar-se-ia um lugar de descanso de todas as formas de corrupção. Não foi isso que aconteceu a partir de Constantino, e que ainda permeia o cristianismo apóstata? Em Ap.18:2, o apóstolo João narra que a “grande Babilônia”, representando a igreja apóstata, torna-se morada de demônios e esconderijo “de toda ave imunda e aborrecível”. Todavia, chegará o Dia da Ceifa, e todos aqueles que não tiverem dado fruto, porque se desligaram da planta e se recolheram ao conforto e mordomia dos ninhos, não serão colhidos, não serão alojados no Celeiro, mas, juntamente com as “aves”, a quem está destinado o Lago de Fogo e Enxofre (Mt.25:41), sofrerão eternamente (Mt.13:42). Enquanto a “ceifa” não é realizada, o Reino de Deus aceitará, nos seus “ramos”, isto é, na sua comunidade, as “aves do céu”, isto é, os agentes do mal que removem as sementes da Verdade (ver Mt.13:4,19).
2. A Parábola do Fermento (Lc.13:20,21). Se a Parábola da Semente da mostarda fala sobre a expansão do Reino, a Parábola do Fermento fala sobre sua influência incisiva e interna do Reino de Deus.
A Parábola do Fermento diz que a “mulher” toma o fermento e o introduz em três medidas de farinha. Observe que a “mulher” traz consigo o fermento, mas não a farinha. Sua mercadoria é o fermento.
“Disse mais: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado”.
Segundo alguns intérpretes, a “mulher” representa a Igreja, e o “fermento” é sinal do crescimento do Reino de Deus, simbolizando, aqui, o mesmo que a Semente de mostarda. Porém, não entendemos desta forma. Entendemos que a Parábola do fermento representa o crescimento não sadio do Reino de Deus. Jesus diz que a “mulher” toma o “fermento” e o introduz em “três medidas de farinha”, indicando que havia farinha em abundância, dando a ideia, portanto, de totalidade e desnecessidade de acréscimo de fermento para que houvesse crescimento quantitativo. Observe que no ritual da páscoa judaica, os pães asmos são divididos em três fileiras, que representam todo o povo de Israel: um, representando as tribos de Israel; outro, os levitas, que não tiveram herança no meio do povo; e uma terceira fileira, representando a família de Arão, ou seja, os sacerdotes. As “três medidas de farinha”, portanto, representam a totalidade do povo de Deus, de modo que não haveria o que acrescentar. Portanto, como já estava toda a farinha quando chegou a mulher, vemos que o fermento não representa qualquer crescimento qualitativo.
Nas Escrituras Sagradas, o fermento é considerado tipo da presença do mal ou da impureza. Ele fermenta, desintegra ou corrompe. É empregado para representar o falso ensino e as doutrinas malignas dos fariseus, do saduceus (Mt.16:6,12), e dos herodianos (Mc.8:15). Em 1Co.5:6-8, ele representa a “maldade e malicia”, em contraste com a “sinceridade e verdade” (Gl.5:9). Por isso, muitos entendem que o fermento nesta Parábola refere-se a doutrinas falsas e malignas e à injustiça, que se alojam no atual reino visível de Deus.
Conforme Lucas 13:21, Jesus diz que a mulher tomou o fermento e o “escondeu”, ou seja, misturou de modo a não ser notado. Percebe-se, portanto, que este fermento não pode representar senão a falsa doutrina, senão uma furtiva entrada do maligno no meio do povo de Deus, representando, assim, o mesmo que as “aves do céu” na Parábola da Semente de mostarda.
O fermento não produz um verdadeiro crescimento nas medidas de farinha, mas, sim, um “inchaço”, pois a fermentação nada mais é do que a efervescência gasosa causada pela reação química da ação do fermento, formando áreas ocas e vazias no meio do pão ou do que for fermentado. Áreas vazias nos levam à vaidade, que é a qualidade de ser vazio, e neste processo não há qualquer crescimento verdadeiro, mas apenas uma aparência e nada mais.
Ainda há uma razão para entendermos que a farinha não poderia ser misturada com o fermento. A Bíblia diz que o salvo é uma nova criatura em Cristo Jesus (2Co.5:17: Gl.6:15) e que devemos sempre viver em novidade de vida (Rm.6:4). Ora, o fermento é símbolo da vida velha (1Co.5:7), pois ele se caracteriza por ser uma substância que necessita de tempo para agir, que se desenvolve através do tempo, enfim, está vinculado ao que ficou para trás. Tanto assim é que, na preparação dos pães asmos, os judeus, até hoje, são muito meticulosos, não permitindo que a preparação exceda mais de 18 minutos, a fim de que não se inicie a fermentação da massa.
Assim, o fermento simboliza o velho homem, a natureza decaída e em decomposição, vitimada pelo pecado; portanto, jamais a sua ação poderia ser considerada como algo salutar e apreciável no meio do povo de Deus.
O povo de Deus traz as “boas novas”, isto é, o evangelho, e sua ação não pode ser assemelhada ao fermento, cujo pseudo-crescimento se dá mediante a decomposição, a decadência. Não nos esqueçamos de que os levedos, que causam a fermentação, são espécies de cogumelos, são seres decompositores.
Vemos, portanto, que, nesta Parábola do Fermento, assim como na da Semente de Mostarda, Jesus nos ensina que o crescimento do Reino de Deus aparecerá a todos, mas, em virtude deste mesmo crescimento, serão introduzidos falsos ensinos, falsas doutrinas no meio do povo de Deus, que gerará, no meio dele, distorção, corrupção e vaidade. Devemos permanecer sem mistura com o pecado, pois só os que forem “asmos” de sinceridade e de verdade herdarão o Reino dos céus.
Este Fermento do mal se espalhará em todos os setores da Obra de Deus. Ele se acha:
- No modernismo, no liberalismo religioso e na Teologia da Libertação, que exaltam o raciocínio humano acima da autoridade das Escrituras(cf. Mt.22:23,29).
- No mundanismo e práticas imorais permitidos por certas igrejas e seus líderes (cf. Ap.cap.2 e 3).
- Na busca da fama ou do poder dentro da igreja, por homens que se preocupam mais com suas próprias ambições do que com a glória de Deus (cf. Mt.23).
- Nas falsas doutrinas (cf. Gl.1:9).
- Nos falsos mestres (cf. Mt.24:11,24).
- Nos cristãos nominais, que nunca nasceram de novo (cf. Mt.23; Jd.12-19).
No início do fim de todas as coisas, esses males se infiltrarão na Obra de Deus com maior intensidade, através das denominações das igrejas locais, dos institutos bíblicos, das faculdades de teologia, dos seminários e dos ministérios – todos liberais, até o ponto de o evangelho apostólico do Novo Testamento e a vida santificada ser coisas raras de se ver.
Todo cristão deve tomar cuidado para que o fermento do mal não afete sua vida. O segredo da vitória contra isso consiste em sempre olhar para Jesus com fé (Hb.12:2,15; Tt.2:13), em desprezar as coisas do mundo (1João 2:15-17; Tg.1:27), em permanecer na Palavra de Deus (João 15:7; Tg.1:21), aguardar a volta de Cristo a qualquer momento (Lc.12:35-40), em constantemente ouvir e obedecer à voz do Espírito Santo (Rm.8:12-14; Gl.5:16-18), em estar disposto a sofrer com Cristo (Rm.8:17) e por Cristo (Fp.1:29), em lutar contra as formas do mal (1Co.10:6; 1Ts.5:15; 1Pd.3:11), em defender o evangelho (Fp.1:17), e em revestir-se de toda a armadura de Deus (Ef.6:11-18).
II. A EXPANSÃO DO REINO DE DEUS
Existe um entendimento comum, ou um consenso de que, ao propor a Parábola da Semente de mostarda, o Senhor Jesus quis revelar como aconteceria a expansão do Reino de Deus, ou, como seria o crescimento de Sua Igreja, que foi fundada no calvário, inaugurada no Pentecostes, e que, hoje, está em toda a Terra, mas que, em breve estará no Céu. Esta Igreja teve um início revestido de muita humildade, sem qualquer aparência exterior, quase imperceptível aos olhos dos homens, ou à semelhança “de uma semente de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo”.
O Semeador, que saiu a semear, não era um professor, um pós-graduado numa Universidade famosa como a nossa USP, a Sorbone dos franceses, a Harvard dos americanos, ou nem mesmo numa famosa daquela época, situada em Roma, em Alexandria, ou em Jerusalém; pelo contrário, o Semeador, diante dos mestres de Israel, dos escribas, dos fariseus, dos sacerdotes, do ponto de vista humano, era como “uma semente de mostarda”, pois era apenas um jovem carpinteiro que cresceu, trabalhou e estudou na humilde aldeia de Nazaré, na Galileia, de onde, segundo observou Natanael, “alguma coisa boa” não podia vir (João 1:46).
O Semeador por ser semelhante à semente de mostarda, um filho de carpinteiro, e carpinteiro, que nunca tinha estudado numa escola famosa, quando pela primeira vez ensinou na sinagoga de sua cidade, embora seus conterrâneos se maravilhassem “das palavras de graça que saiam de sua boca”, o discriminaram, e não aceitaram seu ensino, dizendo: “não é este o filho de José?”, e levantando-se o expulsaram da cidade e o levaram até o cume do monte em que a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem”(Lc.2:22-29). Contudo, a “Semente de mostarda” cresceu, fez-se árvore, estendeu “seus ramos”, alcançou toda a Terra, e é hoje esta “Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef.5:27).
Três verdades nos chamam a atenção nesta Parábola (Adaptado do Livro “Lucas”, de Hernandes Dias Lopes).
1. O Reino de Deus começou de forma humilde e despretensiosa. A semente da mostarda é um símbolo proverbial daquilo que é pequeno e insignificante. Era a menor semente das hortaliças (Mc.4:31). Foi usada para representar uma fé pequena e fraca (Lc.17:6). A Igreja, agente do Reino de Deus, começou pequena e fraca em seu berço; o Reino chegou com um bebê deitado numa manjedoura. Jesus nasceu em uma família pobre, numa cidade pobre, e cresceu como Filho de um carpinteiro pobre. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Seus apóstolos eram homens iletrados. O Messias foi entregue nas mãos dos homens, preso, torturado e crucificado entre dois criminosos. Seus próprios discípulos o abandonaram. A mensagem da cruz era escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Em todas as coisas do Reino, o mundo vê as marcas da fraqueza. Aos olhos do mundo, o começo da Igreja reveste-se de consumada fraqueza.
2. Grandes resultados desenvolvem-se a partir de pequenos começos (Lc.13:19). A Parábola do grão de mostarda é a história dos contrastes entre um começo insignificante e um desfecho surpreendente, entre o oculto hoje e o revelado amanhã. Grandes rios surgem em pequenas nascentes de água; o carvalho forte e alto cresce a partir de uma pequena noz. O Reino de Deus é como tal semente: seu tamanho atual e sua aparente insignificância não são, de modo algum, indicadores de sua consumação, a qual abrangerá todo o universo.
A Igreja cresceu a partir do Pentecostes de forma exponencial. Aos milhares, os corações iam se rendendo à mensagem do evangelho. Os corações duros eram quebrados. Doutores e analfabetos capitulavam diante do poder da Palavra de Deus. A Igreja expandiu-se por toda a Ásia, África e Europa. O Império Romano, com a sua força, não pôde deter o crescimento da Igreja. As fogueiras e as crucificações não puderam destruir o entusiasmo dos cristãos. As prisões não intimidaram os discípulos de Cristo que, por todas as partes, preferiram morrer a blasfemar. Os cristãos preferiam o martírio à apostasia.
A Igreja continua ainda crescendo em todo o mundo. De todos os continentes, aqueles que confessam o Senhor Jesus vão se ajuntando a essa grande família, a esse imenso rebanho, a essa incontável hoste de santos.
O Reino de Deus é como uma pedra que quebra rodos os outros reinos e enche toda a Terra como as águas cobrem o mar. Observe que quarenta anos depois da morte e ressurreição de Cristo, o evangelho tinha chegado a todos os grandes centros do mundo romano. Desde aquele tempo, ele continua se expandindo e ganhando pessoas de todas as raças e nações. É a expansão do Reino de Deus em evidência.
3. Não despreze os pequenos começos. Como já dissemos, a Igreja teve um inicio revestido de muita humildade, sem qualquer aparência exterior, quase imperceptível aos olhos dos homens, ou à semelhança “de um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo”. Contudo, apesar de um começo sem “toques de trombetas”, tal como uma hortaliça, a Igreja teria um rápido crescimento, da mesma forma que o pé de mostarda que “...crescendo é a maior das plantas e faz-se uma árvore”; visto que embora sendo uma hortaliça, chega a atingir até quatro metros de altura. Paulo escreve em uma de suas epístolas que Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as forte; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são (1Co;1:27,28).
Convém lembrar que os padrões de Deus são diferentes dos nossos. Para Deus, não há coisa pequena nem grande; para Deus, os pequenos começos têm a mesma dimensão dos grandes começos; para Deus, o nada é a sua principal matéria prima para realização de grandes feitos; foi do nada que Ele criou os céus e a Terra.
Nos desperta a pergunta levantada pelo profeta Zacarias: "[...] quem despreza o dia das coisas pequenas?" (Zc.4:10). Veja alguns exemplos notáveis: Gideão com poucos homens venceu um grande exército (Jz.7:6,12); Sansão com uma queixada de jumento matou mil (Jz.15:14,15);Josafá venceu um grande exército tocando instrumentos (1Cr.20:2); Davi, ainda moço, matou Golias com uma pequena pedra (1Sm.17:49,50); um pequeno prumo na mão de Zorobabel foi o suficiente para dar inicio a uma grande obra (Zc.4:10); Elias, na casa da viúva em Sarepta, alimentou uma família e ele mesmo com pouca farinha e pouco azeite (1Rs.17:10-16); dívida alta foi paga com um pouco de azeite (2Rs.4:1-7); vinte pães alimentaram cem homens (2Rs.4:41,32); a pequena moeda depositada pela viúva no ofertório foi a maior (Mc.12:41-44); uma multidão faminta foi alimentada com cinco pães e dois peixinhos (Mt.4:17). Portanto, “não julgueis segundo a aparência” (João 7:24); “nada julgueis antes do tempo” (1Co.4:5).
III. QUEM PARTICIPA DO REINO DE DEUS?
Não se entra no Reino de Deus de qualquer forma, é necessário ser discípulo do Rei Jesus. É preciso ser discípulo de Cristo (Mc.8:34-38) para participar do Reino de Deus. Todavia, o tema do discipulado tem sido esquecido em muitas igrejas locais na atualidade. Mas, se prestarmos atenção à chamada Grande Comissão, temos o mandamento de "fazer discípulos" (Mt.8:19,20). Enfim, no final de todas as coisas, quando Rei Jesus selar as portas do seu Reino, somente os discípulos de Cristo entrarão nele.
1. Quem toma uma decisão. Para participar do Reino de Deus é preciso pagar o preço do discipulado, é preciso tomar uma grande decisão: negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz.Multidões que seguiam a Jesus estavam apenas atrás de milagres e prazeres terrenos, e não estavam dispostas a trilhar o caminho da renúncia nem pagar o preço do discipulado. Porém, Jesus “chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me” (Mc.8:34).
Jesus exige dos seus seguidores espírito de renúncia e sacrifício. Jesus nunca tratou de subornar os homens oferecendo-lhes um caminho fácil. Não lhes ofereceu amenidades, ofereceu-lhes glória. Veja no texto em epígrafe que o discipulado é uma proposta oferecida a todos indistintamente. Jesus dirige-se não apenas aos discípulos, mas também à multidão. O discipulado não é apenas para uma elite espiritual, mas para todos quantos quiserem seguir a Cristo.
Então, para tomar uma decisão de entrar no Reino de Deus é necessário abraçar o caminho da cruz. Ao longo da jornada, certamente, haverá várias tentativas para afastar você de Jesus, do caminho. Foram várias as tentativas para afastar Jesus da cruz: Satanás o tentou no deserto; a multidão quis fazê-lo rei e; Pedro tentou reprová-lo. Mas, Jesus rechaçou todas essas propostas com veemência. Assim, também, devemos agir. Fuja do pecado, mas não fuja do caminho certo. Pelo contrário, cada dia, tome a sua cruz, renuncie os prazeres deste mundo, e siga a Jesus, com resiliência, pois, só os fortes, os resilientes, participarão do Reino de Deus.
Muitos querem apenas o glamour do evangelho, mas não a cruz. Querem os milagres, mas não a renúncia. Querem prosperidade e saúde, mas não arrependimento. Querem o paraíso na Terra e não a bem-aventurança no Céu. Jesus falou que o homem que vai construir uma torre sem calcular o custo ou o general que vai a uma guerra sem avaliar com quantos soldados deve contar é uma pessoa tola. Precisamos calcular o preço do discipulado, ele não é barato.
2. Quem tem uma relação pessoal com Jesus. Para se ter uma relação pessoal com Jesus é preciso negar-se a si mesmo; e negar-se a si mesmo é permitir que Jesus reine supremo onde o ego tinha previamente exercido controle total; é necessário, de fato, ser seu seguidor. Jesus só tem uma espécie de seguidor: discípulos. Ser discípulo de Cristo não é abraçar simplesmente uma doutrina, é seguir uma Pessoa, é seguir a Pessoa de Cristo para o caminho do sofrimento, é abraçar a vereda do sacrifício, mas, o fim é glorioso: a vitória.
Jesus ordenou a sua Igreja a fazer discípulos e não admiradores. Ser discípulo não é ser um admirador de Cristo, mas um seguidor. Um verdadeiro discípulo segue as pegadas de Cristo (1Pd.2:21). Assim como Cristo escolheu o caminho da cruz, o discípulo precisa seguir a Cristo não para o sucesso, mas para o calvário. Não há Céu sem renúncia nem coroa sem cruz. Essa cruz não é uma doença, um inimigo, uma fraqueza, uma dor, um filho rebelde, um casamento infeliz; não é a exigência da flagelação e da renúncia ao casamento. Essa cruz fala da nossa disposição de morrer para nós mesmos, para os prazeres e deleites; é considerar-se morto para o pecado e andar com um atestado de óbito no bolso.
3. Quem tem uma caminhada dinâmica com Cristo. O discipulado é um convite para uma caminhada dinâmica com Cristo – “e siga-me” (Mc.8:34). Este desafio nos é exigido todos os dias, em nossas escolhas, decisões, propósitos, sonhos e realizações. Seguir a Cristo é imitá-lo, é fazer o que Ele faria em nosso lugar, é amar o que Ele ama e aborrecer o que Ele aborrece, é viver a vida na sua perspectiva, é crer nele (João 3:16), é caminhar em seus passos (1Pd.2:21) e obedecer ao seu comando (João 15:14), por gratidão pela salvação nele (Ef.4:32-5:1). Paulo reafirmou esse processo de conformar-se com Cristo na sua morte (Fp.3:10). Ele sabia que não se pode ter Jesus no coração sem carregar uma cruz nas costas.
Para ter uma caminhada dinâmica com Cristo o discípulo precisa conhecer a necessidade da renúncia. Observe o que Jesus disse:
“Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará” (Mc.8:35).
O que Jesus está dizendo é que o discipulado implica no maior paradoxo da existência humana. Os valores de um discípulo estão invertidos: ganhar é perder e perder é ganhar. O discípulo vive num mundo de ponta-cabeça. Para ele ser grande é ser servo de todos; ser rico é ter a mão aberta para dar; ser feliz é renunciar aos prazeres do mundo. Satanás promete a você glória, mas no fim lhe dá sofrimento.
Vivemos numa sociedade embriagada pelo hedonismo. As pessoas estão ávidas pelo prazer. Elas fumam, bebem, dançam, compram, vendem, viajam, experimentam drogas e fazem sexo na ânsia de encontrar felicidade. Contudo, depois que experimentam todas as taças dos prazeres, percebem que não havia aí o ingrediente da felicidade. Salomão buscou a felicidade no vinho, nas riquezas, nos prazeres e na fama e viu que tudo era vaidade (Ec.2:1-11). Cristo oferece a você uma cruz, mas no fim lhe oferece uma coroa e o conduz à glória, à vida eterna com Ele no Céu de glória.
O homem natural não entende as coisas de Deus e as vê como loucura; ele considera tolo aquele que renuncia as riquezas e prazeres desta vida para buscar uma herança eterna através da renúncia. Mas Jesus disse que “qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á”. Somos chamados para assegurar os interesses do Reino e, para isso, muitas vezes, temos de deixar de lado os interesses egoístas e a aparente segurança terrena.
CONCLUSÃO
A Parábola da Semente da Mostarda nos apresenta a realidade de que o Reino de Deus teve um início insignificante e, desde então, cresce assustadoramente, e é bastante visível aos olhos do mundo; entendido o mundo aqui como sendo aqueles que ainda não entraram no Reino de Deus, que não nasceram da água e do Espírito (cfr. João 3:5). As pessoas que estão “do lado de fora” do Reino apenas percebem o crescimento da Mostarda, verificam a grandeza de seus “Ramos” e a sua qualidade de trazer sombra (Mc.4:32) aos que estão desalojados, sem rumo nem direção. Os servos do Senhor são os grandes “ramos” da mostarda, “ramos” que são vistos e percebidos como pessoas que estão em um abrigo, que estão debaixo da sombra do Onipotente e desfrutam do Seu descanso (cfr. Sl.91:1).
A Mostarda cresceu muito, já é um grande arbusto, e está chegando a hora da colheita; e quando chegar a ceifa, as “aves”, certamente, baterão em retirada, levando consigo todos aqueles que não tiverem dado fruto, porque se desligaram da planta e se recolheram ao conforto e mordomia dos ninhos. Estes não serão colhidos, não serão alojados no celeiro, mas, juntamente com as aves, serão destinados ao lago de fogo e enxofre (Mt.25:41), e sofrerão eternamente (Mt.13:42).
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FONTE: Luciano de Paula Lourenço
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