“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18)
INTRODUÇÃO
Segundo o dicionário Aurélio, arrogância é “orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas; soberba”. A arrogância do homem, que o levam a se achar poderoso e a querer a glória para si, ao invés de reconhecer a onipotência de Deus e a glória que só a Ele é devida, tem sido a principal causa de derrota e fracasso na vida de tantas pessoas. A soberba transformou um anjo de luz em demônio. Por causa da soberba, Deus expulsou Lúcifer do Céu. Deus resiste aos soberbos. Ele declara guerra aos orgulhosos e humilha os altivos de coração.
O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a soberba é a porta de entrada do fracasso e a sala de espera da ruína. O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o orgulho vem antes da destruição, e o espírito altivo, antes da queda. Nabucodonosor foi retirado do trono e colocado no meio dos animais por causa da sua soberba(cf. Dn 4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes porque ensoberbeceu seu coração em vez de dar glória a Deus (At 12:21-23). O reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos orgulhosos de coração.
Esse terrível mal também tem grassado igrejas locais. A Bíblia registra um exemplo: a igreja de Laodicéia. Esta igreja, a começar do seu líder, enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica a fraqueza espiritual. Ao dizer que não precisava de coisa alguma, aqueles crentes mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”, pois só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A autoglorificação é desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si mesma em todas as áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A Bíblia diz: ”Louve-te o estranho, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios”(Pv 27:2). Deus detesta o louvor próprio. Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e do publicano. Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu para sua casa justificado.
No contexto do livro de Provérbios, os termos contrastantes “humildade” e “arrogância” ocorrem com muita frequência. Mas, um fato a se observar é que eles ocorrem sempre dentro do contexto das interações humanas. Dessa forma para se conhecer quem é o sábio, o autor de Provérbios põe no cenário, como figura contrastante, o insensato; da mesma forma o injusto será contrastado com o justo; o rico com o pobre; o escravo com o príncipe. Vejamos a seguir.
I. O SÁBIO VERSUS O INSENSATO
Em Provérbios 11:2, lemos: “Em vindo a soberba, sobrevêm a desonra, mas com os humildes está a sabedoria”. O Rev. Hernandes Dias Lopes comentando este versículo diz que um individuo soberbo é aquele que deseja ser mais do que é e ainda se coloca acima dos outros para humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo é aquele que superdimensiona a própria imagem e diminui o valor dos outros. É o narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota máxima e aplaude a si mesmo, ao mesmo tempo que endereça suas vaias aos que estão à sua volta. É por isso que o sábio diz que, em vindo a soberba, sobrevém a desonra. A soberba é a sala de espera da desonra. É o corredor do vexame. É a porta de entrada da vergonha e da humilhação. A Bíblia diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4:6), declarando guerra contra ele. Por outro lado, com os humildes está a sabedoria. O humilde é aquele que dá a glória devida a Deus e trata o próximo com honra. A humildade é o palácio onde mora a sabedoria. Os humildes são aqueles que se prostram diante de Deus, reconhecendo seus pecados e nada reivindicando para si mesmos; no entanto, são estes também que, em tempo oportuno, Deus exaltará. A Palavra de Deus é categórica em dizer que Deus humilha os soberbos, mas exalta os humildes. O reino de Deus pertence não aos soberbos, mas aos humildes de espírito 1.
Em seu comentário do Livro de Provérbios, Warren W. Wiersbe destaca: “Vários teólogos acreditam que o orgulho é o “pecado dos pecados”, pois foi o orgulho que transformou um anjo no Diabo (Is 14:12-15). As palavras de Lúcifer “serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:14), foram um desafio ao próprio trono de Deus e, no jardim do Éden, transformaram-se na declaração “como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3:5). Eva acreditou nessas palavras, e o restante da história é conhecido. “Glória ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de guerra da humanidade orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir o céu na terra (Pv 11:1-9; Ap 18). “Quanto ao soberbo e presumido, zombador é o seu nome; procede com indignação e arrogância” (Pv 21:24). “Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18:12, ARA; ver 29:23). Deus aborrece “olhos altivos” (Pv 6:16,17) e promete destruir “a casa dos soberbos” (Pv 15:25). Quase todo cristão sabe Provérbios 16:18 de cor, mas nem todos nós atentamos para o que esse versículo diz: “A soberba precede a ruína, e altivez do espírito precede a queda”. 3
II. O JUSTO VERSUS O INJUSTO
No livro de Provérbios a humildade é característica de uma pessoa sensata, modesta e mansa e por isso sabe que a justiça é de origem divina (Pv 29:26); que ela exalta as nações (Pv 14:34); livra da morte (Pv 10:2); guarda o que anda em integridade (Pv 13:6); é amada por Deus (Pv 15:9) e por isso deve ser exercitada (Pv 21:3).
Antônio Neves de Mesquita, comentando Provérbios 14:34, destaca: O pecado é o opróbrio dos povos. O pecado, sempre o pecado, que cria o invejoso, o prepotente, o opressor e toda essa coorte de sinistros elementos que infelicitam a vida. A falta de justiça na terra também resulta do pecado. Todo o mal é produto ou subproduto do pecado na vida. Só a Justiça é capaz de dar aos povos a paz e harmonia que desejam, e essa justiça só pode vir do uso e prática da Bíblia. Fora dela não há justiça possível, nos termos em que a mesma Bíblia compreende 2.
As nações em cujo berço estava a verdade e que beberam o leite da piedade, essas cresceram fortes, ricas, bem-aventuradas e tornaram-se protagonistas das grandes transformações sociais. Tais nações sempre estiveram na vanguarda e lideraram o mundo na corrida rumo ao progresso. A justiça não pode ser apenas um verbete nos dicionários; deve ser uma prática presente nos palácios, nas cortes, nas casas legislativas, nas universidades, na indústria, no comércio, na família e na igreja. (4)
III. O RICO VERSUS O POBRE
A riqueza passa a ser estimada pelo próprio Deus quando atende aos seus propósitos: “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado honra-o” (Pv 14:31). Nesse aspecto, riqueza e humildade podem até mesmo andarem juntas: “O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, e honra, e vida” (Pv 22:4).
Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes quando diz que um dos atributos de Deus é a justiça. Ele é justo em todas as suas obras. Deus abomina toda forma de injustiça. Ele julga a causa dos pobres e oprimidos. Quem oprime ao pobre, por ser ele fraco, sem vez e sem voz, insulta a Deus. Quem torce a lei para levar vantagem sobre o pobre conspira contra o Criador. Quem corrompe os tribunais, subornando juízes e testemunhas para prevalecer sobre o pobre em juízo, entra numa batalha contra o próprio Deus onipotente. Insultar a Deus, porém, é uma insanidade consumada, pois ninguém pode lutar contra o Senhor e prevalecer. Por outro lado, quem socorre o necessitado agrada o coração de Deus. Aquilo que fazemos para os pobres, fazemos para o próprio Senhor.
Quem dá aos pobres empresta a Deus. A alma generosa prosperará. Deus multiplica a sementeira daqueles que semeiam a bondade na vida do próximo. Tanto o pobre como o rico foram criados por Deus – “O rico e o pobre se encontraram; a todos os fez o SENHOR” (Pv 22:2). Ele ama a ambos. Os ricos devem manifestar a generosidade de Deus aos pobres, e estes devem agradecer a Deus a bondade dos ricos. Aqueles que oprimem ao pobre, mesmo que acumulem riquezas, não desfrutarão de seus tesouros. Aqueles, porém, que socorrem o necessitado, mesmo que desprovidos dos tesouros da terra, possuirão as riquezas do Céu(5).
O apóstolo Paulo ensinou a igreja de Corinto nos seguintes termos: “Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes. Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem e não segundo o que não tem. Mas não digo isso para que os outros tenham alívio, e vós, opressão; mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve de menos” (2Co 8:11-15).
IV. O PRÍNCIPE VERSUS O ESCRAVO
Em seu Comentário Devocional da Bíblia, o expositor bíblico Lawrence O. Richard, discorre sobre o sentido de Provérbios 31.1-9:
Esses versículos de conselho, dados por um rei que escrevia sob o pseudônimo de Lemuel, revelam uma visão elevada da responsabilidade real. O rei é servo do seu povo, e deve proteger os oprimidos e julgar com justiça. A indulgência pessoal “não é própria dos reis”. Eles devem despender a sua força e o seu vigor servindo ao seu povo, não procurando mulheres ou embriagando-se.
Essas palavras de uma mãe nos lembram de que devemos considerar toda autoridade no contexto da servidão. O homem, que é a “cabeça da casa”, como o rei desses versículos, não deve usar a sua autoridade para explorar ou “dominar” a sua esposa, mas para servir tanto a ela, como aos filhos que tiver com ela.
Dessa forma, através da sabedoria o rei justo deveria promover o bem-estar social - “O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” (Pv 29.4, ARA). Quando esse governante não teme a Deus, mas age de forma perversa e arrogante o povo logo sente os reflexos - “Quando se multiplicam os justos, o povo se alegra, quando, porém, domina o perverso, o povo suspira” (Pv 29.2, ARA). Por isso o governante sábio dará atenção especial aos mais humildes - “O rei que julga os pobres com equidade firmará o seu trono para sempre” (Pv 29.14, ARA). (Fonte: Sábios Conselhos para um viver Vitorioso – José Gonçalves. CPAD. 2013).
CONCLUSÃO
Que tenhamos consciência de que Deus resiste e continuará resistindo aos soberbos (Tg 4:6). Todavia, o Pai Celeste dá e dará graças àqueles que têm o coração quebrantado e contrito, que se chega a Ele com humildade.
Fonte: ebdweb
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