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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

4ª lição do 1º trimestre de 2020: OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO


Texto Base: Romanos 12:1-10
"Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, para que se não atirem a ti" (Sl.32:9).
Romanos 12:
1.Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2.E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
3.Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5.assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6.De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7.se é ministério, seja em ministrasse é ensinar, haja dedicação ao ensino;
8.ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.
9.O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10.Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos principais atributos do ser humano: espiritualidade, racionalidade, sociabilidade, liberdade e criatividade. Como eu já disse em aulas anteriores, o homem é ser diferente dos animais irracionais, pois, enquanto estes têm instinto e agem segundo essa condição, o homem tem autoconsciência (investiga a si mesmo – tem a capacidade de se reconhecer por inteiro, de identificar todos os defeitos e qualidades, e todo o bem e todo o mal que há em si mesmo) e autodeterminação (decide por si mesmo, se autogoverna, realiza suas escolhas sem intervenção de outrem; tem livre-arbítrio), por ter pessoalidade; e, como tal, possui o que os animais não têm: consciência, raciocínio, vontade, emoções; e, ainda, possui atributos para viver e influenciar o mundo. O ser humano deve usar cada um de seus atributos, em todas as esferas da vida, para glorificar a Deus.

I. A ESPIRITUALIDADE HUMANA

O ser humano é espiritual; ele tem necessidade de acreditar que existe algo que, superior a si, o envolve em crenças e esperanças de encontrar respostas. O significado da existência é uma dimensão espiritual que sempre acompanhou o ser humano. Afinal quem somos?  Ao que viemos?  Por que estamos aqui? Por que morremos? Por que sofremos?  Por que temos doenças? Por que? Por que? É uma busca constante do sentido da vida. O homem tem sua origem em Deus; ele anseia por Deus. Em sua natureza carnal, ele precisa sempre ser vivificado, pois não tem imunidade contra o pecado.

1. A origem divina de nosso espírito

Após formar o homem do pó da terra, Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida, e a partir daquele momento o homem tornou-se alma vivente (Gn.2:7).
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.
Este texto narra a criação da parte imaterial do homem, o chamado homem interior, que é constituída da alma e do espírito. Deus soprou nos narizes do homem e ele foi feito "alma vivente", ou seja, surgiu desse sopro uma alma e essa alma tem consciência de que vem de Deus e está ligada a Ele. Temos, então, as duas instâncias do homem interior: a alma e o espírito. Este é o aspecto totalmente diverso entre o homem e os demais seres vivos criados na Terra.
-“O fôlego da vida”. Este “fôlego da vida”, soprado por Deus, não é o ar que conhecemos, mas a própria vida dada ao homem, a própria imagem e semelhança de Deus. O homem é imagem e semelhança de Deus exatamente porque Deus lhe imprimiu algo de Sua essência, algo que veio diretamente dEle, ao contrário do restante da criação, que foi feito a partir da vontade divina expressa por Sua Palavra.
Esta parte imaterial coloca o homem acima da natureza e que lhe permite dominar sobre ela. É o resultado do sopro de Deus, é o que Paulo denomina de "homem interior", porque é a parte do homem que não aparece aos nossos olhos, parte esta que as Escrituras identificam figurativamente como "mente" (Rm.7:25) e "coração" (Pv.4:23; Ap.2:23).
- “Alma vivente”. Ao afirmar que o homem foi feito "alma vivente”, está sendo dito que o homem é uma alma que tem vida, ou seja, é uma alma que está em comunhão com Deus, pois vida, aqui, não é uma mera existência, mas é uma demonstração de existência de uma comunhão entre Deus e a Sua criatura.

2. O anseio natural do espírito humano

O espírito humano tem origem divina, por isso, naturalmente, ele anseia pelo ser divino. Todos aqueles que nasceram de novo, que se tornaram novas criaturas, que mantem uma vida piedosa e estão em comunhão com Deus, anseiam por Sua presença constante, como se fosse a água que o cervo fortemente anela. O salmista afirmou que a sua alma ansiava por Deus – “Como o servo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Senhor” (Sl.42:1). Como a vida de um cervo depende da água, a nossa depende de Deus. Aqueles que buscam e anseiam pelo Senhor encontram a vida eterna.

3. A vivificação do espirito humano

O homem, crente ou não, o “velho”, ou o “novo” homem, foi feito por Deus dotado de duas naturezas: uma natureza espiritual, sob a orientação do espírito; uma natureza material, sob o controle da alma. Graças a esta providência de Deus, o homem é o único ser com capacidade para viver e relacionar-se tanto com a terra, ou as coisas materiais, como com o céu, ou as coisas espirituais.
No seu estado natural, o homem pecador vive sob o domínio da Alma, a qual usa o corpo como instrumento pecaminoso. Neste caso, o espírito permanece “mortificado”, como que em estado latente, sem qualquer possibilidade de ação; não morto, pois, tanto o espírito como a alma são imortais.
Jesus Cristo, porém, através de sua morte redentora, vivifica o homem que está morto espiritualmente (Ef.2:1; Cl.2:13).
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência” (Ef.2:1,2).
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas” (Cl.2:13).
Ao aceitar Jesus, o espírito do homem, pela ação do Espírito Santo, é vivificado e adquire forças para subjugar a alma, a qual passa a ser por ele controlada. Este “homem novo” anda pela ação do Espírito de Deus, assume o controle do corpo, o qual é santificado como morada do Espírito Santo – “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”(1Co.3:16,17).
Este é o homem espiritual, que vive sob o domínio do seu espírito, o qual é fortalecido pela presença do Espírito de Deus. Neste caso o corpo é usado para glória de Deus; porém, o “velho homem” não está morto, pois, a alma, que é quem controla a natureza material ou carnal é imortal, tal como o espírito.
Assim é que, o combate entre a natureza espiritual, sob o controle do espírito, e a natureza carnal, sob o controle da alma, será permanente enquanto estivermos neste corpo material, e terreno. Destaca-se, pois, a importância de uma vida, constantemente, consagrada, pois, por essa consagração o espírito é fortalecido e vivificado, e, por conseguinte, a sua natureza carnal é enfraquecida.

II. A RACIONALIDADE HUMANA

O homem foi feito dotado de razão, de capacidade de pensar e de ser criativo. O filósofo grego Aristóteles, ao definir o homem, disse que ele era “o animal racional”, e a racionalidade humana é outro elemento que embaraça os evolucionistas de plantão, porquanto nada há, nos demais seres criados sobre a face da Terra, qualquer elemento que possa ser considerado como racional como vemos no ser humano. Tanto assim é que Deus diz que os homens são “cooperadores de Deus” (1Co.3:9), prova de que o homem tem capacidade criativa, a ponto de poder colaborar com o Criador.

1. Deus é um ser racional

Deus é um ser racional, por isso mesmo Ele requer de cada ser humano uma postura racional, haja vista que ele foi dotado de uma natureza racional e inteligente (Gn.1:26,28). O apóstolo João inicia o evangelho de Jesus Cristo, segundo ele escreveu, da seguinte forma: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). O falecido Gordon Clark, um filósofo cristão do século 20, traduz este texto do seguinte modo: “No princípio era a lógica, e a lógica estava com Deus, e a lógica era Deus”. O que ele quis ressaltar era que a racionalidade vem de Deus, que Deus é um ser racional e que Ele interage com seu povo de uma maneira racional.

2. O homem é um ser racional

Por ter sido criado à imagem de Deus (Gn.1:26,27), conforme à Sua semelhança (Gn.1:26), o homem é dotado de razão, é um ser racional, que o torna diferente dos animais, que são dotados de instinto. Animais agem por instinto, seguem seus instintos; portanto, não são os instintos que nos tornam humanos, são as nossas convicções, princípios e valores, características estas advindas de um ser dotado de razão, isto é, de um ser que é racional. Afirmou o salmista: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio...” (Sl.32:9).
O que é instinto? O teólogo Marcelo Gomes, em seu Livro “Sabedoria para viver e ser feliz”, afirma que “são inclinações comportamentais inatas, ligadas a questões vitais e de sobrevivência (exemplos: acasalamento e procriação, autodefesa, alimentação, etc.), às quais o organismo recompensa com sensações de satisfação e prazer”. É claro que, também, estas necessidades existem no ser humano, mas nos tornamos distintos dos animais à medida que submetemos essas necessidades aos valores que adquirimos e preservamos ao longo de nossa história.
Afirma o professor Marcelo: “Comportamentos unicamente instintivos são animalescos, degradantes e indignos de um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Preciso de sabedoria para agir com convicções que vençam os instintos e as necessidades de ordem unicamente orgânica ou de prazer. Mais sábio, trilharei pelo caminho dos princípios, valores e virtudes que qualificam as pessoas de bem, das quais o mundo, principalmente o pós-moderno, tanto precisa. Mais sábio, serei mais sensato e muito mais comprometido com a vida, os relacionamentos e a fé”.
Portanto, o homem, como imagem e semelhança de Deus, é um ser racional e moralmente responsável. João Wesley, o famoso evangelista e avivalista inglês, cava mais fundo para mostrar o homem como imagem de Deus, distinguindo-o dos irracionais. Diz ele: "Qual é en­tão a separação entre o homem e os brutos? Qual a linha divi­sória que eles não podem atravessar? Não é a razão... A di­ferença é esta: o homem é capaz de ter contato com Deus, as criaturas inferiores não são capazes. Não temos nenhuma base para crer que eles sejam capazes de ter qualquer grau de conhecimento, de amor ou de obediência a Deus. Esta é a diferença específica entre o homem e os brutos, o grande golfo que eles não podem atravessar" (Coletânea de Teologia de João Wesley – Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil – pág. 111).
Como imagem de Deus que o homem é, ele se distingue dos irracionais:
ü  Pelo poder de pensar em coi­sas abstratas.
ü  Pela lei moral que se evidencia no seu comportamento em busca de uma perfeição.
ü  Pela natu­reza religiosa que em potencial existe em cada ser huma­no.
ü  Pela capacidade de fixar um alvo maior a ser alcan­çado no tempo e na eternidade.
ü  Pela consciência da in­tensidade da vida humana.
ü  Pela multiplicidade das ati­vidades humanas, que, conjuntas, somam o bem comum daquele que as executa.

3. A harmonia entre racionalidade e espiritualidade

Há uma perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Para aquele que recebeu uma nova natureza - a natureza espiritual -, por ocasião da sua conversão, e quando esta subjuga a natureza carnal, a espiritualidade desse individuo manifesta-se de maneira racional, pois Deus a quem ele serve é racional em sua essência. Por ser o homem racional, o Espírito Santo desenvolve nele inteligência espiritual.
A inteligência espiritual é uma habilidade sobrenatural, dada por Deus, para entender as coisas espirituais e discerni-las; essa habilidade é dada a todos aqueles que nasceram de novo, ou seja, que foram regenerados espiritualmente, e está em Cristo. Aqueles que estão em Cristo têm a mente, a mentalidade, a forma de pensar, de Cristo; por isto, eles podem compreender o que os naturais e os carnais não conseguem: as coisas do Espírito de Deus. Por quê? Porque ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus (1Co.2:11); e Deus revela essas coisas aos espirituais pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus (1Co.2:10). Este era o desejo de Paulo para com a igreja de Colossos, por isso, ele orava sempre para que aqueles irmãos fossem cheios de conhecimento da vontade do Espírito Santo, em toda a sabedoria e inteligência espiritual (Cl.1:9).
Há muitas pessoas que não frequentaram grandes universidades, nem ostentam títulos acadêmicos, nem tampouco são “doutoras em divindade”, mas são capazes de ministrar estudos profundíssimos, extraindo riquezas do texto bíblico, porque são dotadas de “inteligência espiritual”, ou seja, têm a unção do Espírito Santo, estão envoltas pelo Espírito de Deus e, por isso, compreendem as coisas espirituais, podendo nos transmitir o que o Senhor tem deixado em sua Palavra.

4. O culto racional agrada a Deus

Em Romanos 12:1, Paulo ensina que o culto agradável a Deus é o racional. A palavra, no original grego, carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto oferecido de mente e coração, culto espiritual em oposição a culto cerimonial.
Isto significa que, apesar de haver liberdade para a multiforme operação do Espírito Santo na vida dos salvos (1Co.12:6,7), o culto cristão não deve ter exageros ou modismos. Deus está vendo, ouvindo e avaliando tudo o que fazemos, pois Ele é racional. Devemos adorar a Deus de forma consciente e perfeitamente entendida. Se deixarmos de fazer uso da razão, ignorando os princípios bíblicos, poderemos cair no erro de inventar práticas e atribuí-las ao Espírito de Deus.

III. A SOCIABILIDADE HUMANA

O ser humano é um ser social, não sobrevive sozinho por muito tempo, pois depende do seu próximo para viver. A solidão é contrária à natureza humana; por isso, Deus instituiu a família e, só depois, o Estado. A primeira Família, formada pelo próprio Deus, teve como princípio a formação de um casal, ou seja, Deus uniu, com a sua bênção, um homem e uma mulher – “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a”(Gn.1:28). Estava, assim, realizado, pelo próprio Deus, o primeiro casamento, e determinado uma de suas principais funções: a perpetuação da raça humana através da geração de filhos.

1. A solidão é nociva ao ser humano

Tudo que Deus criou foi bom (Gn1:31); o próprio Criador afirmou isso: “Então Deus contemplou toda a sua criação, e eis que tudo era muito bom...”. Paulo escrevendo a Timóteo, disse: “Pois tudo o que Deus criou é bom...”(1Tm.4:4). A única coisa que Deus não achou bom foi a solidão (Gn.2:18) – “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só...”.
A Bíblia mostra que o ser humano é por natureza um ser social e gregário (Gn.1:28,29), ou seja, vive necessariamente com outros de sua espécie, vive em sociedade. Por ser social, ele não sobrevive sozinho, ele precisa se comunicar e viver em sociedade; ele precisa do outro para viver.
Assim Deus fez o ser humano, de sorte que, como já dizia o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), o homem é um ser “naturalmente social”. Por esse motivo, Deus fez a mulher para que o homem tivesse uma companhia completa, idônea e sábia (Gn.2:21-25); uma companhia que lhe fosse correspondente na espécie. Deus, que já se relacionara na Trindade, agora tinha oportunidade de se relacionar com o homem e com a mulher.

2. A família é a origem da sociedade humana

Ao criar o homem um ser social, o Senhor fez com que o homem somente pudesse atingir os propósitos sublimes para ele determinados pelo próprio Deus se estivesse vivendo em sociedade. Não haveria como o homem obter a frutificação, a multiplicação, o preenchimento da Terra e a dominação sobre a criação terrena (Gn.1:28), se não vivesse em sociedade, sociedade esta que tem como célula mater a família (Gn.2:24).
A família é o primeiro grupo social a que uma pessoa pertence, grupo este criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24), e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano. A função da Família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20). Os salmos 127 e 128, da autoria do rei Salomão, exaltam o papel fundamental da família na sociedade.
“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa” (Sl.128:1-3).
Satanás tem feito de tudo para destruir a família como Deus criou. A destruição da instituição familiar representaria a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos, e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição. Destrua-se a Família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, a igreja e toda a sociedade.

3. A Igreja de Cristo, a sociedade perfeita

A Igreja, principalmente a Igreja Local, é formada pela soma de suas Famílias. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes de Corinto, apresenta a Igreja de Cristo como a sociedade perfeita, porque nela todos formamos um único corpo (1Co.12:13). Ela é o “edifício de Deus”, é a “lavoura de Deus”, o “corpo de Cristo”, “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15), a “nação santa”.
A Igreja é o reflexo das Famílias. Famílias bem estruturadas formam Igrejas bem estruturadas. Isto é verdade, e Satanás sabe disto. Por esta razão, de forma mais acentuada nestes “últimos dias”, ele tem investido, pesadamente, contra a estrutura familiar, de forma especial, através da televisão, usando, principalmente, suas novelas. Desmoralizando o casamento, incentivando as uniões ilícitas, tanto as normais, como as homossexuais, enaltecendo a liberdade sexual, quebrando a hierarquia familiar, retirando ou coibindo a autoridade dos pais, e coisas correlatas, o objetivo de Satanás é enfraquecer, desmoralizar, acabar com a estrutura familiar. Porém, seu alvo principal é a Igreja. Ele sabe que combatendo a Família, está prejudicando a Igreja.

IV. A LIBERDADE HUMANA

Ao criar o homem, Deus concedeu a ele o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade para escolher entre o bem e o mal.

1. O livre-arbítrio

Livre-Arbítrio é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (Dt.30:11-20 e Js.24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos.
A Bíblia contém uma série de textos em que o livre-arbítrio, o direito humano de escolha, fica claro:
-Adão e Eva. No jardim do Éden, podiam escolher o fruto que comeriam; escolheram a desobediência e foram castigados por causa dela. Se estivessem predestinados a pecar, Deus não os tinha condenado.
-Caim. Deus deixou claro para Caim que, se ele mudasse sua atitude, sua oferta poderia ser aceita (Gn.4.7); por outro lado, havia a opção pelo pecado. Se tudo estivesse predestinado e predeterminado por Deus, por que o Senhor haveria de alertá-lo? É bom observarmos que Caim estava morto espiritualmente, mas isso não significava incapacidade de ouvir a voz de Deus, crer e decidir.
-Outras passagens interessantes:
“Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js.24.15). 
“O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt.30.19).
Portanto, a liberdade humana, o livre-arbítrio, é uma manifestação da vontade divina. Deus quis que o homem tivesse esta liberdade e, por isso, não cabe a nós querer estabelecer limites ou objeções ao Senhor por causa desta liberdade.

2. O ato de decidir

Deus fez o homem com poder de servi-lo ou não e, por isso, nós, simples seres humanos, não podemos querer obrigar as pessoas a servir a Deus. Elias deixou claro que o ato de decidir entre o bem e o mal, entre Deus e os ídolos, entre Deus e Baal, é um direito dado por Deus a qualquer ser humano (1Rs.18:21):
“Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada”.
Quem, pois, cerceia a liberdade de opção do homem em servir, ou não, a Deus, algo que, infelizmente, muitas vezes foi praticado em nome do Senhor, atenta, antes de mais nada, contra a própria ordem estabelecida por Deus, que foi quem criou o homem com este atributo.
Mas a liberdade que Deus deu ao ser humano, tem uma correspondência: a responsabilidade. Ao verificarmos o texto sagrado de Gn.2:16,17, notamos que Deus deu uma ordem ao homem no sentido de que ele comesse livremente de todas as árvores do jardim do Éden, com exceção da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que ele dela comesse, certamente morreria. O homem poderia escolher entre o bem e o mal, mas, no dia em que desobedecesse a Deus, em que escolhesse o mal, adviria uma penalidade, qual seja, a morte, a separação entre o homem e Deus (“certamente morrereis”).
A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal era a de que deveria responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de sua opção.
Veja, ainda, a advertência do escritor sagrado aos jovens, mas que pode ser aplicado ao ser humano em qualquer faixa etária:
“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo” (Ec.11:9).
 O evangelista adverte:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16).

3. A soberania divina

Deus é soberano, entretanto, a soberania divina não interfere na liberdade do homem, porque a soberania diz respeito a Deus, que está além de toda a criação, é algo imputável somente a Ele, faz parte da sua própria natureza e, por isso, não podemos querer transferir a soberania divina para algo que diz respeito apenas ao homem.
O Senhor não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas ou fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn.3:1-13).
Deus fez o homem com o poder de escolher entre o bem e o mal, mas a liberdade humana não altera a soberania divina. O uso da liberdade pelo homem deverá ser objeto de prestação de contas diante de Deus, que é o soberano, a máxima autoridade. Ao criar o homem com liberdade, Deus também estabeleceu que o homem responderia diante dEle sobre o uso desta liberdade. Uma vez feita a escolha pelo mal, o homem sofrerá a penalidade da morte eterna, ou seja, da separação de Deus, arcando com as consequências de sua opção.
“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm.14:12).

V. A CRIATIVIDADE HUMANA E O TRABALHO

Tem gente que acha que foi o Diabo que inventou o trabalho, outros culpam Adão, que foi expulso do Jardim do Éden e então teve que começar a trabalhar para poder viver. Mas na verdade quem inventou o trabalho foi Deus. Veja:
"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente" (Gn.2:15,16).

1. A dignidade do trabalho

O trabalho é dom de Deus, não um castigo pelo pecado. O trabalho dignifica a pessoa; revela algo sobre aquele que o realiza; expõe o caráter subjacente, motivações, habilidades e traços da personalidade. Mesmo anterior à Queda, o homem tinha deveres a cumprir, porque o trabalho dignifica a pessoa. Deus estabeleceu atividades laborais que fizessem parte de sua vida (Gn.2:5,7,8,15).
5.Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.
7.E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
8.E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado.
15.E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
Depois da Queda, o trabalho tornou-se infrutuoso e com fadiga. Mesmo que Adão trabalhasse penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo estava amaldiçoado sob seus pés.
“Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo” (Gn.3:17,18).
Há quem pense que o trabalho é parte da maldição, porém a Bíblia não ensina tal coisa; ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo infrutuoso e com fadiga (Gn.3:17). O que era leve, suave e agradável, por causa do pecado, tornou-se pesado, brutal e desagradável. A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao cansaço que acompanham o trabalho.
Por causa da Queda, aspirações vão constantemente ser vencidas pela realidade, e por mais duro que se tente, a realidade nunca vai mudar, pois a Terra foi amaldiçoada. Por mais que se trabalhe duro, por vezes, o que se experimenta é futilidade, penúria, inutilidade, insignificância.
Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm.8:22).
Mas Deus faz uma promessa de um juízo redentivo (Gn.3:15). Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o homem, Deus, o Justo Juiz, abriu um espaço para a redenção - “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. É a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação e da maldição da Terra.

2. A criatividade humana

Por ter sido criado com inteligência, com propensão para ampliar conhecimento sem limite, o homem tem demonstrado que é um ser impressionantemente criativo. Na terceira geração de Adão, o homem já dominava a agricultura, a pecuária, a metalurgia e a arte musical (Gn.4:20-22). Diz assim o texto sagrado:
“E Ada teve a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá”.
A criatividade humana não dá trégua, e nestes últimos cem anos, o leque de invenções, de criatividades tem demonstrado sua maior intensidade, muito mais do que em toda a história humana; a cada instante inventa-se alguma coisa. Há pessoas pensando em tudo o que há para se pensar em todas as esferas do conhecimento humano. Algumas ideias são louváveis e outras nem tanto; mas todas têm em comum o fato de serem produto de uma das mais intrigantes capacidades humanas: a criatividade.
O homem tem dominado facilmente todo o planeta, e nele deixado as suas marcas criativas em todo lugar. Logo após o Dilúvio, o ser humano mostrou que não havia restrição para tudo o que ele intentasse fazer (Gn.11:6) – “e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer”.
Infelizmente, o ser humano, face ao poder criativo que dispõe, tem se voltado para uma postura de arrogância, achando-se que é deus, negando até mesmo a existência do Deus Criador. O salmista chama o ateu de “néscio”, ou seja, “ignorante”, “sem entendimento”. Somente quem não tem entendimento, quem é ignorante é capaz de dizer “não há Deus” (Sl.14:1; 53:1). O ateísmo nada mais é que o resultado da plenitude de cegueira espiritual, que o inimigo tem realizado na mente dos incrédulos (2Co.4:3,4). Por isso, quando vemos o contínuo aumento do pecado no mundo (Mt.24:12), percebemos como tem se intensificado o ateísmo sobre a face da Terra, sendo, aliás, como demonstram as estatísticas e as pesquisas, crescente o número de pessoas que se dizem ateias ou sem qualquer religiosidade no mundo todo, a comprovar como tem operado o espírito do anticristo, o mistério da injustiça nestes dias derradeiros antes da volta de Cristo.

CONCLUSÃO

Os atributos do ser humano estudados aqui – a espiritualidade, a racionalidade, a sociabilidade, a liberdade e a criatividade – são reconhecidos e praticados desde quando ele foi formado pelo Criador. Ao longo da história, tem-se aperfeiçoado estes atributos, mas, infelizmente, em termos espirituais, o homem tem regredido rumo ao abismo. A cada momento, o ser humano se distancia cada vez mais de Deus, sendo influenciado pelo pós-modernismo que tem suas lentes focadas para o ateísmo, o relativismo e o materialismo.
A cosmovisão bíblica, isto é, a ideia de mundo, de criação, de Deus, de homem, etc., através das lentes das Escrituras, tem atravessado todos os períodos da civilização ocidental, contudo, depois da entrada do período pós-moderno essa cosmovisão sofreu sérios embates e, com as lentes do racionalismo, fez com que a cosmovisão bíblica viesse quase a desaparecer em muitos lugares. Estamos, realmente, vivendo o início do fim de todas as coisas. Jesus está às portas, e quando Ele vier, este mundo passará pela fase mais terrível e jamais vista desde a criação do ser humano. Sem dúvida, a única solução para a humanidade, nestes últimos da Igreja, é Jesus Cristo.
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço

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