A separação entre a igreja e o mundo não tem sido clara no decorrer da sua história. Há períodos em que esta separação não fica muita clara e a igreja aparece com todas as suas cores. Há muita diferença entre a igreja e o mundo, mas, às vezes, essa diferença não parece existir. Os cristãos se comportam exatamente como os ímpios, estão ocupados com as mesmas coisas que o mundo está ocupado. Desta feita, eles se tornam ineficazes, ou seja, nada tem o que dizer ao mundo. A igreja só tem pudido falar ao mundo quando a diferença entre os dois se torna clara. E aí, então, ela tem alguma coisa a dizer. Senão, ela se amolda ao mundo, ela se conforma com este século, nas palavras de Paulo em Romanos capitulo 12. E aí ela deixa de ser profética, deixa de ser sal, deixa de ser luz, e não tem nada mais a dizer ao mundo.
A maioria dos crentes está preocupada com os confortos deste mundo, em conseguir a concretização dos seus sonhos. Realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando esse anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando Deus à margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal. Deus deve estar em primeiro lugar em tudo em nossa vida (Mt 6:33).
I. A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4:1-3)
1. Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2. Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
3. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
1. Que sentimentos são esses? O Salmo 133:1 diz: "Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!". Certamente, os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em guerra. Os próprios discípulos geraram tensões entre si, perguntando para Jesus quem era o maior entre eles. Às vezes, os membros da igreja de Corinto entravam em contendas e levavam essas guerras para os tribunais do mundo (1Co 6:1-8). Na igreja da Galácia, os crentes estavam se mordendo e se devorando (Gl 5:15). Paulo escreveu aos crentes de Éfeso, exortando-os a preservarem a unidade no vínculo da paz (Ef 4:3). Na igreja de Filipos, duas mulheres, líderes da igreja, estavam em desacordo (Fp 4:1-3). Que sentimentos são estes? Mundano, claro!
O mundo vê essas guerras dentro das denominações, dentro das igrejas, dentro das famílias, e isso é uma pedra de tropeço para a evangelização. Como podemos estar em guerra uns contra os outros se pertencemos à mesma família, se confiamos no mesmo Salvador, se somos habitados pelo mesmo Espírito? A resposta de Tiago é que temos uma guerra dentro de nós. O nosso coração é o laboratório onde as guerras são criadas, a estufa onde elas germinam e crescem, o campo onde elas dão o seu fruto maldito.
2. A origem dos males (Tg 4:2). Nos versículos 1 a 3 Tiago diz que a amizade com o mundo é a origem de todos os conflitos na existência humana. O versículo 1 diz: “de onde vem guerras e contendas entre vós, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?”.
A nossa existência pecaminosa, vulnerável, marcada pelo pecado, é assaltada por prazeres. Alguns desses prazeres são positivos, e eles são prazeres lícitos: o prazer de comer, por exemplo; o prazer de descansar; o prazer de ver uma obra de arte, de escutar uma boa música; o prazer sexual que Deus nos deu. Só que estes prazeres não podem ser satisfeitos e atendidos de qualquer maneira. Há um lugar, um método, há uma regulamentação da Palavra de Deus de como nós devemos ter prazer aqui neste mundo. Quando vivemos para satisfazer estes prazeres de qualquer maneira, estamos praticando o mundanismo. Mundanismo é quando somos orientados nesta vida ao prazer hedonista.
Então, enquanto o prazer em si não é pecaminoso, todavia quando ele vira um fim em si mesmo, e ele se torna a razão da nossa existência aqui, e ele é buscado à parte de Deus, que é a maior fonte da alegria, do prazer e do gozo do homem aqui na terra, ele se torna a causa do mundanismo. É isso que é ser mundano: buscar esse fim principal do homem, nos prazeres deste mundo.
Quando uma pessoa está dirigida por esses prazeres que fazem guerras em nossa existência, querendo ser atendidos, então é daí que procedem as guerras e contendas. Porque as pessoas estão dispostas a tudo para satisfazerem estes prazeres. E ai elas começam a guerrearem porque frequentemente o meu prazer vai implicar no desprazer de outro. Para que eu seja feliz eu vou ter que pisar em alguém. Para obter aquilo que eu desejo, vou ter que passar a perna em alguém, vou ter que enganar alguém ou entristecer alguém. Então, na busca desenfreada dos prazeres, da satisfação, que é o que caracteriza o mundo, aí vem as guerras e as contendas. E aqui está a origem das guerras e as contendas que há no mundo.
A raiz do problema é a natureza pecaminosa do homem dirigida para o egoísmo e a satisfação pessoal. É isto que explica os conflitos, nas famílias, nos casamentos, entre amigos, na própria igreja. Isto é mundanismo. Ou seja, a busca do prazer como a principal razão de todas as coisas.
As pessoas dizem assim: eu tenho o direito de ser feliz; estou vivendo com essa mulher, mas ela não me dá satisfação; estou com ela há quinze anos com ela, então eu tenho o direito de ser feliz e vou largar dela e vou conseguir outra que me faça feliz. Então, em nome do prazer, ele é capaz de quebrar os votos do casamento, de desobedecer a Palavra de Deus, para justificar a sua busca pelo prazer. Então aqui está uma boa definição de mundanismo: “é viver para a satisfação desses prazeres sem levar Deus em consideração”.
Tiago 4:2 diz que o mundano está disposto a fazer qualquer coisa para obter o que ele deseja. “Cobiçais”, “matais”, “invejai”, “viveis a lutar”, “viveis a fazer guerras”. Tudo isso caracteriza o espirito mundano: é uma pessoa que está disposta a lutar, fazer guerras, invejar os outros porque os outros têm e ela não tem; ela cobiça, e ela chega até a matar. Tiago diz: ”vocês estão dispostos até a matar pra satisfazer os prazeres de vocês, tal é o mundanismo que está no coração de vocês”. O mundano é capaz de tudo. Ele briga. Ele faz guerra. Ele luta para obter tudo aquilo que ele deseja.
Portanto, o mundanismo tem sido a fonte de todos os problemas que encontramos na igreja, nas famílias e no casamento. É o egoísmo na busca da satisfação dos prazeres pessoais.
3. O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 4:3). “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.
O crente mundano até pode orar, haja vista que ele está dentro de uma igreja cristã. É membro dessa igreja e aprendeu que pode pedir a Deus. Então ele pede, mas não recebe. Deus não tem o costume de atender as orações do mundano. Por quê? Diz Tiago: “porque pedis mal”.
As condições para Deus atender as nossas orações são: que nós oremos; que nós oremos da maneira correta; que busquemos aquilo que está de acordo com a vontade de Deus. Quando pedimos coisas – na linguagem de Tiago - “para gastarmos em nossos prazeres”, então Deus de fato não nos responde.
A oração do mundano você reconhece logo, está cheia de “eu”: “eu”, “para mim”, “porque é meu”. O tempo todo está pensando em si. Ele raramente ora pelos outros. Raramente ele pede a felicidade dos outros. Ele é o objeto e a preocupação de suas orações. Ele está preocupado somente com a sua felicidade, e vê Deus simplesmente como aquele que tem a obrigação de satisfazer as suas necessidades e de tudo aquilo que ele precisa. E aqui sabemos o resultado de orações assim. “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4:4,5)
1. Adúlteros e amigos do sistema mundano (Tg 4:4). “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?”.
Aqui, pela primeira vez, Tiago usa a palavra “mundo”, e no contexto dá para perceber que ser amigo do mundo é ter esse tipo de atitude que ele descreveu nos versos anteriores: viver para os prazeres, viver em lutar com as pessoas para conseguir essas coisas e até usar a Deus para poder conseguir essas coisas. É isso que caracteriza a vida do “mundano”, pessoa que de fato não conhece a Deus e cujo deus é o próprio ventre. Tiago, então, diz que este tipo de atitude nos torna “adúlteros” (infiéis – ARA). Tiago chama de adultério espiritual, isto é, infidelidade a Deus e ao nosso compromisso de dedicação a Ele (1João 2:15-17). De fato, o mundanismo é o pior dos adultérios, porque quando um crente é mundano ele é culpado de dormir com o inimigo do marido. Que uma mulher adultere, nós compreendemos, mas adulterar com o inimigo do marido é requinte de crueldade. E é exatamente isso que Tiago está dizendo aqui. Ele chama os mundanos de adúlteros porque eles estão dormindo com o inimigo de Deus, que é o mundo.
2. “Inimigos de Deus” (4:4). “... Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. Aqui, Tiago nos fala que o mundanismo nos coloca em inimizade direta com Deus.
“Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?”. Tiago está dizendo que Deus e o mundo são irreconciliáveis. O mundo está em constante inimizade diante de Deus. Não existe neutralidade. A carne não está sujeita a lei de Deus, diz Paulo em romanos 8, e nem na verdade a mente natural se sujeita a Deus. Nós somos por natureza filho da ira. Então, o mundo, entendido como este conjunto de sistemas de valores, de gostos, da maneira de ser dessa humanidade sem Deus, está em oposição a Deus, à Sua Palavra, ao Seu Espírito, à Sua vontade e ao Seu evangelho. Quando vivemos como pessoas do mundo, vivemos para os prazeres deste mundo e nos tornamos inimigos de Deus.
Irmãos, nós já temos muitos inimigos! Mas nós os enfrentamos! Porque se Deus é por nós, quem será contra nós? Agora se Deus for contra nós, quem será a nosso favor? O mundanismo faz com que Deus se vire contra nós - “Porque ao querermos ser amigos do mundo nós nos constituímos inimigos do próprio Deus”. Veja com que seriedade Tiago trata esse assunto!
Com frequência esquecemos que este tipo de atitude está por detrás da falta aparente de bênção. Às vezes pensamos porque o nosso trabalho não está dando certo. Eu sei que há uma série de razões, algumas justificam plenamente, mas antes de colocar a culpa no mundo, ou a culpa em qualquer outra coisa, numa metodologia, nós devemos nos perguntar se de fato não é o próprio Deus que está, às vezes, contra nós, por causa de nossa atitude mundana e por causa de nossa falta de cristocentricidade, de viver para glória de Deus, ter nele o nosso maior deleite! Pense nisso!
3. O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4:5). “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?”.
Este versículo 5 é um dos mais difíceis da epístola de Tiago. Os tradutores, tanto da ARC e ARA, colocaram “espirito” com “E” maiúsculo. No grego não tem letras maiúsculas ou minúsculas. A palavra espírito – pneuma – refere-se tanto ao espirito de Deus, como ao espirito humano, como ao espirito dos malignos, como espirito no sentido geral. A palavra é a mesma - “pneuma”. Então, para saber se é espirito de Deus ou espirito humano os tradutores precisam estudar o contexto.
Tiago diz: “ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em vós habita tem ciúmes?”. A dificuldade é que nós não encontramos no Antigo Testamento nenhuma passagem que justifique Tiago dizer que isto está na Escritura. Não há nenhuma passagem do Antigo Testamento que diz que o Espirito Santo tem ciúmes.
Além do mais, o verso 6, se essa é a tradução, fica sem sentido. Porque diz: “antes, ele dá maior graça”. Tiago está dizendo no verso 5 que o Espirito Santo tem ciúmes quando nós somos mundanos, porque somos de Deus. E quando começamos enamorar o mundo o Espírito Santo fica com ciúmes. Mas, se isto é a interpretação correta, qual o sentido do verso 6: “antes, ele dá maior graça”? Este “antes” estabelece um contraste. Entre que? Fica sem sentido!
E se nós lermos de outra maneira, que é possível ler gramaticalmente? Se, em vez de lermos espirito com “E” maiúsculo, lermos espirito com “e” minúsculo, referindo ao espirito humano? A frase ficaria assim: “É com ciúme que anseia, que cobiça (pode ser essa a tradução), o espirito, que ele fez habitar em nós?”. Aqui seria uma referência ao fato de que o espirito que Deus fez habitar em nós cobiça com grandes desejos essas coisas mundanas. Agora a coisa faz mais sentido porque aqui é uma referência à queda do homem e o que aconteceu com o seu espírito. Depois da queda, esse espirito passou a cobiçar e desejar as coisas do mundo com grande intensidade, com zelo. Parafraseando: “olha, vocês acham que é em vão o que a Bíblia diz que o espirito humano cobiça essas coisas com veemência? A Bíblia não diz isso em vão! A coisa é muito forte!”.
Agora, no verso 6, vem: “antes, porém, Deus dá maior graça”. A graça de Deus é maior do que essa cobiça do espírito humano, do que esses desejos pecaminosos. Deus dá uma graça maior do que esses desejos. “Pelo que diz”, ele cita Provérbios 3:34: “Deus resiste aos soberbos” - soberbos aqui são os mundanos, os arrogantes -, “mas dá graça aos humildes”. O que nós precisamos é da graça de Deus, porque essas paixões, como dizem as Escrituras – e ela não diz isso em vão -, são paixões tremendas! O espirito humano cobiça essas coisas violentamente, e somente a graça de Deus pode de fato sobrepujar.
III. A BUSCA DA AUTOREALIZAÇÃO (Tg 4:6-10)
6. Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
7. Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9. Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
10. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
1. Humilhando-se perante Deus (Tg 4:6,7). Vimos que nós precisamos da graça de Deus para vencer as paixões carnais, o mundanismo. Todavia, Deus dá essa graça aos humildes. Por isso o apelo para que nos humilhemos diante de Deus.
A cobiça e os prazeres do mundo são muito fortes em nós por causa do pecado, mas Deus dá uma graça maior. A graça de Deus é maior do que as nossas paixões. Só que Deus não dá essa graça a todos. Ele dá essa graça aos humildes, porque ele resiste aos soberbos, aos arrogantes, aos autossuficientes, mas os que se aproximam dEle com humildade receberão essa graça poderosa para poder vencer o mundanismo.
2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4:8,9). Do verso 7 até o verso 10, Tiago exorta seus leitores a fugirem das paixões pecaminosas se submetendo a Deus. São dez imperativos, dez ordens de Tiago, todas elas dizendo a mesma coisa. Todos esses imperativos convergem para um ponto só: “humilhai-vos na presença de Deus”.
No verso 7: “sujeitai-vos a Deus”; “resisti ao diabo”.
No verso 8: “chegai-vos a Deus”; “purificai as mãos”; “limpai o coração”.
No verso 9: “afligi-vos”; “lamentai”; “chorai”; “converta-se o vosso riso em pranto”.
No verso 10: “humilhai-vos na presença do Senhor”
O que Tiago está dizendo para aqueles irmãos?
- Primeiro, eles têm que se sujeitar a Deus (verso 7). Eles têm que se colocar em sujeição à vontade de Deus. Ter a Deus como um fim maior nesta vida em vez de seus prazeres.
- Segundo, eles têm que resisti ao diabo (verso 7). E aqui Tiago faz uma ligação entre o mundanismo e o diabo. Quem é que está por detrás do espirito mundano? Quem é que usa o mundo para distrair os crentes, para enredá-los com as coisas deste mundo; para ocupá-los com as coisas mundanas; para levá-los a viver a vida inteira a buscar essas coisas e deixando Deus em segundo lugar? É o diabo! Tiago ver o diabo por detrás dessa tentativa do mundo de nos engolir. Por isso ele diz: “resisti ao diabo”, diga não ao diabo. Tiago não explica como devemos fazer, mas com certeza não é dizendo: “sai satanás!”; “tá amarrado”; “eu te repreendo”. Com certeza não é assim! Mas é simplesmente tomando uma posição firme contra a tentação; é ficando firme contra os apelos do mundo.
- Terceiro, eles têm que chegar-se a Deus (verso 8). Deus promete estar perto de todosos que se afastam do pecado, que purificam os seus corações e que o invocam verdadeiramente arrependidos. A comunhão com Deus trará sua presença, graça, bênçãos e amor.
- Quarto, eles têm que purificar as mãos – “purificai as mãos” (verso 8). Aqui, Tiago está usando a linguagem sacerdotal do Antigo Testamento. Lá havia aquelas purificações recorrentes, inclusive das mãos. Os sacerdotes tinham de ser purificados antes de fazerem alguns sacrifícios ou determinados rituais. Claro que aqui essa purificação é simbólica. Tiago não está dizendo que os cristãos devem lavar as mãos para poderem louvar a Deus. As mãos são símbolos do que nós fazemos. Purificar as mãos deve ser entendido como parar de fazer aquilo que está errado; parar de praticar atitudes que são contrários à Palavra de Deus. Aliás, aqui, é o único lugar do Novo Testamento em que alguém chama os crentes de pecadores. É só Tiago que vira para a igreja e diz: “pecadores!”; purifiquem as mãos, pecadores! Tiago com certeza não seria popular hoje em dia! Paulo fala de levantar as mãos em oração diante do Senhor “sem ira nem contenda” (1Tm 2:8), purificado.
- Quinto, eles têm que limpar o coração - “E vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração” (4:8c). A expressão “ânimo dobre” (ou duplo ânimo –ARC) encontramos também no capitulo 1. É a expressão que significa “alguém que tem duas almas”, alguém que é inconstante, alguém que hesita entre Deus e o mundo, que coxeia entre a vontade de Deus e as paixões pecaminosas. E Tiago aqui se dirige para esses irmãos e diz: “limpe os vossos corações da incerteza, da dúvida, da dubiedade; firmem o propósito em Deus; limpe o coração de vocês, que é dobre, que tem um ânimo instável”.
- Sexto - no verso 9 -, Tiago manda que os crentes parem de se alegrar - “Afligi-vos”; “lamentai”; “chorai”; “converta-se o vosso riso em pranto “. Em outras palavras: “Amargurem-se, lamentem-se, chorem; converta-se o riso de vocês em choro, em pranto; a alegria em tristeza”. Ou seja, aqui Tiago reforça a necessidade de arrependimento sincero, de quebrantamento verdadeiro perante Deus.
Na vida do crente, há momentos para alegria, para festa, para felicidade, para gozo e para risadas, mas não quando a nossa situação espiritual não vai bem. Aqueles cristãos estavam vivendo um período de mundanismo, e uma das características do mundanismo é que ele fecha os nossos olhos para que não entendamos a nossa verdadeira situação. Pensamos que tudo está bem, mas diante de Deus está tudo errado! Então Tiago exorta (parafraseando): ”pode parar de festejar, pare o louvorsão de vocês, vocês não tem que está fazendo ações de graças ou festas, parem com isso; na verdade vocês têm que está chorando, lamentando diante de Deus; vocês têm que rasgar o vosso coração diante de Deus; não é hora de alegria; não é hora de festa; não é hora de louvorsão; é hora, sim, de quebrantamento, de humilhação diante de Deus!”.
Foram dez imperativos e três promessas. Primeira promessa – verso 7: “...o diabo fugirá de vós”. Quer botar o diabo para correr? Então está aqui o caminho: quando você se humilha diante de Deus, se achega a Deus, resiste o diabo, então, ele vai embora. Segunda promessa – verso 8: “...e ele se chegará a vós”. Terceira promessa – verso 10: “... e Ele vos exaltará”.
3. “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4:10). Tiago conclui as suas ordens no verso 10:“humilhai-vos perante o Senhor”. É tudo isso que ele quis dizer: Humilhe-se na presença de Deus. A humilhação diante de Deus é a porta da exaltação. Deus não despreza o coração quebrantado (Sl 51:17). Deus olha para o homem que é humilde de coração e treme diante de Sua Palavra (Is 66:2). O mundanismo, frequentemente, impede o crente de estar em comunhão e intimidade com Deus. E para nos livrar dele (mundanismo) só tem um caminho: a graça de Deus, o poder de Deus em nossa vida. Só que Deus não dá isso aos soberbos, é preciso que nós nos humilhemos e que alcancemos essa graça.
CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto nesta Aula, que possamos atentar para o perigo da busca pela autorrealização. Conscientizemo-nos de que se quisermos ser exaltados por Deus, conhecer o verdadeiro gozo aqui neste mundo, o verdadeiro prazer da comunhão com Deus, o caminho é a humilhação perante o Senhor.
Fonte : ebdweb
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