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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ASSEMBLEIA DE DEUS EM VIÇOSA, LANÇA CD PROMOCIONAL.


   
  O ano de 2012 foi denominado pelo Pr. Donizete Inácio, líder da Assembleia de Deus em Viçosa, AL, como ano de bênçãos para o povo desta cidade.
    
      A declaração foi  feita durante o conclave festivo alusivo ao Jubileu de Diamante – 75 anos da Assembleia de Deus nesta cidade, celebrado no mês de março do ano em curso.
  
     A feliz declaração do servo de Deus,  teve seu cumprimento de uma maneira surpreendente. Inúmeras foram as bênçãos alcançadas pelo povo de Deus durante este período. Incontáveis tem sido as  vitórias que os crentes em Jesus têm  desfrutado da parte de Deus. O Senhor tem derramado da sua  bondade, abrindo assim as comportas do céu para abençoar seu povo ricamente.
    
     Nesta quarta-feira(14), no culto de Santa Ceia, mas uma vitória foi concedida a amada igreja, fazendo assim parte da proposta supramencionada.
     
    Pastor Donizete, tomado de tamanha gratidão a Deus, fez o lançamento de um CD promocional  do Jubileu. O projeto foi um sonho que o servo Deus trazia consigo, e Deus fez cumprir nestes dias. O projeto tem como finalidades, a evangelização da região através da música sacro-santa, bem como com os recursos advindos da venda do CD, concluir a compra dos instrumentos da Orquestra Filarmônica Asafe – outro sonho do amado pastor, que em poucos dias se cumprirá para glória de Deus.
    
      São oito cantores que fazem parte do repertório, todos da terra: Adenilson Júnior, Adilson, David Keneth, Eleilson, Edmilton Estêvão, Luiz Carlos, Sidney Ramalho e Viviane Maria.
  
     Lançado o CD, Pr. Donizete transmitiu uma rica mensagem, extraída do livro de Jeremias 1.11-12.
   
     Feita a leitura, o senhor concedeu uma reflexiva e poderosa mensagem ao povo de Deus no culto da penúltima Santa Ceia do ano.

  Fundamentado no versículo 12 do texto lido. Declarou o ministro: “Deus vai fazer cumprir com a palavra dita a teu respeito. Talvez você não esteja suportando, nem  tão pouco entendendo, mas Deus não fala para não cumprir, o que Deus fala tem o seu  fiel cumprimento"- finalizou.
  
  
   
  Ao Senhor seja a Glória
Por Efigênio Hortêncio de Oliveira 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MIQUÉIAS: A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA

 
Texto Básico: Miquéias 1:1-5;6:6-8
 
INTRODUÇÃO


Miquéias, embora tenha sido um camponês procedente de uma pequena cidade, ergueu a voz para denunciar os pecados de Jerusalém, a imponente capital de Judá. Com coragem invulgar denunciou os esquemas de corrupção no palácio, no poder judiciário e nos corredores do Templo. Miquéias denunciou a aliança espúria e o amasio vergonhoso entre os políticos inescrupulosos e os religiosos avarentos. A religião e a política se uniram pelos mais sórdidos motivos para buscar os mais perversos resultados. O propósito desse conluio maldito foi uma implacável opressão aos pobres. Os camponeses perderam as terras, as casas, as famílias e até a liberdade. Os ricos criaram mecanismos criminosos para roubarem os fracos, os oprimidos e os pobres. Esses não tinham direito, nem vez, nem voz. Os tribunais estavam ocupados por homens corruptos que, mancomunados com os ricos, vendiam sentenças por dinheiro e prostituíam sua sacrossanta vocação. Miquéias, porém, não se impressionou com a magnificência dos palácios da cidade nem com suas torres imponentes. Ele não vendeu sua consciência como os sacerdotes avarentos nem se corrompeu como os profetas da conveniência. Antes, desmascarou a liderança corrupta, chamou o povo ao arrependimento e anunciou, em nome de Deus, o juízo inevitável que viria sobre toda a nação.


I. O LIVRO DE MIQUÉIAS



1. Contexto histórico. O profeta Miquéias era originário de uma cidade chamada de Moresete-Gate (Mq 1:14) no sul de Judá, área agrícola a 40 km ao sudoeste de Jerusalém. À semelhança de Amós, era homem do campo, e provinha com certeza de família humilde. Se Isaias, seu contemporâneo em Jerusalém, assistia ao rei e observava o cenário internacional, Miquéias, um profeta do campo, condenava os governantes corruptos, os falsos profetas, os sacerdotes ímpios, os mercadores desonestos e os juízes venais, que havia em Judá. Pregava contra a injustiça, a opressão aos camponeses e aldeões, a cobiça, a avareza, a imoralidade e a idolatria. E advertiu sobre as severas consequências de o povo e os líderes persistirem em seus maus caminhos. Predisse a queda de Israel e de sua capital, Samaria (Mq 1:6,7), bem como a de Judá, e de sua capital, Jerusalém (Mq 1:9-16; 3:9-12).


O ministério de Miquéias foi exercido durante os reinados de Jotão (750-735 a.C), Acaz (735-715 a.C) e Ezequias (715-686 a.C), período de expansão e domínio assírio no antigo Oriente Próximo. O reino do Norte de Israel foi gradualmente invadido pelos assírios, o que culminou com a queda da capital de Samaria em 722 a.C., em poder do rei assírio Salmaneser V (727-722 a.C.). Acaz, de Judá, aliou-se à Assíria e modelou o culto em Jerusalém conforme as práticas assírias (2Rs 16:7-18). Mais tarde, Ezequias, o filho de Acaz, revoltou-se e grande parte de Judá foi invadida pelo rei Senaqueribe, da Assíria, mas Jerusalém foi milagrosamente poupada (2Rs 18:17-19:37).


Durante esse período, estabelece-se em Israel e em Judá um enorme contraste entre os excessivamente ricos e os pobres oprimidos, devido à exploração da classe média de Israel (Mq 2:7,9) por donos de terra extremamente gananciosos (Mq 2:1-5). Os opressores eram apoiados por líderes corruptos políticos e religiosos de Israel (cap 3). Em razão dessa má liderança, toda a nação tornou-se moralmente corrupta e pronta para o julgamento (Mq 6:9-16; 7:1-7).


Deus levantou a Assíria para ser o chicote da sua ira contra o seu povo iníquo (Is 10:5-11). Como Miquéias havia profetizado (Mq 1:2-7), Samaria caiu em poder dos invasores assírios. Judá sentiu a força do julgamento divino quando Senaqueribe marchou através da Sefelá (cadeia montanhosa situada a oeste de Judá) até os portões de Jerusalém, como Miquéias também havia predito (Mq 1:8-16), mas seu propósito foi frustrado por intervenção sobrenatural de Deus (2Rs 18.13-19.36).


Foi nesse tempo de tensões e profundas mudanças no mapa político do mundo, nesse tempo de muitas e frequentes guerras, que Miquéias foi levantado por Deus como profeta em Israel, e, sobretudo, em Judá. Miquéias chegou a testemunhar a queda de Samaria e o cerco de Jerusalém, fatos esses que ameaçavam de destruição o povo do Senhor.


2.Estrutura e mensagem.


a) Estrutura. O livro de Miquéias consiste numa mensagem de três partes principais. Cada uma das partes marca o imperativo “Ouvi” (Mq 1:2;3:1;6:1).


· Primeira parte, referente aos capítulos 1-3, registra a denúncia que o Senhor faz dos pecados de Israel e de Judá, e de seus respectivos líderes, e a iminente ruína destas nações e suas respectivas capitais.


· Segunda parte, referente aos capítulos 4-5, oferece esperança e consolo ao remanescente no tocante aos dias futuros, em que a Casa de Deus será estabelecida em paz e retidão, e a idolatria e a opressão serão expurgadas da terra. Miquéias finalmente olhou para o futuro e vislumbrou a vinda do Messias, o Príncipe da Paz, aquele que implantaria seu reino não pela força da espada, mas pelo poder da sua cruz. Miquéias viu pela fé a chegada gloriosa do Reino de Cristo e o resplendor da igreja, a noiva do Cordeiro (cf Mq 5:2-15).


· Terceira parte, referente aos capítulos 6-7, descreve a queixa de Deus contra seu povo, como se fora uma cena de tribunal. Deus apresenta a sua causa contra Israel. O justo remanescente de Judá estava prestes a passar por dias sombrios em consequência dos pecados da nação. No entanto, Miquéias proclama em alto e bom som, em favor destes, palavras de fé e esperança. O profeta olha para o além do triunfo temporário dos inimigos e vê o dia glorioso de sua restauração (Mq 7:8-13). “Levantar-me-ei” é uma afirmação de fé comparável à de Jó (ver Jó 19:25-27). Em seguida, há uma oração e promessa em favor dos filhos de Abraão (Mq 7:14-20). Miquéias roga a Deus que cumpra as Palavras dos versículos 8-13. O desejo de Miquéias era que Deus voltasse a cuidar de Israel, assim como o pastor cuida de suas ovelhas. Miquéias encerra o livro, com um jogo de palavras baseado no significado do seu próprio nome: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti?” (Mq 7:18). Resposta: somente Ele é misericordioso, e pode dar o veredicto final: “Perdoado” (Mq 7:18-20).


b) Mensagem. O profeta Miquéias pregou três grandes mensagens:


· Uma mensagem ameaçadora de juízo. Miquéias ergueu sua voz contra os pecados da cidade de Jerusalém e Samaria, anunciando o julgamento iminente por causa da violência, da injustiça social e de uma religiosidade fingida. Ele denunciou com veemência a opressão dos pobres pelos ricos. Ele desmascarou os profetas da conveniência e mostrou a desfaçatez dos sacerdotes que se vendiam por dinheiro. Ele pôs o dedo na ferida e diagnosticou os males crônicos que adoeciam a nação. Miquéias de forma contundente mostrou que o pecado atrai o juízo de Deus e os pecadores não ficarão impunes.


· Uma mensagem de apelo ao arrependimento. Miquéias não apenas fez o doloroso diagnóstico, ele também ofereceu o remédio. Ele não apenas denunciou o pecado, mas também chamou o povo ao arrependimento. A saída para a nação não era fazer vista grossa ao pecado nem buscar alianças políticas para se proteger, mas se voltar para Deus em sincero arrependimento. O verdadeiro problema da igreja não é a presença ou ameaça do inimigo, mas a ausência e o distanciamento de Deus. O profeta Miquéias chama o povo ao arrependimento, mostrando-lhe que os desajustes sociais, a opressão política e a decadência moral eram resultado de uma religião errada. A nação está socialmente desarrumada porque sua relação com Deus está errada. Os males que assolam a sociedade são consequências do afastamento de Deus.


· Uma mensagem de promessa de restauração. Miquéias não apenas deu o diagnóstico e o remédio, mas também prometeu a cura eficaz. Denunciar o pecado sem chamar o povo ao arrependimento produz desespero e não esperança. Onde há arrependimento há também restauração. Miquéias não é um profeta pessimista como pensam alguns estudiosos. Ele sempre oferece uma porta de saída, ele sempre anuncia o escape da graça. A misericórdia de Deus prevalece sobre sua ira. A graça de Deus é maior do que nosso pecado.


II. A OBEDIÊNCIA A DEUS



1. O conceito bíblico de obediência. Como eu disse acima, na estrutura do livro de Miquéias, cada uma das partes marca o imperativo “Ouvi” (Mq 1:2;3:1,9;6:1,2,9). O verbo hebraico empregado aqui é “shemá”. Mas este verbo não tem o sentido apenas de “ouvir, prestar atenção”, significando apenas uma comunicação ou informação, não. A expressão "ouvi" tem um sentido muito maior, mais imperioso: abarca a ideia tanto de "escutar com atenção” quanto de "obedecer''; significa acatar ordens de autoridade religiosa, civil ou familiar. Essa fraseologia é similar a de Isaias (Mq 4:1-5; Is 2:2-4), e é vista também nos ensinos de Jesus (Mt 11:15; 13:3). Portanto, a obediência deve ser precedida pela compreensão e pelo amoroso acatamento da mensagem divina (Mt 7:24,26). Somos conhecidos como crentes pela obediência a Deus e à Sua Palavra.


Obedecer de coração à Palavra de Deus é melhor do que qualquer forma exterior de adoração, serviço a Deus, ou abnegação pessoal. O culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço a Deus não tem valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência explícita a Ele e aos seus padrões de retidão.


A obediência é o que Deus requer do ser humano, é a sua única exigência (Dt 10:12,13). É uma das condições para termos nossas orações respondidas (1João 3:22). Obedecer é melhor do que sacrificar e o atender é melhor do que a gordura de carneiros (I Sm.15:22).


2. A desobediência das nações - “Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em tua plenitude, e seja o Senhor JEOVÁ testemunha contra vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade” (Mq 1:2). Miquéias dirige-se a todas as pessoas da terra, pois Deus é o Senhor de toda a Terra (Mq 4:2,3), e todas as nações devem prestar contas a ele.


Deus soberano, Adonai-Iavé, Criador e sustentador do universo, exige atenção e obediência de todos, em todos os lugares, pois não é uma divindade tribal, mas o Deus que está assentado num alto e sublime trono e governa sobre todas as nações.


A desobediência foi sempre a razão do fracasso de todos quantos decidiram servir a Deus (Dt 8:20; Dn 9:11; At 7:39). O pecado é desobediência e a desobediência gera a indignação e a ira divinas (Rm 2:8), a reprovação para toda a boa obra (Tt 1:16). Aos desobedientes é negado o repouso divino (Hb 3:18), bem como reservado um triste fim (1Pe 4:17).


3. A ira de Deus sobre o pecado (Mq 1:3-5). A idolatria, a imoralidade e a injustiça social foram uma tríade pecaminosa que atraiu a justa ira de Deus. O cálice da ira de Deus foi se enchendo até que os pecados do povo atraíram inevitavelmente o juízo divino.


Em Jerusalém, no Templo do Senhor, o culto a Deus era realizado conforme as prescrições divinas. Todavia, não tardou para que a idolatria de Samaria e a sedução dos deuses de outros povos também penetrassem pelas portas dessa cidade. No reinado de Acaz, ídolos abomináveis foram introduzidos dentro do templo do Senhor. A porta da casa de Deus foi fechada. A impiedade tomou conta da cidade. Com a apostasia veio, também, a opressão do inimigo. Com o abandono da lei de Deus, os ricos passaram a explorar os pobres. Os juízes se corromperam para dar sentenças injustas. Os profetas e sacerdotes abandonaram o ensino fiel da Palavra de Deus, e a nação afundou num pântano nauseabundo de apostasia, corrupção e maldade. O povo de Judá ia ao Templo, mas também fazia sacrifícios nos altos, redutos de idolatria e imoralidade.


O povo havia caído na rede mortal do sincretismo religioso. Foi o próprio Deus quem estabeleceu preceitos para regulamentar o culto. Portanto, o culto verdadeiro deve ser feito segundo as prescrições divinas, e não segundo o enganoso coração humano. A igreja contemporânea, de maneira semelhante ao povo de Israel à época de Miquéias, está introduzindo muitas práticas estranhas no culto. Essas práticas, oriundas do misticismo pagão, embora agradem o povo, são rejeitadas por Deus.


Veja o texto de Miquéias 1:3: “Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e descerá, e andará sobre as alturas da terra”. Aqui, o texto sagrado denota que Deus é transcendente e também imanente. Ele não apenas está no Céu, mas, também, desce para andar sobre as alturas da Terra. Ele sonda os filhos dos homens. Ele diagnostica seus pecados. O Deus do Templo, da liturgia, é também o Deus de fora do Templo e do cotidiano. O Deus do Templo é também o Deus da criação. Miquéias levanta, então, sua voz para dizer que nada passa despercebido aos olhos de Deus. Ele a tudo vê e a todos sonda. Quando o profeta diz que Deus andará sobre as alturas da Terra, usa o mesmo verbo empregado para "pisar uvas, isto é, espremê-las com os pés, e representa o total esmagamento da desobediência idólatra".


A ira de Deus sobre o pecado é aterradora. Veja o texto de Miquéias 1:4: “E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales se fenderão, como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam em um abismo”. Aqui, numa linguagem poética e dramática, Miquéias descreve a aparição de Deus, como juiz, para a cena do julgamento. Sua manifestação é majestosa e também aterradora. Diante dele os montes se derretem como cera diante do fogo. Tudo o que anteriormente parecia sólido e permanente assume, de repente, o aspecto de cera derretida. Os vales se fendem como as águas que se precipitam num abismo. Sua presença é irresistível, sua sentença irreversível e sua majestade incomparável. “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:31).


III. O RITUAL RELIGIOSO



Diante das profundas, irrefutáveis e eloquentes acusações ouvidas, o povo tenta buscar o favor de Deus. No entanto, em vez de tomar o caminho do arrependimento, busca o atalho da religião sem vida. O povo procura disfarçar sua injustiça clamorosa com rituais religiosos vazios. Miquéias acusa que os cultos eram rotineiros, mas não vinham do coração. Ele destaca três fatores importantes:


1. Os ritos sagrados sem santidade de vida são insuficientes (Mq 6:6) – “Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus altíssimo? virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?”. O povo, convencido de sua culpa, pergunta se existe um meio de reaver o favor de Deus. Equivocadamente, o povo busca esse favor no sistema sacrificial. A solução procurada foi puramente formal. A religião meramente ritual não representa o culto verdadeiro, não agrada a Deus.


Os holocaustos eram sacrifícios legítimos e ordenados por Deus, mas precisavam ser oferecidos com a motivação certa e com vida certa. O povo queria oferecer holocaustos para ocultar seus pecados. O povo queria fazer a coisa certa, da maneira errada e com as piores motivações.


Alguém disse que “os sacrifícios eram facilmente usados como álibis da desobediência. Eles perceberam que a fumaça que subia do altar podia servir para ocultar os seus pecados. Apesar de autênticos atos cultuais, eles podem transformar-se em meio para não se prestar ao Senhor um culto verdadeiro”.


2. A ostentação religiosa sem piedade é nula (Mq 6:7) – “Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros. de dez mil ribeiros de azeite?". Se Deus não deseja determinado tipo de oferta (o holocausto), talvez a quantidade de sacrifícios o agrade: milhares de carneiros, dez mil ribeiros de azeite. O povo pensou que Deus estava interessado no tamanho da oferta. Eles ofereceram tudo (até aquilo que Deus proibira), com exceção da única coisa que ele pedia: o coração, com seu amor e sua obediência. Deus não se impressiona com ostentação. Ele não quer desempenho. Ele quer coração quebrantado, verdade no íntimo.


3. O sacrifício humano sem quebrantamento é inútil (Mq 6:7b) - "Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?". O povo pensava que podia agradar a Deus, imitando os povos pagãos e oferecendo no altar o próprio primogênito. Deus jamais aceita sacrifícios humanos, que eram procedimentos pagãos(costumeiros em Canaã) e que sempre desagradou ao Senhor (2Rs 23:10; Jr 32:35;At 7:43). A lei mosaica proibia terminantemente o sacrifício humano (Lv 18:21;20:1-5). Deus quer a vida e a obediência dos homens, não a sua morte.


IV. O GRANDE MANDAMENTO



“...que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?”(Mq 6:8). Deus pede ao seu povo que transforme a religiosidade de ritos em religiosidade de vida; que transforme a liturgia ritualista em prática de justiça; que transforme o culto em obediência. Deus quer que o povo tenha uma conduta ética e moral, não as cerimônias religiosas. Deus exige do povo um triplo Mandamento: praticar a justiça; amar a misericórdia; andar humildemente com Deus. Este triplo mandamento não é mutuamente exclusivo, por isso não deve ser desmembrado. É possível praticar a justiça severa e inflexível sem misericórdia; também pode haver misericórdia sem justiça; não é raro o indivíduo professar que anda humildemente com Deus, mas oferece à justiça e à misericórdia pouco espaço em sua vida.


1. A prática da justiça (Mq 6:8). Não basta conhecer a justiça, é preciso praticá-la. Conhecê-la e violá-la é cometer um crime doloso. A justiça não pode estar presente apenas nos códigos de leis e na retórica dos tribunais, mas nas ações práticas do povo. Praticar a justiça no contexto de Miqueias é não acumular terras; é não explorar as famílias; é não distorcer a teologia, usando como legitimação ideológica; é não corromper os julgamentos; é não falsificar a Palavra de Deus.


2. A prática da misericórdia (Mq 6:8). A misericórdia é um passo além da justiça. A misericórdia oferece mais do que a justiça requer. A justiça concede o que o direito requer, a misericórdia concede o que o amor exige. A misericórdia não deve ser apenas praticada, mas também amada. Não basta fazer o que é certo, devemos fazê-lo com a motivação certa. A obediência sem amor desemboca em legalismo. Amar a misericórdia é defender o fraco, o pobre, o desprovido, o humilde, aquele que não tem vez nem voz numa sociedade que privilegia os poderosos.


3. O andar humildemente com Deus (Mq 6:8). A palavra hebraica “tsana”, traduzida por "humildemente", traz a ideia de uma aproximação modesta, com decoro. É curvar-se para andar com Deus. Se as duas primeiras instruções falam da nossa relação com os homens, esta fala da nossa relação com Deus.


- Essas três instruções são uma síntese de toda a lei de Deus. Não podemos cumprir as duas primeiras sem observar a terceira. Só podemos praticar a justiça e amar a misericórdia se andarmos humildemente com Deus. Nenhum de nós é capaz de fazer aquilo que Deus ordena sem antes nos achegarmos ao Senhor como pecadores quebrantados que carecem da salvação.


CONCLUSÃO



Diante do exposto concluímos que, o que agrada o coração de Deus é um servo obediente. As bênçãos de Deus ao povo de Israel estavam condicionadas à obediência aos mandamentos estabelecidos por Deus (cf Dt 28:1). A adoração aceitável implica em uma existência vivida em obediência aos mandamentos de Deus, cujos aspectos são morais e espirituais. Até o ritual e a forma divinamente ordenados, embora façam parte da adoração, devem ser acompanhados pelo movimento sincero do coração em direção a Deus. A adoração a Deus meramente ritualista é fútil.


FONTE:EBDWEB

terça-feira, 6 de novembro de 2012

JONAS: A MISERICÓRDIA DIVINA

Texto Básico: Jonas 1:1-3,15,17; 3:8-10; 4:1,2




"E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Jesus se arrependeu do mal que tinha Isto lhes faria e não o fez"(Jn 3:10).



INTRODUÇÃO


O livro de Jonas conta a história da fuga deste profeta e como Deus o deteve e o fez retomar. Porém esta é mais do que a história de um homem e de um grande peixe; na verdade, é uma profunda ilustração da graça e da misericórdia de Deus. Ninguém era menos merecedor do favor de Deus que o povo de Ninive, a capital da Assiria. E Jonas sabia disso. Mas compreendia também que Deus os perdoaria e abençoaria, se abandonassem o pecado e o adorassem. Jonas conhecia o poder da mensagem divina e que, mesmo através de sua humilde pregação, eles responderiam e seriam poupados do juízo de Deus. Porém Jonas odiava os assírios e desejava a vingança, não a misericórdia. Por esta razão fugiu. Finalmente Jonas obedeceu e pregou nas ruas de Ninive; o povo arrependeu-se e livrou-se do juízo de Deus.


I. O LIVRO DE JONAS



1. Contexto histórico. O reinado de Jeroboão II (793-753 a.C) estabelece o contexto histórico da história de Jonas. Esse monarca foi um dos grande líderes militares da história de Israel. De acordo com 2Rs 14:25-28, ele impôs sua autoridade sobre os territórios de Damasco e Hamate, restaurando assim a fronteira ao norte de Israel dentro dos limites que possuía nos tempos de Salomão (1Rs 8:65). É claro que o reinado de Jeroboão II, assim como o do seu contemporâneo judeu Azarias (também chamado de Uzias, 792-740 a.C), introduziu um período de notável paz e prosperidade. Como Eliseu e Jonas haviam profetizado (2Rs 13:19-25; 14:25), o reino do Norte desfrutou de uma expansão territorial às custas da Síria. Pelas aparências externas do crescimento populacional, da expansão territorial e da atividade comercial, Israel foi realmente abençoado por Deus. É bem provável que, nesse período, Jonas tenha se tornado um profeta ideologizado. Ele tinha consciência, por exemplo, de que nos seus dias a grande ameaça para Israel era a Assíria, cuja capital era Nínive (2Rs 15:39). Esse é o pano de fundo que revela o sentimento de Jonas e as suas motivações para fugir da missão divina em vez de cumpri-la. Jonas deseja ver a total destruição de Nínive, a capital da Assíria, e não a sua salvação.


Apesar do foco narrativo fixar-se no profeta, o Livro de Jonas é uma história sobre a misericórdia e o amor de Deus. O Senhor era o Deus de Israel, e aquela nação tinha especialmente recebido a misericórdia e a salvação da aliança de Deus. Mas Jonas, juntamente com muitos dos seus compatriotas, reagiu com tamanho orgulho nacional e particularismo ético que não conseguiu ver o sublime alcance da graça de Deus. Jonas haveria de aprender junto com a nação, que Israel não possuía o monopólio do amor redentor de Deus (At 10:34-35; Rm 3:29). A história confirma as palavras do Salmo 145:8: “Benigno e misericordioso é o Senhor. Tardio em irar-se e de grande clemência”.


O arrependimento de Nínive, diante da pregação de Jonas, ocorreu no reinado de um destes dois monarcas assírios: Adade-Nirari III (810-783 a.C), cujo governo foi marcado por uma tendência para o monoteísmo; ou Assurda III (783-755 a.C), em cuja administração houve duas grandes pragas (765 e 759 a.C) e um eclipse do sol (763 a.C). Estas ocorrências podem ter sido interpretadas como sinais do juízo divino, preparando a capital da Assíria à mensagem de Jonas.


Não podemos negar a historicidade de Jonas sem atingir a credibilidade do Senhor Jesus (Mt 12:39-41; Lc 11:29-32). Foi Ele quem citou Jonas como um personagem histórico, fazendo referência aos três dias e três noites que passou no ventre do grande peixe como um símbolo do seu sepultamento e ressurreição.


2. Vida Pessoal de Jonas. Jonas foi um profeta de Israel, o Reino do Norte, durante o reinado de Jeroboão II (793-753 a.C). O seu ministério teve lugar pouco depois do de Eliseu (cf 2Rs 13:14-19), coincidiu parcialmente com o de Amós (Am 1:1) e foi seguido pelo de Oséias (cf Os 1:1). Embora o livro não declare o nome do autor, seguramente foi o próprio Jonas quem o escreveu.


Em 2Reis 14:25, ficamos cientes que “Jonas, filho de Amitai”, era um profeta experiente e de confiança, a quem “veio a Palavra do SENHOR”(Jn 1:1). Tratava-se de um homem a quem Deus falava e revelava sua vontade. A passagem de 2Reis também nos informa que era um nativo de Gate-Hefer, da Galiléia, local mais tarde conhecido por Caná. É bem possível que esta cidade, situada quase sete quilômetros ao norte de Nazaré, tenha sido visitada muitas vezes por Jesus durante os 30 anos de obscuridade em Nazaré. No entanto, sabemos com certeza que foi aqui que Cristo compareceu a uma festa de casamento e fez seu primeiro milagre registrado (João 2:1-11; cf.tb. João 4:46; 21:2). Os fariseus que disseram a Nicodemos: “Da Galiléia nenhum profeta surgiu”(João 7:52), devem ter se esquecido de Jonas ou não conhecia bem as Escrituras.


A tradição considera que Jonas é o jovem profeta tímido mencionado em 2Reis 9:1-11. Os estudiosos creem que ele era um dos alunos da escola de profetas de Eliseu. Ele cresceu sob a influência espiritual desses grandes gigantes de Deus. Reputa-se tradicionalmente que estava entre os 7.000 mencionados em 1Reis 19:18 que não se curvaram a Baal.


O nome do seu pai, “Amitai”, significa “verdadeiro”. Certamente o nome do seu pai demonstra o compromisso de sua família com a Palavra de Deus. Jonas cresceu num lar onde a verdade foi ensinada pela instrução e pelo exemplo.


O nome Jonas, "Yonah" no hebraico, significa "pomba" (Jn 1:1). Seu nome está bem de acordo com sua atitude em três aspectos: Primeiro, na Bíblia a pomba é vista como uma ave que busca a fuga na hora do perigo: "Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim. Então, disse eu: quem me dera asas como de pombal Voaria e acharia pouso. Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto" (Sl 55:4-7). Segundo, a pomba também é símbolo de alguém que chora e geme. "Todos nós [...] gememos como pombas; esperamos o juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós" (Is 59:11). Jonas fugiu e também gemeu a ponto de pedir a morte duas vezes. Terceiro, a pomba é símbolo de passividade. O caráter passivo de Jonas é contrastado com o caráter ativo de Deus. Enquanto Jonas foge de Deus, Deus busca Jonas. Enquanto Jonas desce, Deus o levanta. Jonas é contrastado com os marinheiros e com os ninivitas. Enquanto Jonas dorme, os marinheiros clamam e oram. Enquanto Jonas passivamente encontra-se forçado a fazer a vontade de Deus, o povo de Nínive ativamente pede a Deus que suspenda o castigo e lhe envie misericórdia. No entanto, o significado do nome de Jonas está em descompasso com o seu significado. Pomba também é um símbolo da "paz". Todavia, Jonas está em conflito com Deus, consigo e com os ninivitas. Ele prefere fugir a obedecer a Deus. Prefere ser jogado no mar a arrepender-se. Prefere a morte a ver seus inimigos salvos.


3. Estrutura e mensagem.


a) Estrutura. O Livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos.


· O capítulo 1 descreve a desobediência inicial de Jonas, e o castigo divino subsequente. Ao invés de rumar para nordeste, em direção a Nínive, Jonas embarca num navio que velejava para o oeste, cujo destino era Társis, na atual Espanha, o ponto mais distante possível da direção apontada por Deus. O profeta, porém, não demorou a sentir o peso da impugnação divina: uma violenta tempestade no mar Mediterrâneo, que o levou a revelar-se aos marinheiros. Estes, por sua vez, são obrigados a jogá-lo ao mar. Providencialmente, Deus prepara “um grande peixe” para salvar-lhe a vida.


· O capítulo 2 revela a oração que Jonas fez em seu cômodo excepcional. Ele agradece a Deus por ter-lhe poupado a vida, e promete obedecer à sua chamada. Então é vomitado pelo peixe em terra seca.


· O capítulo 3 registra a segunda oportunidade que Jonas recebe de ir a Nínive, e ali pregar a mensagem divina àquela gente ímpia. Num dos despertamentos espirituais mais notáveis da história, o rei conclama a todos ao jejum e à oração. E, assim, o juízo divino não recai sobre eles.


· O capítulo 4 contém o ressentimento do profeta contra Deus, por ter o Senhor poupado a cidade inimiga de Israel. Fazendo uso de uma planta, de um verme e do vento oriental, Deus ensina ao profeta contrariado, que Ele se deleita em colocar sua graça à disposição de todos, e não apenas de Israel e Judá.


b) Mensagem. “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade”(Sl 103:8). De forma pungente e sucinta, esta é a mensagem de Jonas.


Ao ler o Livro de Jonas vemos o mundo pelos olhos de Deus. Todos os indivíduos de todas as nações, de todas as raças são pessoas, almas, cada uma com um destino eterno. Cada pessoa é preciosa à vista de Deus; uma, tão preciosa quanta a outra. O tema central é que Deus está interessado em todas as pessoas de qualquer nacionalidade ou raça e espera que aqueles que o conheçam se dediquem a compartilhar esse conhecimento.


Entendemos a mensagem à medida que observamos Jonas – insensível, vingativo e nacionalista – que prende sua fé no peito, enquanto Deus procura fazer com que ele a compartilhe de acordo com o seu propósito mais amplo de redenção.


A mensagem de Jonas foi de condenação incondicional e irrevogável. Avisava aos ninivitas que num período de quarenta dias a grande cidade seria varrida pelo fogo do juízo. A mensagem de Jonas foi pregada sem compaixão. Jonas queria ver a cidade de Nínive sendo devorada pelo fogo do juízo e virando de cabeça para baixo. Jonas foi alvo da graça, mas quer ser apenas canal do juízo.


O efeito da mensagem de Jonas, todavia, alcançou os resultados mais esplêndidos. Ele não queria ver nenhum ninivita salvo, mas todos eles se converteram a Deus. Ele pregou juízo, mas o povo clamou por misericórdia. Ele pregou condenação, mas Deus ofereceu perdão. Seus sentimentos foram suplantados pela misericórdia divina e suas motivações vencidas pela graça de Deus.


Nossas motivações não podem frustrar os planos de Deus. Ele age por nosso intermédio, sem nós e apesar de nós. Se dependesse de Jonas, nenhum ninivita se converteria, mas para seu desgosto, todos passam a crer em Deus e se arrependem de seus maus caminhos e da violência de suas mãos. Jonas é o único pregador que fica irado por causa da bondade de Deus e quer morrer, pois seus ouvintes se converteram ao Senhor.


O grande ensinamento do livro de Jonas é que Deus aceita também os gentios. Os gentios que estavam separados da comunidade de Israel foram também chamados para fazer parte do povo de Deus vivo. Essa concepção só foi completamente mudada no Novo Testamento, como vemos em Atos 10:34: "Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas".


Nunca na história o livro de Jonas teve maior relevância que hoje. Há tremenda urgência que todo cristão sinta e considere esta mensagem, a fim de se envolver na missão mundial da igreja. O pecado é livremente praticado pela sociedade - as manchetes diárias e as prisões lotadas são um dramático testemunho deste fato. Com pedofilia, pornografia, assassinatos em série, terrorismo, anarquia e cruéis ditadores, o mundo parece transbordar de violência, ódio e corrupção. Ao ler e ouvir sobre essas tragédias - e talvez até sofrendo alguma delas - começamos a entender a necessidade do juízo de Deus. Podemos até descobrir que desejamos vingança, qualquer que seja ela, contra os autores destes tipos de violência. Mas suponha que em meio a essas conjecturas Deus lhe peça que leve o evangelho ao pior dos criminosos, o que você responderia? Jonas recebeu essa incumbência.

II. O GRANDE PEIXE


Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe” (Jn 1:17). Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-lhe obstáculos nem frustrá-lo. Sua graça é para todo o mundo. O peixe só é citado duas vezes no livro, enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive, é quem envia uma tempestade atrás de Jonas, é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo, é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive, é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado.


1. Baleia ou grande peixe?


· Jonas foi engolido por um “grande peixe” - Jonas 1:17: “Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”.



· Jonas foi engolido por uma “baleia” (ARC) - Mateus 12:40: “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra”.


Em ato de grande misericórdia, Jeová deparou um “grande peixe” para que tragasse Jonas. O texto não nos informa que tipo de peixe era. Nem o fato de Mateus 12:40 falar de uma “baleia” (versão ARC) nos ajuda muito, pois a palavra grega usada ali (ketos) significa, literalmente, um “grande peixe" ou um “monstro marinho”. Analisando o texto de Mateus 12:40, as versões mais usadas (ARA, NVI e NTLH) diz "grande peixe", apenas a versão ARC diz baleia.


Em Mateus 12:40, na versão ARC, temos uma interpretação e não uma tradução. Na tradução você dar o sentido que corresponde ao texto original e na interpretação você procura transmitir a mensagem ou a forma como você entende aquela passagem ou aquela palavra ou expressão. Neste caso, o original diz apenas ketos”, que é traduzido literalmente por mostro marinho ou grande peixe. Em nenhum momento a Bíblia diz que Jonas foi engolido por uma baleia. A Bíblia diz que Jonas foi engolido por um “monstro marinho” ou um “grande peixe”. Todavia, Almeida, baseado na fenomenologia das coisas, isto é, como as coisas se manifestam, interpretou o grande peixe como sendo uma baleia. Veja como ainda dizemos hoje: “o sol nasceu”, mas sabemos que o sol não nasce. Mas, voltado para a maneira como a natureza se revela dizemos que o sol nasceu. Outro exemplo, nós costumamos dizer que morcego é pássaro, e na verdade morcego é mamífero e não pássaro; falamos assim baseado na fenomenologia das coisas, isto é, no modo como as coisas se apresentam. No caso de Jonas, o texto original “ketos” diz que ele foi engolido por um grande peixe, mas Almeida entendeu que o grande peixe fosse uma baleia; por isso, em vez de traduzir por grande peixe ele interpretou por uma baleia. A tradução Almeida Revista e Atualizada corrige essa consideração da Almeida Revista e Corrigida, colocando “grande peixe”, em vez de “baleia”.

2. Interpretação. O “grande peixe” não é uma lenda. Jesus referiu-se a Jonas no ventre do peixe três dias como um símbolo da Sua morte e ressurreição (Mt 12:38-40). Assim como a morte e a ressurreição de Cristo foram reais, também o foram as milagrosas experiências vividas por Jonas. O grande peixe não tragou Jonas por acaso. Jonas foi apanhado por ordem expressa de Deus. O “grande peixe” apenas obedeceu a uma ordem divina, porque Deus escolhera a Jonas para uma missão e o Senhor estava pronto a mover céu e terra para levar o profeta a cumprir seu desiderato.


Deus, de modo milagroso, conservou Jonas vivo por três dias no ventre do peixe. Os incrédulos e os falsos mestres rejeitam o milagre, colocando-o na categoria de obra de ficção. Jesus, no entanto, considerou-o um fato histórico, chegando a citar o incidente para ilustrar sua própria morte, sepultamento e ressurreição (ver Mt 12:40). Noutras palavras, Jesus pôs a experiência de Jonas na mesma categoria de sua morte e ressurreição. Ele aceitou-a como milagre de Deus, operado de conformidade com o seu propósito na história da redenção. Para todos os crentes genuínos, portanto, fica confirmada a autenticidade do milagre.

III. A MISERICÓRDIA DIVINA

1. A conversão dos ninivitas (Jn 3:8,9). A Palavra de Deus é poderosa. Ela produz frutos mesmo quando os pecadores são os mais pervertidos e quando os pregadores são os mais desmotivados. O sermão de Jonas, embora desprovido de misericórdia, produziu o maior resultado de que se tem notícia na História. A resposta à pregação de Jonas foi imediata e retumbante. A cidade inteira se converteu, embora Jonas não a tenha percorrido toda, e mesmo que a Palavra não tenha chegado a todos os ouvintes. Mesmo ouvindo a mensagem indiretamente, todos, sem exceção, se humilharam em extremo debaixo da mão de Deus.

Quais são os sinais da conversão dos ninivitas?

a) O arrependimento sincero (Jn 3:5). Não há conversão genuína sem arrependimento. A conversão produz verdadeira mudança. Os ninivitas externaram sua tristeza interior pelo pecado através do jejum e da humilhação com pano de saco. No mundo antigo, esse era um meio comum de expressar tristeza, humildade e penitência - as marcas do verdadeiro arrependimento. O arrependimento dos ninivitas foi unânime: desde o maior até o menor. Começou de cima para baixo. Desde o rei até as crianças. Desde os homens até os animais. Toda prepotência e arrogância acabaram. Nenhuma justificativa e desculpa foi dada. Eles todos se prostraram em total humilhação diante de Deus. O próprio rei trocou seus mantos reais por pano de saco e se sentou no chão em meio ao pó e à cinza. A verdadeira conversão é evidenciada pelo arrependimento.

b) A confiança profunda em Deus (3:5). Se o arrependimento é o lado negativo da conversão, a fé em Deus é o seu lado positivo. O arrependimento nos afasta do pecado e a fé nos faz correr para Deus. Pelo arrependimento o homem foge da ira; através da fé corre para a graça de Deus. A fé sempre conduz às obras. O povo ninívita creu em Deus e imediatamente se humilhou!

c) O abandono das práticas pecaminosas (Jn 3:8). A conversão toca o ponto nevrálgico da vida. Quando o rico Zaqueu, que vivera extorquindo o povo, cobrando impostos abusivos, se converteu, ele resolveu dar a metade dos seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais a quem havia defraudado. Quando o truculento carcereiro de Filipos se converteu, passou a lavar os vergões de Paulo e Silas. A conversão dos ninivitas foi demonstrada pelo abandono imediato de seus maus caminhos e pela renúncia imediata e definitiva da violência. Essas práticas abomináveis que provocavam a ira de Deus foram abandonadas. Onde o pecado não é abandonado, não há evidência de conversão. Onde não há evidência de santificação, não há prova de conversão.

d) Uma posição de humildade diante de Deus (Jn 3:9). A ordem do rei ao seu povo foi que todos deveriam se humilhar. Nenhuma exigência foi feita. Deus não tem obrigação de ser misericordioso. Ele tem o compromisso de ser justo. Se Deus aplicasse Sua justiça, os ninivitas teriam sido destruídos. O pecador merece o castigo, o juízo e a condenação. O pecador não tem nada a exigir, mas a suplicar. Uma pessoa convertida é revestida de humildade e não de arrogância.

2. O “arrependimento” de Deus - “E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez”(Jn 3:10). Arrependimento é tristeza pelo pecado, é mudança de mente e coração, mudança de comportamento de pior para melhor. Uma mudança que não faça diferença, que não mude uma situação melhor ou pior, não é uma mudança.

Um dos atributos de Deus é Sua imutabilidade, e isso significa que Ele não muda e nem altera a sua mente (Ml 3:6). Mas, se o arrependimento é mudança de mente e o texto supra diz que Deus se “arrependeu”, o que isso significa? Será que Deus mudou a Sua mente? Será que Deus comete enganos? Absolutamente não! A linguagem empregada nesta passagem é chamada antropomórfica. É semelhante a uma pessoa que, movendo-se de um lado para outro, diga: “Agora a casa está à minha direita”, e depois: “Agora a casa está à minha esquerda”. Essas afirmações não querem dizer que a casa se moveu. É que a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está descrevendo que a pessoa mudou a sua posição em relação àquela casa. Quando o texto diz que “Deus se arrependeu”, essa foi uma forma figurativa de descrever que a mensagem de Jonas teve pleno êxito em mudar o relacionamento do povo de Nínive com Deus: Nínive se converteu. A mensagem de Jonas tirou a nação do juízo de Deus e a trouxe para a misericórdia de sua graça.


A cidade de Nínive tinha duas opções quando Jonas pregou sua mensagem de juízo: Eles poderiam rejeitar a mensagem de Deus e então seriam inapelavelmente destruídos; ou eles poderiam aceitar a mensagem de Deus, voltando-se para Deus em arrependimento, então, Deus os perdoaria e os salvaria, como de fato aconteceu.


Portanto, Deus não muda, nem muda de ideia, nem de vontade; sua natureza é imutável. Ele é o " [ . . . ] Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1:17). “E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa (1Sm 15:29). Quando Sua Palavra é rejeitada e as pessoas se afastam dEle, elas perecem. Todavia, quando elas se voltam para Deus em arrependimento e fé, Ele sempre as salva, por Sua graça. Portanto, quem mudou? Deus mudou? Não! Os ninivitas mudaram. Deus salvará o pecador sempre que este se voltar para Ele! Foi essa maneira de Deus agir que possibilitou ao blasfemo ladrão da cruz, uma vez arrependido, receber as palavras de conforto de Jesus: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23:43) .

IV. A JUSTIÇA HUMANA

1. Descontentamento de Jonas (Jn 4:1). Jonas fica frustrado não com seu fracasso, mas com seu sucesso. Ele foi o único pregador que ficou profundamente frustrado com o seu sucesso. Ele chora de tristeza porque os ninivitas recebem misericórdia em vez de juízo, perdão em vez de destruição. A conversão dos ninivitas produz festa no céu e tristeza no coração de Jonas. Enquanto os anjos celebram a conversão dos ninivitas, Jonas pede para morrer. Jonas quer morrer, pois os ninivitas receberam o dom da vida eterna. Jonas tem piedade de uma planta que ele não cultivou, mas nenhuma compaixão para mais de 120 mil pessoas " [ . . . ] que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" (Jn 4:11). Jonas queria misericórdia para si e justiça para os seus inimigos. Porém, Deus é soberano. Sua justiça é totalmente imparcial e Sua misericórdia pode alcançar qualquer pessoa.

A grande verdade do livro de Jonas é que Deus se recusa a odiar os nossos inimigos. Ele salva até mesmo aqueles a quem nós queremos condenar. A salvação é uma dádiva oferecida a todos os povos e não apenas aos judeus.

2. Jonas esperava vingança? Sim. Jonas queria a condenação irremediável de seus ouvintes e não a salvação deles. Seu coração estava sintonizado com a mensagem de condenação, mas não com a possibilidade da salvação. Ele sentiu certo prazer mórbido de pregar uma mensagem de condenação em Nínive. Jonas pregou um sermão de juízo sem abrir a janela da esperança. Ele encurralou seus ouvintes no corredor da morte e não lhes abriu a porta do arrependimento. Ele pregou uma mensagem apenas pela metade. Ele trovejou a lei, mas não ofereceu a chuva restauradora da graça. Ele falou da ira de Deus, mas não da Sua misericórdia. Ele pregou um sermão com apenas cinco palavras e nessas poucas palavras havia toneladas de condenação e nenhum grama de misericórdia. Seu firme desejo era ver cumprir-se a ameaça da subversão de Nínive. Agradava-lhe o fato de Nínive ser uma candidata ao fogo do juízo como Sodoma e Gomorra. A motivação de Jonas não estava alinhada com a motivação de Deus de salvar os ninivitas. Os sentimentos de Jonas são mesquinhos e indignos de um homem que foi arrancado das entranhas da morte. Ele sabia se alegrar no favor de Deus, mas não queria ser instrumento da graça de Deus na vida de outros. Contudo, apesar de tudo isso, Deus realizou o maior milagre evangelístico da história na cidade de Nínive, não por causa do evangelista, mas apesar dele.

3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Ex 34:6; Jr 31:3). Ela triunfa sobre Sua ira. Nínive foi uma cidade marcada pela malícia (Jn 1:2), pela corrupção moral (Jn 3:8) e pela violência (Jn 3:8). Os ninivitas eram truculentos, sanguinários e cruéis. Eles despedaçavam suas vítimas sem qualquer piedade. O profeta Naum assim descreveu a cidade: "Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo e que não solta a sua presa!" (Na 3:1). Os assírios eram conhecidos por todos os vizinhos por sua violência e crueldade com os inimigos. Espetavam suas vítimas com estacas pontiagudas, deixando-as assar até a morte no calor do deserto. Decapitavam pessoas aos milhares e empilhavam seus crânios perto das portas da cidade e até esfolavam pessoas vivas. Não respeitavam sexo nem idade e seguiam a política de matar bebês e crianças para não ter de cuidar deles (Na 3:10). Apesar de suas terríveis transgressões, Deus teve misericórdia do povo de Nínive (Jn 4:11). Dá pra compreender esse grande amor de Deus?

A causa do amor de Deus está nEle mesmo. Deus nos ama não por causa das nossas virtudes, mas apesar dos nossos pecados (Rm 5:8). Ele nos ama não por nossa causa, mas apesar de nós. Os ninivitas mereciam o juízo de Deus, mas Ele derramou sobre eles a Sua misericórdia. Eles mereciam a condenação, mas receberam a salvação. Aonde chega o arrependimento, a graça desfila embandeirada. Aonde as lágrimas do quebrantamento são derramadas, o perdão de Deus é oferecido. Aonde há evidência de arrependimento, Deus suspende o juízo e derrama a Sua graça. Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas em que ele se converta e viva (Ez 33:11) .

O mesmo Deus que se irou contra os pecados da cidade também demonstrou a ela sua compaixão, pois moveu o céu e a terra para enviar-lhe um profeta. O método de Deus alcançar os perdidos é pela pregação. Deus não usou nenhum método místico ou inusitado, mas lhes enviou um profeta com a ordem de anunciar-lhes Sua Palavra. O mesmo Deus que enviou uma palavra de juízo e condenação contra a cidade maligna, é o mesmo Deus que tem compaixão quando esse povo se arrepende e se humilha (Jn 3:10; 4:11). Se o pecado provoca a ira de Deus, o arrependimento desperta Sua compaixão. Se o pecado é a causa do juízo, o arrependimento abre caminho para a salvação. Onde o pecado é vencido pelo choro do arrependimento, ouve-se a música suave do perdão e os brados de júbilo da salvação.


CONCLUSÃO

Ao lermos o livro de Jonas, procuremos visualizar o quadro completo do amor e da misericórdia de Deus, e entendermos que ninguém está fora do alcance da redenção. O evangelho é para todos e a misericórdia de Deus aos que se arrependem e se convertem dos seus maus caminhos. A graça perdoadora de Deus pelos ninvitas penitentes nos mostra que o Senhor chama todos os homens ao arrependimento e promete sua graça a todos os que se arrependerem: “Vinde, então, e argui-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”(Is 1:18). Esta chamada ao arrependimento e certeza de perdão está no centro da mensagem cristã. Jesus declarou: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5:32).

Fonte: EBDWEB

A cidade de Nínive

Ruínas de Nínive

Portão de entrada de Ninive

Ruínas da cidade de Nínive

terça-feira, 30 de outubro de 2012

OBADIAS: O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO




Texto Básico: Obadias 1:1-4,15-18


Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se dará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (Ob 15)

INTRODUÇÃO

Obadias, o livro mais curto do Antigo Testamento, representa um dramático exemplo da resposta de Deus a qualquer um que maltrate seus filhos. Deus retribui as ações arrogantes do homem no devido tempo.

Edom era uma nação montanhosa que ocupava uma região a sudoeste do mar Morto. Como descendentes de Esaú (Gn 25:19-27:45), os edomitas tinham um parentesco de sangue com Israel e eram guerreiros robustos, impetuosos e orgulhosos. Pertenciam a uma nação que, por estar no alto da montanha, parecia ser invencível. De todos os povos, deveriam ser os primeiros a se apressar para ajudar seus irmãos do Norte, Israel. Entretanto, ao contrário, apreciavam com maligna satisfação os problemas de Israel, capturavam e devolviam os fugitivos ao inimigo e até saqueavam os seus campos. Por causa de sua indiferença em relação a Deus, por terem-no desafiado, e também pelo orgulho, covardia e traição aos seus irmãos de Judá, os edomitas foram condenados e destruídos - é o princípio da retribuição.

Quando a Igreja sofre nas mãos dos inimigos de Deus, ela precisa voltar-se para a profecia de Obadias e renovar a sua fé no Deus justo ali revelado. Ele se preocupa com o seu povo perseguido e, por trás das circunstancias presentes, sempre trabalha por ele.

I. A SOBERANIA DE DEUS


1. Conceito. A declaração mais comum citada nas Igrejas é: “Deus é soberano”. Mas qual o conceito bíblico de soberania? Sendo um dos seus atributos (aquilo que lhe é próprio, qualidade), a soberania de Deus é uma autoridade inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo fato óbvio de que Ele é o Criador  e Governador de todas as coisas(Is 44:6;45:6; 46:10; Ap 11:17).

Deus é onipotente, onipresente e onisciente, e, em virtude destes atributos, é soberano, visto que tem todo o poder, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo e sabe de todas as coisas. Sem tais atributos, com os quais se relaciona com o mundo, não poderia ser soberano, não teria a autoridade suprema sobre tudo e sobre todos.

Deus, na sua soberania, havia determinado que o filho mais velho de Isaque serviria ao mais moço (Gn 25:23). A linhagem do Messias passaria por Jacó, e não por Esaú. A escolha divina não se baseava em mérito, porque os dois ainda não eram nascidos quando Deus fez sua escolha (Rm 9:11-13). A eleição divina é baseada totalmente na graça e não em merecimentos. Isaque, tolamente, tentou alterar o desígnio de Deus, endereçando a bênção a Esaú (Gn 27:1-4), e Rebeca, por outro lado, tentou manipular as coisas de forma pecaminosa para ajudar na consecução do propósito divino (Gn 27:5-17). Não podemos insurgir-nos contra os propósitos soberanos de Deus, nem precisamos dar uma mãozinha para o Senhor. Ele é poderoso para fazer cumprir seus planos eternos (Jó 42:2). Tanto Isaque quanto Rebeca erraram em suas atitudes. Ambos deixaram de confiar em Deus e de descansar na sua sábia providência. Todas as vezes que tentamos tomar os rumos da vida em nossas próprias mãos, descrendo da Providência, atropelamos as coisas, causamos muitos males a nós mesmos e provocamos nos outros grandes sofrimentos.

2. Livre arbítrio. A soberania de Deus permitiu que o ser humano fosse criado com um atributo, o livre-arbítrio, que é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (Dt 30:11-20 e Js 24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos.

O Senhor não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas, ou de fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn 3:1-13).

Ao indicar ao homem que ele tinha liberdade, o texto sagrado diz-nos que o Senhor “ordenou” ao homem” (Gn 2:16), numa clara demonstração que o fato de o homem poder comer livremente das árvores do jardim era resultado da soberania divina, não demonstração de sua fraqueza. Se o homem optasse por comer da árvore da ciência do bem e do mal, como acabou optando, nem por isso Deus deixaria de ser soberano. Tanto assim é que, no dia da queda, Deus não só compareceu na viração do dia para ter um relacionamento com o homem, como também lhes aplicou as penalidades que já haviam antes sido prescritas (Gn 2:16,17). Aliás, esta prontidão em fazer justiça é uma das características da sua soberania.

Portanto, quando o homem peca, afastando-se de Deus (é o homem que se afasta de Deus, não o contrário, como podemos ver claramente em Gn 3:8 e em Tg 4:8), usa da liberdade que o Senhor lhe dá, mas Deus, em momento algum, se ausenta do mundo ou se distancia do homem para que este possa “respirar liberdade”, como defende a falaciosa “teologia relacional” ou “teísmo aberto” (um dos pontos principais dessa falsa teologia é que ‘Deus não é soberano’), porque a liberdade que Deus dá ao homem não implica em ausência nem afastamento de Deus, até porque Deus é onipresente, tem de estar presente em todos os lugares, em todo o tempo; caso contrário, não seria Deus. Portanto, o livre arbítrio não nega a soberania de Deus; pelo contrário, a confirma.

II. O LIVRO DE OBADIAS


Obadias é o menor livro do Antigo Testamento, com apenas vinte e um versículos. O fato de Obadias ser o menor não significa que ele é menos importante. Há lições grandiosas contidas neste livro que precisam ser exploradas. Há alertas solenes que precisam ser ouvidos. Há juízos severos que precisam ser evitados. O livro de Obadias tem uma mensagem urgente, oportuna e necessária para a família, a igreja e as nações. Este livro, mais do que qualquer outro, mostra os frutos amargos dos erros cometidos no passado por uma família piedosa.

1. Contexto histórico. Para que possamos entender o livro de Obadias, precisamos entender o contexto em que o profeta está inserido. Séculos antes de Obadias, Jacó e Esaú, os dois filhos de Isaque, tiveram descendentes que, séculos mais tarde, formaram as nações de Judá e Edom. As relações entre estas duas nações foram marcadas pela hostilidade através do período do Antigo Testamento. O rancor começou quando os dois irmãos gêmeos Esaú e Jacó se dividiram em disputa (cf Gn 27:32–33). Os descendentes de Esaú, consequentemente, se estabeleceram numa área chamada Edom, situada ao sul do mar Morto, enquanto os descendentes de Jacó destinaram-se à terra prometida, Canaã, e se tornaram o povo de Israel. Com o passar dos anos numerosos conflitos se desenvolveram entre os edomitas e os israelitas. Essa amarga rivalidade forma o fundo histórico da profecia de Obadias. Ao longo do período de cerca de 20 anos (605-586 a.C.), os babilônios invadiram a terra de Israel e fizeram repetidos ataques à Jerusalém, a qual foi finalmente devastada em 586 a.C. Os edomitas viram essas incursões como uma oportunidade para eliminar sua amarga sede contra Israel. Então, os edomitas juntaram-se aos babilônios contra seus parentes e ajudaram a profanar a terra de Israel.

Não podemos deixar de crer que Deus, por meio desses acontecimentos, estava julgando seu próprio povo, pois Judá havia sido advertido por Deus acerca de seus pecados. Mas que Ele também iria julgar aqueles que estavam atacando seu povo. Não muito depois desse evento, Deus julgou os edomitas; cinco anos depois de Nabucodonosor ter atacado Jerusalém, ele também expulsou os edomitas de suas terras.

Nos tempos de Cristo, os descendentes dos edomitas foram os da casa de Herodes, chamados de idumeus. Eles mostraram seu desprezo pelos judeus quando os governaram, autorizados pelos romanos, e também pretenderam acabar com o plano da salvação quando Herodes intentou matar o menino Jesus.

Os últimos conflitos entre edomitas e israelitas, entre Esaú e Jacó, estão nas páginas do Novo Testamento. O primeiro é entre Herodes, o Grande, e Jesus (Mt 2:16). Vem a seguir o conflito entre Herodes Antipas e João Batista (Lc 3:19). Herodes Agripa I perseguiu a igreja (At 12:1), e Atos 26 nos mostra o encontro entre Herodes Agripa II e o apóstolo Paulo. No ano 70 d.C., Jerusalém foi destruída pelos romanos; à sua frente estavam membros da família herodiana (edomita). Os judeus foram dispersos e os edomitas acabaram liquidados pelos romanos. Desapareceram para sempre, cumprindo-se o que disse Obadias: "Ninguém mais restará da casa de Esaú" (Ob 18). Os edomitas nunca mais se reergueram, mas os judeus se reagruparam como um Estado, novamente, em 1948.

Este relato é um tipo da vitória da igreja de Deus contra seus inimigos. Hoje, os inimigos fazem aliança para perseguir a igreja, mas no Dia do Senhor, a Igreja, a Noiva do Cordeiro, triunfará sobre todos os seus inimigos. Todos os inimigos de Deus terminam seus dias da mesma maneira: julgados e aniquilados.

O Dia do Senhor virá sobre os ímpios. Não importa quão grande seja seu poder. Eles terão de beber o cálice da ira de Deus. Serão julgados e condenados. Diz o profeta Isaías: "O forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague" (Is 1:31).

2. Estrutura e mensagem.

a) Estrutura. Obadias começa com um título que identifica a profecia como “visão de Obadias” e que atribui o pronunciamento do Senhor Jeová (v.1). O livro possui duas seções principais:

·   Na primeira seção (vv. 1-14), Deus expressa, através do profeta, sua ardente ira contra Edom, e exige deste uma prestação de contas por sua soberba originada de sua segurança geográfica, e por ter-se regozijado com a derrota de Judá. O juízo divino vem sobre eles. Da sua posição de soberba e falsa segurança, Deus irá derribá-lo (vv 2-4). A terra e o povo serão saqueados e espoliados (vv 5-9). Por quê? Por causa da violência que Edom praticou contra seu irmão Jacó (v.10), porque Edom se regozijou com o sofrimento de Israel e juntou-se com seus atacantes para roubar e violar Jerusalém no dia da sua calamidade (vv 11-13) e porque os edomitas impediram a fuga do povo de Judá e os entregou aos invasores (v.14).

·   A segunda seção (vv. 15-21) refere-se ao Dia do Senhor, quando Edom será destruído juntamente com todos os inimigos de Deus, ao passo que o povo escolhido será salvo, e seu reino triunfará. Apesar do julgamento pelo qual Israel passou, Obadias deixou claro que a nação se ergueria novamente, e que possuiria a terra dos filisteus e dos edomitas, e que iria se alegrar com o reino do Messias (vv 19-21).

b) Mensagem. A mensagem de Obadias é um brado de Deus às nações, às instituições humanas, às igrejas, alertando a todos nós que Deus resiste ao soberbo, e o mal que praticamos contra os outros cairá sobre nossa própria cabeça.

O núcleo da profecia de Obadias é dirigido aos edomitas, por estarem sob o juízo de Deus em virtude da crueldade para com Israel nos dias do seu sofrimento (v.10). Os crimes de Edom são citados na ordem de progressão do seu horror (vv. 11-14): o Senhor não permitirá que fique sem castigo o que Edom fez. O que os edomitas fizeram vai cair sobre as suas próprias cabeças. No entanto, Obadias progride do geral para o particular, do juízo de Deus sobre Edom para o “dia do Senhor”, que vai significar o seu juízo sobre todas as nações, inclusive Israel, e o estabelecimento do reino de Deus.

Os reinos do mundo têm os pés de barro; um Dia eles se tornarão pó, mas o Reino de Deus se erguerá invencível, vitorioso e eterno. Edom caiu, a Babilônia caiu, o império medo-persa caiu, o império grego caiu, o império romano caiu, e todos os demais impérios caíram ou ainda cairão, mas o Reino será do Senhor (Ob 21). O Reino de Deus sobrepuja todos os reinos deste mundo. “Ele cobrirá toda a terra como as águas cobrem o mar” (Hc 2:14). O Reino será do Senhor e do seu Cristo eternamente. Escreveu João: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Ap 11:15).

3. Posição no Cânon. Obadias não declara quando entregou sua severa denúncia profética. Datar o escrito, que é o livro mais curto do Antigo Testamento, é um problema. Talvez a chave encontre-se no versículo 11, mas os estudiosos discordam entre si quanto a que evento especifico na historia de Jerusalém se refira a profecia de Obadias. É provável que tenha entregado sua mensagem logo em seguida à queda de Jerusalém diante de Nabucodonosor, em 586 a.C. Caso prevaleça esta posição, então a colocação de Obadias entre Amós e Jonas não está baseada na cronologia.

Embora o Novo Testamento não se refira diretamente a Obadias, a inimizade tradicional entre Esaú e Jacó, que subjaz a este livro, também é mencionado no Novo Testamento. Paulo refere-se à inimizade entre Esaú e Jacó em Rm 9:10-13, mas passa a lembrar da mensagem de esperança que Deus nos dá: todos os que se arrependerem de seus pecados, tanto judeus quanto gentios, e invocarem o nome do Senhor, serão salvos (Rm 10:9-13).

III. EDOM, O PROFANO


1. Origem. Os edomitas eram os descendentes de Esaú, e Judá era a descendência de Jacó. Esaú e Jacó eram irmãos gêmeos, portanto essas duas nações nasceram do mesmo ventre (o ventre de Rebeca, esposa de Isaque). Eram nações gêmeas. Porém, a inabilidade de Isaque e Rebeca acabou provocando ciúmes nos filhos e abrindo uma brecha para o ódio, que não cessou de arder por cerca de dois mil anos.

Tudo começou com um erro de Isaque e Rebeca, pais de Esaú e Jacó. Esses pais cometeram o grave erro de ter preferências por um filho em detrimento do outro. Isaque amava mais a Esaú, e Rebeca tinha predileção por Jacó (Gn 25:28). Essa falta de sabedoria dos pais plantou no coração dos filhos a semente maldita da inimizade, do ódio e da competição. Esse ódio trouxe profundas feridas na vida dos pais, separou os irmãos e atravessou as gerações, desembocando agora em uma atitude irracional de maldade dos edomitas, ao associar-se com os invasores que arrasaram os seus irmãos judaítas. Essa atitude perversa e cruel dos edomitas unindo-se aos caldeus para oprimir, escravizar e matar os judeus foi a gota que transbordou do cálice, trazendo o juízo peremptório de Deus aos edomitas (Ob 10; Ml 1:2-5).

Esaú tornou-se um jovem profano e rejeitou sua herança por um prato de lentilhas (Gn 25:30; Hb 12:16). Alguém disse que essa refeição foi a mais cara da história, jamais alguém pagou um preço tão alto por uma sopa. Esaú demonstrou seu desprezo pelas coisas espirituais. Por ser um homem profano, era materialista. Os valores espirituais não tinham importância para ele. Essa mesma atitude é seguida pelos seus descendentes. Eles se tornaram profanos e materialistas. Embora tivessem divindades, foram essencialmente irreligiosos, vivendo para comer, saquear e vingar-se.

2. O orgulho leva à ruína. Obadias descreve Edom como um povo orgulhoso (Ob 3). Edom habitava no monte Seir, uma cordilheira de montanhas rochosas. Ali estava a capital Petra, a inexpugnável cidade edomita. Do alto de suas rochas escarpadas, os edomitas se vangloriavam de colocar o seu ninho entre as estrelas (Ob 4). Jamais aquela fortaleza havia sido saqueada. Eles se sentiam seguros, blindados por uma fortaleza natural. Mas Deus diz por meio do profeta Obadias que, ainda que eles colocassem o seu ninho entre as estrelas, de lá seriam derrubados. A soberba é a sala de espera do fracasso. Onde o orgulho levanta sua bandeira, a derrota fragorosa é inexoravelmente imposta.

A arrogante cidade dos edomitas foi tomada, seus bens foram saqueados, seu povo foi disperso e eles colheram exatamente o que plantaram. O mal que eles despejaram sobre a cabeça dos judeus caiu sobre a sua própria cabeça.

Assim como o povo de Edom foi destruído por causa de seu orgulho, todos os que desafiam a Deus também serão aniquilados.

IV. A RETRIBUIÇÃO DIVINA


1. O princípio da retribuição. Retribuição significa “pagar na mesma moeda”. Tal princípio acha-se na Lei de Moisés (Ex 21:23-25; Lv 24:16-22; Dt 19:21). Os pecados de Edom foram orgulho e crueldade. A soberba econômica e política, associada a uma posição geográfica privilegiada fez dos edomitas um povo altivo e soberbo. Alem da soberba, Edom entregou-se à crueldade, associando-se aos caldeus na matança do povo de Judá, seus parentes chegados. Essa atitude abriu feridas no coração de seus irmãos e também atingiu o coração de Deus. A retribuição divina não se fez esperar. O mal que Edom fez a Judá caiu sobre a sua própria cabeça.

A vida é uma semeadura. Colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem corrupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).

2. O castigo de Edom. O castigo de Edom foi profetizado por Obadias de forma segura: "...porque o SENHOR o falou" (Ob 18). Essa expressão é como a assinatura do Eterno, que afirma a verdade da profecia. Uma vez que Jeová falou, essas declarações têm autoridade e são seguras.

Edom não agiu com urbanidade nem com fraternidade em relação aos judaítas. Eles olhavam para os judaítas como inimigos. Não defenderam seus irmãos nem choraram pela tragédia que sobre eles se abateu. Antes, vibraram com sua ruína e participaram de sua pilhagem. Esse gesto não apenas fez amargar a vida dos judaítas, mas provocou a ira de Deus. Foi a quebra desse princípio do amor fraternal que levou Edom à sua derrota final e definitiva.

A derrota de Edom não procede de homens, mas de Deus. Sua sentença de morte não foi lavrada num tribunal da terra, mas no tribunal do céu. A inescapabilidade de sua derrota não se deve ao juízo dos homens, mas à sentença de Deus: "... porque o SENHOR o falou" (Ob 18). A sentença de Deus é irrevogável e inapelável. Não há um tribunal superior a quem recorrer. O tribunal de Deus é a última instância, e sua sentença é definitiva e final. Insurgir-se contra Deus e contra seu povo é marchar rumo a uma derrota inevitável, inexorável e irreversível.

O rev. Hernandes Dias Lopes, citando Clyde Francisco, diz que, em 312 a.C, os árabes nabateusexpulsaram os edomitas do seu reduto próximo ao mar Vermelho, capturando a capital dos idumeus, Sela, e rebatizando-a como Petra. Segundo a profecia de Obadias, os seus descendentes vieram a se estabelecer no Neguebe e, por meio de casamentos com outros povos, tornaram-se os idumeus do Novo Testamento. Herodes, o Grande, veio desta linhagem, de modo que nela e em Jesus podemos ver, por outro ângulo, a luta e o contraste entre edomitas e israelitas. Em 70 d.C, Tito destruiu tanto os idumeus (edomitas) como os israelitas, fazendo os primeiros desaparecer definitivamente da história.

3. A história está rigorosamente nas mãos de Deus. Os edomitas pensaram que estavam ajudando a colocar uma pá de cal sobre Judá. Eles pensaram que a Babilônia estava no controle da situação e que eles eram seus coadjuvantes na empreitada de destruir Jerusalém. Mas as rédeas da história não estão nas mãos dos poderosos deste mundo. Quem está assentado na sala de comando do Universo é o Deus Todo-poderoso. É Deus quem conduz a história para o seu fim glorioso, quando seu povo será exaltado e glorificado.

CONCLUSÃO


Deus julgará e punirá com rigor a todos os que maltratarem seu povo. Podemos confiar em sua vitória final. Ele é nosso Defensor e podemos ter a certeza de que Ele fará com que a verdadeira justiça prevaleça. Todos os que são orgulhosos um dia ficarão perplexos ao descobrirem que ninguém está isento da justiça divina.

A mensagem de Obadias culminará no dia em que o Messias voltar, de uma vez por todas, para reunir seu próprio povo dentre todas as gentes e para reinar sobre ele por mil anos, e após, nos novos céus e nova terra, em seu reino eterno. Amém!

FONTE: EBDWEB