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segunda-feira, 19 de julho de 2021

4ª lição do 3º trimestre de 2021: ELIAS E OS PROFETAS DE BAAL E ASERÁ



 Texto Base: 1Reis 18:22-24,26,29,30,38,39; 19:8-14


“Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego” (1Rs.18:38).

V.P.: “O Senhor sustenta com sua forte mão todos os que estão dispostos a proclamar a verdade de que Ele é o único Deus digno de adoração”.

1 Reis 18:

22.Então, disse Elias ao povo: Só eu fiquei por profeta do Senhor, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta homens.

23.Deem-se-nos, pois, dois bezerros, e eles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo.

24.Então, invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por fogo esse será Deus. E todo o povo respondeu e disse: É boa esta palavra.

26.E tomaram o bezerro que lhes dera e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre o altar que se tinha feito.

29.E sucedeu que, passado o meio-dia, profetizaram eles, até que a oferta de manjares se oferecesse; porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma.

30.Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; e reparou o altar do SENHOR, que estava quebrado.

38.Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.

39.O que vendo todo o povo, caiu sobre os seus rostos e disse: Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus!

1 Reis 19:

8.Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.

9.E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do SENHOR veio a ele e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

10.E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem.

11.E ele lhe disse: Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento, que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e, depois do vento, um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto;

12.e, depois do terremoto, um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e delicada.

13.E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?

14.E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem.

INTRODUÇÃO

Na sequência do estudo sobre “O Plano de Deus para Israel em meio à Infidelidade da Nação”, trataremos nesta Aula do famoso embate entre Elias e os profetas de Baal e de Asera.

Baal era o falso deus supremo dos cananeus. Em hebraico, Baal significa senhor; seus adoradores acreditavam que este ídolo era o responsável pela abastança da terra e pela fertilidade do ventre; sendo o deus da fertilidade, seu culto era marcado pela crueldade e por uma devassidão que envergonhava Sodoma e Gomorra. Em suas cerimônias havia louvores a Baal, sacrifícios de vítimas humanas, orgias e os mais inimagináveis desregramentos.

Aserá era uma falsa deusa cananéia muito antiga. Uma inscrição suméria datado de 1750 a.C. se refere a ela como a esposa de El, o deus pai do panteão cananeu. Como o símbolo astrológico de Baal era o Sol, Aserá é frequentemente associada com a Lua, mas seu símbolo era o planeta Vênus. Na época do profeta Jeremias as mulheres hebreias e canaanitas amassavam pães com sua figura e eram comidos ritualmente. Pode-se constatar isso em Jeremias 7:18 – “Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira”.

Três anos e seis meses depois que havia proferido a palavra profética anunciadora da longa seca, o profeta Elias recebeu a ordem de Deus para que se mostrasse a Acabe, porque era chegado o tempo de dar chuva sobre a terra (1Rs.18:1). No momento em que Ele foi se apresentar a Acabe, a fome era extrema na terra de Israel, e o rei, inclusive, estava tendo grandes dificuldades para alimentar os seus animais, a ponto de estar procurando, juntamente com seu mordomo, Obadias, fontes de água e erva para este fim (1Rs.18:5,6).

Ao ver o profeta, o rei mostra todo seu ódio e rancor, ao chamar o profeta de “perturbador de Israel” (1Rs.18:17). Certamente esta era a imagem que Acabe e Jezabel tinham do profeta e que procuravam incutir na mente dos israelitas. Havia um intenso “marketing” promovido pelo governo de Israel no sentido de que Elias era um “perturbador”, era o responsável pela longa seca, visto que, por não servir a Baal, estava a irritá-lo e a impedir que chuva viesse sobre a terra.

A busca incessante por Elias em todas as nações circunvizinhas (cf.1Rs.18:10) tinha, precisamente, este papel, esta finalidade. Portanto, era preciso trazer Elias e matá-lo, a fim de que a “ira de Baal” cessasse e a chuva voltasse sobre a terra. Mas, isto era uma grande mentira patrocinada pelo palácio real, a fim de esconder a soberania divina, a fim de iludir o povo no sentido de que não era o pecado o causador dos males que afligiam o país. Diante desta acusação nefanda, o profeta Elias não titubeou: “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes o mandamento do Senhor e seguistes a Baalim” (1Rs.18:18). Houve, assim, a denúncia do pecado e a sua identificação precisa como a causa dos males por que passava Israel.

Na ocasião, Elias lançou o desafio mandando que o rei Acabe reunisse os quatrocentos profetas de Baal e os quatrocentos e cinquenta profetas de Aserá no monte Carmelo, assim como todo o Israel. Acabe consentiu com isso e, então, houve aquele ajuntamento (1Rs.18:19,20), onde foi realizada uma das batalhas espirituais épicas mais espetaculares de todos os tempos registradas nas Escrituras Sagradas. Os profetas de Aserá não compareceram ao local.

I. O DESAFIO NO MONTE CARMELO

1. O zelo de Elias o pôs diante de um confronto

O próprio Elias disse que ele era zeloso: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor...” (1Reis 19:14).

Tendo em vista que três anos de seca não moveu o povo e nem o rei Acabe, muito menos a sua esposa ímpia e irreconciliável, então o profeta de Deus viu-se na condição de lançar um grande desafio diante de todos para mostrar-lhes nitidamente quem era o Deus verdadeiro. O local escolhido foi o Monte Carmelo. Diferentes sugestões foram apresentadas para justificar a razão pela qual esse lugar foi escolhido. Essa cadeia de montanhas, com suas cavernas e poucos habitantes, pode ter sido o local do esconderijo de Elias e seus seguidores ou discípulos (os filhos dos profetas – cf. 2Rs.2). Também pode ter sido o local preferido para o culto a Baal. Se isto estiver correto, então Elias levou o confronto ao núcleo da própria fortaleza dos seguidores de Baal.

Elias tomou a iniciativa da disputa. “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?”; este era o desafio. Coxear significa mancar como um coxo, capengar, claudicar, pender de um lado para o outro. Quem coxeia dá um passo e se inclina para a direita e no próximo passo se inclina para a esquerda. É por isso que "coxear entre dois pensamentos" tem o sentido figurado de hesitar, vacilar. Isto era o que Elias quis dizer sobre a situação espiritual do povo de Israel. O povo tentava encontrar um lugar para Baal e outro para Deus em sua vida, e isso não agradava ao Senhor Deus, o qual não reparte a sua glória com ninguém, quanto mais com um falso deus.

Elias desafiou todos a observar o que aconteceria, para depois decidir – “Se o Senhor é Deus, segui-o” (1Reis 18:21). Esse desafio era uma proposta definitiva; ela indicava sua grande confiança em Deus, a quem o profeta conhecia bem de perto como o Senhor Todo-Poderoso. Ele estava confiante, embora fosse apenas um contra os 450 profetas de Baal. A Bíblia não declara porque os profetas das cavernas (1Rs.18:19, ou profetas de Aserá) não apareceram, pois foram convidados. Cada um dos lados deveria preparar um bezerro para o sacrifício e concordaram em orar e aguardar que os sacrifícios fossem consumidos pelo fogo sagrado (1Rs.18:24). Foi um momento espetacular e decisivo jamais visto!

2. O problema de não saber a quem adorar

Elias fez ao povo uma pergunta clara: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o” (1Rs.18:21). Infelizmente, o povo não tinha resposta para esta pergunta porque estava em dúvida sobre quem, de fato, era o verdadeiro Deus. O povo foi iludido com a idolatria de Acabe e Jezabel, e os que seguiam esse mau caminho não conseguiam enxergar o verdadeiro Deus a quem se deve realmente adorar. Não sabiam eles que Baal não passava de pretenso deus, fruto da imaginação do homem - tinha boca, mas não falava; tinha ouvidos, mas não ouviam; tinha olhos, mas não enxergavam; tinha mãos, mas não apalpavam; tinha pés, mas não andavam. Como bem diz o apóstolo Paulo, os ídolos não são coisa nenhuma - “Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes, digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (1Co.10:19,20).

Mas, os ídolos não são apenas coisas feitas de barro, pedra, ferro, madeira etc.; pode ser qualquer coisa que ocupe o lugar de Deus no coração. Argumenta o pr. Claiton Ivan Pommerening: “os ídolos não precisam necessariamente ser físicos, pois podem estar camuflados no coração humano a fim de controlarem as decisões e toda a vida de uma pessoa. Jesus nos alertou sobre isso (Mt.6:24)”.

Naquela ocasião, no monte Carmelo,  muitos sabiam que o Senhor é Deus, porém, gostavam dos prazeres pecaminosos e de outros benefícios que tinham, ao seguirem Acabe em sua adoração idolátrica. Se nós deixarmos levar pelo que é agradável e fácil, algum dia descobriremos que temos adorado a um deus falso – a nós mesmos. É importante tomar uma posição ao lado do Senhor.

3. O desafio do fogo

Elias se dirigiu aos representantes de Israel e os acusou de oscilar entre duas opiniões - deviam escolher o Senhor ou Baal. Em seguida, ordenou que se imolasse dois novilhos e os colocassem sobre a lenha. Elias representaria o Senhor, enquanto os quatrocentos e cinquenta profetas representariam Baal. O deus que respondesse por fogo seria reconhecido como o Deus verdadeiro. Está assim escrito:

“Dêem-se-nos, pois, dois bezerros, e eles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo. Então, invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do SENHOR; e há de ser que o deus que responder por fogo esse será Deus. E todo o povo respondeu e disse: É boa esta palavra” (1Rs.18:23,24).

Elias era tão íntimo de Deus que propôs esse desafio, e o verdadeiro motivo da necessidade de Deus responder com fogo era “para que este povo conheça que tu, Senhor, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para trás” (1Rs.18:37). Sua confiança que Deus responderia sua oração era tão extraordinária que sua ação era como se o próprio Deus estivesse agindo. Na verdade, era, através de Elias.

Era o próprio Deus quem queria que esse desafio ocorresse para mostrar ao povo de Israel que Ele era, sempre foi e sempre será o único Deus verdadeiro, a quem o povo de Israel deveria servir.

II. A ORAÇÃO DE ELIAS

1. Os preparativos de Elias

No monte Carmelo, os profetas de Baal foram os primeiros a preparar o sacrifício (1Rs.18:25-29). Eles clamaram toda manhã pelo seu falso deus, mas seus gritos foram em vão; e o escárnio de Elias incitava ainda mais a sua agitação. De acordo com seus costumes eles cortavam e feriam profundamente o corpo e proferiram loucamente palavras sem nexo. Esperavam que Baal fosse responder por causa de suas expressões (razão pela qual eram chamados de profetas), porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma (1Rs.18:29).

Diante da impossibilidade de resposta de Baal aos apelos de seus adoradores, Elias começou os preparativos para a operação de Deus (1Rs.18:31-35):

31.E Elias tomou doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual veio a palavra do SENHOR, dizendo: Israel será o teu nome.

32.E com aquelas pedras edificou o altar em nome do SENHOR; depois, fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente.

33.Então, armou a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o pôs sobre a lenha,

34.e disse: Enchei de água quatro cântaros e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez,

35.de maneira que a água corria ao redor do altar, e ainda até o rego encheu de água.

Primeiramente, Elias restaura um altar que estava em ruinas. Conforme argumentou Matthew Henry, Elias jamais usaria o altar dos profetas de Baal, que tinha sido contaminado com as orações a este falso deus; mas, encontrando em ruínas um altar ali, que anteriormente tinha sido usado no culto ao Senhor, ele escolheu repará-lo (1Rs.18:30). Isto insinuava ao povo presente que Elias não estava ali para introduzir nenhuma nova religião, mas reviver a fé e a adoração ao Deus de seus pais, e convertê-los ao primeiro amor que tiveram e às primeiras obras que praticaram.

O comentarista Harvey E. Finley argumentou que é difícil encontrar uma explicação a respeito do altar do Senhor que Elias reparou. Parece que a adoração a Deus, conduzida nesse local, havia sido interrompida. Uma provável sugestão é que esse altar fora usado por pessoas do Reino do Norte que eram fiéis a Deus, mas que foram proibidas de continuar com suas práticas religiosas por causa da ameaça de Acabe e Jezabel, que adoravam Baal e Aserá.

A ação de Elias em restaurar o altar significava que o culto ao Deus verdadeiro seria novamente restaurado. Talvez exista aí a explicação da razão pela qual Elias escolheu o monte Carmelo para a desafiar os profetas de Baal. As doze pedras, as quais simbolizavam as doze tribos de Israel, foram colocadas no altar com a finalidade de retratar o desejo de Deus à unidade entre as tribos, particularmente uma crença unificada em sua Pessoa. Depois de tomar grandes precauções à vista de todos, contra acusações de fraude (1Rs.18:33-35), o sacrifício de Elias estava pronto.

2. Uma oração confiante

Segundo Harvey E. Finley, na hora em que o sacrifico da noite era habitualmente oferecido, Elias fez uma oração confiante ao Deus dos patriarcas de Israel, que também era o seu Senhor. Ele rogou, como somente uma pessoa obediente pode rogar, para que Deus pudesse responder, afastar o seu povo de Baal e Aserá, e trazê-lo de volta para Si.

A sua oração foi simples e não longa, contrastando com as súplicas dos profetas de Baal (1Rs.18:36,37); não usou vãs repetições nem pensou que por muito falar seria ouvido, mas ela foi muito séria, e serena, e confiante, e mostrou que a mente de Elias estava calma e tranquila, e longe do ardor e das desordens em que se encontravam os profetas de Baal (1Rs.18:36,37). Elias queria mostrar que, para Deus responder, não são necessárias cerimônias especiais, sacrifícios ou mutilações; basta o exercício da fé no Deus verdadeiro.

Conquanto ele não estivesse no lugar designado, Elias escolheu a hora prescrita da oferta de manjares, para testificar com isso sua comunhão com o altar em Jerusalém. Conquanto ele esperasse uma resposta por fogo, ainda assim aproximou-se do altar com coragem e confiança, e não temeu aquele fogo.

A luta contra a falsa adoração continua ainda hoje por parte dos que desejam ser fiéis a Deus. Não há como negar que ao nosso redor ecoam ainda os sons advindos de vários cultos falsos, alguns deles transvestidos da piedade cristã. Assim como Elias, uma Igreja triunfante deve levantar a sua voz a fim de que a verdadeira adoração prevaleça. É bom ressaltar que Deus não procura somente adoração, Ele procura verdadeiros adoradores (João 4:24).

3. A misericórdia de Deus

Deus podia não dar nenhuma satisfação em manifestar o seu poder naquele momento, no Carmelo, mas a sua misericórdia foi manifestada e Ele respondeu a Elias e, bondosamente, honrou os fiéis israelitas com a sua santa presença. Seu fogo sagrado consumiu a lenha, o sacrifício encharcado de água e o próprio altar (1Rs.18:38). Isto foi uma clara demonstração, não apenas de que Ele é Deus, e que está acima de tudo e de todos, mas também de que Ele estava dando a Israel uma nova oportunidade de comunhão. O povo, cheio de admiração e espanto, confessou o que todo homem deve confessar: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” (1Rs.18:39). Essa confissão deixava bem claro que, naquele momento, eles haviam decidido em favor de Deus e contra Baal.

Os profetas de Baal foram severamente punidos por levar o povo a adorar um falso deus. Conforme a Lei mosaica, Deus permitiu que Elias, com a ajuda do povo ali presente, aplicasse a pena capital aos profetas de Baal (1Rs.18:40). Se os profetas de Aserá estivessem presentes no monte Carmelo, juntos com os profetas de Baal, eles também teriam sido mortos. Após isso, Elias subiu ao cume do monte Carmelo, orou a Deus e caiu uma abundante chuva (1Rs.18:45). Assim, a seca que já durava três anos e meio terminou (1Rs.18:41,44).

Quando exercitamos a nossa fé e confiança no Senhor, Ele responde nossas orações e nos livra de qualquer adversidade. O recurso mais poderoso do cristão é a comunhão com Deus, através da oração. Os resultados são frequentemente maiores do que pensamos ser possível. Algumas pessoas veem a oração como um último recurso a ser tentado, quando tudo mais falhar; mas, isso é um erro. A oração deve vir em primeiro lugar. Pelo fato do poder de Deus ser infinitamente maior do que o nosso, só faz sentido confiar nesse poder, especialmente porque o próprio Senhor nos encoraja a fazê-lo. Tiago assim afirmou: “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tg.5:17,18).

III. ELIAS EM HOREBE

1. Os feitos e a exaustão do profeta

Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do inimigo. Até ao triunfo do Carmelo quando Elias sozinho enfrentou quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, não se observa nele, segundo as Escrituras, nenhum traço de depressão espiritual. Mas depois do Carmelo, e mais precisamente quando Elias aguardava à entrada de Jezreel boas notícias que dentro de um prognóstico seu viriam da casa real, tudo mudou (1Reis 18:46).

Elias fez um prognóstico que uma vez exterminados os falsos profetas de Baal, Deus, de imediato, enviaria o avivamento espiritual sobre toda a nação. Isto fica mais evidente quando depois da vitória sobre os falsos profetas, Elias disse a Acabe: “Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva” (1Reis 18:41). A chuva era o sinal! Mas, quando Acabe deu a notícia a Jezabel, ela prontamente enviou um mensageiro dizer a Elias: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2). Elias esperava uma renovação espiritual na realeza face a manifestação poderosa de Deus no Monte Carmelo, demonstrando que só Ele é Deus e Senhor em Israel, entretanto, ouve uma ferrenha oposição ao profeta de Deus, e isto lhe causou depressão. Simplesmente exauriu-se as suas forças e o desânimo apareceu com força, levando-o a desistir de lutar.

Quando Elias soube da oposição da realeza ao seu grande feito no Monte Carmelo, a sua reação imediata foi esta: “Temendo, pois, Elias, levantou-se e, para salvar sua vida...” (1Reis 19:3). O profeta valente e ousado agora estava fugindo de medo das ameaças da idólatra Jezabel que poderia lhe tirar a própria vida. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu.

Elias tirou os olhos em Deus e colocou-os nas circunstâncias. Sempre que alguém faz isso, afunda num pântano de desespero. Isso pode acontecer com qualquer um de nós, por isso precisamos ter muito cuidado, pois até mesmo os crentes mais fiéis podem vir a sofrer depressão e desânimo na sua caminhada, mesmo depois de serem usados pelo Senhor de forma extraordinária, como foi Elias.

2. O pedido para morrer

Quando Jezabel soube que os profetas de Baal tinham sido mortos, ela reagiu com fúria e fez uma ameaça decretória: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2).

Elias não estava preparado para esta resposta da realeza, pois entendia que todo o problema em Israel se resumia nos falsos profetas. Concluiu que uma vez exterminados os falsos profetas, não só a chuva cairia, mas a fome deixaria de assolar a nação, o pasto ressurgiria para alimentar o gado, lagos, córregos e rios alegrariam o povo em abundância de água. Que mais a realeza e o povo queriam? Entretanto, o seu prognóstico foi uma decepção; por isso, caiu em depressão e pediu para morrer.

Elias caiu em depressão por se achar um fracassado em sua missão espiritual para com o povo e, sobretudo, para com Acabe e Jezabel. As bênçãos materiais, Deus tinha derramado, mas as espirituais, como a salvação e a mudança de atitude da realeza e do seu povo, o Senhor não realizara. Isso foi o bastante para o mundo de Elias ruir.

Então saiu a vagar e deixou que o medo o dominasse. Depois de percorrer muitos quilômetros, Elias deixou o seu discípulo em Berseba (1Rs.19:3) e foi ao deserto, caminho de um dia, e, exausto, se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais (1Reis 19:4). Elias perdeu o ânimo para ensinar o seu discípulo e perdeu o amor por si próprio. Ele perdeu completamente a perspectiva do futuro. Ele julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava um espectro de desespero.

A angústia de Elias lhe trouxe um estado espiritual mórbido. Deus enviou um anjo para despertar o ânimo do servo de Deus.  Um anjo lhe acorda com pão e água, ele come, mas volta a seu estado mórbido anterior: dormir. Se antes uma pequena nuvem era sinal de milagre, agora nem um anjo é capaz de lhe mostrar a vitória (1Reis 19:5,6). É um perigo quando objetivamos algo e em prol deste algo empenhamos toda a nossa força sem lograr êxito. Elias se sentiu assim. Julgou que seu esforço foi em vão porque Deus não agiu na realeza de Israel conforme seu ponto de vista. Devemos entender que a vontade do Senhor é soberana e respeita o livre-arbítrio do ser humano!

3. A resposta de Deus

Deus não abandona seus fiéis servos. Ele jamais deixará seus filhos sozinhos, no quarto escuro e solitário da depressão. O hino 193 da harpa cristã traz a confiança inabalável em Deus oriunda do usufruto de Sua presença apesar da depressão: “Ele intercede por ti, minh’alma; Espera Nele, com fé e calma; Jesus de todos teus males salva, e te abençoa dos altos céus”.

Deus interveio e proveu para seu servo, enviando um anjo, que trouxe pão e água, tirando-o daquela situação de depressão e levando-o à Sua presença (1Rs.19:5-7):

“Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Voltou segunda vez o anjo do Senhor, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo”.

A resposta de Deus a Elias veio em forma de tratamento da saúde física, espiritual, ambiental e relacional. Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Deus tratou a depressão de Elias através de vários recursos:

a) Deus o tratou por meio da sonoterapia (1Reis 19:5,6)

A depressão deixa a mente agitada. Uma pessoa deprimida fica com o corpo cansado, mas a mente não desliga. A depressão lhe era tão intensa que desejou a morte (1Reis 19:4); nessa condição sentou-se debaixo de uma árvore e dormiu profundamente. Deus permitiu que o seu servo tivesse um momento de descanso. Podemos prevenir a depressão proporcionando um período de descanso.

b) Deus o tratou por meio da alimentação adequada (1Reis 19:6)

Deus preparou uma refeição para Elias no deserto; deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento; é preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença. O Senhor, através de seu anjo, o alimentou e permitiu que repousasse. Não houve nenhuma reprimenda, sermão ou repreensão. Deus providenciou uma refeição de pão quente e água fresca e o deixou descansar. Era preciso recobrar suas forças físicas. Creio que isto é necessário não só no caso de Elias; é preciso repousar, descansar e ter uma alimentação adequada.

c) Deus tratou Elias por meio da mudança de ambiente

Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Deus tirou Elias do deserto e levou-o à sua presença, em Horebe. Foi o próprio Senhor que o conduziu à sua presença - “Voltou segunda vez o anjo do senhor, tocou-o e lhe disse: Levanta-te, e come, porque o caminho te será sobremodo longo. Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1Reis 19:7,8). “Ali entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?” (1Reis 19:9). O profeta passou uma noite inteira no “aposento” de Deus.

Deus estava em silêncio quando Elias estava prostrado no chão pedindo para si a morte. Agora, no monte Horebe é diferente; ali, Deus lhe dirige a palavra: “Que fazes aqui Elias?”. Observe que Deus não o condenou por sua atitude. Ao invés disso fez esta pergunta. Não que Deus não entendesse o problema de Elias, mas queria que o profeta expressasse, verbalizasse o seu problema. Às vezes precisamos colocar para fora os nossos sentimentos, mas devemos fazê-lo de uma maneira responsável. Deus também fez Elias entender e enfrentar a realidade. Para vencer a depressão é preciso entender e enfrentar a realidade.

Quem não anela ouvir em meio às tempestades a voz inconfundível de Deus? A palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos (Sl.119:105). E mais: “Na tua presença há plenitude de alegria” (Sl.16:11). O profeta deprimido, como qualquer outro crente, precisava da amável e confortadora presença de Deus. Foi somente no aposento de Deus que Elias se reencontrou com a verdadeira alegria que a depressão espiritual lhe tirou.

d) Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo

Elias estava dentro da caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordenou a sair da caverna para destampar a câmara de horror da alma e espremer o pus da ferida. Desabafou ele: “Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem” (1Reis 19:10). O desabafo é uma necessidade vital para a assepsia da alma. Faça o mesmo: conte a Deus, conte a um bom amigo que lhe seja instrumento de Deus.

e) Deus o tratou dando-lhe bem-estar espiritual - Deus se revelou maravilhosamente a Elias

Em 1Reis 19:11 está escrito: “Disse−lhe Deus: Sai, e põe-te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor”. São poucos os casos bíblicos em que Deus se revela de uma maneira especial para os seus filhos: Abraão foi chamado amigo de Deus (Tg.2:23). Enoque andou com Deus (Gn.5:24). Jó, depois da provação, quando perdeu bens, amigos, filhos, saúde, pôde dizer: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso me abomino no pó e na cinza” (Jó 42:5,6). Moisés que suplicou a Deus: “Rogo−te que me mostres a tua glória. Respondeu−lhe, o Senhor: Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êx.33:18,19).

É na vontade soberana de Deus que está o segredo de sua manifestação pessoal aos seus filhos. Isto não implica dizer que não devamos pedir e orar pela bênção. Devemos sim, buscar acima de tudo o Deus da bênção e não meramente a bênção como é corrente nos dias de hoje! Elias, assim como os outros, foi agraciado por Deus com sua maravilhosa manifestação.

Em 1Reis 19:11, Deus não estava num grande e forte vento; muito menos no terremoto. Em 1Reis 19:12, o Senhor não estava no fogo, mas numa brisa suave e tranquila. Para a suave manifestação de Deus, Elias “envolveu o rosto no seu manto...” (1Rs.19:13). O profeta sentiu o marcante poder santificador e renovador do Senhor. Não há depressão que resista ao tratamento do Médico dos médicos. Glórias sejam dadas ao seu glorioso nome!

f) Deus corrigiu a concepção espiritual de Elias

Em 1Reis 19:18 Deus fala assim: “Também conservei em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou”. Deus é o Mestre por excelência. Ele ensinou ao rebelde e insensível profeta Jonas o valor do verdadeiro amor ao próximo através da morte de uma simples planta (Jn.4:6-11). O salmista aprendeu o valor da disciplina divina, pois escreveu: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos, e que com fidelidade me afligiste” (Sl.119:67,75).

Elias experimentou a correção celestial em sua vida, mas antes disto se estribou em sua fidelidade a Deus para reclamar sua proteção. Em 1Reis 19:14 ele repete com mais intensidade o que falara no versículo 11: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”. Não é correto quando temos a oportunidade de ficar frente a frente com o Altíssimo e ficamos querendo nos justificar, com autocomiseração, se fazendo de vítima, tentando convencer a Deus de nosso extremo zelo (1Reis 19:14). Deus não nos mandou ser extremamente zeloso, mas sim zeloso apenas. Todo extremo é perigoso.

O profeta ouviu do próprio Deus: “Também conservei em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1Rs.19:18). Deus mostrou a Elias o seu equívoco: tinha mais gente passando pelo que ele estava passando - sete mil joelhos que não se dobraram a Baal. Elias estava se achando o último dos profetas. Talvez imaginasse que nele se resumisse a esperança de Israel. Elias aprendeu que Deus é Deus. Que lição!

g) Deus renovou a vocação profética de Elias

1Reis 18:15,16 evidencia isto: “Então o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; quando lá chegares, ungirás a Hazael para ser rei sobre a Síria. E a Jeú, filho de Ninsi, ungirás para ser rei sobre Israel; bem como a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás para ser profeta em teu lugar” (1Reis 19:15,16).

Uma vez revigorado, Elias, o tisbita, tinha que ungir Hazael como rei da Síria, Jeú como rei de Israel, e o mais difícil: ungir a Eliseu como profeta em seu lugar; Elias tinha agora que passar o cajado. Talvez não imaginasse que este dia chegasse nestas circunstâncias. Já que pediu a morte, Deus preparou seu sucessor na sua “barba”.

Sempre necessitamos do renovo de Deus em nossas vidas. Grandes homens de Deus necessitaram. Elias necessitou. Portanto, busquemos o trono da graça do Senhor, pois de lá, somente de lá, vem o reavivamento que nos curará de todo o desânimo.

h) Deus providenciou um amigo próximo (1Reis 19:19-21)

É interessante observar que Deus não lhe deu apenas um sucessor, mas alguém que o amava e o compreendia suficientemente bem para servi-lo e encorajá-lo. Todos nós precisamos de outros cristãos em nossa vida para nos ajudar e encorajar. É por isso que Deus estabeleceu a Igreja, para vivermos em comunhão, em amizade e em encorajamento mútuo – “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl.6:2).

CONCLUSÃO

Assim como Elias confrontou os profetas de Baal e de Aserá diante da idolatria, os servos do Senhor devem estar dispostos a confrontar todo tipo de pecado. Em sentido amplo a idolatria pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição ou ambição que tome o lugar de Deus, ou que diminua a honra que lhe devemos. Deus nunca admitiu outro além dEle. O Todo-Poderoso não divide seu louvor com quem quer que seja: Ele é o único. O Senhor é Deus zeloso e requer exclusividade. Jamais repartiria seu povo com um suposto rival. Por esta razão assevera enfaticamente: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx.20:3).

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço 

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