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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

5ª lição do 1º trimestre de 2020: A UNIDADE DA RAÇA HUMANA – Subsídio


Texto Base: Atos 17:22-28
"Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais?" (Ml.2:10).
Atos 17:
22-E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
23-porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: Ao Deus Desconhecido. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o que eu vos anuncio.
24-O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens.
25-Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26-e de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação,
27-para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós;
28-porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da “unidade da raça humana”. A doutrina que trata disto chama-se “monogenismo”; ela ensina que todo ser humano é proveniente de um único tronco genético, e as Escrituras Sagradas são a maior autoridade de informação com relação a este tema. As gerações surgidas, desde Adão e Eva até o dilúvio, permaneceram em contínua relação genética com o primeiro casal, de maneira que a raça humana constitui não somente uma unidade no sentido em que todos os homens participaram da mesma natureza humana, mas também uma unidade genética e genealógica, oriunda de um mesmo tronco: Adão e Eva. Com este casal, o Criador formou a primeira instituição divina, a família, dela surgindo todas as outras pessoas existentes. Para este primeiro casal Deus ordenou: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gn.1:28).

I. A UNIDADE RACIAL DO SER HUMANO

A origem divina do homem, a sua unidade racial e psicológica, confirmam a unidade da raça humana, e isto vem de encontro às teorias falaciosas do ateísmo e anticristãs do evolucionismo.

1. A origem divina do ser humano

Já estudamos sobre isto nas duas primeiras Aulas, mas não é demais enfatizar que a origem do ser humano é, indubitavelmente, divina. A criação do ser humano foi uma decisão amorosa e soberana da Santistíssima Trindade - “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn.1:26). O verbo “fazer”, no plural, na primeira pessoa do imperativo, denota que o Criador não estava sozinho, na criação do homem. A compreensão humana não alcança a grandeza daquele momento único e singular, totalmente distinto de todo processo criador dos demais seres. Apesar disso, pode-se entender que, num ponto do planeta, no Oriente, Deus (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) se reuniram solenemente para fazer surgir o novo ser: o homem à imagem e semelhança de Deus, obra prima da criação, que haveria de revolucionar toda a criação.
O fato de que os membros da Trindade falaram entre si indica que este foi um ato transcendental e a consumação da obra criadora. Isto refuta, efusivamente, a teoria da evolução do ser humano; enquanto, esta, ainda não saiu do terreno das hipóteses, a narrativa bíblica faz-se cada dia mais convincente, tendo a boa ciência, não discriminatória, provado a veracidade da narração bíblica.
Certamente, não somos o resultado de um longo e entediante processo evolucionário, mas a coroa de um ato criativo de Deus. De maneira singela, mas verdadeira e literal, a Bíblia Sagrada descreve a formação do homem: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7). Aqui, o fôlego de vida soprado por Deus não é o ar que respiramos, mas a própria vida dada ao homem, a própria imagem e semelhança de Deus. O homem é imagem e semelhança de Deus exatamente porque Deus lhe imprimiu algo de Sua essência, algo que veio diretamente dEle, ao contrário do restante da criação, que foi feito a partir da vontade divina expressa por Sua Palavra.
Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “a simplicidade da narrativa bíblica induz o academicismo incrédulo e blasfemo a buscar outras explicações sobre o nosso aparecimento na terra. No passado, o mito; no presente, a falsa ciência; e, no futuro, a mentira sistemática do Anticristo”.

2. A unidade racial do ser humano

Diversas são as teorias pagãs surgidas que tentam trazer uma explicação contrária às das Escrituras Sagradas com relação à unidade racial do ser humano, mas não se sustentam diante da contundência da narração bíblica.
-Teoria Pré-Adamita. Os defensores desta teoria afirmam que havia homens na terra antes que Adão fosse criado. Eles não negam a unidade da raça humana, contudo considera Adão como o primeiro homem só da raça judaica, em vez de cabeça de toda a raça humana. Existe muitos escritos sobre essa falaciosa teoria; cito apenas uma dessas fontes:https://pt.qwe.wiki/wiki/Pre-Adamite?ddexp4attempt=1.
-Teoria racista. Os defensores desta teoria difundem que hou­ve raças inferiores ao homem antes da aparição de Adão no cenário mundial, pelos idos do ano 5500 a. C. Essas raças, não obstante inferiores aos adamitas, já tinham faculdades distintas dos animais, enquanto que o homem adamita foi dotado de faculdades maiores e mais nobres, provavelmente destinado a conduzir todo o resto da raça existente à lealdade ao Criador. Todavia, os mentores e adeptos desta teoria nunca foram capazes de dar provas da sua veracidade, comparando-a com o ensi­no que a Bíblia oferece quanto à unidade da raça humana.
O racismo é uma distorção maligna do ensino bíblico quanto à unidade genética do ser humano. As Escrituras Sagradas são claras em afirmar que existe apenas uma única raça humana – “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais?” (Ml.2:10).
O apóstolo Paulo, ao contrário do que narram as mitologias pagãs, em seu discurso no Areópago de Atenas, perante os filósofos epicureus e estóicos, deixou bem claro a doutrina bíblica do monogenismo da raça humana, isto é, que todos os homens, apesar de sua diversidade racial e linguística, provêm de um único tronco genético: Adão e Eva. Ele afirmou que Deus “de uma só fez toda a raça humana para habitar sobre a face da terra, havendo fixados os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação" (At.17:26).
Diante dessa proposição, não há o que se negar: todos somos filhos de Adão e Eva. Logo, brancos e negros, judeus e árabes, ocidentais e orientais, somos todos irmãos, no sentido de procedermos do mesmo tronco genético: Adão e Eva. Concluímos, daí, existir apenas uma única raça, que, providencialmente, divide-se, multiplicando-se em famílias, tribos, nações, povos e línguas.
O DNA, conhecido como Ácido Desoxirribonucleico, está aí para não deixar dúvida de que o ser humano provém de um único tronco genético: Adão e Eva. Ele é um composto orgânico cujas moléculas contém as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias de cada ser vivo.
O Projeto Genoma Humano, criado em 1990 com o apoio de 18 países, inclusive do Brasil, mapeou bilhões de bases químicas de DNA, concluindo que todos os homens descendem de um único homem que viveu na África Oriental. O que se conclui que todos os seres humanos descendem de um ancestral comum.
O Pr. Claudionor de Andrade ainda explica - em seu livro “O começo de todas as coisas” – que o mapeamento do DNA revela de maneira surpreendente a unidade da família adâmica. Se levarmos em conta que cada mulher recebe o DNA mitocondrial da mãe, ser-nos-á possível retroceder à primeira fêmea. Diante desse fato, os cientistas alcunharam-na de “Eva Mitocondrial”. Na esteira dessa pesquisa, descobriu-se também o “Adão Cromossômico Y”.
A verdadeira ciência, portanto, não contraria a narrativa bíblica; não obstante, alguns acadêmicos ainda teimam em contrariar as Escrituras Sagradas, optando por explicações absurdas e sem lógica.

3. A unidade psicológica do ser humano

O termo “psicológico” está relacionado com psicologia, ciência que se dedica aos processos mentais ou comportamentais do ser humano; faz parte dos fenômenos mentais, emocionais ou da psique.
No Novo Testamento, a palavra “psique” tem o sentido de "alma" e de "vida", e encontra-se ligado à palavra psíquicos, que significa "pertencente a esta vida". Ela é "a base das experiências conscientes", equivalendo, portanto, à própria vida, à personalidade ou à pessoa mesmo (cf. 2Co.1:23) – “Invoco, porém, a Deus por testemunha sobre a minha alma, que, para vos poupar, não tenho até agora ido a Corinto”.
Do ponto de vista teológico, a alma é a sede do intelecto, da vontade e dos sentimentos, conforme Jesus expressou num contexto de angústia: "A minha alma está profundamente triste até a morte" (Mc.14:34).
A alma é a parte mais importante da natureza consti­tutiva do homem, e a psicologia revela claramente o fato de que as almas dos homens, sem distinção de tribo e na­ção a que pertencem, são essencialmente as mesmas. Pos­suem em comum os mesmos apetites, instintos e paixões; as mesmas tendências, e sobretudo, as mesmas qualida­des, as mesmas características que só existem no homem. Portanto, todos os seres humanos têm uma herança psicológica e emocional comum, não importando a diversidade cultural, educacional e ética que apresentarem.

II. A UNIDADE LINGUÍSTICA ORIGINAL DA HUMANIDADE

Houve uma língua primitiva, de Adão até o Dilúvio, seguida de uma confusão linguística, como consequência da rebelião contra Deus da comunidade pós-diluviana, em sua teimosia de construir uma torre, a torre da arrogância, chamada torre de Babel. Atualmente é possível perceber seus indícios nas diversas línguas e dialetos falados no mundo inteiro.

1. A língua original da humanidade

Não se sabe qual a língua original do ser humano. Uma coisa é certa: o primeiro homem não usava mímica e nem linguagem de surdo e mudo para se comunicar com Deus e com a sua esposa Eva; ele dominava com muita habilidade a arte de falar; habilidade esta, dada pelo próprio Criador, no momento de sua formação, porque a Bíblia diz que o homem foi criado à imagem de Deus, conforme a Sua semelhança. Quando Adão despertou do seu sono anestésico, e Deus o apresentou sua companheira e adjutora, ele ficou tão emocionado que se expressou de uma forma poética demonstrando imensa alegria: “E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn.2:23).
Quando Adão e Eva pecaram, Deus os chamou à responsabilidade através de um diálogo de altíssimo nível. Veja o texto sagrado: “E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn.3:9,10).
Portanto, havia uma linguagem original que era proferida pelo primeiro casal humano e pelos seus descendentes, porém, não há como determinar qual linguagem eles falavam. Não era o Hebraico, haja vista que esse idioma só viria a formar-se, em termos definitivos, muito após o Dilúvio.

2. A confusão linguística em Babel

A Bíblia enfatiza que, no princípio da humanidade, até o Dilúvio, os seres humanos falavam um só idioma (Gn.11:1). Depois do Dilúvio, a raça humana viveu primeiramente na região de Ararate, nas montanhas da Armênia, e ali Noé tornou-se lavrador (Gn.9:20). Como as pessoas aumentaram em número, uma parte delas se espalhou pelas margens dos rios Tigre e Eufrates, a leste do Ararate, e assim chegou às planícies de Sinar ou Mesopotâmia (Gn.11:2). Ali eles criaram colônias, e muito cedo, como cresceram em riqueza e poder, fizeram planos de construir uma grande torre para fazer célebre o seu nome e evitar a dispersão do grupo.
Em desobediência à ordem de Deus de multiplicar e dominar toda a terra, eles tentaram criar um grande centro para manter a unidade e reunir toda a humanidade em um reino mundial que encontraria sua sustentação na força e na glorificação do propósito e do esforço humano.
Pela primeira vez na história surge a ideia de concentração e organização de toda a humanidade com toda a sua força e sabedoria, com toda a sua arte, ciência e cultura, contra Deus e Seu reino. Essa ideia foi ventilada várias vezes depois dos eventos de Babel, e sua realização tem sido o objetivo de todos os tipos de grandes homens no curso da história; basta lembrar dos grandes impérios já existentes: babilônico, medos e persas, império macedônio, império romano.
A comunidade de Babel tentou construir uma torre e nela permanecer definitivamente (Gn.11:4); os homens queriam algo sem que Deus fosse o centro de sua autoridade; ou seja, eles queriam estabelecer um Estado secular e ateu, para contrariar frontalmente os mandamentos divinos quanto ao povoamento da Terra (Gn.11:1-4).
1.E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
2.E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3.E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal.
4.E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
O projeto arquitetônico representava uma demonstração de orgulho (tornar célebre o nome deles) e rebeldia (evitar serem espalhados sobre a terra).
Para nós, a torre também ilustra os incessantes esforços do homem caído para alcançar o Céu com seus próprios méritos, em vez de receber gratuitamente o presente da salvação oferecido por Cristo.
Como punição, o Senhor confundiu a linguagem dos edificadores, e eles já não se entendiam mais. Assim, eles formaram grupos, conforme havia entendimento do que falavam, e foram espalhados por toda a Terra, formando assim povos e nações, e assim surgiram as diferentes línguas que o mundo fala atualmente. Com o passar do tempo, muito dessas línguas foram extintas com a sua respectiva população.
 “e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim, o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade. Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra e dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra” (Gn.11:6-9).
Babel significa “confusão”, resultado inevitável de qualquer empreendimento que deixe Deus de lado ou não esteja de acordo com Sua vontade. “Os povos estavam unidos, tinham comunicação aberta entre si, contudo arruinaram estas bênçãos em rebelião contra o Criador.
Deus não permitiria ser ignorado, e a loucura da ilusão humana de que posses e atividades criativas eram insuperáveis não ficaria sem confrontação” (Comentário Bíblico Beacon. CPAD).

3. Indícios da linguagem primitiva

A rebeldia dos descendentes dos filhos de Noé em Babel tornou necessária a intervenção de Deus, fazendo com que todo o esforço para o estabelecimento de um império mundial fosse infrutífero. Deus fez isso pela confusão das línguas, pois nessa época havia apenas uma linguagem. Nós não somos informados sobre como e em que período de tempo essa confusão aconteceu. O que aconteceu foi que pessoas, fisiológica e psicologicamente, diferentes umas das outras, começaram a ver e a dar nome às coisas diferentemente, e em consequência eles foram divididos em nações e povos, e se dispersaram em todas as direções sobre toda a terra.
Hoje existem mais de 6.912 idiomas em todo o mundo, segundo o compêndio Ethnologue, considerado o maior inventário de línguas do planeta. Apesar de tantos idiomas, não podemos de deixar de aceitar a verdade de que todos eles advieram de um tronco linguístico comum, originado em Babel.

III. EM CRISTO, TODOS SOMOS UM

Adão, o primeiro ser humano, não é um mito, mas uma personalidade histórica. John Stott diz que está na moda qualificar o relato de Adão e Eva como mito, e não como realidade, porém, as Escrituras Sagradas nos impedem de pensar assim.
Nenhum texto da Bíblia incomoda mais os teólogos liberais e os arautos do evolucionismo que os três primeiros capítulos de Gênesis. O relato da criação e a criação do homem à imagem e semelhança de Deus entra em desacordo com as pretensões do evolucionismo.
Com o propósito de fazer uma aliança entre o cristianismo e o evolucionismo darwiniano, alguns estudiosos contemporâneos abraçaram o evolucionismo teísta, alegando que Deus é o autor da criação, mas o processo adotado para essa criação é a evolução. Assim, o relato de Gênesis 1 a 3 é mitológico, é uma alegoria, e não histórico. Consequentemente, Adão não foi uma personagem real, mas apenas um emblema.
Se Adão é um mito, um emblema, a Palavra de Deus perde sua credibilidade, pois o descreve como uma personagem histórica. Moisés, Jesus, o apóstolo Paulo, mencionaram Adão como personagem histórica. Assim como Jesus Cristo foi uma pessoa histórica, também Adão foi uma pessoa histórica. Não pode haver paralelo correto entre um Adão mitológico e um Cristo histórico.
Adão é tão necessário ao sistema teológico cristão quanto Jesus Cristo. De fato, as Escrituras chamam Cristo de “o segundo Adão” ou “o último Adão”. Tanto Adão como Cristo nos são apresentados como cabeças de uma raça. Para Paulo, Adão foi um indivíduo histórico, o primeiro homem; mais ainda: é o que o seu nome significa em hebraico – “humanidade”. A humanidade inteira é vista como tendo originalmente pecado em Adão; todos os seres humanos acham-se ligados em Adão quanto ao pecado e, também, quanto à redenção.

1. O pecado universal de Adão

A razão pela qual todos os seres humanos, gentios ou judeus, são pecadores é que o pecado entrou no mundo por meio de Adão. Afirmou o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).
No século quinto da nossa Era, Pelágio negou o caráter universal da Queda e defendeu a tese de que somos tão livres hoje quanto Adão o era antes da queda. Segundo ele, o pecado de Adão foi apenas individual, sem consequência para a raça humana. Pelágio ensinava que todos os homens imitam o pecado de Adão e, portanto, morrem em consequência do seu próprio pecado.
A Palavra de Deus, porém, diz que Adão era a cabeça federal da raça humana. Nós estávamos nele quando ele caiu. Com sua Queda, caiu toda a raça humana. Seu pecado nos foi imputado.
Como filhos de Adão, todos os seres humanos nascem em pecado. Como bem diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “Adão se posicionou na porta de entrada da história e por meio dele o pecado entrou no mundo. Agora todos estão em estado de depravação total”. Adolf Pohl afirma, em seu livro “Carta aos Romanos”, que todas as pessoas depois de Adão carregam a sua imagem.

2. As consequências universais do pecado de Adão

A transgressão de Adão trouxe pecado, morte e condenação à raça humana. Em Adão, todos pecaram; em Adão, todos morreram. Pecado e morte não podem separar-se (Gn.2:17; 3:17-19; Rm.1:32; 3:23; 1Co.15:22).
Segundo John Stott, a pena de morte cai hoje sobre todos os homens não apenas porque todos pecaram como Adão, mas porque todos pecaram em Adão.
Que tipo de morte entrou no mundo pelo pecado? A morte física, espiritual e eterna. Estas três modalidades de morte são consequência do pecado.
§  A morte física é a separação entre a alma e o corpo (2Co.5:8).
§  A mote espiritual é a separação entre o ser humano e Deus, devido a um ato de desobediência (Is.59:2; Rm.7:9) – “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado”; “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”.
§  A morte eterna ou a “segunda morte” é a separação irremediável e eterna entre o homem e Deus. Trata-se da ida da alma e do corpo para o inferno (Mt.10:28).
O pecado é, portanto, o maior de todos os males. Afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes: “o pecado é pior do que a pobreza, que o sofrimento, que a doença e até mesmo pior que a morte. Todos esses males não podem afastar o homem de Deus, mas o peado o afasta de Deus no tempo e na eternidade. O pecado é de fato maligníssimo”.
Portanto, o pecado de Adão sentenciou todos os homens como culpados e condenados no juízo (Rm.5:16,18).
O pecado é um atentado e uma conspiração contra Deus e seu projeto. O pecado atrai a ira de Deus. Por isso os que vivem no pecado não podem agradar a Deus; antes, permanecem sob sua ira; estão sob sentença de condenação.

3. Em Jesus Cristo, o segundo Adão, todos podem ser salvos

Sem dúvida, as consequências do pecado de Adão foram desastrosas para toda a humanidade, mas através da morte expiatória do segundo Adão, Jesus Cristo, a humanidade foi resgatada completamente do pecado, e salva da morte eterna (Ef.2:15). Afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes:
ü  O primeira Adão caiu no Jardim; o segundo Adão triunfou no deserto.
ü  O primeiro Adão é da terra; o segundo Adão é do Céu.
ü  O primeiro Adão introduziu no mundo o pecado e por ele a morte; o segundo Adão trouxe ao mundo a justiça e a imortalidade.
ü  O primeiro Adão foi expulso do Paraiso; o segundo Adão nos levará ao Paraíso.
Quando Cristo, nosso representante e fiador, foi à cruz, todas as nossas transgressões foram lançadas sobre Ele. Ele carregou no seu corpo sobre o madeiro todos os nossos pecados. Na verdade, Ele foi feito pecado por nós. Foi ferido de Deus, moído e traspassado por nossas iniquidades para nos dar a justificação.
John Stott diz que o pecado de Adão trouxe condenação, mas a obra de Cristo traz justificação. Trata-se de uma oposição absoluta entre a condenação e a justificação, entre a morte e a vida.
O pecado de Adão introduziu o reinado da morte, mas o dom da justiça, fruto da morte vicária de Cristo, trouxe o reinado da vida. O pecado de Adão gerou morte, mas a morte de Cristo gerou vida.
Portanto, a ofensa de Adão produziu juízo, mas o ato de justiça de Cristo, ou seja, sua morte vicária, produziu justificação. Cristo recebeu em si mesmo o juízo que deveria cair sobre nós. Ele sorveu o cálice amargo da ria de Deus que deveria ter sido derramado sobre nós. Ele morreu por nós. Através de sua morte, Ele venceu a morte, resgatando-nos completamente do pecado (Ef.2:15). Todos aqueles que receberam a fé nEle constituem uma única família - a família dos santos (1Co.12:13), a família dos filhos de Deus (João 1:12).
Portanto, a graça do segundo Adão é muito maior que o pecado do primeiro Adão. Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm.5:20).
Nossa união com Adão significou para nós o reinado do pecado (Rm.5:12-14,21) e o reinado da morte (Rm.5:14,21); mas, nossa união com Cristo, o segundo Adão, significa o reinado da graça (Rm.5:15-21) e nosso reinado em vida por meio de Cristo (Rm.5:17).

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta Aula que todos os povos da terra, apesar de sua diversidade étnica, cultural e linguística, são oriundos de um único casal: Adão e Eva. Por isso, eles são os nossos pais. Portanto, a ideologia racista perpetrada entre vários segmentos culturais, religiosos e ateístas, não deve prevalecer à luz da Palavra de Deus e a verdadeira ciência, que pregam que o ser humano tem como único tronco genético o primeiro casal criado por Deus. O pecado cometido por esse primeiro casal atingiu a humanidade inteira, entretanto, em Cristo, o Homem perfeito, o último Adão, fomos regenerados e reconciliados com Deus (Cl.1:20,21). Tornamo-nos, portanto, parte de uma grande comunidade espiritual a qual o nosso Senhor fundou: a Igreja, instituição, esta, em que todos somos um, formando um só corpo.
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

4ª lição do 1º trimestre de 2020: OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO


Texto Base: Romanos 12:1-10
"Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, para que se não atirem a ti" (Sl.32:9).
Romanos 12:
1.Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2.E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
3.Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5.assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6.De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7.se é ministério, seja em ministrasse é ensinar, haja dedicação ao ensino;
8.ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.
9.O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10.Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos principais atributos do ser humano: espiritualidade, racionalidade, sociabilidade, liberdade e criatividade. Como eu já disse em aulas anteriores, o homem é ser diferente dos animais irracionais, pois, enquanto estes têm instinto e agem segundo essa condição, o homem tem autoconsciência (investiga a si mesmo – tem a capacidade de se reconhecer por inteiro, de identificar todos os defeitos e qualidades, e todo o bem e todo o mal que há em si mesmo) e autodeterminação (decide por si mesmo, se autogoverna, realiza suas escolhas sem intervenção de outrem; tem livre-arbítrio), por ter pessoalidade; e, como tal, possui o que os animais não têm: consciência, raciocínio, vontade, emoções; e, ainda, possui atributos para viver e influenciar o mundo. O ser humano deve usar cada um de seus atributos, em todas as esferas da vida, para glorificar a Deus.

I. A ESPIRITUALIDADE HUMANA

O ser humano é espiritual; ele tem necessidade de acreditar que existe algo que, superior a si, o envolve em crenças e esperanças de encontrar respostas. O significado da existência é uma dimensão espiritual que sempre acompanhou o ser humano. Afinal quem somos?  Ao que viemos?  Por que estamos aqui? Por que morremos? Por que sofremos?  Por que temos doenças? Por que? Por que? É uma busca constante do sentido da vida. O homem tem sua origem em Deus; ele anseia por Deus. Em sua natureza carnal, ele precisa sempre ser vivificado, pois não tem imunidade contra o pecado.

1. A origem divina de nosso espírito

Após formar o homem do pó da terra, Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida, e a partir daquele momento o homem tornou-se alma vivente (Gn.2:7).
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.
Este texto narra a criação da parte imaterial do homem, o chamado homem interior, que é constituída da alma e do espírito. Deus soprou nos narizes do homem e ele foi feito "alma vivente", ou seja, surgiu desse sopro uma alma e essa alma tem consciência de que vem de Deus e está ligada a Ele. Temos, então, as duas instâncias do homem interior: a alma e o espírito. Este é o aspecto totalmente diverso entre o homem e os demais seres vivos criados na Terra.
-“O fôlego da vida”. Este “fôlego da vida”, soprado por Deus, não é o ar que conhecemos, mas a própria vida dada ao homem, a própria imagem e semelhança de Deus. O homem é imagem e semelhança de Deus exatamente porque Deus lhe imprimiu algo de Sua essência, algo que veio diretamente dEle, ao contrário do restante da criação, que foi feito a partir da vontade divina expressa por Sua Palavra.
Esta parte imaterial coloca o homem acima da natureza e que lhe permite dominar sobre ela. É o resultado do sopro de Deus, é o que Paulo denomina de "homem interior", porque é a parte do homem que não aparece aos nossos olhos, parte esta que as Escrituras identificam figurativamente como "mente" (Rm.7:25) e "coração" (Pv.4:23; Ap.2:23).
- “Alma vivente”. Ao afirmar que o homem foi feito "alma vivente”, está sendo dito que o homem é uma alma que tem vida, ou seja, é uma alma que está em comunhão com Deus, pois vida, aqui, não é uma mera existência, mas é uma demonstração de existência de uma comunhão entre Deus e a Sua criatura.

2. O anseio natural do espírito humano

O espírito humano tem origem divina, por isso, naturalmente, ele anseia pelo ser divino. Todos aqueles que nasceram de novo, que se tornaram novas criaturas, que mantem uma vida piedosa e estão em comunhão com Deus, anseiam por Sua presença constante, como se fosse a água que o cervo fortemente anela. O salmista afirmou que a sua alma ansiava por Deus – “Como o servo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Senhor” (Sl.42:1). Como a vida de um cervo depende da água, a nossa depende de Deus. Aqueles que buscam e anseiam pelo Senhor encontram a vida eterna.

3. A vivificação do espirito humano

O homem, crente ou não, o “velho”, ou o “novo” homem, foi feito por Deus dotado de duas naturezas: uma natureza espiritual, sob a orientação do espírito; uma natureza material, sob o controle da alma. Graças a esta providência de Deus, o homem é o único ser com capacidade para viver e relacionar-se tanto com a terra, ou as coisas materiais, como com o céu, ou as coisas espirituais.
No seu estado natural, o homem pecador vive sob o domínio da Alma, a qual usa o corpo como instrumento pecaminoso. Neste caso, o espírito permanece “mortificado”, como que em estado latente, sem qualquer possibilidade de ação; não morto, pois, tanto o espírito como a alma são imortais.
Jesus Cristo, porém, através de sua morte redentora, vivifica o homem que está morto espiritualmente (Ef.2:1; Cl.2:13).
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência” (Ef.2:1,2).
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas” (Cl.2:13).
Ao aceitar Jesus, o espírito do homem, pela ação do Espírito Santo, é vivificado e adquire forças para subjugar a alma, a qual passa a ser por ele controlada. Este “homem novo” anda pela ação do Espírito de Deus, assume o controle do corpo, o qual é santificado como morada do Espírito Santo – “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”(1Co.3:16,17).
Este é o homem espiritual, que vive sob o domínio do seu espírito, o qual é fortalecido pela presença do Espírito de Deus. Neste caso o corpo é usado para glória de Deus; porém, o “velho homem” não está morto, pois, a alma, que é quem controla a natureza material ou carnal é imortal, tal como o espírito.
Assim é que, o combate entre a natureza espiritual, sob o controle do espírito, e a natureza carnal, sob o controle da alma, será permanente enquanto estivermos neste corpo material, e terreno. Destaca-se, pois, a importância de uma vida, constantemente, consagrada, pois, por essa consagração o espírito é fortalecido e vivificado, e, por conseguinte, a sua natureza carnal é enfraquecida.

II. A RACIONALIDADE HUMANA

O homem foi feito dotado de razão, de capacidade de pensar e de ser criativo. O filósofo grego Aristóteles, ao definir o homem, disse que ele era “o animal racional”, e a racionalidade humana é outro elemento que embaraça os evolucionistas de plantão, porquanto nada há, nos demais seres criados sobre a face da Terra, qualquer elemento que possa ser considerado como racional como vemos no ser humano. Tanto assim é que Deus diz que os homens são “cooperadores de Deus” (1Co.3:9), prova de que o homem tem capacidade criativa, a ponto de poder colaborar com o Criador.

1. Deus é um ser racional

Deus é um ser racional, por isso mesmo Ele requer de cada ser humano uma postura racional, haja vista que ele foi dotado de uma natureza racional e inteligente (Gn.1:26,28). O apóstolo João inicia o evangelho de Jesus Cristo, segundo ele escreveu, da seguinte forma: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). O falecido Gordon Clark, um filósofo cristão do século 20, traduz este texto do seguinte modo: “No princípio era a lógica, e a lógica estava com Deus, e a lógica era Deus”. O que ele quis ressaltar era que a racionalidade vem de Deus, que Deus é um ser racional e que Ele interage com seu povo de uma maneira racional.

2. O homem é um ser racional

Por ter sido criado à imagem de Deus (Gn.1:26,27), conforme à Sua semelhança (Gn.1:26), o homem é dotado de razão, é um ser racional, que o torna diferente dos animais, que são dotados de instinto. Animais agem por instinto, seguem seus instintos; portanto, não são os instintos que nos tornam humanos, são as nossas convicções, princípios e valores, características estas advindas de um ser dotado de razão, isto é, de um ser que é racional. Afirmou o salmista: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio...” (Sl.32:9).
O que é instinto? O teólogo Marcelo Gomes, em seu Livro “Sabedoria para viver e ser feliz”, afirma que “são inclinações comportamentais inatas, ligadas a questões vitais e de sobrevivência (exemplos: acasalamento e procriação, autodefesa, alimentação, etc.), às quais o organismo recompensa com sensações de satisfação e prazer”. É claro que, também, estas necessidades existem no ser humano, mas nos tornamos distintos dos animais à medida que submetemos essas necessidades aos valores que adquirimos e preservamos ao longo de nossa história.
Afirma o professor Marcelo: “Comportamentos unicamente instintivos são animalescos, degradantes e indignos de um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Preciso de sabedoria para agir com convicções que vençam os instintos e as necessidades de ordem unicamente orgânica ou de prazer. Mais sábio, trilharei pelo caminho dos princípios, valores e virtudes que qualificam as pessoas de bem, das quais o mundo, principalmente o pós-moderno, tanto precisa. Mais sábio, serei mais sensato e muito mais comprometido com a vida, os relacionamentos e a fé”.
Portanto, o homem, como imagem e semelhança de Deus, é um ser racional e moralmente responsável. João Wesley, o famoso evangelista e avivalista inglês, cava mais fundo para mostrar o homem como imagem de Deus, distinguindo-o dos irracionais. Diz ele: "Qual é en­tão a separação entre o homem e os brutos? Qual a linha divi­sória que eles não podem atravessar? Não é a razão... A di­ferença é esta: o homem é capaz de ter contato com Deus, as criaturas inferiores não são capazes. Não temos nenhuma base para crer que eles sejam capazes de ter qualquer grau de conhecimento, de amor ou de obediência a Deus. Esta é a diferença específica entre o homem e os brutos, o grande golfo que eles não podem atravessar" (Coletânea de Teologia de João Wesley – Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil – pág. 111).
Como imagem de Deus que o homem é, ele se distingue dos irracionais:
ü  Pelo poder de pensar em coi­sas abstratas.
ü  Pela lei moral que se evidencia no seu comportamento em busca de uma perfeição.
ü  Pela natu­reza religiosa que em potencial existe em cada ser huma­no.
ü  Pela capacidade de fixar um alvo maior a ser alcan­çado no tempo e na eternidade.
ü  Pela consciência da in­tensidade da vida humana.
ü  Pela multiplicidade das ati­vidades humanas, que, conjuntas, somam o bem comum daquele que as executa.

3. A harmonia entre racionalidade e espiritualidade

Há uma perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Para aquele que recebeu uma nova natureza - a natureza espiritual -, por ocasião da sua conversão, e quando esta subjuga a natureza carnal, a espiritualidade desse individuo manifesta-se de maneira racional, pois Deus a quem ele serve é racional em sua essência. Por ser o homem racional, o Espírito Santo desenvolve nele inteligência espiritual.
A inteligência espiritual é uma habilidade sobrenatural, dada por Deus, para entender as coisas espirituais e discerni-las; essa habilidade é dada a todos aqueles que nasceram de novo, ou seja, que foram regenerados espiritualmente, e está em Cristo. Aqueles que estão em Cristo têm a mente, a mentalidade, a forma de pensar, de Cristo; por isto, eles podem compreender o que os naturais e os carnais não conseguem: as coisas do Espírito de Deus. Por quê? Porque ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus (1Co.2:11); e Deus revela essas coisas aos espirituais pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus (1Co.2:10). Este era o desejo de Paulo para com a igreja de Colossos, por isso, ele orava sempre para que aqueles irmãos fossem cheios de conhecimento da vontade do Espírito Santo, em toda a sabedoria e inteligência espiritual (Cl.1:9).
Há muitas pessoas que não frequentaram grandes universidades, nem ostentam títulos acadêmicos, nem tampouco são “doutoras em divindade”, mas são capazes de ministrar estudos profundíssimos, extraindo riquezas do texto bíblico, porque são dotadas de “inteligência espiritual”, ou seja, têm a unção do Espírito Santo, estão envoltas pelo Espírito de Deus e, por isso, compreendem as coisas espirituais, podendo nos transmitir o que o Senhor tem deixado em sua Palavra.

4. O culto racional agrada a Deus

Em Romanos 12:1, Paulo ensina que o culto agradável a Deus é o racional. A palavra, no original grego, carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto oferecido de mente e coração, culto espiritual em oposição a culto cerimonial.
Isto significa que, apesar de haver liberdade para a multiforme operação do Espírito Santo na vida dos salvos (1Co.12:6,7), o culto cristão não deve ter exageros ou modismos. Deus está vendo, ouvindo e avaliando tudo o que fazemos, pois Ele é racional. Devemos adorar a Deus de forma consciente e perfeitamente entendida. Se deixarmos de fazer uso da razão, ignorando os princípios bíblicos, poderemos cair no erro de inventar práticas e atribuí-las ao Espírito de Deus.

III. A SOCIABILIDADE HUMANA

O ser humano é um ser social, não sobrevive sozinho por muito tempo, pois depende do seu próximo para viver. A solidão é contrária à natureza humana; por isso, Deus instituiu a família e, só depois, o Estado. A primeira Família, formada pelo próprio Deus, teve como princípio a formação de um casal, ou seja, Deus uniu, com a sua bênção, um homem e uma mulher – “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a”(Gn.1:28). Estava, assim, realizado, pelo próprio Deus, o primeiro casamento, e determinado uma de suas principais funções: a perpetuação da raça humana através da geração de filhos.

1. A solidão é nociva ao ser humano

Tudo que Deus criou foi bom (Gn1:31); o próprio Criador afirmou isso: “Então Deus contemplou toda a sua criação, e eis que tudo era muito bom...”. Paulo escrevendo a Timóteo, disse: “Pois tudo o que Deus criou é bom...”(1Tm.4:4). A única coisa que Deus não achou bom foi a solidão (Gn.2:18) – “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só...”.
A Bíblia mostra que o ser humano é por natureza um ser social e gregário (Gn.1:28,29), ou seja, vive necessariamente com outros de sua espécie, vive em sociedade. Por ser social, ele não sobrevive sozinho, ele precisa se comunicar e viver em sociedade; ele precisa do outro para viver.
Assim Deus fez o ser humano, de sorte que, como já dizia o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), o homem é um ser “naturalmente social”. Por esse motivo, Deus fez a mulher para que o homem tivesse uma companhia completa, idônea e sábia (Gn.2:21-25); uma companhia que lhe fosse correspondente na espécie. Deus, que já se relacionara na Trindade, agora tinha oportunidade de se relacionar com o homem e com a mulher.

2. A família é a origem da sociedade humana

Ao criar o homem um ser social, o Senhor fez com que o homem somente pudesse atingir os propósitos sublimes para ele determinados pelo próprio Deus se estivesse vivendo em sociedade. Não haveria como o homem obter a frutificação, a multiplicação, o preenchimento da Terra e a dominação sobre a criação terrena (Gn.1:28), se não vivesse em sociedade, sociedade esta que tem como célula mater a família (Gn.2:24).
A família é o primeiro grupo social a que uma pessoa pertence, grupo este criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24), e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano. A função da Família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20). Os salmos 127 e 128, da autoria do rei Salomão, exaltam o papel fundamental da família na sociedade.
“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa” (Sl.128:1-3).
Satanás tem feito de tudo para destruir a família como Deus criou. A destruição da instituição familiar representaria a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos, e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição. Destrua-se a Família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, a igreja e toda a sociedade.

3. A Igreja de Cristo, a sociedade perfeita

A Igreja, principalmente a Igreja Local, é formada pela soma de suas Famílias. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes de Corinto, apresenta a Igreja de Cristo como a sociedade perfeita, porque nela todos formamos um único corpo (1Co.12:13). Ela é o “edifício de Deus”, é a “lavoura de Deus”, o “corpo de Cristo”, “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15), a “nação santa”.
A Igreja é o reflexo das Famílias. Famílias bem estruturadas formam Igrejas bem estruturadas. Isto é verdade, e Satanás sabe disto. Por esta razão, de forma mais acentuada nestes “últimos dias”, ele tem investido, pesadamente, contra a estrutura familiar, de forma especial, através da televisão, usando, principalmente, suas novelas. Desmoralizando o casamento, incentivando as uniões ilícitas, tanto as normais, como as homossexuais, enaltecendo a liberdade sexual, quebrando a hierarquia familiar, retirando ou coibindo a autoridade dos pais, e coisas correlatas, o objetivo de Satanás é enfraquecer, desmoralizar, acabar com a estrutura familiar. Porém, seu alvo principal é a Igreja. Ele sabe que combatendo a Família, está prejudicando a Igreja.

IV. A LIBERDADE HUMANA

Ao criar o homem, Deus concedeu a ele o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade para escolher entre o bem e o mal.

1. O livre-arbítrio

Livre-Arbítrio é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (Dt.30:11-20 e Js.24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos.
A Bíblia contém uma série de textos em que o livre-arbítrio, o direito humano de escolha, fica claro:
-Adão e Eva. No jardim do Éden, podiam escolher o fruto que comeriam; escolheram a desobediência e foram castigados por causa dela. Se estivessem predestinados a pecar, Deus não os tinha condenado.
-Caim. Deus deixou claro para Caim que, se ele mudasse sua atitude, sua oferta poderia ser aceita (Gn.4.7); por outro lado, havia a opção pelo pecado. Se tudo estivesse predestinado e predeterminado por Deus, por que o Senhor haveria de alertá-lo? É bom observarmos que Caim estava morto espiritualmente, mas isso não significava incapacidade de ouvir a voz de Deus, crer e decidir.
-Outras passagens interessantes:
“Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js.24.15). 
“O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt.30.19).
Portanto, a liberdade humana, o livre-arbítrio, é uma manifestação da vontade divina. Deus quis que o homem tivesse esta liberdade e, por isso, não cabe a nós querer estabelecer limites ou objeções ao Senhor por causa desta liberdade.

2. O ato de decidir

Deus fez o homem com poder de servi-lo ou não e, por isso, nós, simples seres humanos, não podemos querer obrigar as pessoas a servir a Deus. Elias deixou claro que o ato de decidir entre o bem e o mal, entre Deus e os ídolos, entre Deus e Baal, é um direito dado por Deus a qualquer ser humano (1Rs.18:21):
“Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada”.
Quem, pois, cerceia a liberdade de opção do homem em servir, ou não, a Deus, algo que, infelizmente, muitas vezes foi praticado em nome do Senhor, atenta, antes de mais nada, contra a própria ordem estabelecida por Deus, que foi quem criou o homem com este atributo.
Mas a liberdade que Deus deu ao ser humano, tem uma correspondência: a responsabilidade. Ao verificarmos o texto sagrado de Gn.2:16,17, notamos que Deus deu uma ordem ao homem no sentido de que ele comesse livremente de todas as árvores do jardim do Éden, com exceção da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que ele dela comesse, certamente morreria. O homem poderia escolher entre o bem e o mal, mas, no dia em que desobedecesse a Deus, em que escolhesse o mal, adviria uma penalidade, qual seja, a morte, a separação entre o homem e Deus (“certamente morrereis”).
A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal era a de que deveria responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de sua opção.
Veja, ainda, a advertência do escritor sagrado aos jovens, mas que pode ser aplicado ao ser humano em qualquer faixa etária:
“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo” (Ec.11:9).
 O evangelista adverte:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16).

3. A soberania divina

Deus é soberano, entretanto, a soberania divina não interfere na liberdade do homem, porque a soberania diz respeito a Deus, que está além de toda a criação, é algo imputável somente a Ele, faz parte da sua própria natureza e, por isso, não podemos querer transferir a soberania divina para algo que diz respeito apenas ao homem.
O Senhor não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas ou fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn.3:1-13).
Deus fez o homem com o poder de escolher entre o bem e o mal, mas a liberdade humana não altera a soberania divina. O uso da liberdade pelo homem deverá ser objeto de prestação de contas diante de Deus, que é o soberano, a máxima autoridade. Ao criar o homem com liberdade, Deus também estabeleceu que o homem responderia diante dEle sobre o uso desta liberdade. Uma vez feita a escolha pelo mal, o homem sofrerá a penalidade da morte eterna, ou seja, da separação de Deus, arcando com as consequências de sua opção.
“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm.14:12).

V. A CRIATIVIDADE HUMANA E O TRABALHO

Tem gente que acha que foi o Diabo que inventou o trabalho, outros culpam Adão, que foi expulso do Jardim do Éden e então teve que começar a trabalhar para poder viver. Mas na verdade quem inventou o trabalho foi Deus. Veja:
"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente" (Gn.2:15,16).

1. A dignidade do trabalho

O trabalho é dom de Deus, não um castigo pelo pecado. O trabalho dignifica a pessoa; revela algo sobre aquele que o realiza; expõe o caráter subjacente, motivações, habilidades e traços da personalidade. Mesmo anterior à Queda, o homem tinha deveres a cumprir, porque o trabalho dignifica a pessoa. Deus estabeleceu atividades laborais que fizessem parte de sua vida (Gn.2:5,7,8,15).
5.Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.
7.E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
8.E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado.
15.E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
Depois da Queda, o trabalho tornou-se infrutuoso e com fadiga. Mesmo que Adão trabalhasse penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo estava amaldiçoado sob seus pés.
“Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo” (Gn.3:17,18).
Há quem pense que o trabalho é parte da maldição, porém a Bíblia não ensina tal coisa; ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo infrutuoso e com fadiga (Gn.3:17). O que era leve, suave e agradável, por causa do pecado, tornou-se pesado, brutal e desagradável. A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao cansaço que acompanham o trabalho.
Por causa da Queda, aspirações vão constantemente ser vencidas pela realidade, e por mais duro que se tente, a realidade nunca vai mudar, pois a Terra foi amaldiçoada. Por mais que se trabalhe duro, por vezes, o que se experimenta é futilidade, penúria, inutilidade, insignificância.
Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm.8:22).
Mas Deus faz uma promessa de um juízo redentivo (Gn.3:15). Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o homem, Deus, o Justo Juiz, abriu um espaço para a redenção - “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. É a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação e da maldição da Terra.

2. A criatividade humana

Por ter sido criado com inteligência, com propensão para ampliar conhecimento sem limite, o homem tem demonstrado que é um ser impressionantemente criativo. Na terceira geração de Adão, o homem já dominava a agricultura, a pecuária, a metalurgia e a arte musical (Gn.4:20-22). Diz assim o texto sagrado:
“E Ada teve a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá”.
A criatividade humana não dá trégua, e nestes últimos cem anos, o leque de invenções, de criatividades tem demonstrado sua maior intensidade, muito mais do que em toda a história humana; a cada instante inventa-se alguma coisa. Há pessoas pensando em tudo o que há para se pensar em todas as esferas do conhecimento humano. Algumas ideias são louváveis e outras nem tanto; mas todas têm em comum o fato de serem produto de uma das mais intrigantes capacidades humanas: a criatividade.
O homem tem dominado facilmente todo o planeta, e nele deixado as suas marcas criativas em todo lugar. Logo após o Dilúvio, o ser humano mostrou que não havia restrição para tudo o que ele intentasse fazer (Gn.11:6) – “e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer”.
Infelizmente, o ser humano, face ao poder criativo que dispõe, tem se voltado para uma postura de arrogância, achando-se que é deus, negando até mesmo a existência do Deus Criador. O salmista chama o ateu de “néscio”, ou seja, “ignorante”, “sem entendimento”. Somente quem não tem entendimento, quem é ignorante é capaz de dizer “não há Deus” (Sl.14:1; 53:1). O ateísmo nada mais é que o resultado da plenitude de cegueira espiritual, que o inimigo tem realizado na mente dos incrédulos (2Co.4:3,4). Por isso, quando vemos o contínuo aumento do pecado no mundo (Mt.24:12), percebemos como tem se intensificado o ateísmo sobre a face da Terra, sendo, aliás, como demonstram as estatísticas e as pesquisas, crescente o número de pessoas que se dizem ateias ou sem qualquer religiosidade no mundo todo, a comprovar como tem operado o espírito do anticristo, o mistério da injustiça nestes dias derradeiros antes da volta de Cristo.

CONCLUSÃO

Os atributos do ser humano estudados aqui – a espiritualidade, a racionalidade, a sociabilidade, a liberdade e a criatividade – são reconhecidos e praticados desde quando ele foi formado pelo Criador. Ao longo da história, tem-se aperfeiçoado estes atributos, mas, infelizmente, em termos espirituais, o homem tem regredido rumo ao abismo. A cada momento, o ser humano se distancia cada vez mais de Deus, sendo influenciado pelo pós-modernismo que tem suas lentes focadas para o ateísmo, o relativismo e o materialismo.
A cosmovisão bíblica, isto é, a ideia de mundo, de criação, de Deus, de homem, etc., através das lentes das Escrituras, tem atravessado todos os períodos da civilização ocidental, contudo, depois da entrada do período pós-moderno essa cosmovisão sofreu sérios embates e, com as lentes do racionalismo, fez com que a cosmovisão bíblica viesse quase a desaparecer em muitos lugares. Estamos, realmente, vivendo o início do fim de todas as coisas. Jesus está às portas, e quando Ele vier, este mundo passará pela fase mais terrível e jamais vista desde a criação do ser humano. Sem dúvida, a única solução para a humanidade, nestes últimos da Igreja, é Jesus Cristo.
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço