Texto Base: Ester 5:1-6
"Os justos clamam, e o SENHOR os ouve e os livra de todas as suas angústias" (Sl.34:17).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, estudaremos acerca da providência divina para socorrer o seu povo na hora da aflição. Teremos como exemplo a conduta corajosa, equilibrada e altruísta de uma jovem simples, chamada Ester, que salvou seu povo de um terrível massacre, com destaque para o altruísmo, isto é, a atitude de atendimento ao outro, um dos aspectos do amor divino, como vemos em 1Corintios 13:5. Ester era filha adotiva e prima de Mordecai ou Mardoqueu. Tornou-se rainha e esposa de Xerxes, rei da Pérsia, e foi a responsável pela preservação dos judeus. O Senhor colocou Ester no palácio, tornando-a rainha para que intercedesse por seu povo. Deus guardou o povo judeu, livrando-o da morte. Com isso, aprendemos que nada em nossas vidas acontece por acaso. Todas as coisas cooperam para o nosso bem (Rm.8:28).
I. A PROVIDÊNCIA DE DEUS
1. A providência divina na história de Ester (Ester 4:13,14). O Deus Todo-Poderoso, que governa a história segundo a sua vontade e propósitos, determinou que a jovem Ester se tornasse rainha do império mundial, o império Persa, para que no momento certo fosse o instrumento de Deus para livrar o seu povo da destruição. Mardoqueu, tio de Ester, a alertou sobre isto: “Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus. Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?”.
Quantas ocasiões há em que Deus usa pessoas, próximas ou não, parentes ou não, para alertar-nos de perigos que estão por vir e, então, somos colocados diante de uma decisão séria que terá consequências, muitas vezes, não apenas sobre nossa vida, mas também sobre a vida de muitas outras pessoas. Do nosso silêncio, do nosso discernimento espiritual e da nossa subsequente obediência pode depender o destino de outras vidas, a salvação ou a perdição, o perigo ou o livramento.
Deus sabia perfeitamente, desde o nascimento de Ester e sua adoção por parte de seu tio Mardoqueu, que seria necessária a presença dela, na condição de rainha, na corte do rei Assuero, para que este se inclinasse em favor do povo escolhido de Deus. No tempo determinado, Ester ficou ciente da missão que Deus lhe incumbira. Ela demonstrou uma conduta corajosa, equilibrada e altruísta, que salvou seu povo de um terrível massacre. Para que os acontecimentos tivessem o desenrolar que tiveram, além da coragem e altruísmo de Ester, concorreram a providência de Deus e Sua intervenção na história.
É bom lembrar também da história de José, do Egito, que, no tempo de fome, estava na posição de príncipe no Egito e pôde ser o “salvador” do povo judeu, o povo com quem Deus fizera aliança.
Por que, às vezes, ficamos ansiosos e preocupados com nosso futuro, se podemos confiar no Deus Todo-Poderoso, sábio e amoroso? Se a nossa vida está nas mãos deste Deus e se nós estamos passando por situações de ameaça, de perigos, de seriíssimas decisões, lembremos de que, como na história de Ester, Ele já providenciou as pessoas que colocará no nosso caminho para ajudar-nos. Portanto, não desanime, não desista, não se entregue à derrota. Deus é com você. Ele está olhando para você e providenciará o seu livramento na hora certa, usando as pessoas certas, na hora certa, no lugar certo. Deus está no controle de todas as coisas. Nada em nossa vida acontece por acaso. Creia na providência de Deus!
2. A festa do rei da Pérsia (Ester 1:5-8). Certa feita, o rei Xerxes preparou um grande banquete para todo o povo de Susã, que se prolongou por sete dias. Cento e vinte e sete províncias estavam representadas nessa festa. Nos jardins do palácio, maravilhosamente decorados, serviram vinho real que, além de servido à vontade, era consumido em vasos de ouro. No final da festa, Xerxes, embriagado, ordenou a seus mordomos que trouxessem à sua presença a rainha Vasti, que, nesse interim, oferecia um baquete em separado para as mulheres. O rei queria apresentá-la ao público para todos contemplarem sua formosura. Vasti se recusou a comparecer e, dessa forma, o rei ficou grandemente furioso.
A rainha Vasti se recusou a desfilar diante dos amigos do rei, possivelmente por ser contra o costume persa uma mulher apresentar-se diante de uma reunião pública de homens. Este conflito entre o costume persa e a ordem do rei colocou-a em uma difícil situação, e ela escolheu não obedecer à ordem de seu marido embriagado, na esperança de que ele, mais tarde, recobrasse o juízo. Alguns sugerem que Vasti estava grávida de Artaxerxes, que nasceu em 483 a. C., e não queria ser vista em público naquele estado. Qualquer que tenha sido o motivo, sua atitude foi uma quebra de protocolo que também colocou Assuero em uma situação difícil. Se uma ordem era expedida por um rei persa, ela nunca poderia deixar de ser atendida. E mais, Assuero se preparava para invadir a Grécia, e ele havia convidado muitos importantes oficiais, de todo o império para ver o seu poder, riqueza e autoridade. Caso a sua autoridade sobre a própria esposa fosse colocada em dúvida, sua credibilidade militar, o maior critério de sucesso para um rei da antiguidade, seria prejudicada. Além disso, o rei Assuero estava acostumado a ter o que queria.
Concordo com o que disse C. F. Demaray: “se Ester veio ao reino com um propósito especifico (Et.4:14), certamente podemos dizer que o nobre exemplo de modéstia feminina de Vasti não pode ser facilmente esquecido. Nosso mundo moderno precisa de mais mulheres como esta rainha, relutante em expor seus corpos seminus para a contemplação da multidão. Talvez aumentemos nossa consideração por Vasti se pensarmos que não havia realmente uma lei ou costume, que tornasse inapropriado para as esposas estarem presentes em um banquete com seus maridos. Parece que ela se recusou a obedecer ao pedido do rei por motivos pessoais. Provavelmente, percebeu que por causa de sua escolha poderia perder a sua posição, ou até mesmo a própria vida”.
3. A destituição da rainha Vasti (Ester 1:13-22). Vasti se recusou ser exibida como objeto naquela festa profana, onde ali só tinha bêbados. Diante da recusa, o rei consultou seus sábios, e estes lhe disseram que o comportamento da rainha seria um péssimo exemplo para as demais mulheres do reino. Um dos sábios da corte, por nome Memucã, sugeriu que Vasti fosse deposta por meio de um edito real, que seria enviado a todo o seu reino. Sabendo que a lei dos medos e persas era inalterável, os sábios, talvez, sugeriram essa media drástica para garantir que Vasti não retornasse ao poder e os punisse. Agindo precipitadamente, o rei concordou com a sugestão e a transformou em lei, ordenando que fosse publicada em todas as províncias do seu reino, segundo a língua da cada povo. Além disso, o edito estipulava que todo homem fosse senhor em sua casa e que sua linguagem fosse predominante em seu lar. Com certeza essa lei não fez com que as mulheres daquele país respeitassem a seus maridos. O respeito entre homem e mulher vem da mútua apreciação como seres criados à imagem de Deus, não de ordens e pronunciamentos legais. A obediência forçada é um substituto pobre para o amor e o respeito que esposas e maridos devem ter uns pelos outros.
II. ESTER NO PALÁCIO DE ASSUERO
1. Mardoqueu e Ester. Em 485 a.C., Dario Histapes, rei da Pérsia, o que reinara na época da conclusão do segundo templo de Jerusalém (vide 2Cr.36:22,23;Ed.1:1-4;Ed.5-6), morreu, sendo sucedido por seu filho Assuero (Xerxes I). A miraculosa história da rainha Ester e de seu primo Mardoqueu inicia-se no terceiro ano do reinado deste extraordinário monarca, em 483 a.C.,103 anos após Nabucodonozor ter levado cativos os judeus(2Rs.25), 54 anos após Zorobabel ter guiado os primeiros grupos de exilados de volta a Jerusalém(Ed.1:2), e 25 anos antes de Esdras guiar o segundo grupo para Jerusalém (Ed.7).
a) Mardoqueu. Era um homem de fé, temente a Deus e estava entre os cativos judeus que serviam aos interesses do rei em Susã. Era um homem que não recuava em seus propósitos, mesmo que isso lhe custasse a vida (Et.4:1,2).
A Bíblia relata-nos que Mardoqueu era da tribo de Benjamim, descendente de um certo Quis, que havia sido levado cativo para a Babilônia no tempo de Nabucodonosor, na primeira leva de judeus (Et.2:5;2Cr.36:9,10), o que demonstra que Mardoqueu era de uma linhagem de judeus que, desde cedo, serviram ao governo, primeiramente babilônico, depois, persa. Ele era primo de Ester, tendo-se tornado seu pai de criação, visto que ela ficara órfã (Et.2:6).
Mardoqueu era um exemplo de autêntica humildade, confiança e obediência a Deus. A despeito de ter sido promovido e exaltado pelo próprio rei, nenhum direito reivindicou; sequer exigira as glórias que lhe eram devidas, mas retornou ao trabalho cotidiano (Et.6:11,12), deixando tudo nas mãos do Senhor. Mais tarde, esse extraordinário homem foi honrado e reconhecido como protetor do povo judeu (Et.10).
Mardoqueu instituiu a festa judaica do Purim. Ele teve uma longa carreira de serviços prestados ao rei e em favor dos judeus. Ele foi o segundo no reino da Pérsia, depois de Assuero – “Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação” (Et.10:3). Na vida de Mardoqueu, Deus combinou caráter e circunstâncias para realizar grandes coisas.
b) Ester. Esta virtuosa mulher, surge no texto sagrado como uma menina judia órfã, sem pai nem mãe, que precisou ser acolhida por seu primo Mardoqueu. Embora seja apresentada como “Hadassa” em Et.2:7, é a única vez em que ela é assim denominada, sendo, então, dali por diante chamada de “Ester”, nome também hebraico, que significa “estrela” e que dá a entender que a pessoa que tem tal nome é uma “pessoa cativante, charmosa e sensual”. O texto sagrado não diz o motivo destes dois nomes, mas entendem os estudiosos da Bíblia que o nome de Ester deve ter sido dado a Hadassa pelos funcionários do rei quando a levaram para a casa do rei da Pérsia. Por ser moça bela de parecer e formosa à vista, foi-lhe dado o nome de “Ester”, que é, certamente, a versão hebraica do nome persa que se lhe deu e cujo significado era “estrela”.
Ester viveu no reinado da Pérsia, o reino dominante do Oriente Médio após a queda da Babilônia em 539 a. C.. Os parentes de Ester deveriam estar entre os exilados que preferiram não voltar para Jerusalém, embora Ciro, o rei da Pérsia, tenha expedido um decreto permitindo que eles voltassem. Os exilados judeus desfrutavam de uma grande liberdade na Pérsia, e muitos permaneceram porque haviam se estabelecido ali ou temiam a perigosa jornada de volta à sua terra natal.
A beleza e o caráter de Ester conquistaram o coração de Assuero(ou Xerxes), e assim o rei fez de Ester sua rainha. No trono, a agora rainha Ester não alterou a sua conduta e postura. Diz-nos a Bíblia que, mesmo após sua coroação, Ester continuou a obedecer ao seu pai de criação, Mardoqueu, não declarando a sua nacionalidade nem a sua parentela (Et.2:20). “O sucesso não subiu à cabeça”, como diz o conhecido dito popular. Ester manteve a sua humildade, não se ensoberbeceu, apesar da vitória alcançada.
Muitos, em nossos dias, não têm esta postura. O presente século é habitado por pessoas orgulhosas (2Tm.3:4), pessoas que, assim que atingem uma posição vantajosa na sociedade, no seu local de trabalho e, até mesmo, na igreja local, esquecem-se de que são pó (Sl.103:14), de que são como a flor da erva (1Pd.1:24), que é menos do que nada (Is.41:24), passando a agir com arrogância, como verdadeiros “donos do mundo”, humilhando o próximo, prejudicando a todos quantos estão à sua volta. O resultado destes que se exaltam é o pior possível: serão abatidos repentinamente, por uma direta ação divina, pois a Palavra de Deus é bem clara: “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra”(Pv.29:23). Quem não tem humildade, é visitado pelo próprio Deus. Quem o diz é o Senhor, em Seu diálogo com Jó: “Olha para todo soberbo, e humilha-o, e atropela os ímpios no seu lugar” (Jó 40:12).
2. A busca de uma jovem para o lugar de Vasti (Ester 2:1-11). Depois de algum tempo, o rei pareceu ter se arrependido do que fizera com Vasti. A frase “lembrou-se de Vasti” (Et.2:1) pode significar que o rei começou a sentir saudades da sua rainha e do que ela havia feito por ele. Mas, também se lembrou que em sua raiva a havia expulsado da sua presença com um decreto que não poderia ser anulado. Então, seus conselheiros propuseram trazer ao palácio moças virgens de boa aparência e formosura para que ele escolhesse uma como rainha em lugar de Vasti. Conforme as jovens eram trazidas a Susã, juntou-se a elas Ester, uma virgem que morava em Susã. Após a morte dos seus pais, foi adotada pelo primo Mordecai (ou Mardoqueu), benjamita, cujo ancestral, Quis, fora levado cativo para a Babilônia juntamente com Jeconias, rei de Judá (2Rs.24:14-16).
As jovens ficaram aos cuidados de um eunuco por nome Hegai, que era guarda das mulheres. Hegai, encarregado do harém, demonstrou predileção por Ester e se apressou em providenciar unguentos e os devidos alimentos para ela, além de jovens escolhidas para acompanhá-la. Também as levou para morar nos melhores aposentos da casa das mulheres. Obedecendo à ordem de Mordoqueu, Ester não revelou sua etnia. Embora ele não pudesse contatá-la diretamente, encontrou formas de receber noticias dela todos os dias.
Ester não estava somente participando de um concurso. O Senhor estava direcionando seus passos, ali no palácio, para algo grande. Ela fazia parte do desígnio de Deus para ajudar o seu povo.
3. Ester é escolhida para o lugar de Vasti (Ester 2:12-18). O curso preparatório para apresentar as jovens à câmara do rei teve a duração de doze meses. As moças passaram por um programa intensivo de embelezamento, incluindo perfumes, especiarias e cosméticos. Chegada a vez de cada jovem comparecer diante do rei, tinha a permissão para escolher qualquer coisa que desejasse em termos de roupas e joias, a fim de se apresentar da forma mais bela possível. Então, a moça passava uma noite com o rei e nunca mais poderia voltar, salvo se o agradasse e fosse requisitado pelo nome.
Ester, porém, em vez de pedir enfeites seguiu o conselho de Hegai (provavelmente sugerindo que ela confiasse em sua beleza natural). Em todo caso, o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres e a escolheu como rainha. Mais tarde, ofereceu um grande banquete em homenagem a ela.
Mesmo em terra estranha, criada pelo seu primo e estando no palácio à espera da escolha do rei, Ester não se portou como as outras moças que estavam ali. Ester foi diferente! E foi nessa diferença que Deus trabalhou. A Bíblia diz que ela achava graça ante todos os que a viam, e até o rei amou-a mais do que todas as outras e a fez rainha em lugar de Vasti.
Para o cristão, a vida representa um treinamento para, quando chegar o momento, reinar com Cristo. Em breve, o Espírito Santo apresentará a Igreja ao seu Rei Eterno, sem mácula, ruga ou coisa semelhante (Ef.5:27).
III. A CRISE CHEGA PARA O POVO DE DEUS
1. A trama de Hamã. Após o repouso proveniente da coroação de Ester, o adversário do povo de Deus já arquitetava uma forma de destruir Israel e, com isso, impedir que a humanidade pudesse ser salva, pois, se Israel fosse destruído, não poderia nascer o Salvador, pois a salvação viria dos judeus (Gn.12:3; João 4:22; Gl.3:16).
Assuero decidiu exaltar Hamã, elevando-o a segunda pessoa mais influente do reino (Et.3:1). Hamã era ganancioso, ardiloso, traiçoeiro; um mau exemplo para a própria família (Et.5.11-14). Ele era um descendente de Agague, rei dos amalequitas, tradicional povo inimigo do povo judeu (1Sm.15:8,9). Hamã, apesar de toda a sua exaltação por parte do rei Assuero, que o tornou a maior autoridade da Pérsia depois do rei, não estava contente, pois não admitia que Mardoqueu não se inclinasse nem se prostrasse diante dele, como havia sido ordenado por Assuero (Et.3:2-4).
Hamã, escravo que era da soberba, pecado terrível e que se constitui numa das três características que existem no mundo (1João 2:16), ao saber da recusa de Mardoqueu em venerá-lo ou adorá-lo, logo se tornou um instrumento de Satanás. Decidiu que não só mataria Mardoqueu, mas eliminaria todo o seu povo(Et.3:5,6), pois sabia que Mardoqueu era judeu e que, ao não se prostrar diante dele, nada mais fazia que cumprir a lei de Moisés.
Hamã persuadiu Assuero a fazer um decreto, ordenando a morte dos judeus. O rei aderiu ao plano de Hamã. Então foi feito um decreto para que todos os judeus fossem mortos e seus despojos saqueados (Et.3:13-15). A crise havia chegado para os judeus, trazendo tristeza e lamento. Mardoqueu vestiu-se de saco e foi para a porta do palácio de Assuero (Et.4:1-6).
Quando o coração humano não tem Cristo é um solo fértil para o surgimento, abrigo e crescimento do ódio. O cristão deve estar atento aos primeiros sinais dessa praga que mina as forças espirituais (Ef.4:26).
2. Ester toma conhecimento da trama contra seu povo (Et.4:1-16). Hamã, diante do seu prestígio, logo conseguiu do rei Assuero a ordem para a destruição completa do povo judeu (Et.3:7-15). Ao saber da notícia, Mardoqueu rasgou os seus vestidos e se vestiu de saco, claro sinal de humilhação e clamou com grande e amargo clamor pelo meio da cidade (Et.4:1). Mardoqueu informou a Ester acerca do decreto de morte do povo judeu (Et.4:7,8).
“Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido, como também a oferta da prata que Hamã dissera que daria para os tesouros do rei pelos judeus, para os lançar a perder. Também lhe deu a cópia da lei escrita que se publicara em Susã para os destruir, para a mostrar a Ester, e lha fazer saber, e para lhe ordenar que fosse ter com o rei, e lhe pedisse, e suplicasse na sua presença pelo seu povo”.
Ester pediu a Mardoqueu que reunisse todos os judeus a fim de jejuar por ela. Os judeus atenderam ao pedido de Ester e puseram-se a jejuar e a se humilhar (Et.4:3).
3. A estratégia sábia de Ester (Et.5:1-8). Embora fosse a rainha, Ester não podia entrar à presença do rei sem ser convidada. Ela arriscou a própria vida entrando à presença do rei sem ser chamada. Não havia sequer a garantia de que o rei a receberia. Mas, com cautela e coragem, Ester decidiu arriscar sua vida, abordando o rei a favor de seu povo. Ela elaborou seus planos cuidadosamente. Pediu aos judeus que jejuassem e orassem com ela antes de entrar à presença do rei. Então, no dia escolhido, Ester foi à presença de Assuero. Ao vê-la, o monarca apontou seu cetro e Ester tocou-o na ponta. O rei, deslumbrado pela beleza da rainha, perguntou-lhe: "Que é o que tens, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até a metade do reino se te dará" (Et.5:3).
Porém, em vez de expressar seu pedido de forma direta, Ester convidou o rei e Hamã para um banquete. Assuero era suficientemente sagaz para perceber que a rainha tinha algo em mente; no entanto, ela transmitiu a importância da questão, insistindo em um segundo banquete. Neste ínterim, Deus estava trabalhando “nos bastidores”. O Senhor fez com que o rei lesse os registros históricos do reino à noite, e descobrisse que Mardoqueu certa vez salvou a sua vida. Assuero não perdeu tempo para honrar Mardoqueu por tal ato (ver Et.6:1-13). Hamã não somente foi impedido de matar Mardoqueu, como também teve de sofrer a humilhação de vê-lo ser honrado publicamente.
Durante o segundo banquete, Ester revelou ao rei a conspiração de Hamã contra os judeus; Ester informou ao rei que havia um plano para matá-la, bem como ao povo judeu e este plano havia sido tramado por Hamã. Isso enfureceu o rei. Ester desmascarou Hamã diante de Assuero. Após algumas horas, Hamã morreu na forca que havia construído para Mardoqueu, e seu plano de exterminar os judeus fora frustrado. Em contraste com Ester, que arriscou tudo por Deus e venceu, Hamã arriscou tudo para alcançar seu propósito maligno e perdeu.
Deus ouviu a oração do seu povo e a coragem e determinação de uma mulher, que não viu limites para que o seu povo fosse salvo do intento maligno de Hamã. Isso é o que se chama de altruísmo, isto é, a atitude de atendimento ao outro, um dos aspectos do amor divino, como vemos em 1Coríntios 13:5; é um amor “que não busca os seus interesses”. E assim Deus impediu que o plano de Hamã fosse concretizado – agiu na hora certa.
Nossa primeira reação ao tomar conhecimento da história de Hamã é pensar que ele teve o que merecia. Mas a Bíblia nos leva a questões mais profundas. Quanto de Hamã há em mim? Será que quero controlar as pessoas? Sinto-me ameaçado quando as pessoas não gostam de mim tanto quanto penso que deveriam? Tenho sede de vingança quando meu orgulho é ferido? Confessemos estas atitudes a Deus e peçamos que ele as substitua por uma atitude de perdão. O autêntico cristianismo está baseado no amor (João 13:34,35). Qualquer atitude que fira este princípio deve ser rejeitada (1João 4:8).
CONCLUSÃO
Negar-se a si mesmo e viver em função do outro é o primeiro requisito para servirmos a Cristo (Mc.8:34; Lc.9:23). Ester dá-nos um exemplo: alcançou uma posição inimaginável não só na sociedade da sua época, mas diante de Deus, única e exclusivamente porque não viveu em função de si própria, mas em função dos outros. O amor divino é demonstrado em nós na medida em que não buscamos apenas os nossos interesses (1Co.13:5).
Ester correu risco de ela mesma vir a perder a sua vida, buscando guardá-la, mas, a tempo, seguiu o sábio conselho de Mardoqueu e, ao pôr a sua vida em risco por amor ao seu povo, ao povo de Deus, alcançou não só a sua sobrevivência, mas de todo o povo. Assim devemos também proceder: buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, pois tudo o mais nos será acrescentado (Mt.6:33).
“Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação”. (Et.10:3).
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Fonte ebdweb - Luciano de Paula Lourenço
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