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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

7ª lição do 3º trimestre de 2021: O MINISTÉRIO DE ELISEU



 Texto Base: 2 Reis 3:5,9-11,14-18; 4:1-7,38-41


“E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do SENHOR, para que consultemos ao Senhor por ele? Então, respondeu um dos servos do rei de Israel e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que deitava água sobre as mãos de Elias” (2Rs.3:11).

2 Reis 3:

5.Sucedeu, porém, que, morrendo Acabe, se revoltou o rei dos moabitas contra o rei de Israel.

9.E partiu o rei de Israel, e o rei de Judá, e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e o exército e o gado que os seguia não tinham água.

10.Então, disse o rei de Israel: Ah! Que o Senhor chamou a estes três reis, para os entregar nas mãos dos moabitas.

11.E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do SENHOR, para que consultemos ao Senhor por ele? Então, respondeu um dos servos do rei de Israel e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que deitava água sobre as mãos de Elias.

14.E disse Eliseu: Vive o Senhor dos Exércitos, em cuja presença estou, que, se eu não respeitasse a presença de Josafá, rei de Judá, não olharia para ti nem te veria.

15.Ora, pois, trazei-me um tangedor. E sucedeu que, tangendo o tangedor, veio sobre ele a mão do Senhor.

16.E disse: Assim diz o senhor: Fazei neste vale muitas covas.

17.Porque assim diz o SENHOR: Não vereis vento e não vereis chuva; todavia, este vale se encherá de tanta água, que bebereis vós e o vosso gado e os vossos animais.

18.E ainda isto é pouco aos olhos do SENHOR; também entregará ele os moabitas nas vossas mãos.

2 Reis 4:

1.E uma mulher das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu dizendo: Meu marido, teu servo, mor reu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor a levar-me os meus dois filhos para serem servos.

2.Eliseu lhe disse: Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite.

3.Então, disse ele: Vai, pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos.

4.Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio.

5.Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia.

6.E sucedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém ele lhe disse: Não há mais vaso nenhum. Então, o azeite parou.

7.Então, veio ela e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: Vai, vende o azeite e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.

38.E voltando Eliseu a Gilgal, havia fome naquela terra; e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu moço: Põe a panela grande ao lume e faz um caldo de ervas para os filhos dos profetas.

39.Então, um saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela a sua capa cheia de colocíntidas; e veio e as cortou na panela do caldo; porque as não conheciam.

40.Assim, tiraram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer.

41.Porém ele disse: Trazei, pois, farinha. E deitou-a na panela e disse: Tirai de comer para o povo. Então, não havia mal nenhum na panela.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do Ministério do profeta Eliseu. A convocação de Eliseu para o ministério profético foi feita pelo próprio Deus que instruiu o profeta Elias acerca disso no Monte Horebe (cf.1Rs.19:16). O seu ministério durou algo em torno de cinquenta anos, desde sua chamada, atravessando toda a última metade do século 9 a.C., cobrindo os reinados de Acabe, Acazias, Jeorão, Jeú, Jeocaz e Joás. Vale ressaltar que Eliseu permaneceu como servo de Elias até que este foi trasladado (1Rs.19:21; 2Rs.3:11). Eliseu também completou a missão de Elias, com referência à unção de Hazael como rei da Síria e a unção de Jeú como rei de Israel (2Rs.8:12,13; 9:1-10; cf. 1Rs.19:15,16). A narrativa acerca do ministério do profeta Eliseu está registrada nos livros de Reis - 1Rs.19 e 2Rs.2-9;13.

No registro do ministério do profeta Eliseu, percebemos uma diversificação bem interessante com relação a sua atuação, indo desde o contato com uma viúva endividada até homens ricos, poderosos e monarcas. Ele era influente no palácio de Israel (2Rs.5:8; 6:9,12,21,22; 6:32-7:2; 8:4; 13:14-19) e em outros reinos, como em Judá na época do reinado de Josafá (2Rs.3:11-19) e na Síria (2Rs.8:7-9). Eliseu também agiu como líder das escolas de profetas, seguindo a tradição de Samuel (2Rs.4:38-44; 6:1-7; cf. 1Sm.19:20).

O ministério do profeta Eliseu ficou muito conhecido pelos grandes milagres que ocorreram através dele. Em toda Bíblia, com exceção de Jesus, nenhuma outra pessoa realizou mais milagres do que Eliseu. Nesta Aula estudaremos sobre três deles: o milagre das águas que alagaram um vale, sem que houvesse chuva; a multiplicação do azeite da viúva; e a aniquilação da morte presente na panela de ensopado servido por um dos servos do profeta. Este homem de Deus era enérgico e contundente quando precisava; porém, compassivo e prestativo com os que sofriam ou necessitavam de ajuda.

I. ELISEU SALVA TRÊS REIS E SEUS EXÉRCITOS

1. Reis bons e maus

No período do reino dividido houve a alternância de reis bons e maus. Conforme os livros de 1 e 2 Reis, o que caracterizava esses reis serem bons ou maus não era apenas o modo como eles administravam o reino ou lideravam o povo, mas a forma como eles se relacionavam com Deus.

A história narra que a frequência de reis maus no reino do Norte (Israel) foi mais intensa do que no reino do Sul (Judá), pois seus reis promoveram a adoração a falsos deuses desde o início. Embora obras poderosas tenham sido realizadas pelos profetas, como Elias e Eliseu, que até mesmo ressuscitaram pessoas, Israel sempre recaía no mau proceder. Como consequência, Deus permitiu que o reino do Norte fosse destruído pela Assíria; é o que vamos ver na Aula nº 10.

Judá durou cem anos a mais do que Israel, mas também sofreu a punição divina. Poucos reis de Judá acataram os avisos dos profetas de Deus e tentaram levar a nação de volta para Jeová. O rei Ezequias, por exemplo, foi um dos reis bons de Judá; no seu reinado houve um extraordinário avivamento espiritual; estudaremos sobre ele na Aula nº 11. Também, o rei Josias foi um bom rei; ele decidiu livrar Judá da adoração falsa e restaurou o Templo. Quando foi encontrada uma cópia bem antiga da Lei de Deus dada por meio de Moisés, Josias ficou profundamente comovido, e foi motivado a intensificar sua campanha de reforma. Infelizmente, os sucessores de Josias não seguiram o bom exemplo desse bom rei, de modo que Deus permitiu que reino da Babilônia conquistasse Judá e destruísse Jerusalém, e o Templo. Os sobreviventes foram exilados em Babilônia; Deus predisse que esse exílio duraria 70 anos. Judá ficou desabitada todo esse tempo até que, como prometido, a nação teve permissão de voltar para sua própria terra. Ao contrário do reino do Norte, onde todos os seus reis foram maus, que nunca retornou do cativeiro assírio.

No entanto, nenhum outro rei da dinastia de Davi governaria até o reinado do prometido Libertador, o Messias. A história da maioria dos reis que ocuparam o “trono de Davi” em Jerusalém prova que humanos imperfeitos não são qualificados para governar; apenas o Messias estaria perfeitamente qualificado a isso. Assim, Deus disse ao último desses reis davídicos: “Retira a coroa [...] certamente não virá a ser de ninguém, até que venha aquele que tem o direito legal, e a ele é que terei de dá-lo” (Ez.21:26,27).

2. Três reis – Israel, Judá e Edom - vão à guerra contra os moabitas (2Reis 3:4-9)

Durante o reinado do rei Acabe, o rei dos moabitas havia sido obrigado a pagar tributo anual a Israel. Porém, com a morte de Acabe, o rei Mesa (rei dos moabitas) julgou oportuno a se rebelar.

O rei Acazias não havia feito nada a espeito da rebelião de Moabe. Quando o seu sucessor, o rei Jorão, subiu ao poder, procurou recuperar o controle sobre esse território, pois não desejava perder a soma considerável que os moabitas pagavam como tributo. Em busca da vitória contra o rei de Moabe, Jorão pediu a Josafá (rei de Judá) para se aliar a ele e, mais uma vez, este tomou a decisão insensata de ajudá-lo como fizera à época de Acabe (cf. 1Reis 22, episódio em que Josafá quase perdeu a vida ao se aliar com Israel). Os dois reis decidiram marchar pelo lado ocidental do mar Morto, rumo ao leste, passando por Edom, e rumo ao Norte, até Moabe. Por ser vassalo de Josafá na época, o rei de Edom se viu obrigado a participar da campanha militar.

3. A predição de Eliseu se cumpriu (2Reis 3:9-25)

Ainda com relação à guerra dos três reis contra os moabitas, quando se aproximaram de Moabe, ficaram sem água. Em resposta à declaração insolente de Jorão de que a culpa era de Deus, Josafá sugeriu que consultasse um profeta do Senhor. Quando souberam que o profeta Eliseu estava nas cercanias, os três reis desceram para falar com ele. A princípio, Eliseu deixou claro que não tinha nenhuma ligação com o rei idólatra de Israel e sugeriu que procurasse os profetas idólatras do pai dele; o pai dele era Acazias, e os seus profetas eram do ídolo Baal. A resposta de Jorão talvez tenha sugerido que o problema não era causado por ídolos, mas pelo Senhor. Em deferência a Josafá, Eliseu concordou em consultar o Senhor. Enquanto um harpista tocava, veio o poder de Deus sobre Eliseu, e o profeta predisse que o vale se encheria de água, mas não proveniente de chuva; também predisse a derrota dos moabitas (2Rs.3:15-18).

Na manhã seguinte, águas corriam no vale, vindas da direção de Edom. À luz do sol nascente, as águas pareciam sangue para os moabitas, daí suporem que os reis de Israel, Judá e Edom haviam lutado entre si. Quando se apressaram até o arraial de Israel para recolher espólios, foram recebidos com um ataque devastador. Os israelitas entulharam os campos cultiváveis com pedras, taparam todos os poços e cortaram todas as boas árvores da região.

Não importa pessoas infiéis existirem no meio das fiéis, o Senhor sempre irá intervir a favor dos que o temem.

II. ELISEU AUMENTA O AZEITE DA VIÚVA

1. A situação das viúvas em Israel

Na época de Eliseu, a condição das viúvas era lastimosa; a morte do marido deixava a mulher vulnerável econômica e socialmente, razão pela qual necessitava de proteção legal e de amparo por parte das lideranças políticas e religiosas. Deus exortou que esse amparo fosse levado a sério (Is.1:16-23; Jr.22:3) - “Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judá, que te assentas no trono de Davi; tu, e os teus servos, e o teu povo, que entrais por estas portas. Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça e livrai o espoliado da mão do opressor; e não oprimais...à viúva” (Jr.22:2,3).

Segundo o pr. Esdras Bento, “além da angústia que acompanhava a viuvez, a perda da proteção legal do esposo colocava a viúva em situação de pobreza e penúria. Caso o marido deixasse alguma dívida, a viúva era obrigada a assumir os compromissos financeiros do faltoso, o que implicava, às vezes, na venda dos bens, da entrega dos filhos à servidão, e a todo tipo de exploração da parte dos credores”.

Nessa época, a viúva tinha somente duas opções: mendigar ou prostituir-se. A Bíblia narra que uma viúva de um dos discípulos dos profetas de Israel, após a morte do seu marido, ficou numa situação muito difícil: falta de alimento, dívidas e a ameaça de seus dois filhos serem vendidos como escravos. Dívida tira o sono e incomoda quem a tem, ainda mais quando o credor exige levar - em resgate da dívida - o que lhe era mais precioso na face da terra: seus dois filhos e fazer deles seus escravos. Essa mulher enfrentou a possibilidade de o credor tomar seus dois filhos para um período de escravidão. O texto em levítico 25:39-42 determina que se o devedor não pudesse pagar a sua dívida, ele era obrigado a servir ao credor como escravo até o ano do jubileu.

Mas aquela viúva tinha algo muito poderoso e indispensável para qualquer um que esteja nessa terrível situação: fé e temor a Deus. Movido por esses dois pilares de sua vida, ela recorreu ao Dono de todas as coisas – Deus; ela foi ao profeta Eliseu e pediu sua ajuda. Deus interveio e concedeu-lhe a provisão suficiente para atender a sua urgente necessidade e a de seus dois filhos. De acordo com o historiador Flavo Josefo, a viúva desta história era a esposa de Obadias, o mordomo de Acabe, em 1Reis 18. Segundo Flavo Josefo, o motivo de a família estar endividada era que Obadias havia sustentado os 100 profetas do Senhor que ele escondera de Acabe e Jezabel. Todavia, Deus interveio em favor dessa família que temia a Ele (cf.2Rs.4:3-7). Quero dizer que o Deus de Elizeu é também o nosso Deus; Ele é imutável - “eu, o Senhor, não mudo...” (Ml.1:17).

2. Uma única botija de azeite foi suficiente para Deus operar o milagre

Diante do clamor daquela viúva (2Rs.4:1), Eliseu ficou sensibilizado e não hesitou em atendê-la. Tal como Elias fizera em Sarepta (1Reis 17), usou do pouco que ela tinha para resolver o problema. Deus compadeceu-se daquela mulher sofredora e interveio na sua causa; sabe por quê? Porque o Senhor é compassivo, misericordioso e longânime; está escrito: “piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia” (Sl.116:5). “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as Suas misericórdias não têm fim” (Lm.3:22).  

A dinâmica do milagre

a)  um pouco de azeite. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa, e ela disse: tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” (2Rs.4:2). Ora, para Deus o “nada” já é muita coisa, quanto mais uma botija de azeite. Eliseu compreendeu o que Deus podia fazer usando um simples vaso com azeite, a princípio insignificante; e então falou à mulher e a seus filhos para pedir emprestado aos vizinhos a maior quantidade de frascos vazios que pudessem (cf. 2Rs.4:3-5). O azeite era uma mercadoria muito apreciada em Israel, servia como alimento, medicamento, cosmético, combustível e para fins religiosos.

Muitas vezes, nos sentimos como aquela viúva quando percebemos que o que nos resta parece algo absolutamente insignificante, mas aquilo que achamos insignificante pode ser usado por Deus a nosso favor. Deus tem poder para transformar em muito, transbordante, superlativo, aquilo que nos parece pouco.

b) Deus age com o que você tem. Perceba que quando o profeta Eliseu perguntou à viúva sobre o que ela tinha em casa, a resposta da mulher veio em um tom desanimador: “tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite”. Como eu disse, se para Deus o nada já é muita coisa, quanto mais uma botija de azeite. A provisão milagrosa lhe veio mediante o que ela já tinha: um vaso de azeite. Mas, a provisão foi dada na medida da fé que a mulher tinha e da sua capacidade de armazenamento. Deus provê dentro da capacidade do necessitado. Deus usou o que ela possuía para multiplicar-lhe os recursos e realizar o milagre de que ela precisava. Para Deus operar um milagre a quantidade não faz nenhuma diferença. Exemplos:

-Moisés – tinha um cajado: “… e os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em seco…” (Êx.14:16,21,22).

-Sansão – tinha uma queixada de um jumento: “… e feriu com ela mil homens” (Jz.15:15).

-Davi – tinha uma funda e cinco pedras: “e assim… prevaleceu contra o gigante filisteu…” (1Sm.17:40,50).

-A viúva de Sarepta – tinha farinha na panela e azeite na botija: “… e assim comeu ela… e a sua casa muitos dias” (1Rs.17:12,14,15).

-Os discípulos – tinham cinco pães e dois peixinhos: “… e deram de comer a quase cinco mil homens” (Mc.6:37-44).

-Dorcas só tinha uma agulha e linha, com isto costurava ajudando os necessitados (Atos 9:36,39).

-A viúva pobre só tinha duas pequenas moedas (Mc.2:42), mas deu a maior oferta.

-A mulher do profeta – tinha apenas uma botija de azeite, e foi a partir desta botija de azeite que Deus operou o milagre - “e sucedeu que, todos os vasos foram cheios…” (2Rs.4:2,6,7). Ela vendeu o azeite, pagou a dívida e ainda pôde manter o sustento da família com o que sobrou (2Rs.4:6,7).

E você, o que é que tem em casa? O milagre depende do que se têm. Deus irá operar o milagre em sua vida a partir do que você tem. Ele pode usar o pouco que temos e transformá-lo em muito. Nós podemos nem ter tudo, e, contudo, podemos ter conosco alguma coisa que Deus é capaz de abençoar abundantemente - “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef.3:20). Não perca a esperança! O pouco pode ser transformado em muito se for colocado nas mãos do Senhor e por ele abençoado (cf.Mc.6:30-44). Portanto, coloque tudo o que você tem nas mãos de Deus e, ainda que seja pouco, se fará mais que suficiente. Tem disposição para trabalhar? É muita coisa para Deus! “Sem fé é impossível agradar a Deus”.

3. Fé, obediência e família unida

Para Deus operar o milagre em tua vida ele requer três coisas: obediência, fé e ação. Elizeu deu uma orientação à mulher: “vai, pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia” (2Rs.4:3-5). A mulher obedeceu à orientação do servo de Deus, usando o que ela tinha em suas mãos, e o milagre da multiplicação do azeite aconteceu. A orientação do profeta Eliseu foi simples e objetiva:

a) “...pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos”. Às vezes temos que fazer algo que esteja ao nosso alcance para receber o que Deus nos quer dar.

b) “...fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos...”. A mulher devia fechar a porta, ficar a sós com seus filhos e trabalhar. O que se percebe aqui é que o homem de Deus, Eliseu, não buscou notoriedade no milagre. Elizeu tinha plena certeza de que Deus era quem estava operando aquele grande milagre. Então a glória pertencia a Deus e não ao profeta. Talvez uma das causas da escassez de milagres hoje esteja na publicidade desenfreada. Deus quer privacidade, mas os homens gostam de notoriedade; gostam de aparecer e vangloriar-se; deixam a porta aberta (televisão, WhatsApp, Instagram, e-mail, youtube etc.) para serem vistos! Nem sempre as bênçãos de Deus acontecem no meio de muita gente; neste sentido, Jesus orientou assim: “mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu pai, que está em secreto. Então seu pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt.6:6).

c) “...fechou a porta sobre si e sobre seus filhos, eles lhe traziam os vasos e ela os enchia”.  A mulher pegou as vasilhas e começou a enchê-las a partir da botija de azeite que ela tinha em sua casa. Foi ela quem encheu as vasilhas e não o profeta. Eliseu somente deu a orientação. Da mesma forma, Deus nos orienta, conforme as nossas forças e os nossos recursos, a agirmos e buscarmos a solução para os nossos problemas. Mas nós é que devemos que correr atrás, que devemos buscar, que devemos agir. O que falha é a nossa fé e jamais a promessa do Senhor. Ele sempre nos concede mais do que aquilo que lhe pedimos. Se a viúva tivesse mais vasos, teria recebido ainda muito mais azeite, pois haveria em Deus o bastante para enchê-los. Portanto, precisamos agir com fé, pois a fé sem obras, sem atitudes, sem ação, é morta.

d) Família unida. Outro fator que nos chama a atenção neste episódio foi a união da família para sair dessa crise financeira. Veja que a mulher foi ajudada por seus filhos. A participação de nossos filhos na obra de Deus é mui maravilhosa. A união e unidade familiar contribuem sobremaneira para que haja milagre numa casa. Deus se agrada de uma família unida em torno de um ideal sagrado. Uma família dividida, desunida, egoísta, é uma família destruída.

III. A MORTE QUE HAVIA NA PANELA

“E voltando Eliseu a Gilgal, havia fome naquela terra; e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu moço: Põe a panela grande ao lume e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então, um saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela a sua capa cheia de coloquíntidas; e veio e as cortou na panela do caldo; porque as não conheciam. Assim, tiraram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer. Porém ele disse: Trazei, pois, farinha. E deitou-a na panela e disse: Tirai de comer para o povo. Então, não havia mal nenhum na panela” (2Reis 4:38-41).

1. A escola de profetas

A Escola de profetas na época de Elias e de Eliseu era dedicada ao ensino formal da Palavra de Deus e ao comportamento ético do futuro profeta. A preocupação com o aspecto espiritual do povo de Israel era a principal bandeira. Essas escolas já existiam na época do profeta Samuel; tudo indica que ele tenha sido o primeiro a tomar a iniciativa de organizar esse tipo de “ensino teológico” (cf.1Sm.10:5,10; 19:23).

Esses futuros profetas seriam mais tarde líderes que teriam de confrontar as falsas teologias e a idolatria que os maus reis obrigavam o povo a aceitar. Havia espaço ainda para a instrução na música sacra e na poesia (1Sm.10:5). O “professor”, um profeta mais experiente, transmitia o ensino com seu exemplo de vida e seu trabalho, e eram eles mesmos que consagravam os novos obreiros à missão de reconduzir o rebanho desgarrado de Israel ao aprisco do Senhor, o pastor de nossa alma (Sl.23). Muitos eram perseguidos por maus reis (1Rs.18:4).

Assim como era importante o estudo da Palavra de Deus naquela época, também o é atualmente. Infelizmente, os tempos mudaram e os seminários teológicos de hoje se “conformaram com o mundo” – procuram similaridades com as faculdades seculares e, por isso, buscam reconhecimento do MEC -, mas o prejuízo tem sido enorme, pois a teologia liberal tem predominado sobremaneira na maioria dos seminários com prejuízos incalculáveis à ortodoxia das Escrituras Sagradas.

No texto de 2Reis 6:1, verificamos que Eliseu era o líder maior entre os discípulos dos profetas, e era com ele que buscavam instrução. Geralmente os estudantes moravam juntos em uma casa ou em pequenas comunidades, onde o ensino era ministrado (2Rs.6:1,2). Alguns “seminaristas” eram casados e mantinham seus próprios lares (2Rs.4:1).

Percebe-se pelo contexto que, além da teoria, a execução de determinadas tarefas, sob permissão do instrutor, era permitida, como se observa no ocorrido de 2Reis 2:15-17 - “Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele em terra. E disseram-lhe: Eis que, com teus servos, há cinquenta homens valentes; ora, deixa-os ir para buscar teu senhor; pode ser que o elevasse o Espírito do Senhor e o lançasse em algum dos montes ou em algum dos vales. Porém ele disse: Não os envieis. Mas eles apertaram com ele, até se enfastiar; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinquenta homens, que o buscaram três dias, porém não o acharam”.

Esse processo interativo entre o líder e o liderado, entre o educador e o educando, era e é vital para produção do conhecimento. Em outras situações observamos que os filhos de profetas, quando já treinados, podiam agir por conta própria em determinadas situações (1Rs.20:35).

2. A morte na panela

A vida diária nas escolas de profetas não era nada cômoda. Os estudos eram exaustivos, as acomodações eram precárias (2Rs.6:1), a falta de recursos era uma constante (2Rs 4:1), o trabalho era árduo e, se não bastasse isso tudo, a comida era escassa, geralmente produzida por eles mesmos, em hortas comunitárias. As coisas ficavam ainda piores quando Deus enviava

estiagem que durava muitos anos (cf. 2Rs.8:1). Se a nação toda padecia, quanto mais aqueles que deixavam tudo pelo ministério de porta voz de Deus!

Foi exatamente nesse contexto de crise que Eliseu, o “homem de Deus”, chegou no seminário de Gilgal para uma “série de conferências”. A receptividade foi calorosa, mas a despensa estava vazia. Eliseu, então, enviou um dos alunos ao campo para colher frutos e raízes comestíveis, a fim de preparar um sopão para todos. Mas algo saiu errado: um dos ingredientes colhidos estragou a sopa, tornando-a amarga e venenosa. A “colocíntida” (2Rs.4:39), uma espécie de pepino selvagem, em pequenas quantidades era usada para fins medicinais, mas em grande quantidade tornava-se tóxica e extremamente amarga.

Uma das coisas admiráveis neste texto é que, embora o gosto estivesse horrível, todos comeram sem reclamar. O único comentário que surgiu foi quando atinaram para o perigo de conter algo venenoso. Ao perceberem isto, gritaram: “Há morte na panela!” (2Rs.4:40). O líder teve que agir imediatamente; Eliseu usou farinha, e esse ingrediente anulou o veneno. Deus permitiu tal acontecimento para mostrar o Seu cuidado aos que a Ele se consagram. Deus usa o homem, e o homem usa o que tem à mão. O milagre aconteceu, não por causa da farinha, mas pela fé de Eliseu. Ele poderia ter usado cevada, hortelã, pão ou qualquer outro ingrediente, e o resultado seria o mesmo.

Aprendemos com esses seminaristas que Deus cuida de Seus servos, geralmente usando o que eles têm à mão aliado à quantidade de sua fé. A viúva do profeta (2Rs.4:1-7) colocou perante Deus o pouquinho que tinha, e compreendemos o que é que aconteceu. Da mesma forma, se usarmos aquilo que temos, ainda que seja pouco, e usarmos com fé, grandes coisas Deus fará por nós. Creia nisso!

CONCLUSÃO

O ministério de Eliseu foi ratificado pelos milagres que Deus realizou por sua instrumentalidade. Foram 14 (quatorze) milagres ao longo de seu ministério, mas esses milagres foram uma clara demonstração do poder de Deus, que teve como propósito específico demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento Eliseu ensoberbeceu-se do dom que havia recebido, e nem deixou transparecer que se tratava de algo que ele conseguia manipular através do domínio de alguma técnica. Não há dúvida nenhuma que em todos os milagres realizados estavam a unção de Deus.

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Fonte: Luciano de Paula Lourenço

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