quarta-feira, 27 de outubro de 2010
5ª Lição: Orando como Jesus ensinou
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Viçosa - Alagoas
Escola Bíblica Dominical
Pr. Donizete Inácio de melo
Superintendente: Pb. Efigênio Hortêncio de Oliveira
TEXTO ÁUREO
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
VERDADE PRÁTICA
Ao orar o Pai Nosso, o Senhor Jesus ensina-nos a essência da oração.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 6.5-13
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar porque a oração é vital ao crente.
- Compreender as implicações espirituais e práticas da oração-modelo.
- Conscientizar-se de que a Palavra de Deus nos ensina a orar.
PALAVRA-CHAVE
Modelo:- Representação em escala reduzida de objeto a ser reproduzido em dimensões normais; maquete.
COMENTÁRIO
(I. INTRODUÇÃO)
Na lição de hoje, estudaremos a respeito da oração mais conhecida de todos os tempos: a Oração do Pai Nosso. Para ensinar os discípulos a orar, Jesus proferiu esta conhecida oração (Mt 6.9-13). Esse modelo de oração é singular pela sua simplicidade e adequado pela sua objetividade e propósito; é um modelo que serve aos crentes. Com esta oração modelo, Cristo indicou áreas de interesse que devem constar da nossa oração. Esta oração contém seis petições: três dizem respeito à santidade e à vontade de Deus e três dizem respeito às nossas necessidades pessoais. A brevidade desta oração não significa que devemos ser breves quando oramos. Às vezes, Cristo orava a noite inteira (Lc 6.12). Boa aula!
(II. DESENVOLVIMENTO)
I. A ORAÇÃO DEVE SER INERENTE AO CRENTE
1. Aprendendo a orar com o Mestre. O maior exemplo de oração. Constantemente, Jesus procurava estar a sós em oração com o Pai, principalmente nos momentos de grandes decisões. Sendo Ele o Filho de Deus, cujos atributos divinos lhe assegurava o direito de agir sobrenaturalmente, poderia dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao assumir a forma humana, esvaziou-se de todas as prerrogativas da divindade e assumiu plenamente a natureza humana (Fp 2.5-8) experimentado todas as circunstancias inerentes à vida humana, inclusive a tentação (Hb 4.15). Isto significa que o Senhor dependeu tanto da oração como qualquer outra pessoa que se comprometa a servir com inteireza de coração a Deus. A oração foi o instrumento pelo qual Cristo suportou as afrontas, por ela, não deu lugar ao pecado, por ela, tomou o peso da cruz e venceu o maligno (Mt 26.36-46). Os evangelhos registram a vida de oração do Mestre: Depois de passar uma noite em oração, Jesus escolheu os doze para serem seus apóstolos. Se Jesus, o perfeito Filho de Deus, passou uma noite toda em oração ao Pai, para tomar uma importante decisão, quanto mais nós, com nossas fraquezas e nossos fracassos, precisamos orar muito e cultivar uma íntima comunhão com nosso Pai celestial. A oração modelo registrada em Mt 6.9-13, não é simplesmente uma fórmula para ser repetida como uma reza ou um mantra, a menos que o Mestre não tivesse condenado ‘as vãs repetições’ dos gentios. Seria incongruente. O seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao conteúdo da oração cristã. Finalmente, ela não é uma oração universal, para toda a humanidade, mas destina-se exclusivamente àqueles que podem reconhecer a Deus como Pai, por meio da fé em Cristo Jesus.
2. Os discípulos já conheciam a respeito da oração? O Salmo 55.17 registra a busca perseverante de Davi em oração (de tarde, e de manhã, e ao meio-dia), os judeus tinham um horário determinado para as orações: de manhã (as 9h), à tarde (as 15h) e à noite (no pôr do sol). O apóstolo Paulo nos exortou a levar todas as nossas ansiedades a Deus em oração, com a promessa de que, assim, a paz de Deus guardará nossos corações e mentes (ver Fp 4.7). Os discípulos já tinham conhecimento da importância da oração, pois os judeus devotos e os gentios que criam em Deus tinham como costume orar. “Quando orares, não sejas como os hipócritas (v. 5). Como podemos saber se a nossa religião é realmente hipocrisia? Quando é para ser vista pelos homens. É apenas hipocrisia quando as igrejas têm bons coros, exigem pregação de elevado estilo, fazem orações eloquentes…, mas sem o Espírito. É hipocrisia colocar todas as mercadorias na vitrine, dando a entender que a loja tem grande estoque. É hipocrisia quando a adoração sai da boca para fora; é sinceridade somente se sair do íntimo do coração. Os hipócritas… se comprazem em orar em pé nas sinagogas (v. 5). Muitas vezes, a hipocrisia é tão acentuada nas igrejas que o mundo julga que todos os crentes são hipócritas. Jesus ensinou acerca disso, porque os líderes religiosos de sua época, gostavam das orações em lugares públicos para chamarem a atenção (Mt 6.5,6), porém Jesus ensina que devemos ter o nosso momento secreto com o Pai em oração (Mt 6.3).
3. A oração era algo habitual para Jesus e seus discípulos. Lucas ressalta mais do que os outros Evangelhos a prática da oração na vida e na obra de Jesus. Quando o Espírito Santo desceu sobre Jesus no Jordão, Ele estava orando (Lc 3.21); em certas ocasiões, afastava-se das multidões para orar (Lc 5.16), e passou a noite em oração antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6.12). Ficou orando em particular antes de fazer uma pergunta importante aos seus discípulos (Lc 9.18); por ocasião da sua transfiguração, Ele subiu ao monte a orar (Lc 9.28); sua transfiguração ocorreu estando Ele orando (v.29); e estava ele a orar antes de ensinar aos discípulos a chamada Oração do Senhor (Lc 11.1). No Getsêmani, Ele orava mais intensamente (Lc 22.44); na cruz, orou pelos outros (Lc 23.34); e suas últimas palavras antes de morrer foram uma oração (Lc 23.46). Está registrado que Ele também orou depois da sua ressurreição (Lc 24.30). Ao observarmos a vida de Jesus nos outros Evangelhos, nota-se que Ele orou antes do convite, Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos (Mt 11.25-28); Ele orou junto ao túmulo de Lázaro (Jo 11.41,42) e durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 17). Enquanto estava neste mundo, Jesus freqüentemente procurava estar a sós com Deus (cf. Mc 1.35; 6.46; Lc 5.16; 6.12; 9.18; 22.41,42; Hb 5.7). Passar tempo a sós com Deus é essencial para o bem-estar espiritual de cada crente. Devemos estar continuamente conscientes de que a falta de oração individual ao nosso Pai celestial é um sinal inconfundível de que a vida espiritual dentro de nós está em declínio. Se assim acontecer, devemos repudiar tudo que ofende ao Senhor e renovar nosso compromisso de perseverar em buscá-lo e a sua graça salvífica. O empenho constante de Jesus era levar seus seguidores a reconhecerem a necessidade de estarem continuamente em oração, para cumprirem a vontade de Deus nas suas vidas.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A oração deve ser uma prática habitual na vida do crente.
II. A ORAÇÃO-MODELO
1. “Pai nosso, que estás nos céus” (v.9). Muitas pessoas erroneamente compreendem a oração do Pai Nosso como uma oração que devemos fazer palavra por palavra. Alguns tratam a oração do Pai Nosso quase como uma fórmula mágica, como se as palavras por si só tivessem algum poder específico ou influência sobre Deus. A Bíblia nos ensina o oposto. Deus está muito mais interessado em nossos corações quando oramos do que em nossas palavras. Na oração, devemos derramar nossos corações a Deus (Fp 4.6-7), e não simplesmente recitar a Deus palavras memorizadas. Pelo seu uso do “Pai nosso”, Jesus fala daquela relação especial estabelecida pela fé e continuada pela submissão à vontade divina (Mt 7.21). Esta é a oração do discípulo. Esta é a oração do “filho de Deus” renascido. Somente aqueles que receberam o evangelho do reino, que seguem o “novo e vivo caminho”: o seu Filho Jesus Cristo (Hb 9.20; Jo 1.12,13; 14.6), são privilegiados para orar “Pai nosso.…”. O Espírito Santo nos transmite a confiança de que, por Cristo e em Cristo, agora somos filhos de Deus (v. 15). Ele torna real a verdade de que Cristo nos amou, ainda nos ama e vive por nós no céu, como nosso Mediador (Hb 7.25). O Espírito também nos revela que o Pai nos ama como seus filhos por adoção, não menos do que Ele ama seu Filho Unigênito (Jo 14.21,23; 17.23). Finalmente, o Espírito cria em nós o amor e a confiança que nos capacitam a lhe clamar: “Aba, Pai” (v. 15). Ao contemplar a Deus como Pai, o crente deve ter em mente três verdades bíblicas sobre o amor de Deus:
a) Deus nos amou primeiro. Uma palavra a qual a cristandade deu um novo significado – ágape – amor. Empregada pelos poetas gregos, ágape denota uma benevolência invicta e boa vontade inconquistável que sempre procura o bem maior da outra pessoa, independente do que ela faz. É o amor autoconcedido que dá livremente sem esperar receber nada em troca e sem considerar o valor de seu objeto. Agape é mais um amor por escolha do que philos , que é amor por acaso; e refere-se a vontade, ao invés da emoção. Agape descreve o amor incondicional que Deus tem pelos seus. Pela Palavra temos o conhecimento e a certeza de que a esperança de futuras grandes bênçãos não virá a ser falsa, pois o Espírito Santo dá generosas provas em nosso coração do amor de Deus por nós.
b) Deus nos adotou como filhos pelo Espírito de adoção (Rm 8.15). A verdade que Deus é nosso Pai celestial e que nós somos seus filhos é uma das maiores revelações do NT. Ser filho de Deus é o privilégio mais sublime da nossa salvação (Jo 1.12; Gl 4.7); ser filho de Deus é a base da nossa fé e confiança em Deus (Mt 6.25-34) e da nossa esperança da glória futura. Como filhos de Deus, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.16,17; Gl 4.7). Deus quer que nos tornemos cada vez mais conscientes, mediante o Espírito Santo, o ‘Espírito de adoção’ (Rm 8.15), de que somos seus filhos. O Espírito suscita a exclamação ‘Aba’ (Pai) em nosso coração (Gl 4.6) e produz o desejo de sermos ‘guiados pelo Espírito’ (Rm 8.14). É fundamental, contudo,saber que, mesmo sem o reconhecimento, por enquanto, por parte de outros, podemos ter a certeza de que somos filhos de Deus e de que nascemos dele. A revelação pública dessa verdade aguarda a revelação publica do próprio Deus quando Ele se manifestar, por ocasião do segundo advento.
c) Deus nos fez herdeiros seus. Deus nos oferece livremente a vida eterna em Jesus Cristo. Salvação (gr. soteria) significa “livramento”, “chegar à meta final com segurança”, “proteger de dano”. Na Soteriologia de Paulo, esclarece-se uma verdade fundamental no tocante ao modo de Deus lidar com a raça humana no seu todo: Deus castiga os malfeitores e recompensa os justos (Jo 5.29; Gl 6.7,8). Os justos são os que foram justificados pela fé em Cristo (1.16,17; 3.24) e que perseveram em fazer aquilo que é certo, segundo o padrão divino (Rm 2.7,10; Mt 24.13; Cl 1.23; Hb 3.14; Ap 2.10). Paulo nos faz lembrar que a vida vitoriosa no Espírito Santo não é nenhum caminho fácil. Jesus sofreu, e nós que o seguimos sofreremos também. Esse sofrimento é considerado um sofrimento em conjunto com Ele (2Co 1.5; Fp 3.10; Cl 1.24; 2 Tm 2.11,12) e advém do nosso relacionamento com Deus como seus filhos e da nossa identificação com Cristo.
2. “Santificado seja o teu nome” (v.9). A oração modelo é iniciada dirigindo-se ao ‘Pai nosso…’, salientando a relação íntima que podemos ter com Deus. Entretanto, na frase seguinte (‘santificado seja o teu nome’), Jesus ressalta a separação entre Deus e nós, em santidade, glória e pessoa. Note como as primeiras expressões desta oração mantêm uma relação estreita com os primeiros três dos dez mandamentos. Moisés começa com a condenação da corrupção da exaltada posição de Deus com falsos deuses, ídolos e uso do nome de Deus em vão. Jesus começa com uma afirmação da unicidade de Deus no universo e em nossas vidas. Com este conceito firme em nossas mentes, jamais corromperemos quem Deus é. O termo santificar pode ser definido como ‘separar de tudo o que é comum e profano, estimar, prezar, honrar, reverenciar e adorar como divino e infinitamente abençoado’. Quando oramos, não estamos tendo uma conversa informal com um colega igual a nós. Ainda que nossas orações tenham que refletir a bem íntima relação que temos desenvolvido com Deus, precisamos sempre reconhecer que estamos nos aproximando de um ser muito poderoso, santo e justo, somente por causa do acesso que Ele mesmo nos garantiu através do sangue de Cristo. ‘…teu nome’ - No Velho Testamento, os judeus receberam um nome especial para Deus. Em Êxodo 3.13,14, Moisés disse que os filhos de Israel perguntariam a respeito do Deus que o enviou: ‘Qual é o seu nome?’. Deus mandou Moisés dizer-lhes, ‘Eu Sou me enviou a vós outros’. A palavra traduzida como ‘Senhor’ (YAHWEH) vem da palavra-raiz para ‘Eu Sou’. Portanto, no sistema mosaico, um certo ‘nome’ foi usado para Deus. Eles não poderiam usar este nome de nenhum modo vão (Lv 24.16). Aparentemente, os judeus estavam tão temerosos de usarem o nome de Deus em vão que a pronúncia deste nome foi perdida. Ainda que eles tomassem grande cuidado no uso do nome de Deus, é claro que seu respeito pelo próprio Deus deixou a desejar. Através de Malaquias, Deus contrastou esta falta de reverência do povo judeu dos seus dias com a atitude que deveria prevalecer na nova aliança: ‘Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos’ (1:11). Neste modelo de oração, a ênfase de Jesus não está em separar uma designação específica para Deus, e sim, em nossa atitude para com a natureza e a pessoa de Deus. A pessoa de Deus não pode se limitar a um determinado nome mais do que sua presença pode permanecer num templo feito com as mãos. É preciso notar, contudo, que os judeus foram hipócritas mostrando grande respeito pelo nome especial de Deus, mas pouco pelo próprio Deus. Podemos fazer o mesmo, dizendo que respeitamos a Deus, mas então usando seu nome em vão. As pessoas que usam os termos ‘Senhor’ e ‘Deus’ sem nenhum pensamento em Deus não estão santificando seu nome. ‘Santificado seja o teu nome’ deve ser uma expressão substancial do coração e não um mero código de acesso para ganhar entrada na presença de Deus. De fato, no contexto próximo de Mateus 6, Jesus está fazendo um contraste. Ele está dizendo ao povo que não ‘digam todas as coisas certas’ para serem vistos pelos homens. Em vez disso, temos que nos aproximar sinceramente de Deus, de coração, com nossas petições e agradecimentos, para sermos ouvidos por ele. Jesus nos mostra que precisamos começar tornando claro que sabemos quem é a criatura e quem o Criador.
3. “Seja feita a tua vontade” (v.10). É importante compreender o relacionamento entre a vontade de Deus e a responsabilidade do crente. Não é da vontade de Deus que nenhum crente caia da graça (Gl 5.4) e seja depois excluído da presença de Deus. Não é, tampouco, da sua vontade que alguém pereça (2 Pe 3.9), nem que deixe de vir ao conhecimento da verdade e ser salvo (1 Tm 2.4). Há, no entanto, muita diferença entre a perfeita vontade de Deus e a sua vontade permissiva. Deus não anula a responsabilidade do homem arrepender-se e crer, mesmo que isso signifique que sua perfeita vontade não é realizada (Lc 19.41). De modo geral, a Bíblia refere-se à vontade de Deus em três sentidos diferentes:
(1) A vontade de Deus é outra maneira de se identificar a Lei de Deus. Davi, por exemplo, forma um paralelo entre a frase “tua lei” e “tua vontade” no Sl 40.8. Semelhantemente, o apóstolo Paulo considera que, conhecer a Deus é sinônimo de conhecer a sua vontade (Rm 2.17,18). Noutras palavras: como em sua Lei o Senhor nos instrui no caminho que Ele traçou, ela pode ser apropriadamente chamada “a vontade de Deus”. “Lei” significa essencialmente “instrução”, e inclui a totalidade da Palavra de Deus.
(2) Também se emprega a expressão “a vontade de Deus” para designar qualquer coisa que Ele explicitamente quer. Pode ser corretamente designada de “a perfeita vontade” de Deus. E a vontade revelada de Deus é que todos sejam salvos (1Tm 2.4; 2Pe 3.9) e que nenhum crente caia da graça (ver Jo 6.39).
(3) Finalmente, a “vontade de Deus” pode referir-se àquilo que Deus permite, ou deixa acontecer, embora Ele não deseje especificamente que ocorra. Tal coisa pode ser corretamente chamada “a vontade permissiva de Deus”.
De fato, muita coisa que acontece no mundo é contrária à perfeita vontade de Deus (o pecado, a concupiscência, a violência, o ódio, e a dureza de coração), mas Ele permite que o mal continue por enquanto. A chamada de Jonas para ir a Nínive fazia parte da perfeita vontade de Deus, mas sua viagem na direção oposta estava dentro de sua vontade permissiva (Jn 1).
O ensino bíblico a respeito da vontade de Deus não expressa apenas uma doutrina. Afeta a nossa vida diária como crentes:
(1) Primeiro, devemos descobrir qual é a vontade de Deus, conforme revelada nas Escrituras. Como os dias em que vivemos são maus, temos de entender qual a perfeita e agradável vontade de Deus (Ef 5.17).
(2) Uma vez que já sabemos como Ele deseja que vivamos como crentes, precisamos dedicar-nos ao cumprimento da sua vontade. O salmista, por exemplo, pede a Deus que lhe ensine a “fazer a tua vontade” (Sl 143.10). Ao pedir, igualmente, que o Espírito o guie “por terra plana”, indica que, em essência, está rogando a Deus a capacidade de viver uma vida de retidão. Semelhantemente, Paulo espera que os cristãos tessalonicenses sigam a vontade divina, evitando a imoralidade sexual, e vivendo de maneira santa e honrosa (1Ts 4.3,4). Noutro lugar, Paulo ora para que os cristãos recebam a plenitude do conhecimento da vontade divina, a fim de viverem “dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo” (Cl 1.9,10).
(3) Os crentes são exortados a orarem para que a vontade de Deus seja feita (cf. Mt 6.10; 26.42; Lc 11.2; Rm 15.30-32; Tg 4.13-15). Devemos desejar, com sinceridade, a perfeita vontade de Deus, e ter o propósito de cumprí-la em nossa vida e na vida de nossa família (ver Mt 6.10 nota). Se essa for a nossa oração e compromisso, teremos total confiança de que o nosso presente e futuro estarão sob os cuidados do Pai (cf. At 18.21; 1Co 4.19; 16.7). Se, porém, há pecado deliberado em nossa vida, e rebelião contra a sua Palavra, Deus não atenderá as nossas orações.
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
A oração-modelo ensina reconhecer a Deus como Pai; expressar sua soberania, santidade e dependência plena do Eterno.
III. DECORRÊNCIAS PRÁTICAS DA ORAÇÃO-MODELO
1. “O pão nosso de cada dia”: A terceira petição do modelo de oração diz: ‘O pão nosso de cada dia dá-nos hoje’; é, provavelmente, a petição mais conhecida, na mais conhecida das orações. Deus dá através de seu mundo natural criado. Desde o tempo de Noé, Deus tem prometido ‘…não deixará de haver sementeira e ceifa…’ (Gn 8.22). O crente sabe e reconhece sua dependência de Deus, é Ele quem dá a capacidade para ganhar, a possibilidade de germinação e o crescimento das plantações, ainda que possamos trabalhar com nossas mãos (Ef 4.28), entendemos que nosso trabalho não apaga a realidade da dádiva de Deus. ‘Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo’ (Tg 4.13-17). O Israel antigo recebia o maná diariamente. Isto era para humilhá-los e prová-los. Deus queria que eles aprendessem que eram dependentes d’Ele. O crente vive ‘de tudo o que procede da boca do Senhor’ (Dt 8.2,3). Israel fracassou miseravelmente em aprender a lição. Sua descrença e falta de confiança em Deus fizeram com que fossem ignorantes do propósito de Deus. Ouçam o ponto de vista deles sobre o propósito de Deus. ‘E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa?’ (Nm 14.3). Se eles tivessem reconhecido e apreciado o cuidado diário de Deus, não teriam deixado de entender a meta final de Deus. Uma realidade em nossa vida é o perigo da abundância de boas coisas que nos faz deixar de apreciar o cuidado diário de Deus. Tornamo-nos crentes mimados. Sim, é pelo pão diário que oramos, porque é pela graça de Deus que comemos e vivemos cada dia. Entendendo nossa total dependência de Deus, estamos contentes ‘tendo sustento e com que nos vestir’ (1Tm 6.8).
2. Perdão das nossas dívidas. Esta declaração de Jesus salienta o fato de que o crente deve estar pronto e disposto a perdoar as ofensas sofridas da parte dos outros. Caso ele não perdoe seu ofensor arrependido, Deus não o perdoará e suas orações não terão resposta. Aqui está um princípio essencial para obtermos o perdão de Deus (18.35; Mc 11.26; Lc 11.4). “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14,15). Quando um crente ofendido deixa de estender o perdão a outro, ele deixa de exemplificar a imagem de seu Senhor. Ele mesmo foi perdoado por Cristo quando se submeteu ao evangelho. Quando Pedro perguntou a Jesus quantas vezes tinha que perdoar seu irmão que peca contra ele, Jesus respondeu: ‘até setenta vezes sete’ (Mt 18.22). Jesus, além disso, ilustrou com a parábola do servo injusto a importância de perdoar aos outros. Este servo injusto recebeu o perdão de uma grande dívida para com o seu senhor, mas quando chegou sua vez de perdoar um camarada que estava em débito para com ele, meteu-o na prisão, em vez de perdoá-lo. Quando o senhor soube do que tinha acontecido, pediu a presença do servo injusto, chamou-o de peverso e incompassivo e, por causa da raiva dele, entregou-o aos torturadores até que pagasse tudo o que devia. Que lição para nós nestes dias!
3. Livramento do mal. Não poderá haver nenhum poder celestial em nossa batalha contra o pecado, Satanás e o mundo, nem vitória em nossa tentativa de ganhar os perdidos, sem muita oração diariamente. As palavras ‘nos deixes cair’ sugerem a necessidade da orientação de Deus nas decisões da vida. ‘Não cabe ao homem determinar o seu caminho’ (Jr 10:23). Precisamos olhar para Deus, para que nos mostre o caminho que devemos tomar. A frase ‘não…em tentação’ pode significar a mesma idéia que ‘pelas veredas da justiça’ (Sl 23.3). Se for, toda a exortação revela a intenção de nosso coração, não somente de abster-se de toda forma de mal (1Ts 5.22), mas também de agradá-lo em tudo (Cl 1.10). Tal meta exige a maior sobriedade e vigilância contra as várias ciladas do diabo (1Pe 5.8) para que não sejamos conduzidos ao pecado. Exige que estejamos constantemente em contato com as palavras do Senhor, lendo-as diariamente e meditando sobre elas continuamente, desde que elas revelam o caminho no qual devemos andar (Sl 119.105). As palavras ‘livra-nos’ sugerem a necessidade do poder de Deus nos perigos da vida. ‘O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca’ (Mt 26.41); mas Deus ‘é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós’ (Éf 3.20). Aqueles ‘guiados pelo Espírito’ através de sua revelação serão capazes de motificar ‘os feitos do corpo’ (Rm 8.13,14) e produzir ‘o fruto do Espírito’ (Gl 5.22). Quando formos assim ‘fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior’ (Éf 3.16), Cristo habitará em nós; estaremos libertados do mal. Além disso, Deus promete dar libertação, pondo limitações às tentativas de Satanás de nos destruir. Ele promete nunca deixar Satanás nos testar com tentações acima de nossa experiência humana normal ou com aquelas para as quais não haja escapatória: ‘Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar’ (1Co 10.13). Com esta garantia podemos enfrentar as provações da vida com esperança da libertação de Deus.
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
O suprimento diário, o perdão dos pecados e o livramento do mal são decorrências práticas da oração-modelo.
(III. CONCLUSÃO)
Quando o crente aprende biblicamente como se dirigir a Deus em oração, estando com a sua vida cristã em ordem, passa a ter a certeza de que suas orações serão respondidas. Quando Jesus disse aos seus discípulos: ‘Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe’, os discípulos disseram: ‘Senhor: Aumenta-nos a fé’ (Lc 17.3-5). Às vezes, usamos esta história para falar da necessidade de ter uma fé forte, mas Jesus disse que isso não exigiria muita fé! ‘Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplante-te no mar; e ela vos obedecerá’ (v 6). A ênfase não é a grande fé deles, mas para pequena fé num poderoso Deus. Isso é confortante. Nossa fé não está simplesmente no poder da fé, mas no poder de Deus. ‘Fé como um grão de mostarda’ removerá ‘montes’ (Mt 17.20). Não montanhas literais, mas fortes obstáculos que fiquem no nosso caminho. Que confortante! Aleluias!
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