Texto Básico: Pv 5:1-5
08/12/2013
“Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o” (Ec 5:4).
INTRODUÇÃO
Nos capítulos 1 a 4 de Eclesiastes, Salomão já havia tratado praticamente de tudo aquilo que acontece “debaixo do sol”. Reconheceu-se a “vaidade” da terra (Ec 1:2-2:23), considerou-se à luz da vida que Deus nos concede (Ec 2:24-26), e de sua soberania (Ec 3:1-15); falou-se da injustiça (Ec 3:16-22) e várias formas de solidão (Ec 4:1-16) (1). Salomão mostrou que o conhecimento sem o temor de Deus não é sabedoria, mas estultice. Da mesma forma ele mostra que a busca pelo prazer e lazer pode ser simplesmente correr “atrás do vento”, se não tiverem como fim último a adoração a Deus. Agora Salomão, no capítulo 5 de Eclesiastes, expõe uma série de conselhos práticos, onde inicia falando a respeito da vida religiosa e da reverência que é devida na Casa de Deus (Ec 5:1). Os israelitas, desde a infância eram ensinados a reverenciarem o sábado como dia santo e o santuário do Senhor (Lv 19:30; 26:2). Será que nossos filhos sabem da importância de se adorar ao Senhor no seu Templo?
I. OBRIGAÇÕES FRENTE À SANTIDADE DE DEUS
1. Reverência. “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” (Ec 5:1). Vivemos numa época ímpar: a época da irreverência. Nada é considerado sagrado nestes dias pós-modernos: religião, sexo, fé, família; tudo pode ser zombado, satirizado e distorcido. Há uma urgente necessidade de resgatarmos o respeito e reverência para com Deus e Sua palavra. Há os que se dirigem ao Grande, Todo-poderoso e Santo Deus, que habita na luz inacessível, como se dirigissem a um ser humano qualquer ou a um animal. Tais devem lembrar-se de que se acham à vista dAquele a quem serafins adoram, perante quem os anjos velam o rosto.
Não há dúvida de que se amarmos a Deus, teremos reverência, e reverência significa mais do que dar louvores ou ajoelhar-nos quando oramos. O poeta Alemão Goethe declarou: "A alma da religião cristã é a reverência". Certa vez, Jesus entrou no Templo e ficou indignado com a falta de reverência das pessoas. O louvor e a adoração haviam sido substituídos pelo comércio (Mt 21:12). O que se ouvia ali não eram aleluias e glórias ao Todo-Poderoso, mas o grito dos cambistas e dos que comercializavam os pombinhos que eram utilizados nos sacrifícios. O Mestre ficou indignado! Jesus colocou toda aquela "turma" no seu devido lugar. O louvor, a adoração e a oração estavam sendo substituídos.
Na Antiga Aliança, os israelitas para se apresentarem diante de Deus era necessário sacrifícios e a intervenção de um sacerdote. Hoje temos livre acesso a Deus, não precisamos realizar todo o ritual litúrgico do culto levítico, porém não significa que em nossos cultos não devemos seguir uma liturgia santa, bíblica. Paulo ao ensinar a respeito do culto diz que tudo deve ser feito para a edificação: "Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação" (1Co 14:26).
Muitas vezes não experimentamos a graça de Deus porque nossa postura para com ele não é adequada. Alguém descreveu assim o culto: “Cultuar é avivar a consciência pela santidade de Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, purificar a imaginação pela beleza de Deus, abrir o coração ao amor de Deus, devotar a vontade aos propósitos de Deus”. Se não temos uma postura adequada, nada disso acontece num culto, muito pelo contrário, o que acontece pode ser exatamente o oposto de tudo isso. A mente permanece distraída, a imaginação é dominada por futilidades, o coração se fecha e a vontade é que tudo aquilo termine o mais rápido possível.
O culto público é a ocasião onde todos nós, criados à imagem e semelhança de Deus, cumprimos o propósito para o qual fomos criados. É por isso que nenhum de nós comparece ao culto para “assistir” como se fosse espectador, como se estivesse num teatro ou cinema. Todos fomos chamados para adorar e oferecer a Deus um coração compungido, humilde, contrito e grato, que é o coração do adorador.
Portanto, devemos ser reverentes diante de Deus: porque somos criaturas; porque reconhecemos nossa situação pecaminosa; porque apesar de termos pecado, a cruz de Cristo nos alcançou e esse infinito amor nos constrange; porque o nome de Deus representa seu caráter. Como seres humanos nosso dever é: temer e obedecer, para que um dia possamos vê-lo face a face.
2. Obediência. Não podemos reverenciar a Deus sem obedecer-lhe. Muitos aceitam facilmente a Jesus como Salvador, mas nem todos querem aceitá-Lo como o Senhor de suas vidas. O sumário do Livro de Eclesiastes (Ec 12:13) deixa claro qual é o dever do homem: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem”.
Seremos avaliados em termos da nossa obediência aos mandamentos de Deus. A Bíblia diz em Mateus 5:19: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”.
A obediência é um dos resultados de amar a Deus. A Bíblia diz em João 14:15,23: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. … Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada”.
O Espírito Santo só será dado àqueles que obedecem a Deus. A Bíblia diz em Atos 5:32: “E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”.
Jesus obedeceu ao Seu Pai dando-nos um exemplo de como devemos obedecer ao Senhor, e que a salvação é para os que obedecem. A Bíblia diz em Hebreus 5:8-9: “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5:8,9).
II. OBRIGAÇÕES FRENTE À TRANSCENDÊNCIA DE DEUS
Deus é Espírito infinito, sem fronteiras ou limites tanto quanto ao seu Ser como quanto aos seus atributos, e cada aspecto e elemento de sua natureza é infinito. Essa natureza infinita, em relação ao tempo, é chamada eternidade, e em relação ao espaço é chamada onipresença. Em relação ao universo, ela implica tanto em transcendência como em imanência.
Por transcendência de Deus se entende que Ele está separado de toda a sua criação como um Ser independente e auto-existente (Dt 4:15-20). Deus está além de suas criaturas, como afirma o Eclesiastes: “Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra (Ec 5:2b). Ele não está limitado pela natureza, mas existe infinitamente exaltado sobre ela. Até mesmo aquelas passagens das Escrituras que salientam suas manifestações temporais e locais dão ênfase à sua exaltação e onipotência como Ser externo ao mundo, como seu soberano Criador e Juiz(cf Is 40:12-17).
1. Deus, o criador. Para os que aceitam a Bíblia como fonte de inspiração e de respostas às inquietações da alma, Deus é o Ser Supremo, o Criador do Universo, do Homem e de todas as coisas. A grandeza da criação de todas as coisas, a imensidão do universo e, no nosso planeta, de tudo o que foi criado, tem por finalidade mostrar ao homem a glória de Deus (Sl 19:1). A natureza, dizem os estudiosos da doutrina de Deus, é o primeiro livro escrito por Deus ao homem, de tal maneira que a criação, por si só, é suficiente para revelar Deus ao ser humano e torná-lo sem desculpa diante de uma eventual rejeição ao Seu senhorio (Rm 1:20).
2. Homem, a criatura. O homem foi criado por Deus como a coroa da criação. O relato da criação do homem começa em Gn 1:26,27, para se completar no capítulo 2 com a formação da mulher. A criação do homem é vista em Gn 2:7: "Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente". Este versículo mostra que o homem foi feito alma vivente, diferente dos animais pela sua semelhança com Deus. A palavra "formou" dá, no original, a ideia de "manipulação", trabalho com as mãos.
Quando observamos o relato bíblico da criação, de imediato se percebe que o homem foi criado de forma distinta dos demais seres criados na Terra. Enquanto que os demais seres foram criados tão somente pela palavra do Senhor, o homem foi objeto de cuidado especial, tendo Deus deixado bem claro que o ser humano seria um ser diferente, pois seria feito à imagem e semelhança de Deus e que, além disso, seria constituído como superior em relação aos demais. A expressão divina de Gn.1:27 encerra, portanto, todos estes elementos, seja o de uma estrutura diversa e distinta dos demais seres, seja a condição de superior aos demais.
O homem foi criado a partir do pó da terra para demonstrar que é parte da natureza. Ele é a síntese da criação terrena. Recebeu o fôlego de vida diretamente de Deus. O homem interior (alma e espírito), considerada a parte imaterial do homem é sinal da sua relação especial e peculiar para com o seu Criador. A alma é considerada a sede dos sentimentos, do entendimento e vontade – é a marca da individualidade de cada ser humano; Já o espírito é a sede da consciência da existência de uma relação de dependência do homem em relação a Deus – é a ligação do homem com o seu Criador.
Deus criou o homem com o propósito de torná-lo a criatura mais feliz da Terra. A felicidade do homem depende da sua comunhão com Deus. Ele deseja que o homem seja feliz e, por isso, elaborou o plano da salvação.
Esta condição do homem, de ser a “coroa da criação terrena”, é a principal razão de ser dotado de uma dignidade ímpar, que deve ser reconhecida por todos os seres humanos e cujo ataque é o principal objetivo do inimigo de nossas almas. Por isso, quem ama a Deus, ama ao próximo como a si mesmo.
Que o corpo do homem é feito do pó da terra não se pode negar, cientificamente, como não se pode negar que ele volta para o pó. Segundo os estudiosos, eis a constituição do corpo do ser humano:
CONSTITUINTE
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% NO CORPO HUMANO
|
Oxigênio
|
66,0
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Carvão
|
17,5
|
Hidrogênio
|
10,2
|
Nitrogênio
|
2,4
|
Cálcio
|
1,6
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Fósforo
|
0,9
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Potássio
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0,4
|
Sódio
|
0,9
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Cloro
|
0,3
|
Magnésio
|
0,105
|
Ferro
|
0,005
|
Iodo
|
Idem
|
Flúor
|
Idem
|
Outros elementos
|
Idem
|
III. OBRIGAÇÕES DIANTE DA IMANÊNCIA DE DEUS
1. Deus está próximo da sua criação. Deus cuida da sua criação. Isso significa que o nosso Deus não é um Deus distante, que após criar o mundo se ausentou dele, não! Pelo contrário, Ele é um Deus que está presente. Como foi dito acima, cada aspecto e elemento da natureza de Deus é infinito. Essa natureza infinita em relação ao universo, ela implica tanto em transcendência como em imanência. Por imanência de Deus se entende sua presença difundida e seu poder dentro de sua criação. Deus não fica apartado do mundo, como se fosse mero espectador das obras de suas mãos; mas interpenetra cada coisa orgânica e inorgânica, agindo de dentro para fora, do centro de cada átomo e das fontes mais intimas do pensamento da vida e dos sentimentos, uma sequência contínua de causa e efeito. Em Isaias 57:15 temos uma expressão da transcendência de Deus: “o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo”, bem como sua imanência como Aquele que habita “também com o contrito e abatido de espírito”. No capítulo 5 de Eclesiastes, Salomão está falando do culto a Deus e mostra como Ele se identifica com o mesmo, aproximando-o ou reprovando-o: “porque [Deus] não se agrada de todos” (Ec 5:4). Esta mesma verdade é mostrada no Novo Testamento: “Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (2Co 6:16). “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18:20).
2. O valor das orações e votos. “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues” (Ec 5:4,5). Voto é uma forma de promessa solene diante de Deus, que se deve ser cumprida. É melhor deixar de fazer determinado voto, do que fazer e não cumpri-lo.
No Israel antigo, o voto era geralmente um trato sério, individual com Deus. Temos o voto de Jacó, em Betel, de dar o dízimo se Deus o guardasse na viagem (Gn 28:20) e o voto precipitado de Jefté, que envolveu a filha amada (Jz 11:30,31). E, ainda, o voto de Ana: “E, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente. E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha”(1Sm 1:10,11). Cumprindo esta solene promessa, Ana separou Samuel para o ministério tão importante de oração, de ensino e do estabelecimento do reino de Israel.
O crente da Nova Aliança ao participar da Ceia do Senhor está também fazendo um voto de viver em santidade e dedicação a Deus. Buscar os prazeres do pecado depois de fazer tal voto a Deus, atrai a si ira e juízo, pois significa que aquele voto era realmente mentiroso. Mentir a Deus pode resultar em castigo severo (veja o exemplo de Ananias e Safira em At 5:1-11).
Os votos num casamento estão intimamente ligados aos votos a Deus, pois são feitos na presença dEle. Estamos cumprindo com esses votos que fizemos?
CONCLUSÃO
As observações de Salomão nunca foram tão relevantes como nos dias de hoje. O culto de muitos virou apenas um show. As orações se tornaram pretenciosas e irreverentes. A Deus se “determina” como se deve atender às orações. Há, infelizmente, muitos cristãos que não “guardam o pé” na hora do culto, isto é, não se comportam com o respeito devido diante daquele que é Santo e Todo-Poderoso, e que nos salvou por amor. O texto é contundente: “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos” (Ec 5:1); “Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor” (Salmos 93:5).
Tem você cultuado a Deus na beleza de sua santidade, como a Bíblia o requer? Nós não podemos prestar um culto a Deus por força de nosso hábito, nem por interesse em nosso próprio bem estar pessoal, nem por considerar obter algum ganho diante de Deus. Nós prestamos cultos a Deus porque Deus “nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado” (Cl 1:13b).
Fonte: ebdweb
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