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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

7º lição do 1º trimestre de 2020: A QUEDA DO SER HUMANO – Subsídio


1º Trimestre/2020
Texto Base: Gênesis 3:1-7

“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).
Gênesis 3:
1.Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
2.E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
3.mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.
4.Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
5.Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
6.E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
7.Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Queda de Adão, o primeiro ser humano. Este trágico acontecimento é apresentado, literalmente, na Bíblia Sagrada. Não é um relato teórico ou figurativo, mas um relato históricoDeus deu um mandamento a Adão, e Satanás o instigou a desobedecer esse mandamento, e as consequências foram fatais (cf. Gênesis 3:14-24), para ele e para sua posteridade, chegando até nós. Portanto, a essência do primeiro pecado está na desobediência do homem à vontade divina e na realização de sua própria vontade.
O pecado de Adão e Eva foi uma transgressão deliberada ao limite que Deus lhe havia estabelecido. Deus concedeu ao ser humano o livre-arbítrio, mas estabeleceu uma linha divisória entre o certo e o errado; ultrapassar esse limite estabelecido por Deus é considerado um erro gravíssimo, e isto trará consequências danosas, que poderá repercutir por toda a eternidade; o apóstolo Paulo advertiu: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7).

I. LIVRE-ARBÍTRIO DO SER HUMANO

1. O Livre-arbítrio

Livre-Arbítrio é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus(Dt.30:11-20 e Js.24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos.
Deus fez o homem com poder de servi-lo ou não e, por isso, nós, simples seres humanos, não podemos querer obrigar as pessoas a servir a Deus. Quem cerceia, pois, a liberdade de opção da pessoa em servir, ou não, a Deus, algo que, infelizmente, muitas vezes foi praticado em nome do Senhor, atenta, antes de mais nada, contra a própria ordem estabelecida por Deus, o qual foi quem criou o homem com esta faculdade.
O livre-arbítrio é o maior patrimônio de Deus ao homem, mas a liberdade que Deus lhe deu tem uma correspondência: a responsabilidade. Paulo advertiu aos crentes de Gálatas: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne...” (Gl.5:13).
A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal é a de que deve responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de sua opção. O preço de uma má escolha, que fere os ditames da Palavra de Deus, trará consequências danosas, que poderá repercutir por toda a eternidade. Paulo adverte aos que usam da “liberdade para dar ocasião à carne”: “...os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl.5:21).
A Bíblia contém uma série de textos em que o direito humano de escolha fica claro:
-Adão e Eva, no jardim do Éden. Eles podiam escolher o fruto que quisessem comer, menos o proibido; escolheram a desobediência e foram castigados. Se estivessem predestinados a pecar, Deus não os condenaria.
-Caim e seu rancor. Deus deixou claro para Caim que, se ele mudasse sua atitude, sua oferta poderia ser aceita (Gn.4.7); por outro lado, havia a opção pelo pecado; ele escolheu matar o seu próprio irmão. Caim estava morto espiritualmente, mas isso não significava incapacidade de ouvir a voz de Deus, crer e decidir.
-Josué escolheu servir a Deus, porém, os israelitas escolheram servir aos deuses cananeus.
“Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js.24.15). 
“E os filhos de Israel fizeram o que parecia mal aos olhos do SENHOR, e se esqueceram do SENHOR, seu Deus, e serviram aos baalins e a Astarote” (Jz.3:7).
-Moisés colou diante dos israelitas duas opções para que eles escolhessem: a bênção e a maldição, e esta advertência ainda ecoa em nossos dias:
“O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt.30.19).

2. A soberania divina

Sendo um dos seus atributos (aquilo que lhe é próprio, qualidade), a soberania de Deus é uma autoridade inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo fato óbvio de que Ele é o Criador de todas as coisas (Is.44:6;45:6; Ap.11:17).
“Assim diz o SENHOR, Rei de Israel e seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is.44:6).
-Por ser soberano, Deus decidiu criar todas as coisas e, por isso, o mundo foi criado, pois, em Deus, o simples desejo já é efetuar (Fp.2:13).
-Por ser soberano, Deus quis criar o ser humano com o livre-arbítrio, ou seja, com liberdade para escolher entre o bem e o mal.
-Por ser soberano, Ele estabeleceu a única maneira de o ser humano alcançar a salvação, Jesus Cristo (João 14:6).
Entretanto, a soberania divina não interfere na liberdade do homem, porque a soberania diz respeito a Deus, que está além de toda a criação; é algo imputável somente a Ele, faz parte da sua própria natureza e, por isso, não podemos querer transferir a soberania divina para algo que diz respeito apenas ao homem.
Vemos, pois, que o fato de Deus ser soberano, tem, logicamente, implicações no plano estabelecido para a salvação do homem. Este plano só existe porque Deus é soberano e quis criar uma forma de o homem se livrar do pecado.

3. A responsabilidade humana

Como eu disse, o livre-arbítrio, a liberdade humana, é uma manifestação da vontade divina. Deus quis que o ser humano tivesse esta liberdade e, por isso, não cabe a nós querer estabelecer limites ou objeções ao Senhor por causa desta liberdade. Mas, a liberdade que Deus deu ao ser humano, tem uma contrapartida: a responsabilidade.
Ao verificarmos o texto sagrado de Gn.2:16,17, notamos que Deus deu uma ordem ao homem no sentido de que ele comesse livremente de todas as árvores do jardim do Éden, com exceção da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que dela comesse, certamente morreria. O homem poderia escolher entre o bem e o mal, mas, no dia em que desobedecesse a Deus, em que escolhesse o mal, adviria uma penalidade, qual seja, a morte, a separação entre o homem e Deus - “certamente morrereis”. A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal era a de que deveria responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de sua opção.
Esta ideia de responsabilidade mostra, claramente, duas coisas, a saber:
ü  Não existe liberdade sem responsabilidade. O homem não faz o que quer sem qualquer consequência, uma vez que a sua liberdade não é o direito de ditar as regras para si, mas de optar entre seguir, ou não, as regras estabelecidas por Deus. Liberdade não se confunde, pois, com libertinagem, como, infelizmente, tem sido propagandeado pelo mundo ao longo dos séculos e, muito intensamente, nos dias em que vivemos.
ü  A liberdade humana não altera a soberania divina. O uso da liberdade pelo homem deverá ser objeto de prestação de contas diante de Deus, que é o soberano, a máxima autoridade. O plano da salvação, pois, não elide nem sequer diminui a soberania divina.
Como, então, conciliar o direito de liberdade do homem com a soberania divina? Deus é Onipotente, Onipresente e Onisciente, e, em virtude destes atributos, é soberano, visto que tem todo o poder, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo e sabe de todas as coisas. Sem tais atributos, com os quais se relaciona com o mundo, não poderia ser soberano, não teria a autoridade suprema sobre tudo e sobre todos. Esta soberania é tanta que permitiu que seres – humanos e anjos - fossem criados com o atributo chamado livre-arbítrio, ou seja, a liberdade de escolher entre servir, ou não, a Deus.
O Senhor não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas ou de fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus.
Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn.3:1-13). Este livre-arbítrio é a maior prova de que Deus é soberano, pois está tão acima dos seres criados que lhes permite, inclusive, dar as costas para Ele.
O fato de Deus permitir que seres humanos possam não lhe obedecer, isto não representa qualquer fragilidade ou diminuição na autoridade de Deus sobre tudo, antes, porém, demonstra a reafirmação desta autoridade, pois o fato de o ser humano poder desobedecer a Deus não retira o fato de que Deus mantém o controle sobre tudo, tanto que tais seres humanos serão responsabilizados pela desobediência no tempo, modo e lugar, já previamente determinado pelo Senhor.
Portanto, a liberdade tem, como contrapartida indispensável, a responsabilidade. Deus nos criou com o poder de escolha, com o poder de decidir o que iremos fazer ou não, mas prestaremos contas de todas estas escolhas e decisões perante Ele, com quem haveremos de tratar um dia (Hb.4:13).
“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”.

II. A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL

Para muitos, o capítulo 3 de Gênesis não passa de lenda, mito, fábula, alegoria ou um simples fato isolado na história antiga. Se essa narrativa bíblica não corresponde a um fato histórico com implicações históricas universais até a época presente, então, esse capítulo não deve ser levado a sério e ninguém precisa se preocupar com a ideia de pecado nem aguardar algum tipo de solução ou intervenção divina. Com base nessa interpretação das Escrituras Sagradas é que diversas teorias apostam no homem como a solução para si e para o mundo. Entretanto, para os que confiam na autoridade da Bíblia, os fatos e as consequências da história, que estão narradas em Gênesis 3:14-24, foram e são reais. Acreditar na Queda do homem implica acreditar numa catástrofe que tem afetado todo o curso da humanidade - a minha e a sua vida.

1. A possibilidade da Queda

A Queda do homem foi uma catástrofe que afetou toda a criação, cujo reflexo se perenizou na história da humanidade, chegando até os dias atuais, ainda com grande intensidade.
Alguém pode indagar:
-“Deus tinha conhecimento de que o homem ia cair, isto é, pecar?”. Sim, tinha. Nós já afirmamos que um dos atributos de Deus é a Onisciência. Seu conhecimento é absoluto: Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Conhece tão bem o eterno passado como o futuro eterno. Se Deus não conhecesse o eterno futuro, Ele não seria Deus. Só conhecemos Deus como aquele ser que tem todo o poder no Céu, o Universo, e na Terra.
-“Se Deus sabia que o homem ia pecar, por que o criou?”. O autor do livro “A Bíblia responde. CPAD”, dá a seguinte resposta a esta pergunta:
“Apesar de saber disso, Deus criou o homem por causa de seu imensurável amor para com aqueles que haveriam de herdar a salvação.
“Por causa dos que não quiseram no passado, dos que rejeitam no presente e dos que recusarão no futuro a graça oferecida por Deus, esse Deus de amor não poderia deixar de mostrar sua inefável bondade para com aqueles que no passado aceitaram, para com os que no presente estão recebendo, e para com os que no futuro aceitarão com corações transbordando de alegria o eternal plano de salvação.
“Estas verdades sublimes, que não podem ser contraditadas, estão reveladas na Palavra inspirada do apóstolo Pedro: ‘eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência…’ (1Pd.1:2). Não aceitamos uma predestinação arbitrária que permite uma vida desregrada para os ‘contemplados’ porque isso ofende a santidade de Deus. Mas cremos numa eleição em santificação do Espírito para a obediência. Foi para isso que Deus nos chamou, e isso glorifica o Seu nome”.
Ao criar Adão e Eva, Deus conferiu ao este casal a liberdade de manutenção (ou não) do seu estado de inocência original. Essa possibilidade dependia da maneira como eles usariam a liberdade.
Lemos em Gênesis 2:16,17 que, após a criação de Adão, Deus lhe deu uma ordem de natureza positiva e negativa. A positiva dizia: “de toda a árvore do jardim comerás livremente”; e a negativa: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás”. A partir desse exato momento, Adão se viu num teste, no qual poderia se alimentar do fruto de qualquer árvore do jardim, exceto de uma árvore em particular. O teste pode ser visto sob duas perspectivas: Provação e Tentação.
-Com a Provação, Deus estava aplicando um teste de obediência à Sua vontade. É claro que Deus não precisava de algum tipo de instrumento para conhecer as livres reações humanas no futuro, pois Ele é Onisciente (Sl.139:1-6). O alvo do teste na perspectiva divina era o sucesso de Adão e Eva, o qual dependia do alinhamento do coração, alma e entendimento deles (fator interno) à vontade e ao caráter de Deus (fator externo).
-Com a Tentação, Satanás pressionou o primeiro casal a uma atitude de rebelião contra a vontade de Deus. Como uma criatura “caída” que se rebelou contra Deus (Is.14:13,14; Ex.28:11-19), Satanás tentava convencer Adão e Eva a seguirem os passos dele. O alvo do teste na perspectiva diabólica era o fracasso dos dois, o qual dependia do alinhamento do coração, alma e entendimento deles (fator interno) à vontade e ao caráter do diabo (fator externo).
Portanto, a possibilidade da Queda foi um período de teste. Não sabemos quanto tempo durou tal teste. Sabemos que ele passou a ter validade no momento em que foi instituído.

2. A realidade da tentação

Observamos no relato da queda do primeiro casal, que o diabo surge como uma serpente, ou seja, de forma quase imperceptível, quase sem ser notado, apresentando-se à mulher de repente, de surpresa, num momento em que a mulher não esperava, diríamos que num instante de distração. Ante à distração da mulher, Eva, o diabo conseguiu entrar no Jardim para efetuar a sua tarefa destruidora.
A distração, o “cochilo espiritual”, é fatal à saúde espiritual do crente. O caminho da vigilância está relacionado com a meditação diuturna da Palavra de Deus. Quando meditamos nas Escrituras Sagradas, quando as estudamos ininterruptamente, o adversário não encontra brecha para agir.
Observe os passos que levaram a Queda do ser humano:
a) Satanás instigou dúvida em relação à Palavra de Deus: “É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? ” (Gn.3:1b). Eva estava distraída e, por causa disto, o diabo pôde se aproximar e iniciar um diálogo com ela, lançando-a no campo da dúvida. Diante de tanta amabilidade, Eva aceitou o diálogo, porém, não mostrou firmeza, pois a sua resposta não correspondeu aquilo que, de fato, Deus havia dito. Nossas dúvidas e inseguranças na Palavra de Deus tornam Satanás mais ardiloso e com uma vantagem enorme para atuar.
b) Eva demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Ela declarou (falando sobre a árvore do conhecimento do bem e do mal): “... do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais”.
Dá para perceber que a mulher demonstrou desconhecimento da Palavra de Deus. Enquanto a ordem divina era para que não se comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf. Gn.2:16,17), a mulher respondeu à serpente que a ordem era a proibição de comer e tocar na árvore que estava no meio do jardim (Gn.3:3). Vemos aqui, portanto, que a mulher alterou em dois pontos a ordem divina, a saber: (a) árvore da ciência do bem e do mal por árvore que está no meio do jardim; (b) não comereis por não comereis nem tocareis.
c) Satanás contradita o próprio Deus. Face o desconhecimento da Palavra de Deus, agora Satanás estava em condições de contraditar o próprio Deus, pois sentiu que já tinha o controle sobre a mulher. Mais uma vez, com muita sutileza, lançou dúvidas quanto à veracidade da Palavra do próprio Deus - “... certamente não morrereis”, uma maneira muito sutil de afirmar que Deus havia mentido.
Satanás deturpou o mandamento do Senhor ao sugerir que Deus tinha ocultado algo benéfico para Adão e Eva. Satanás se atreveu a negar as consequências da desobediência, como fazem até hoje seus seguidores, ao continuarem negando a existência do inferno e a punição eterna.
d) Satanás desperta na mulher a soberba e o desejo de ser como Deus. Não tendo havido nenhuma reação por ter ouvido que a Palavra do Criador não era verdadeira, então Satanás com maior sutileza deu sua cartada final, despertando, agora, a soberba e o desejo de ser como Deus: “Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn.3:5).
Satanás utilizou-se de um motivo sincero para testar Eva: “sereis como Deus”. Eva não estava errada em querer ser como Deus; tornar-se mais parecido com Deus é o maior objetivo da humanidade. Deveríamos ser assim.
Mas, Satanás enganou Eva no que diz respeito ao modo de alcançar esse objetivo. Ele alegou que ela poderia parecer-se com Deus desafiando a autoridade dele, tomando o seu lugar e decidindo por si mesma o que era melhor para a sua vida. Na verdade, ele a instruiu a ser seu próprio deus.
Entretanto, parecer-se com Deus não é o mesmo que querer ser Deus; ao contrário, é refletir nas características de Deus e reconhecer a autoridade dele sobre a vida de cada pessoa.
Assim como Eva, possuímos um objetivo valioso, mas tentamos alcançá-lo de forma errada. Agimos como um candidato político que usa de suborno para ser “eleito”; ao fazer isto, servir a comunidade já não é mais seu objetivo.
A exaltação própria conduz à rebelião contra Deus. Logo que começamos a retirar Deus de nossos planos, colocamo-nos acima dele. E é exatamente isto o que Satanás deseja. O humanismo secular tem perpetuado a mentira de Satanás: “você será igual a Deus”.
e) A derrocada de Adão e Eva. O diabo mentiu, pôs em descrédito os ditos do Senhor e criou fantasias nas quais o primeiro casal acreditou, e isto determinou a sua derrocada. Sem qualquer ameaça, sem nenhuma palavra forte, apenas na sutileza, Satanás já estava com a mulher na “palma de sua mão”. Eva se deixou enganar – pensou que seria como Deus. Veja a linha sequencial da derrocada de Adão e Eva:
  • Olhou – “vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos”.
  • Desejou – “... árvore desejável para dar entendimento...”.
  • Tomou – “... tomou-lhe do fruto...”.
  • Comeu - “... comeu...”.
  • Morreu - morte espiritual instantânea e morte física gradativa. A punição por transgredir o mandamento era a morte - “... no dia em que dela comeres, certamente morrerás”(Gn.2:17).
Uma vez se desprendendo das Escrituras, as pessoas são iludidas com falsas promessas e fantasias - que as Escrituras denominam de “fábulas”, ou seja, “contos da carochinha” (1Tm.1:4; 4:7; 2Tm.4:4; 2Pd.1:16), falsidades que a seu tempo se revelarão e que, infelizmente, para muitos, significarão a morte eterna. Paulo, profeticamente, advertiu o povo de Deus acerca disso:
“Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2Tm.4:4).
“Adão e Eva tiveram o que queriam: um conhecimento profundo do bem e do mal. Mas isto eles conseguiram cometendo pecado e os resultados foram, portanto, desastrosos. Algumas vezes, temos a ilusão de que “liberdade” é fazer o que queremos. Mas Deus diz que a verdadeira liberdade vem da obediência e da consciência do que não deve fazer. As restrições impostas por Ele são para o nosso bem, para ajudar-nos a evitar o mal. Temos a liberdade de andar em frente a um carro em alta velocidade, mas não precisamos ser atropelados para perceber quão tolo isto seria. Não dê ouvidos às tentações de Satanás. Você não precisa fazer o mal para adquirir mais experiências e aprender mais sobre a vida” (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).
No Jardim do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal como forma de testar a obediência do ser humano. A única razão para não comerem daquele fruto era o fato de Deus assim haver ordenado. De muitas maneiras, tal fruto ainda se encontra em nosso meio nos dias de hoje.

3. A historicidade da Queda

A Queda do ser humano, como já disse no introito deste tópico, é uma realidade indubitável, deve ser aceita tal como foi narrada no capítulo 3 de Gênesis. Argumenta o Pr. Claudionor de Andrade que “a narrativa da Queda do ser humano tem de ser acolhida de forma literal, pois o Livro de Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas, mas um relato histórico confiável (2Co.11:3; Rm.15:4) ”.
Argumenta, ainda, o Pr. Claudionor de Andrade: “a hermenêutica pós-moderna, manejando ferramentas e armas forjadas do inferno, ataca impiedosa e malignamente os 11 primeiros capítulos de Gênesis, como se tais passagens fossem meras parábolas morais. E, dessa forma, em repetidos e monótonos golpes, intenta destruir as bases, as colunas e o majestoso edifício da soteriologia bíblica. O que esses pretensos exegetas e hermeneutas não sabem é que a Doutrina da Salvação, qual penha de comprovada solidez, jamais será desgastada por seus martelos. Antes, como já tem ocorrido tantas vezes, são estes a se agastarem, e não aquela, porquanto o Calvário, apesar desses dois milênios já decorridos, continua tão firme hoje quanto na tarde em que o Filho de Deus, entregando o Espirito ao Pai, exclamou: ‘está consumado’”.
Portanto, se não aceitarmos a historicidade e a literalidade do Livro de Gênesis, não teremos condições de entender o restante das Escrituras Sagradas.

III. AS CONSEQUENCIAS DA QUEDA DE ADÃO

Deus fez o homem com o poder de escolher entre o bem e o mal, sendo real a possibilidade da escolha do mal, só que, uma vez feita a escolha pelo mal, o homem sofreria as consequências de sua opção. Ao criar o homem com liberdade, Deus também estabeleceu que o homem responderia diante dEle sobre o uso desta liberdade.

1. Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: seus olhos "foram abertos" (Gn.3:7)

“Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”.
Adão e Eva chegaram a assemelhar-se a Deus, distinguindo entre o bem e o mal, porém, seu conhecimento se diferencia do conhecimento de Deus em que o conhecimento deles foi o da experiência pecaminosa e contaminada. Deus, ao contrário, conhece o mal como um médico conhece o câncer, porém, o homem caído conhece o mal como o paciente conhece sua enfermidade. A consciência deles despertou para um sentimento de culpa e vergo­nha.

2. Perderam a comunhão com Deus – foram expulsos do Paraíso (Gn.3:23,24)

O pecado sempre despoja a alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. A vida no jardim do Éden era como a vida no Céu. Tudo era perfeito e, se Adão e Eva tivessem obedecido a Deus, eles poderiam ter vivido ali para sempre. Mas, após desobedecerem, Adão e Eva não mais mereceriam o Paraiso, e Deus os expulsou dali, onde, diariamente, conversavam com o Senhor (Gn.3:8).
“o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”.
Se continuassem a viver no Jardim e a comer da árvore da vida, viveriam para sempre, mas seu estado de pecado significaria a tentativa de esconder-se de Deus por toda a eternidade. A partir daí o ser humano, para reatar a comunhão com Deus, deve ter a presença de um intermediador, Jesus Cristo, que nos atende pela fé que depositamos nEle (Hb.11:6). O apóstolo Paulo enfatizou isto: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm.5:1).             Ele é o único mediador entre Deus e o homem (1Tm.2:5).

3. A natureza humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar

O ser humano, agora, já não era inocente como uma criança, mas sua mente se havia sujado e ele sentia vergonha de seu corpo (Gn.3:7). Outra prova da sua natureza corrompida: ele lançou a culpa sobre sua mulher.
Adão chegou a insinuar que Deus era o culpado: "A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" (Gn.3:12). Isto é uma demonstração clara da natureza decaída do homem.

4. A transmissão do pecado à espécie humana

Somos herdeiros da corrupção moral de Adão. Seu pecado nos foi imputado. Como filhos de Adão, todos os seres humanos nascem em pecado. Adão se posicionou na porta de entrada da história e por meio dele o pecado entrou no mundo. Agora todos estão em estado de depravação total. Todos os seres humanos depois de Adão carregam a sua imagem. Vários textos bíblicos indicam este fato, mas destacaremos apenas dois textos que Paulo escreveu:
"Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram" (Rm.5.12).
"Pela ofensa de um só, a morte reinou" (Rm.5:17).

5. A mulher sofreria dores no parto e estaria sujeita a seu marido(Gn.3:16).

“E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”.
Estar sujeita ao esposo é maldição? Não deve ter a família uma cabeça? Além do mais, não está aí uma figura da relação entre Cristo e a Igreja? (Ef.5:22,23). O mal consiste em que a natureza decaída do homem torna-o propenso a abusar de sua autoridade sobre a mulher; do mesmo modo que a autoridade do marido sobre a mulher pode trazer sofrimento, o desejo feminino a respeito de seu esposo pode ser motivo de angústia. O desejo da mulher não se limita à esfera física, mas abrange todas as suas aspirações de esposa, mãe e dona-de-casa. Se o casamento fracassa, a mulher fica desolada.

6. O homem foi sentenciado a obter alimento de uma terra amaldiçoada com espinhos e cardos (Gn.3:17-19)

“E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”.
Isto significa que o homem teria de trabalhar o resto da vida em fadigas e com suor do rosto até retornar ao pó.
Devemos observar que o trabalho não é uma maldição. Em geral, o trabalho é uma bênção. A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao suor e ao cansaço que acompanham o trabalho.
Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm.8:22).
Todavia, quando Jesus implantar o seu Reino Milenial, logo após a Grande Tribulação, o planeta será plenamente restaurado e haverá perfeito gozo, justiça, paz, fartura, harmonia, perfeita saúde (Is.35). Vem logo, Senhor Jesus!

7. A morte – espiritual, física e eterna

A desobediência de Adão e Eva trouxe maldições a toda criação, cuja maior penalidade foi a morte.
-Em primeiro lugar, morreram espiritualmente, pois perderam seu estado de inocência e foram dominados pelo pecado; por conseguinte, perderam a comunhão com Deus. Alguns exemplos de seus descendentes mostram que o ser humano perdeu a inocência: ira e rancor (Gn.4:5), homicídio (Gn.4:8), poligamia (Gn.4:19), etc.
-Em Segundo lugar, o casal também morreu fisicamente, não naquele momento após a queda, mas ali foi iniciado o processo de morte gradual. Muito embora a morte de Abel tenha sido a primeira na história humana, não foi “natural”, mas provocada. A partir da Queda, qualquer pessoa volta ao pó da terra (Gn.3:19). O capítulo 5 de Gênesis serve de quadro nítido dessa realidade. Lemos em Gênesis 5:5 que Adão viveu 930 anos e morreu. A expressão “morreu” é repetida como um fúnebre refrão por todo capitulo (cf. Gn.5:11,14,17,27,31). De fato, esse refrão ainda hoje é entoado na história humana com muito mais frequência.
-Em terceiro lugar, a Queda reservou ao ser humano, que vive no pecado e que rejeita a salvação providenciada por Cristo na cruz do Calvário, a pior de todas as mortes: a morte eterna, isto é, a separação eterna de Deus. A Bíblia declara que os pecadores são “réus do fogo do inferno” (Mt.5:22). Está escrito que “os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl.9:17). Aliás, Jesus foi bem claro em afirmar que não devemos temer quem tenha o poder de matar o nosso corpo, mas, sim, aquele que pode nos lançar no fogo do inferno (Mt.10:28). “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap.20:14,15).

8. A promessa de um juízo redentivo (Gn.3:15)

“E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Este versículo é conhecido como protoevangelho, isto é, “o primeiro evangelho”. Esta é a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação. Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o casal, Deus, o justo Juiz, abriu um espaço para a redenção. Observe a bondade de Deus ao prometer a vinda do Messias antes mesmo de decretar a sentença de juízo condenatório ao homem e a mulher.
Este texto anuncia a inimizade perpétua entre Satanás e a mulher (que representa toda a humanidade), e entre a descendência de Satanás (seus representantes) e o seu descendente (o descendente da mulher, o Messias).
O descendente da mulher feriria a cabeça de Satanás. Essa ferida foi conferida no Calvário, quando o Salvador triunfou sobre Satanás. Este, por sua vez, feriria o calcanhar do Messias. Essa ferida se refere ao sofrimento (incluindo morte física), mas não à derrota final. Cristo sofreu na cruz e morreu, mas ressuscitou dentre os mortos, vitorioso sobre o pecado, o inferno e Satanás (Ap.1:18).
“e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”.

CONCLUSÃO

A Queda levou o mundo ao caos, consequência do pecado cometido pelo primeiro casal. Entretanto, a pesar da Queda, Deus não abandonou o ser humano e provou esse cuidado oferecendo Jesus para religar o pecador a Si. Portanto, há uma esperança para o pecador, em Cristo Jesus. Através de Cristo, Deus Pai provê-nos eterna e suficiente redenção, dispensando-nos um tratamento mui especial. O homem enquanto vive neste mundo, antes da morte física, ele tem a escolha de aceitar ou não o amor de Cristo. Se ele o aceitar, estará aceitando ir morar com Cristo, estar ao lado dEle para sempre (João 3:16-21; 14:1-3; 17:24).
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Fonte: Luciano de Paula Lourenço

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